O amigo leitor terá porventura a ideia que o derrube das monarquias e a implementação subsequente das repúblicas é uma consequência irreversível do progresso das sociedades. Se não tem esta ideia conhecerá alguém que tenha e mesmo que não conheça, diga lá que sim para este post correr bem.
Recentemente, tão recentemente como em 1993, data na qual o longínquo Cambodja aboliu a República e restaurou a Monarquia, provou-se a inexactidão da afirmação inicial.
Recentemente, tão recentemente como em 1993, data na qual o longínquo Cambodja aboliu a República e restaurou a Monarquia, provou-se a inexactidão da afirmação inicial.
Ora vejamos,
Em 1975 inicia-se o regime do Sr. Pol Pot, um político original que tentou construir uma sociedade socialista, iniciando uma colectivização agrária, tentativa na qual se lembrou de matar 2 milhões de pessoas em 4 anos, o equivalente a cerca de 25% da população do seu país.
Este regime tende a acabar em 1978, tende pois nessa data inicia-se a guerra civil que dura precisamente até à década de 90, juntando mais umas mortes àquele número. De referir a ocupação vietnamita pelo meio… Não bastou a guerra civil, tivemos também uma ocupação estrangeira entre satélites de potências distintas. Quase um URSS vs. China versão juniores.
O país só conhece alguma estabilidade com a criação do UNTAC - United Nations Transitional Authority in Cambodia, a força de manutenção de paz responsável pela organização, em 1993, das primeiras eleições livres. Nestas eleições, em que a participação rondou os 90%, o povo cambojano decidiu pela monarquia…
Talvez isto tenha ocorrido por o regime monárquico permitir uma maior estabilidade no cargo que funciona como garante dos poderes do Estado, bem como permitir um sentimento de nação mais vivido, dado esta ser personificada na figura do Rei, símbolo e exemplo para o país.
É certo que o país ainda não estará entre os mais estáveis, nem eu julgo que há monarquias eternas, mas espero que, em face do exposto, possamos, ó leitor, chegar a esta conclusão:
a opção monarquia/república não se insere numa ideia de progresso da humanidade, sendo aquelas relíquias de um passado distante e estas o nosso futuro, mas antes num contexto histórico determinado, podendo haver mudanças em qualquer dos sentidos, dependendo da conjuntura política e o sentir do Povo.
Coube-me a mim a responsabilidade do último post deste ano que agora termina e, por tal, queria registar os meus votos de uma boa passagem de ano para todos os que nos lêem. Que a mudança de década permita fecundas reflexões acerca dos vossos objectivos!
Este regime tende a acabar em 1978, tende pois nessa data inicia-se a guerra civil que dura precisamente até à década de 90, juntando mais umas mortes àquele número. De referir a ocupação vietnamita pelo meio… Não bastou a guerra civil, tivemos também uma ocupação estrangeira entre satélites de potências distintas. Quase um URSS vs. China versão juniores.
O país só conhece alguma estabilidade com a criação do UNTAC - United Nations Transitional Authority in Cambodia, a força de manutenção de paz responsável pela organização, em 1993, das primeiras eleições livres. Nestas eleições, em que a participação rondou os 90%, o povo cambojano decidiu pela monarquia…
Talvez isto tenha ocorrido por o regime monárquico permitir uma maior estabilidade no cargo que funciona como garante dos poderes do Estado, bem como permitir um sentimento de nação mais vivido, dado esta ser personificada na figura do Rei, símbolo e exemplo para o país.
É certo que o país ainda não estará entre os mais estáveis, nem eu julgo que há monarquias eternas, mas espero que, em face do exposto, possamos, ó leitor, chegar a esta conclusão:
a opção monarquia/república não se insere numa ideia de progresso da humanidade, sendo aquelas relíquias de um passado distante e estas o nosso futuro, mas antes num contexto histórico determinado, podendo haver mudanças em qualquer dos sentidos, dependendo da conjuntura política e o sentir do Povo.
Coube-me a mim a responsabilidade do último post deste ano que agora termina e, por tal, queria registar os meus votos de uma boa passagem de ano para todos os que nos lêem. Que a mudança de década permita fecundas reflexões acerca dos vossos objectivos!
Ide agora para o réveillon que de blog para hoje já chega!