A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Who owes what to whom?

No meio da actual crise financeira, certamente o leitor já se terá perguntado quanto deve o nosso país e a quem.

Ora, num brilhante serviço público, a BBC elaborou uma infografia (acessível aqui) que permite chegar à brilhante conclusão que a dívida grega, irlandesa e portuguesa é minúscula quando comparada com a das nações cumpridoras como a Alemanha ou a França e, talvez mais interessante, que os credores dos europeus são, na sua maioria, europeus.









Por aqui se percebe que a solução pode facilmente passar pela Europa - basta haver disponibilidade para isso por parte do eixo franco-alemão (e que, por nós, passa pelas Eurobonds).

Esta crise era evitável e ainda vamos a tempo de a remediar... E se não for a Sra. Merkel, pode ser que seja o SPD que lhe anda a morder os calcanhares!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

True Story

Quando há muito muito tempo me perguntavam o que eu gostaria de ser quando fosse grande a minha resposta era sempre a mesma, veterinária. Acho que todas as meninas em alguma parte da sua infância querem ser veterinárias por causa da suave ideia de poderem estar todos os dias rodeadas de animais tão peludos e dóceis que a vontade é de os encher de mimos. Animais que, ainda por cima, se encontrarão debilitados e tristes e, portanto, a merecer toda a atenção e conforto do mundo.
Mais tarde, quando a percepção da realidade começa a mudar e o centro da nossa vida passamos a ser nós e não as brincadeiras que esperamos ansiosamente repetir todos os dias no recreio da escola, os voos mudam radicalmente de direcção. Provavelmente quando comecei a ter consciência dos espelhos e da necessidade que todos temos, nem que seja momentaneamente, de nos agradar e agradar aos outros sonhava ser cabeleireira. Assim podia fazer madeixas em mim mesma sem que a minha mãe me bloqueasse a vontade e seria como brincar o dia inteiro com tesouras e secadores.

Durante o Secundário, quando é preciso realmente saber o que fazer a seguir e ter a noção perfeita do passo que se quer dar em prol de um desenvolvimento pessoal e profissional tão essencial, não fazia ideia que caminho seguir. Ser veterinária foi sendo posto de parte ao longo dos anos, quando me apercebi que a queda que tenho para a matemática e as ciências não chegaria para tal e, ser cabeleireira ou qualquer outra coisa dedicada à indústria da beleza, afastada por ter a feliz oportunidade de me formar numa Universidade. Mais do que qualquer outra coisa, a nossa sociedade vive de títulos e, a partir de determinado momento da história, parece que se construiu a ideia de que, quem não tem um diploma carimbado por uma qualquer Faculdade, não deve esperar ter sucesso. Corri então todas as hipóteses que se adequariam de alguma forma ao meu perfil pessoal e acabei por escolher aquele que, pela opinião geral, era considerado um dos cursos mais abrangentes da lista: Direito. Advocacia não era opção, mas tendo do meu lado a prova de que formalismos e leis (coisas tão apreciadas no nosso burocrático país) faziam parte das minhas capacidades achei que não seria complicado contornar a situação e arranjar um emprego.
Parece que tirei o curso tarde demais, porque afinal não é assim uma área tão abrangente. Visto que neste momento corre por aí um vírus que afecta umas mais outras menos, mas, todas as áreas de formação começo a conjecturar... O mundo sempre foi generoso para com os melhores, mas hoje em dia não só é generoso com esses, como exige que todos o sejam! Ora, eu, não para ter sucesso mas sim para ter sustento, tenho de ser a melhor em qualquer coisa, porque se for simplesmente banal ou vir a minha capacidade medida pela regra geral não tenho qualquer hipótese de sobrevivência na minha área.
Pois que seja do capitalismo, da crise ou da evolução natural da sociedade que se vem vestindo de egoísmo e competitividade exacerbada, o que é certo é que agora não há espaço para "mais do mesmo".

E foi nessa expectativa de um dia me poder encaixar em qualquer tarefa rotineira e limpa ou atrás de uma qualquer secretária envolta de papeis que fiz a escolha que fiz e hoje, consciente de que ainda não sou a melhor em nada para me fazer valer nesta arena constato que, se tivesse escolhido ser cabeleireira em vez de me deixar seduzir pela elegância de um diploma talvez hoje não tivesse tempo para escrever este texto, ou se calhar nem teria as capacidades que tenho para o fazer, mas pelo menos teria anúncios de oferta de emprego a que responder.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cristiano Ronaldo

Para celebrar a passagem de Portugal ao Campeonato Europeu de futebol a realizar neste Verão na Ucrânia e na Polónia, e até porque amanhã é dia de derby (Força Benfica!!!), hoje vamos falar de futebol. E para homenagear a Selecção, e até porque o rapaz finalmente jogou bem na semana passada e merece, hoje o tema - não é o Carlos Martins, mas é o Cristiano Ronaldo, que até marcou dois golos. E sobretudo porque anda com uma russa que foi capa da Sports Illustrated.

De Letícia, a Marquesa,

Para saber mais sobre o nosso puto maravilha, clique no vídeo infra.



De Carlos Jorge Mendes

O Sr. Cristiano Ronaldo não é apenas conhecido por saber dar uns pontapés na bola, também é notoriamente conhecido por dar uns pontapés na língua




De Madame Pompadour

Se há uma bola, há uma piscina e alguns carros estamos perante o CR7 sem sombra de dúvidas.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Derecha, Volver!


Nos últimos meses, ao abrigo da tal crise global, muitos cidadãos espanhóis concentraram-se nas Portas do Sol, conhecida praça madrilena.

Tais indignados, que em Portugal não conseguiram uma mobilização comparável com a do país vizinho tinha claramente um pendor esquerdista, anti-católica (como se viu pela perturbação das Jornadas da Juventude em Madird) e até anarquista. Muitas das suas reivindicações, que não têm nada de novo, antes propondo modelos já tentados noutras nações e épocas (como na Albânia), vinham na sequência de uma 'constatação': a ausência de legitimidade democrática dos governantes e deputados daquele país que, por sua vez, promoviam o divórcio do povo com a política e justificativam, per si, aquela exigência de democracia directa.

Mas, eis que os dados se alteram. O Reino de Espanha foi a eleições legislativas, livres e democráticas, o povo votou massivamente (a abstenção rondou os 28%!) e o país virou claramente à direira, talvez para pasmo daqueles que, acampados, clamavam pela abstenção.

Pois bem, agora a falta de legitimidade democrática está do lado dos que, nunca foram eleitos para ali estarem acampados e terá ferido, de forma séria, a vitalidade daquele movimento.

A luta não foi lá desta forma - uma maioria silenciosa, que teima em cumprir a lei e que se expressa muito mais democraticamente que aqueles democratas, não o permitiu. E ainda bem!

É actualmente inconcebível uma democracia sem partidos: estes devem reflectir um conjunto de pressupostos ideológicos que vão depois influenciar as propostas concretas e permitir, através de um debate adulto, escolher o caminho a seguir. Sem partidos, ou se termina com a pluralidade ideológica ou se passa a centrar qualquer uma eleição nas pessoas - o que potencia o surgimento de salvadores da Pátria.

Isto não é o Maio de 68: trata-se antes de franjas ideológicas e anti-democráticas que se aproveitaram de uma dificuldade temporária do sistema capitalista para propagar as suas concepções colectivistas, numa clara cavalgada demagógica.

A Espanha, que vai ter de conhecer tempos austeros, até para contrariar a tendência de subida das taxas de juro para as dívida soberana, tem agora uma grande margem de manobra.

Os eleitos estão mais que legitimados... A rua agora precisa de silêncio!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Brasiu!!!!!!

Após uma semana de pausa nos nossos Humores de Sexta, aqui estamos nós de novo (e vocês a regozijar!). E esta semana, pautada pela chuva e frio (onde está o Verão de S. Martinho mesmo?!) e por muitas notícias por terras de Vera Cruz, só nos podia trazer como tema: o Brasil.

Quando for grande, vou para lá viver. Ou então talvez vá já amanhã, quando hoje à noite souber que sou eu a vencedora do Euromilhões.

Bom fim-de-semana!

Por M. Pompadour:

Brasil é conhecido pelas suas soberbas belezas femininas e talentos do futebol. Mas o que há do melhor no Brasil são os portentos políticos.



Por Carlos Jorge Mendes:

Para quem critica as capacidades de condução dos portugueses, aqui fica um exemplo da capacidade dos brasileiros.



Por Leticia, a Marquesa:

Qual Duarte Lima, qual quê! Este sim é o maior "golpista" do Brasil. Nossa, cadê a grana, minha gentxi?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O início de uma nova crise

A crise de dívida pública europeia, apesar de constituir o mais grave acontecimento financeiro das últimas oito décadas, com a natureza que lhe conhecemos, terá sido suave quando comparada com a natureza que essa mesma crise irá assumir a partir de hoje. As taxas de juro das obrigações italianas nos mercados ultrapassam já a fronteira dos 7%. Os responsáveis políticos da Europa que sempre clamaram contra a emissão conjunta de obrigações europeias, as chamadas eurobonds, devem agora pensar bem nas consequências dos seus actos e no preço da sua cobardia e da sua inépcia. Se esses responsáveis sempre se opuseram à criação de obrigações conjuntas por o preço da resolução da crise de dívida pública europeia ser demasiado cara, veremos agora o que dirão esses responsáveis com o bailout que a Europa terá ou não reservado à Itália e a grave e ainda imprevisível recessão económica profunda em que o Mundo mergulhará por vários anos.

domingo, 6 de novembro de 2011

Porque há momentos em que o Paraíso se faz sentir na Terra!




E porque é sempre bom ouvir música que nos parece ter proveniência celestial quando a vida nos sorri!

Uma boa semana para todos.

sábado, 5 de novembro de 2011

Acerca dos recentes desenvolvimento da crise do Euro

Numa das reviravoltas mais inverosímeis da história, o Sr. Papandreou, depois de haver aplicado sobre os seus conterrâneos sucessivos pacotes de austeridade para assegurar a permanência do seu país na zona euro e o financiamento à sua economia, lembrou-se, um ano e meio depois do pedido de ajuda externa de referendar essa mesma permanência e esse mesmo financiamento. Com esta resolução conseguiu duas coisas extraordinárias – colocar a Europa novamente em ebulição e fragilizar a sua própria posição como Primeiro-Ministro da Grécia. Então não é que Sua Excelência anda consecutivamente há um ano e meio a fazer sofrer o seu povo com severas medidas de austeridade para que não ele não sofra agruras maiores e a meio do processo lembra-se de colocar um ano e meio de sacrifícios em causa? Isto depois de Sua Excelência haver implorado sucessivamente ao Parlamento Grego para aprovar sucessivos programas de reforma em nome da permanência no euro? A Europa caminha com a cabeça e pensa com os pés.

Embora continue a centrar atenções, e seja por si só bastante grave, a situação grega poderá em breve ser secundarizada face ao novo desastre que se avizinha. Falamos, claro está, da Itália. A Itália, a terceiro maior economia da zona euro, representando 17% de todo o produto (Grécia, Irlanda e Portugal valem conjuntamente apenas 6%) parece ter entrado naquela espiral irreversível que termina apenas com um pedido de ajuda externa. As suas taxas de juro não param de subir nos mercados e já entraram no limite fatal dos 6%; o seu programa de reformas já terá a supervisão do FMI. As consequências dum pedido de ajuda externa da Itália e as suas repercussões nos mercados internacionais são imprevisíveis, mas uma coisa é certa: não vai ser uma coisa bonita de se ver.


Os analistas económicos estimam que, em caso de pedido de ajuda externa, um bilião de euros não é suficiente para assegurar as necessidades de financiamento da Itália. Isto significa que as recentes decisões da Cimeira Europeia tomadas na semana passada, entre as quais saliente-se o aumento do FEEF, estão já desactualizadas face aos desenvolvimentos nos mercados internacionais. Pior: ainda nem sequer se sabe como se irá efectuar o aumento do FEEF para um bilião de euros. Demonstrando a sua altruística solidariedade e o seu firme compromisso em resolver a crise europeia, os líderes europeus presentes na recente Cimeira do G20 organizada em Cannes requereram aos países mais desenvolvidos do mundo e aos países emergentes que contribuíssem monetariamente para o FEEF. Estes tentaram demonstrar à Europa uma realidade que parece evidente mas que os europeus têm dificuldade em compreender: o problema é da Zona Euro, logo, deve ser a Zona Euro a primeira a contribuir para a resolução do problema.
Todos estes tristes acontecimentos apenas vêm reforçar as incertezas do mercado e nomeadamente a incerteza sobre um problema fundamental – tem a Europa capacidade para resolver os seus problemas e simultaneamente não se desagregar? O derradeiro teste, no meu entender, poderá já nem passar pela Grécia, mas sim pela Itália. É que havendo um pedido de ajuda externa, estarão os países europeus e nomeadamente a Alemanha e a França, mas também a Holanda, a Finlândia ou a Áustria disponíveis para ajudar a Itália?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011