Sabemos que a quebra do compromisso do PSD com o PEC para 2012 foi o principal motivo a descida sucessiva do rating da República nos dias seguintes. O nosso rating, no entanto, para já, não deverá descer. Mas também as instituições europeias e internacionais não são alheias ao bate-boca que por cá se vai mantendo; a constante troca de acusações entre PS e PSD aos olhos da opinião pública não é desconsiderada pelas instituições europeias e internacionais que, em breve, nos irão salvar da bancarrota. E o que hão-de pensar estas instituições que nos irão abrir a torneira do dinheiro, dos responsáveis de um País que se encontra numa crise da qual não consegue sair, por si mesmo, há mais de uma década e que depois de solicitar ajuda externa permanecem indiferentes às consequências inerentes a esse acto?
E, no entanto, sabendo tudo isto PS e PSD entretém-se a jogar xadrez político pelo lado mais mesquinho: as acusações pessoais. O PSD continua sem apresentar o seu programa de Governo a cerca de um mês das eleições. O PS apresentou-o esta semana: e a primeira parte do somatório de ideias produzido por um conjunto de cabeças rangendo, a teoria que delas foi espremida para as primeiras páginas – é precisamente dedicada ao PSD e a relembrar aos portugueses a responsabilidade política do PSD nesta crise. Como se o programa de Governo do PS se destinasse a atazanar a vida do PSD. Um programa de Governo formulado por um partido é destinado aos Portugueses – não ao PSD. Um partido que se queira afirmar na cena política fá-lo pelos seus valores, pelas suas ideias, pelas suas inspirações, pelos seus sistemas, pelas suas teorias: e fá-lo afirmando-se positivamente em relação aos outros: porque as suas ideias são melhores que as ideias dos outros e, por isso, mais positivas e benéficas para o País. Poderá decerto criticar-se as ideias de um outro Partido, mas sem nunca deixar de afirmar as suas, sem nunca deixar de as colocar em contraponto com as nossas próprias convicções. É o processo natural pelo qual se afirma a superioridade das Ideias: o seu debate e a sua discussão, após o qual se procede à sua selecção. O exercício da Política faz-se pela elevação das Ideias, não pela afirmação da mediocridade.