Nos últimos meses, ao abrigo da tal crise global, muitos cidadãos espanhóis concentraram-se nas Portas do Sol, conhecida praça madrilena.
Tais indignados, que em Portugal não conseguiram uma mobilização comparável com a do país vizinho tinha claramente um pendor esquerdista, anti-católica (como se viu pela perturbação das Jornadas da Juventude em Madird) e até anarquista. Muitas das suas reivindicações, que não têm nada de novo, antes propondo modelos já tentados noutras nações e épocas (como na Albânia), vinham na sequência de uma 'constatação': a ausência de legitimidade democrática dos governantes e deputados daquele país que, por sua vez, promoviam o divórcio do povo com a política e justificativam, per si, aquela exigência de democracia directa.
Mas, eis que os dados se alteram. O Reino de Espanha foi a eleições legislativas, livres e democráticas, o povo votou massivamente (a abstenção rondou os 28%!) e o país virou claramente à direira, talvez para pasmo daqueles que, acampados, clamavam pela abstenção.
Pois bem, agora a falta de legitimidade democrática está do lado dos que, nunca foram eleitos para ali estarem acampados e terá ferido, de forma séria, a vitalidade daquele movimento.
A luta não foi lá desta forma - uma maioria silenciosa, que teima em cumprir a lei e que se expressa muito mais democraticamente que aqueles democratas, não o permitiu. E ainda bem!
É actualmente inconcebível uma democracia sem partidos: estes devem reflectir um conjunto de pressupostos ideológicos que vão depois influenciar as propostas concretas e permitir, através de um debate adulto, escolher o caminho a seguir. Sem partidos, ou se termina com a pluralidade ideológica ou se passa a centrar qualquer uma eleição nas pessoas - o que potencia o surgimento de salvadores da Pátria.
Isto não é o Maio de 68: trata-se antes de franjas ideológicas e anti-democráticas que se aproveitaram de uma dificuldade temporária do sistema capitalista para propagar as suas concepções colectivistas, numa clara cavalgada demagógica.
A Espanha, que vai ter de conhecer tempos austeros, até para contrariar a tendência de subida das taxas de juro para as dívida soberana, tem agora uma grande margem de manobra.
Os eleitos estão mais que legitimados... A rua agora precisa de silêncio!
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