A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

C'est l'Ennui!

Caro leitor,
Por certo que não queremos defraudar as expectativas que, fecundas, brotaram nos vossos atentos e exigentes espíritos aquando da inauguração deste singelo, porém sério blog. Na verdade, eis-nos assim, serviçais e submissos, prostrados e curvados, aos desejos do leitor e importa, portanto, cumprir aquilo a que, impetuosamente, nos sugerimos. Desde logo, o nosso humilde juízo considerou por boa resolução que o início desta gloriosa ventura prestasse a merecida homenagem a este nosso País.
Ao contrário de certos colunistas investidos nessa fácil tarefa da vergastada furiosa e entusiástica contra tudo e todos, nós, altivamente, pretendemos fazê-lo com a elevação e o engenho que a Mãe Pátria merece e não com o desdém de nos sentirmos dela filhos bastardos.
A meteorologia não foi nossa leal amiga... De facto, a nossa pitoresca metáfora que tinhamos cuidadosamente preparado para demonstrar o nosso ponto de vista foi ignobilmente votada ao ostracismo por essa terrível ciência malévola que se dedica aos fenómenos da atmosfera... Mas o leitor merece a nossa persistência! E nós somos também merecedores da sua piedosa condescendência... E persistiremos na afirmação da nossa radiante metáfora. Na realidade, O Opinador de Veludo toma Portugal como um belo recanto mimoso que se deixa, suavemente, banhar aos doirados encantos afáveis do sol sobre a graça de um cadeirão macio, de cabeça tombada sobre o ombro, vertendo viscosos fios de baba por entre as extremidades de uma boca sonolenta, roncando, sonoramente, em corpo inerte. Baudelaire apelidava essa magnífica coisa de Ennui, o estupidificante tédio. O Opinador de Veludo, regiamente, despreza os percevejos e eis-nos lançados nesta bravata e aventura contra as varejeiras que corrompem a mamadeira nacional, que também, por vezes, toma o nome de Estado. O leitor não queira deturpar as nossas palavras. Apelidamo-nos, modestamente, de socialistas. Embora não nos termos em que o nosso amigo Lord tão vilmente descreve o cavalheiro Chávez.
"Nada há no homem mais delicado, mais melindroso do que as ilusões", disse-nos Antero de Quental. Com isto pretendemos dizer que importa ver mais além. Importa sair de uma boçalidade melancólica. Pode o leitor apelidar-nos de romântico utópico. Pois nós aceitaremos o epíteto e faremos a devida vénia a quem, gentilmente, nos apelidou de tal. Ao dispensarmos um olhar invejoso para o nosso amigo Brasil não evitamos um sentimento de simpática cobiça. Na posse do seu destino, o vemos florescer rumo à ordem e progresso, liderada por um homem de Garanhuns que cresceu pela força das suas ideias. E depois, dispensando um olhar frouxo sobre o nosso País não evitamos um sentimento de mole abatimento. Na posse do nosso destino, o vemos murchar liderado por um homem de Boliqueime, mais velho pelas suas ideias do que pela sua idade...
A nossa breve idade concorda, enfaticamente, com o Mestre. E ela mesmo nos ensina a arte da rebeldia contra a obediência. E assim nos pretendemos conservar. Tal como o leitor.

1 comentário:

M. Pompadour disse...

Tenho a dizer que por momentos me senti dama do séc XVIII...vocês de facto têm a mania que escrevem coisas giras. :p