A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 31 de maio de 2011

Campanha Socrática

Mais uma vez somos forçados a pedir desculpa ao leitor mas a exiguidade do tempo disponível não permite a redacção de um post mais elaborado.

Assim, deixamos aqui uns títulos de jornais que permitem ver como tem sido a campanha do PS:

30 de Maio: "Sócrates acusa o PSD de protagonizar uma campanha de ressentimento!"
29 de Maio: "Sócrates afirma que o PSD não quer ganhar, apenas quer vingar-se"
28 de Maio: "Sócrates acusa o PSD de fazer política de casos"
27 de Maio: "Sócrates acusa liderança do PSD de zigue-zague"
26 de Maio: "Sócrates acusa Passos Coelho de mudar de opinião sobre o aborto"
25 de Maio: "Sócrates diz que Passos Coelho não tem obra para mostrar"
24 de Maio: "Sócrates acusa Passos Coelho de 'pôr em causa o interesse do país'"
23 de Maio: "Sócrates acusa o PSD de colocar em causa a doutrina social da Igreja"
22 de Maio: "Sócrates acusa o PSD de quer um sistema de ensino semelhante ao da ditadura"
21 de Maio: "Sócrates diz que Passos Coelho escondeu a agenda no debate"
20 de Maio: "Sócrates afirma que o PSD está desencontrado do país."

(Fonte: 31daarmada)

O candidato Sócrates prova assim que não tem um projecto para o país (já o tinha provado aquando da apresentação do seu programa eleitoral mas ainda havia quem tivesse dúvidas).

Que ideia é que o PS nos apresentou nesta campanha? Só banalidades e ataques gratuitos às ideias dos outros. Isto é o exemplo acabado de uma campanha pela negativa.

Caro eleitor, o governo que resultar das eleições de dia 5 não se pode arriscar a falhar, pois se o fizer é a bancarrota pela certa. Vamos votar num partido (num Sócrates) que nos trouxe até aqui, não conseguiu evitar a crise, que esta isolado e descredibilizado?

Quem nos meteu nesta, desta não nos tira!

A nosso ver só há uma única alternativa - o voto no PSD. Este é o único partido que pode retirar do poder o nefasto engenheiro, sem uma única ideia nova. Não vote por hábitos, não vote por clubes, vote pela salvação nacional! Só o PSD tem condições para nos tirar do atoleiro onde estamos...

Mais um argumento para não votar Sócrates? Concerteza! Uma história em três capítulos:




Capítulo I


Capítulo II

Capítulo III


O cidadão que julgue isto...

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"...suave como a pele dos golfinhos."

Na vida de qualquer mulher as expectativas criadas em torno das realidades masculinas são o motor das mais primárias e diversas experiências. Desde a pré-adolescência todas sonham com as brilhantes e coloridas sensações da relação íntima com um homem. Desde o sabor dos beijos ao momento da perda de virgindade, tudo é idealizado. Cada pormenor é discutido e analisado bem antes de se observar na prática projectando-se no futuro episódio que, sabe Deus quando irá para o ar, todas aquelas balelas de filmes românticos e novelas de horário nobre. Nenhuma mulher na sua pré-adolescência acredita que os beijos saibam mal, ou não sejam bons, ou não lhes causem borboletas no estômago. E também, quando sonhada a primeira vez em que a sexualidade é explorada, ninguém quer menos do que um ambiente criteriosamente preparadode puro romantismo com alguém que seja, nada mais, nada menos do que simplesmente perfeitopara desflorar a mulher.

Até aos 18 anos, mais coisa menos coisa, as mulheres pensam assim… Como a maioria não chega a esta idade sem ter já experimentado tudo o que há para experimentar no que se refere a estes primeiros contactos com um homem, não interessará para aqui o que começam a pensar depois disso.

Margarida Menezes, na flor dos seus 28 anos (contrariando assim a tendência actual) e fundadora do Clube das Virgens deixa agora de fazer parte dessa contenda pela busca do homem ideal a quem se entregar e perder o bem feminino historicamente mais precioso, a pureza. E porque não há nada mais fiel do que o relato da primeira vez discorrido pela própria, aqui fica o conto de uma das mais belas experiências de vida:

http://www.vidas.xl.pt/noticia.aspx?channelid=B2EEF6CE-6025-427C-89E6-4B71D15619D8&contentid=3D2BBE30-152B-4E8F-B797-E2AE5D689A22

Desde a descoberta da suave textura do sexo masculino, à abertura de mente que agora alcança, tudo deixa em aberto a ideia de que, após a primeira relação sexual, a mente feminina emerge desse poço de convenções e idealismo em que toda a sua vida tende a prender-se. Alheada da procura da perfeição do momento e buscando apenas a alma-gémea, perfeitamente enquadrável com a sua, Margarida Menezes, mulher, com peitos de silicone e trabalhadora em estabelecimento de diversão nocturna quer agora provar aos homens que nela existe um portento de feminilidade pulsante de hormonas e capaz de atrair as atenções masculinas mais esquisitas.

Querida Margarida, o seu lema de vida mudou em pleno e não há anel que lhe valha para provar uma pureza perdida porque, no fundo, ninguém precisa de ostentar a bandeira da busca pelo par perfeito, inconscientemente todos o fazemos sendo mais, ou menos exigentes. Por isso, doce Margarida, você será sempre o meu exemplo do lema: Whatever people say I am, that’s what i’m not.

domingo, 29 de maio de 2011

Namorados, namorados, negócios à parte!

Luís e Cristina namoravam, amavam-se e tinham tudo para que a sua história tivesse um final feliz, como os contos do “viveram felizes para sempre”. E talvez venham a ser felizes, não juntos, mas com dinheiro no bolso, aliás, muito dinheiro no bolso. Não para já, mas nuns tempos próximos.

Já reconheceram de quem vos falo? Pois bem, nada mais, nada menos, do que o famoso (ex-) casal do Euromilhões.

Um pequeno resumo para os mais incautos no que a este conto de poucas ou nenhumas fadas diz respeito. Em Janeiro de 2007, Luís e Cristina, namorados de longa data, venceram o Euromilhões, no modesto valor de 15 milhões de euros. Todavia, desentendimentos quanto à repartição do prémio levaram ao rompimento do namoro. Cristina alega ter entregue a Luís a chave vencedora, enviando-lhe uma SMS entre as 13h e as 14h, com os 5 números e as 2 estrelas, pedindo-lhe para ele a registar, porquanto ela se encontrava a trabalhar. Nesse dia, à noite, ao ver o sorteio, ligou para o Luís para ele confirmar se tinha entregue o boletim. Perante a resposta afirmativa, Cristina disse ao então namorado: “Guarda o talão, porque me saiu o Euromilhões!”.

Lá foram os então namorados com os pais dela até Lisboa levantar directamente o prémio que depositaram de imediato numa conta com 4 titulares (eles os dois conjuntamente com os pais dela), de onde só terão gozado o primeiro ano de juros. Quando Luís demonstrou ter intenção de dar algum dinheiro aos seus irmãos e pai, a família dela opôs-se, levando ao rompimento do namoro e ao início daquela que seria uma longa luta pela titularidade do dinheiro. Luís afirma que Cristina pretende que a quantia global seja tida como a ela pertencendo na globalidade, única e exclusivamente; Luís reclama que tem direito a metade da fatia.

O Tribunal Judicial de Barcelos, entendendo que estamos perante um contrato de sociedade, proferiu sentença no sentido de ser dividido o prémio pelos dois, acrescendo os juros entretanto acumulados que actualmente estão na ordem dos 1,5 milhões de euros. Cristina recorreu para o Tribunal da Relação de Guimarães. Como o acórdão tardava em chegar e, por inerência, o dinheiro, Cristina requereu que fosse libertada a quantia que decerto lhe cabe, ou seja, metade do valor global, 7,5 milhões de euros, não vendo a sua pretensão ser deferida.

Esta semana o Tribunal da Relação de Guimarães pronunciou-se no sentido de manter o já decidido pela 1.ª instância. Assim, o recurso foi julgado improcedente, afirmando o tribunal de que se trata de um efectivo contrato de sociedade, confirmando também a interpretação dos factos do tribunal de Barcelos.

O advogado de Cristina já admitiu recorrer para o Supremo Tribunal de Justiça. Contudo, no nosso ordenamento jurídico, caso haja recurso e este confirme a decisão do tribunal do qual se recorreu, via de regra, já não existem mais possibilidades de recurso, nomeadamente para o Supremo. No entanto, em casos especiais como, por exemplo, para uniformizar jurisprudência (quando há decisões de tribunais sobre o mesmo assunto em sentido diverso), pode ainda assim haver recurso para o Supremo. Deste modo, o advogado pretende recorrer, uma vez que entende que as decisões baseiam-se apenas no depoimento de Luís e tem-se entendido que não se pode valorizar o depoimento de alguém que é parte no processo, em benefício de si próprio. Assim, o advogado recorrerá para ser uniformizada jurisprudência.

Nós cá estamos a aguardar pelo desfecho da história. Certo é que já as custas processuais ascendem a meio milhão de euros e os honorários dos advogados a 2,5 milhões de euros.

Por último, seja permitido este pequeno desabafo à Marquesa: quem me dera ter sido eu a advogada neste processo!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Meu querido mês de Agosto...

Bom dia, Caríssimos Leitores d' Opinador de Veludo! Aqui estamos nós na famosa rubrica das sextas-feiras que faz rir até as pedras da calçada.

Pois bem, o tema sugerido para esta sexta é a estação mais aguardada do ano, a que nos permite ir à praia morenar, a que nos deixa colocar aqueles trajes mais curtos, aquela que nos faz suspirar durante meio ano a recordar as férias anteriores e que nos faz suspirar durante o restante meio ano a ansiar pelas férias seguintes... Pois bem, claro que estamos a falar do Verão!

Aqui ficam as contribuições d' A Gerência.


Por M. Pompadour

Rapazes, considerem bem ver este videoclip com atenção porque é super lindo.



Por Lord Nelson

Ah o verão! Essa altura do ano em que o calor aperta e a roupa encolhe - não tarda as ruas vão estar cheias de meninas com tops e mini-saias... Mas como não há bela sem senão, corremos sempre o risco de ver coisas traumatizantes:




Por Carlos Jorge Mendes




Por Leticia, a Marquesa

O Verão é um dos temas mais presentes na música portuguesa. Quem é que não gosta de um bailarico de Verão, com os majestosos pisa-pés e aqueles apertanços maravilhosos? E quem é que não se lembra do Verão azul cantado pelas vozes mais estridentes da praia? Pois bem, aqui ficam aquelas músicas que teimam em passar todos os Verões, em todo o lado. Ora ouçam e digam-me lá se não é verdade!





Bom fim-de-semana e não desesperem, porque o Verão está quase aí!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Vandalismo Monumental



Não é nosso costume ligar ao que os partidos à esquerda do PS fazem. As diferenças ideológicas que nos separam são enormes e inviabilizam qualquer debate produtivo, pelo que os deixamos lá a existir, contentes uns com os outros. O PCP não passa de um anacronismo, entrincheirado numa ideologia falida e capaz de, para a defender, de justificar regimes como o cubano, o chinês ou mesmo o norte-coreano (convém não esquecer as palavras de Bernardino Soares).


Posto isto, vamos abrir uma excepção?


Talvez o leitor não saiba mas este seu humilde servidor é aluno da Universidade de Coimbra, antiquíssima instituição (desde 1290) que ocupa, num dos seus pólos, edifícios considerados monumentos nacionais e, mais, património da humanidade, segundo a UNESCO.
A escadaria monumental faz parte desse núcleo de edifícios, visitados diariamente por inúmeros turistas e que, mais do que isso, pertencem a todos nós, sendo já um domínio público definidor do nosso sentimento de Nação.
Foi portanto com grande tristeza que soubemos que num comício da CDU, apoiantes daquela coligação, vandalizaram aquele património da humanidade, pintando slogans políticos. Segundo a TSF, no patamar mais próximo do local onde a fez o comício de terça-feira está pintado o slogan «PS, PSD e CDS, 35 anos a afundar o país», ao passo que noutro local lê-se «Agora CDU».



O PCP gosta muito de organizar manifestações, mas lida muito mal com elas. Como é possível responder a estudantes, jovens, que pugnavam pelo património nacional que o PC esteve calado no tempo do Estado Novo? O que é que isto justifica e permite a degradação do que é de todos nós? E mesmo que sim, se o 25 de Abril justifica que o PCP possa vandalizar património nacional, não justifica, por maioria de razão, que os estudantes se possam contra-manifestar?
Nas palavras dos nossos colegas: CDU, agora limpa tu!

E só para que não haja dúvidas: nos termos do número 4 do artigo 66.º da Lei Eleitoral:" Não é permitida a afixação de cartazes nem a realização de inscrições ou pinturas murais em monumentos nacionais, nos edifícios religiosos, nos edifícios sede de órgãos de soberania, de regiões autónomas ou do poder local, nos sinais de trânsito ou placas de sinalização rodoviária, no interior de quaisquer repartições ou edifícios públicos ou franqueados ao público, incluindo os estabelecimentos comerciais”. Sr. Jerónimo, quid juris?

P.S. - O facto de, contra a regra, atacarmos o PCP nada tem que ver com a aproximação do 28 de Maio, ditosa data do início do fim da primeira república!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Comentários às Sondagens das Legislativas

De acordo com o “Público” de ontem, o PSD lidera as intenções de voto para as legislativas de 5 de Junho. Dispõe agora o PSD de uma vantagem de quase 6 pontos sobre o PS. Entretanto, o JN de hoje revela outra sondagem em que PS e PSD aparecem exactamente com a mesma percentagem de intenções de voto – 36%. Nesta altura, o ímpeto está do lado do PSD; é cedo, no entanto, para garantir que a vitória do PSD está garantida. De qualquer forma, parece-nos que só um erro crasso do Sr. Passos Coelho ou um trunfo inesperado do Sr. Sócrates irão impedir a vitória do PSD. A vantagem será, no entanto, sempre curta: e continua a dúvida se será suficiente para um governo de maioria absoluta com o CDS. E por falar em CDS, para mim, o CDS é o partido que melhor se tem portado nesta campanha, procurando fazer um debate sério, sem polémicas; o único reparo que se lhe pode fazer é a profundidade do seu programa de governo.

O debate da passada sexta-feira entre o Sr. José Sócrates e o Sr. Passos Coelho foi equilibrado. Passos suplantou Sócrates nalguns aspectos do debate; Sócrates suplantou Passos em outras áreas. Ambos equivaleram-se. Mas a equivalência de ambos corre a favor do Sr. Passos Coelho: a imprensa, de forma unânime, previa o esmagamento do Sr. Passos Coelho. Ora, isso não aconteceu. Logo, para a imprensa o Sr. Passos Coelho saiu vencedor do debate. O equilíbrio verificado no debate favorece, sem dúvidas, o PSD. Mas não explica tudo. O PS para estas eleições, conta, efectivamente, com poucos argumentos. O seu programa eleitoral é tão bom, mas tão bom, mas tão bom, que o Sr. Engenheiro tudo o que faz é comentar o programa do PSD. A verdade é que o Sr. José Sócrates não pode comentar e defender o seu programa porque não o tem: as suas propostas resumem-se à defesa da saúde pública e da escola pública. Porque se deve defender a escola e a saúde pública? Porque sim, diz o Engenheiro. Nós também defendemos uma saúde e uma escola pública; mas quando questionam a autoridade da nossa posição, defendemo-la através de argumentos, não de dogmas. E o Sr. Sócrates deve ter um aspecto em atenção: a defesa da escola pública e da saúde pública, também o fazem o Sr. Jerónimo de Sousa e o Sr. Francisco Louçã. O que os distingue deles, pois? Este discurso, por um lado, coloca o PS nas suas raízes de esquerda, ainda que uma esquerda moderna; levado à exaustão, cansa. E é assim que surge agora o discurso do Secretário-Geral do PS: gasto e estafado. E os eleitores indecisos do centro, Sr. Sócrates? Como pretende V. Ex.ª convencer esses indecisos a votar PS? Pois...V. Ex.ª tem feito o discurso da esquerda – que lhe fica bem – mas esquece-se do centro. E meu caro amigo, V. Ex.ª já esgotou os votos que poderia obter do PCP e do BE visto que ambos estão bem abaixo dos resultados das últimas eleições. A quebra em relação às últimas sondagens não se explica à esquerda: explica-se ao centro: todos os votos estão a fugir para o PSD e não para o PS. Se esse discurso, aliado à irresponsabilidade do PSD na eclosão da crise política permitiu a aproximação do PS ao PSD nas sondagens, isso agora já não basta. É preciso convencer os portugueses da valia das propostas – e isso o PS não o pode fazer porque não tem propostas. Há dois anos atrás, a Sra. Manuela Ferreira Leite candidatou-se ao cargo de Primeiro-Ministro sem um programa de Governo, sem ideias: a votação dos portugueses castigou-a por isso. O Sr. Sócrates este ano comete o mesmo erro.

Mas como se isto não bastasse, a experiente máquina partidária socialista tem somado desastres atrás de desastres nos últimos dias de campanha. Primeiro foi o comício em Évora para o qual foram chamadas pessoas vindas de Lisboa, de Cascais, convenientemente transportadas em autocarros, para darem a aparência de grandiosidade ao comício: e isto tudo por troca de uma visita a Évora e de um lanche. Nada disto é novo: o mesmo já havia sucedido em Matosinhos aquando do congresso do PS. O Sr. José Sócrates terminava o seu discurso: o hino do PS dava os últimos acordes; em seguida, ecoaria a “Portuguesa”; e entretanto, dezenas de velhinhos acotovelam-se, espezinhando-se, junto das portas de saída, para se dirigirem aos autocarros que os levariam a casa. Depois – o episódio das nomeações. E ontem, num comício em Mangualde, um individuo que protestava contra o Sr. Sócrates foi insultado e maltratado pela máquina de campanha socialista, impedindo o Sr. De livremente expressar a opinião. E ainda no mesmo dia, a polémica em torno da despesa ocultada no primeiro trimestre da execução orçamental. O PSD tem controlado a agenda de debate da campanha; o PS limita-se a acompanhar.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Desconstruindo a Contra-informação de Sócrates: ensino



Não tendo ideias próprias para apresentar, o PM demissionário ocupa-se em atacar (demagogicamente) as dos outros, em especial as do PSD - e tem um gosto particular pelo dossier da educação acusando os sociais democratas de quererem acabar com a "escola pública".

Ora vejamos, para desconstruir a argumentação socrática o que diz o programa de governo daquele partido:

O PSD assume a Educação como serviço público universal e estabelece como missão para a Escola da próxima legislatura a substituição do facilitismo pelo esforço, do laxismo pelo trabalho, o totalitarismo pedagógico pelo rigor científico, a indisciplina pela disciplina. Porque o que está em jogo é a nossa sobrevivência como sociedade autónoma.

(página 95 do programa eleitoral)

Posto isto torna-se difícil defender aquela retórica, não? Senhor eleitor, não se deixe enganar por quem já muito aldrabou: lembra-se dos 150.000 empregos? Da reposta à deputada Heloísa Apolónia? Dos salários da função pública? Da TSU? Pois então, não se esqueça.

Mas que escola temos nós agora? Chamamos a atenção para esta notícia do Expresso sobre um teste do 8.º ano:


Saber contar até oito era mais do que suficiente para obter a classificação máxima no teste intermédio de Físico-Química realizado este mês nas escolas.

A abrir o Caderno 2 - Grupo 5 da prova elaborada pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave) do Ministério da Educação surgia a seguinte pergunta: "O sistema solar é constituído pelo Sol e pelos corpos celestes que orbitam à sua volta. Atualmente, considera-se que os planetas que fazem parte do sistema solar são Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno. Em 2006, Plutão deixou de ser classificado como um planeta, embora continue a fazer parte do sistema solar. Atualmente, considera-se que o sistema solar é constituído por quantos planetas?"

A pergunta está a deixar os professores perplexos, relançando debate sobre o facilitismo no sistema de ensino, mas há mais.

No Caderno 1 - Grupo 1 da polémica prova, os alunos teriam de saber que a água, a 100 graus centígrados, entra em ebulição em vez de solidificar.


Por fim atendendo a que estas sondagens dão 51,7% às forças da direita, despedimo-nos por hoje, com uma bonita música que queremos ver a passar em todo o lado no próximo dia 5 de Junho!



segunda-feira, 23 de maio de 2011

"A quanto está o servicinho?"

A crise… Ai a crise meus amigos, ela está aí! Não se vê, não se cheira (graças a Deus) e não se sente com as mãozinhas, a não ser quando se procuram umas notas chorudas na carteira e não se encontram. E, talvez se veja quando se entra no Continente (sim grande superfície comercial, é de ti que falo, não tens de agradecer) e se vêem as prateleiras dos produtos de marca branca completamente esgotados. Ah! E talvez se cheire na boca dos transeuntes, que ao preço que a própria pasta de dentes está não tarda a que se reflicta na higiene oral dos menos dados às limpezas. Mas não interessa, ela está aí e toda a gente sabe disso.

Há entendidos na matéria das Economias que anunciam uma quebra sem precedentes no consumo das famílias nos próximos tempos. Por isso acabaram-se as sapatilhas de marca meus meninos! Nada de se armarem em criancinhas egoístas e impertinentes, a vida está má mesmo! Em muitos lares veremos uma sardinha dividida por três e pão e azeitonas a acompanhar, como em tempos idos, de verdadeiras e drásticas crises.

Se calhar está na hora de pensarem em cortar nas idas ao cinema, cuja bilhética também está pela hora da morte e esquecerem esses caprichos de gastar centenas de euros em idas a festivais pelo país, que vos custam os transportes e a alimentação e sabe-se lá que mais (a menos que realmente não vos faça falta o dinheirinho para o resto). São pequenas dicas meus amigos, não têm que agradecer. Porque o que a crise tira com uma mão dá com a outra!

Pois que fica complicado aos prestadores de serviços de segunda necessidade combater esta malfadada quebra de consumo será fácil de imaginar, já que nos fomos habituando ao longo de décadas a gastar mais do que tínhamos ao nosso dispor, sempre em nome do “que não te falte nada!”. Atendendo a este panorama lúgubre e cinzento do qual só nos esquecemos porque lá fora está sol, as prostitutas começam a ceder aos pedidos da clientela para baixar os preços dos seus serviços. Ora, se o cliente tem sempre razão e, ainda por cima, tem pouco dinheiro, há que dar uma mãozinha (ou até algo mais) e fazer, com jeitinho, um agrado no custo final do serviço. Todos saem bem desta equação, embora um pouco mais lisos na carteira.

Ao que parece, o negócio da prostituição não obedece a restritos critérios de comercialização sendo, portanto, considerada uma flutuação variante dos preços, consoante a situação económica social. O que me leva a questionar: se eu pagar menos a uma empregada de limpeza, ela se calhar limpa-me mal a casa…será que, face ao regateio do preço, o cliente não será vítima de um decréscimo na qualidade do serviço?

Como diz a cara colega Marquesa: a vida está mal…! Neste caso, até para as prostitutas.




sábado, 21 de maio de 2011

O Popularismo Alemão

Esta semana, o popularismo fácil, barato e demagógico triunfou. Não, estimado leitor: não falamos a propósito do debate de ontem do Sr. José Sócrates e do Sr. Passos Coelho. Ou melhor: a nossa afirmação não é sobretudo dirigida a eles: é antes dirigida a uma Chanceler que governa os destinos da quarta maior potência económica mundial e que, honrando esse título, supostamente, não deveria ser populista nem demagógica – mas é. A culpa é das eleições: esqueçam os argumentos sofisticados, as teses altamente complexas, as ideias laboriosamente trabalhadas: para ganhar eleições, importa reproduzir espalhafatosamente o sentimento geral que se percepciona do Povo: mesmo que esse sentimento não tenha qualquer tipo de fundamento. Sabemos que os alemães têm uma ideia estereotipada dos países periféricos: em curtas palavras, que somos uns preguiçosos, uns mandriões, uns malandros que nada mais gostam do que ressonar ao sol. O que a Sra. Merkel fez foi replicar este mesmo sentimento, mas adornando-o numas palavras mais simpáticas, mas reproduzindo o mesmo conteúdo. O que a Sra. Merkel disse foi que os trabalhadores dos países periféricos têm demasiados dias de férias e que se reformam demasiado cedo. E disse isto discursando perante os seus correligionários partidários. Pois é, caro leitor. Agora você quer saber a verdade dos factos? A verdade dos factos é que os Portugueses têm a mesma idade de reforma legal dos alemães – 65 anos. Mas mais: apesar de ser essa a idade oficial, as estatísticas demonstram que, em geral, os portugueses se reformam mais tarde que os alemães: enquanto os alemães se reformam em média aos 62 anos, os portugueses só se reformam aos 67. Ah pois! Quem são os mandriões agora Sra. Merkel? É verdade, por outro lado, que os portugueses têm um mínimo legal de 22 dias de férias, enquanto os alemães têm apenas 20. Mas é nisso que a Sra. Merkel se baseia?
E o desnorte pela Alemanha por esta hora é tal que foi (pasme-se o leitor!) a oposição alemã a criticar a Sra. Merkel. A mesma oposição que a tinha criticado por apoiar, ainda que relutantemente, os pedidos de ajuda externa de Grécia, Irlanda e Portugal.

É verdade que num dado estatístico em particular Portugal perde irremediavelmente para a Alemanha: o descontrolo nos custos do factor trabalho. O aumento dos custos sem a devida contrapartida em termos de produtividade explica grande parte do problema português e aquilo que terá de ser mudado no futuro: Portugal terá de maior disciplina no controlo dos custos do trabalho de modo a não prejudicar a competitividade das empresas. E sabemos que o problema português é de crescimento: ora, o crescimento não se consegue sem que as empresas adquiram competitividade e isso explica o debate em torno da taxa social única, por exemplo. 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

La France

Por motivos que nos foram completamente alheios não nos foi possível publicar, na passada semana, as criativas contribuições para uma sexta-feira mais animada. Mas nesta a coisa parece estar a correr lindamente, por isso e sem mais delongas, anuncio a todos vós que o tema de entre nós brotado é: La France.
Por quê La France? Questionam os desatentos leitores. Pois porque está ela actualmente no topo da informação mundial por via desse senhor não sei quê Kahn, acusado de violação de uma guineense empregada de um Hotel Nova Iorquino e que, curiosamente, era só o maior lá do FMI. Quem é o maior?? Era este senhor... Agora aparentemente é só um criminoso perigoso apanhado nos EUA.
França também porque, segundo o avô babado, a primeira-dama francesa está grávida do senhor Sarkozy que, se calhar devido às divergências estruturais corporais entre ele e sua esposa, demorou a plantar a sua semente no aconchego uterino de Carla Bruni.
De qualquer maneira: Vive la France!


Carlos Jorge Mendes

Àqueles que acreditam que o Sr. Sarkozy tramou o Sr. Strauss-Kahn, uma coisa: acham mesmo que um homem destes era capaz de conceber um qualquer plano complexo e maquiavélico destinado a retirar o seu principal adversário político da corrida ao Palácio do Eliseu?



M. Pompadour

Mensagens importantes aos amigos franceses:



Leticia, a Marquesa

Já a mais célebre cantora francesa dos anos 60 cantava o Portugal dos nossos tempos: "Rien de rien". E eu só lamento que a culpa morra solteira.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Do Sr. Strauss-Kahn

Estimado leitor,
Não se fala noutra coisa: esqueça a recente decisão do Ecofin sobre a taxa de juro a cobrar ao pedido de ajuda português; esqueça os rumores que se ouvem sobre a reestrutração da dívida grega; esqueça a crise europeia e as dúvidas sobre a real solidariedade e sustentabilidade do projecto europeu. Esqueça tudo isso: do que se fala é do Sr. Strauss-Kahn.

O Sr. Strauss-Kahn é presumivelmente inocente até prova em contrário. Dito isto: mas que raio? Algumas notícias interessantes que têm sido postas a circular merecem o nosso comentário.
Notícia um – e esta é a nossa preferida: a tese da conspiração. É do conhecimento público que o Sr. Sarkozy goza de uma baixa popularidade junto dos franceses; as eleições presidenciais aproximam-se e as sondagens são-lhe desfavoráveis: na maior parte dos casos, o UMP do Sr. Sarkozy aparece em segundo lugar atrás do PS. E aqui reside a questão: o PS é actualmente liderado pela Sra. Aubry; sucede, porém, que entre os franceses, o candidato do PS que reúne maior consenso é precisamente o Sr.Strauss-Kahn. Logo, o Sr. Sarkozy, como medida cautelar, tramou o Sr. Strauss-Kahn e afastou-o da corrida ao Eliseu. Esta foi uma tese prontamente avançada pela imprensa francesa, tocada no seu chauvinismo, sentindo as faces esbraseando de vergonha. O próprio Sr. Strauss-Kahn terá confessado a um amigo receio por um qualquer ardil preparado pelo UMP envolvendo mulheres:
- Eles vão fazê-lo! Eles fazê-lo que eu sei! Eu sinto-o! Eu sinto-o! Vão me pôr ali a jeito uma mulher bem sensual! E que posso eu fazer?! Eu, um garanhão de 62 anos?! Na flor da vida?! Que posso eu fazer?!
Esta era a parte em que o amigo do Sr. Strauss-Kahn lhe recomendava prudência, que lhe largasse os colarinhos e que fizesse amor com a sua mulher porque vistas bem as coisas, e colocadas em perspectiva – ele, para todos os efeitos, tinha uma mulher.
Continuemos então na análise da plausibilidade da teoria da conspiração. A cena decorre no Palácio do Eliseu: o céu está escuro; de quando a quando, um trovão retumba; e o Sr. Sarkozy, sentado na sua poltrona presidencial, com as suas chinelas presidenciais, afagando o pêlo do dorso do seu gato com a mão direita, e colocando o dedo mindinho sobre a boca, esboça maleficamente o seu plano. A cena seguinte decorre no Hotel Sofitel, New York.
- Room service – diz a femme de chambre, batendo cuidadosamente à porta do quarto.
De dentro, o menor rumor se levanta; a femme de chambre entra confiadamente no quarto. Então, triunfante, vindo da toilette surge o Sr. Strauss-Kahn em pelota quando nota pela presença da atraente femme de chambre. O Sr. Strauss-Kahn pensa no ardil que o Sr. Sarkozy lhe poderá ter preparado; recorda as palavras do seu amigo que lhe recomendara prudência e que fizesse amor com a sua mulher; por outro lado, ele, Strauss-Kahn, está em pelota, no seu quarto de hotel, na presença de uma femme de chambre sensual. Que fazer? Strauss-Kahn atravessa ali um dilema dilacerante: que faz um homem naquelas circunstâncias?

Hipótese 1: Ao notar a presença da femme de chambre, olhando para si reparando na sua nudez, solta um gritinho de embaraço, e então, assustado e surpreendido, recolhe ao banheiro para enrolar uma toalha à volta da cintura;
Ou
Hipótese 2: Ao notar a presença da femme de chambre, olhando para si reparando na sua nudez, assume uma postura máscula, condizente com o seu passado, e sentindo em toda a sua pungência o coup de foudre que o toma violentamente, permanece graciosamente despido e raciocina da seguinte forma: eu, nu; femme de chambre, atraente; local, meu quarto de hotel – e em função disso age em conformidade.

Notícia dois – um conjunto de personalidades têm vindo a público realçar o brilhantismo intelectual do Sr. Strauss-Kahn. Ora, as opiniões destas personalidades podem ser traduzidas da seguinte forma:
- Sim, com efeito. Ele terá alegadamente violado uma mulher…Por outro lado: que economista! Que génio! E o contributo que tem dado à Europa nesta crise? O quê? Como? Pretendia meter-se num avião depois de alegadamente ter violado a femme de chambre? Mas e as reformas que ele realizou e que trouxeram prosperidade à França?

terça-feira, 17 de maio de 2011

Nova Aldrabice|

Mais uma vez o primeiro ministro:


- ou mentiu com todos os dentes que tem na cara, ou,

- prova-se que não leu o memorando de entendimento da troika (não se esqueçam que ele não sabe inglês).


Vamos por partes; diz o "engenheiro",






Mas, não existe tal tradução. O que há é apenas um resumo de cerca de 15 páginas, disponível no site das Finanças e não a "tal" tradução.

Assim,

O engenheiro não leu a tradução porque ela não existe. O que existe é isto e isto! Terá lido o documento em inglês? Disso temos dúvidas:



Ou temos um primeiro ministro mentiroso ou temos um primeiro ministro que não lê o que assina. Em qualquer dos casos é mau...

Ainda alguém consegue defender (e votar) neste (abjecto) indivíduo?






Nota: este post foi escrito às 0h30 do dia 17 de Maio e refere-se ao que existe a essa data... Porque concerteza que depois da gaffe alguém está a trabalhar around the clock!

domingo, 15 de maio de 2011

Uma opinião feminina sobre o quão a imaginação pode ser fértil...

Poucos sabiam o que era a TSU (Taxa Social Única). Hoje todos já ouviram falar desta taxa que se traduz numa medida contributiva para a Segurança Social prevista no Orçamento de Estado português e aplicada a trabalhadores e empresas.

O PSD, pela voz do seu Presidente Passos Coelho, propõe no seu programa governamental a diminuição desta taxa entre 8% a 12%. Esta medida é a mais adequada para se prosseguir o objectivo de promoção da competitividade das empresas no mercado de trabalho e na economia portuguesa.

Em contra-resposta, logo veio o PS, na pessoa de José Sócrates, ripostar que o PSD só propôs tal popular e ansiada medida, porquanto pensa eliminar a taxa intermédia do IVA (actualmente fixada nos 13% e que incide sobre sectores como o da restauração). Ora, como é que se pode afirmar tal barbaridade quando nada consta a este propósito no programa eleitoral do PSD e se o próprio Passos Coelho se limitou a afirmar: “O que temos de fazer se formos Governo é reestruturar o IVA, o que significa que, nas três taxas já existentes, temos de reclassificar produtos e serviços de modo a alargar a receita.”?

É claro que outras importantes figuras do PSD podem ter outras opiniões, como é o caso do muy Ilustre Eduardo Catroga, que entende que a taxa intermédia não é necessária e que, portanto, apenas deveriam existir a mínima e a máxima.

Posto isto, se tal não consta do programa e se aquele que poderá decerto vir a ser o próximo Primeiro-Ministro português diz que tal não acontecerá, porque será que Sócrates teima em afirmar que é isto que o PSD irá fazer?

Ademais, Caríssimos, veio a público também aquilo a que o Governo demissionário se comprometeu, face à equipa do FMI que negociou a ajuda externa a Portugal, e que consiste na redução das contribuições das empresas para a Segurança Social em cerca de 3 a 4% do PIB. Nas contas dos sociais-democratas está em causa um montante de 7 mil milhões de euros, o que corresponde a uma redução entre 8% a 13% da TSU. Deste modo, somos a preconizar que Sócrates, ao invés de se pôr a conjecturar e a atacar o PSD com especulação pura, deveria era explicar como é que vai fazer para cumprir o compromisso que assumiu para com Portugal, na hipótese de ser eleito, claro está.

A reestruturação do IVA far-se-á, releve-se novamente, sem eliminar a taxa intermédia nem aumentar as suas taxas marginais (de 6% e de 23%) e é essencial para se poder sustentar a diminuição da TSU. Esta é a única solução para que, a curto trecho, sem desvalorizar a moeda, se possa reconquistar a competitividade externa.

Caríssimos, a justiça social é um compromisso do PSD, temos dúvidas? Atentemos a medidas que irão ser tomadas como a diminuição da carga fiscal total sobre os portugueses dos actuais 38% para os 33% do PIB; os escalões de IRS serão revistos de modo a que sejam aumentadas as taxas marginais dos escalões mais elevados e aliviando-se a carga fiscal da classe média; irá ser feito um maior combate à fraude e evasões fiscais, entre muitas outras medidas dotadas de eficácia e não de imaginação saloia.

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sábado, 14 de maio de 2011

PS passa PSD nas Sondagens

Pois é…Para grande desilusão dos nossos amigos sociais-democratas parece que o PSD lentamente, mas irreversivelmente, vai prosseguindo numa penosa descida nas sondagens. A última, do Público, demonstra que o PSD reúne 34% das intenções de voto; o PS – 37%. Parece-me que a subida de um e a queda de outro se explicam por um motivo: a queda do PSD está associada ao crescimento do CDS – 13,4% das intenções de voto para os centristas; e a subida do PS está associada à queda do BE – 6% dos votos; o PCP mantém sempre a velha estabilidade.

O PSD vem acumulando erros atrás de erros desde que as sondagens no ano passado lhes prometiam a vitória em caso de eleições legislativas antecipadas. Então, confortados por essa fofa almofada de vantagem – o PSD recostou-se e acumulou erros. O mais terrível de todos os erros foi a rejeição do PEC para 2012 na Assembleia da República. Desde então, sucessivamente, o PSD vem rolando por ali abaixo nas sondagens. O chumbo do PEC, na minha opinião, constitui um erro estratégico grave do PSD: forneceu uma base para acusação que o PS não tinha. Vejamos: caso o PSD se abstivesse na votação do PEC, mais uma vez demonstraria a sua responsabilidade governativa perante o País; parece cada vez mais claro que aquele PEC, em concreto, seria curto para as ambições do Governo, tal como as modificações que então se realizaram ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira; Portugal teria, inevitavelmente, de pedir ajuda externa. De quem seria a culpa? Exclusivamente do Governo. Ao votar desfavoravelmente o PEC, o PSD precipitou esse pedido de ajuda externa: o rating da República foi descendo rápida e progressivamente: o PS encontrou ali a sua arma eleitoral: a irresponsabilidade do PSD. Acresce a isto a má gestão que o PSD fez deste período: o Sr. Passos Coelho afirmava publicamente que preferia mil vezes aumentar o IVA para 25% do que descer a reforma dos pobrezinhos que auferem a módica quantia de mais de 1500€ de pensão. Tudo habilmente aproveitado pela máquina de propaganda do PS. Recentemente, foi a confusão em torno da Taxa Social Única. O resultado é, como vemos, aquele que encontra expressão nas sondagens.

O PS, por sua vez, não tem campanha própria: como um abutre, vai-se alimentando da campanha do PSD e dos seus erros. A isso se tem resumido a campanha socialista – começando no seu congresso e terminando no seu programa. Basear uma campanha eleitoral na defesa do Estado Social, de uma saúde pública e do ensino público é curto para um partido com ambições governativas. Com efeito, uma vez chegado ao Governo de que serve isso para pôr o País a crescer de forma a honrar os seus compromissos? Da nossa parte diremos que uma saúde pública e um ensino público são pilares de uma social mais justa e mais igual – mas não chegam. Neste momento, Portugal tem uma saúde e um ensino público mas não é uma sociedade igual; e não é certamente uma sociedade sustentável. Por isso, o PS não se pode limitar a apontar para a obra feita nos últimos anos – especialmente porque nos últimos anos a obra é desastrosa. O PSD tem realçado bem os erros que foram então cometidos – mas tem falhado em aproveitar os erros que o Sr. José Sócrates já cometeu nesta campanha. Não deixa de ser curioso que foi o Sr. Francisco Louçã quem expôs a contradição do Sr. Sócrates quanto à Taxa Social Única; e o PSD pouco uso tem feito disso. Então o homem ataca-os por quererem descer a TSU e em contrapartida quererem reformular as taxas de IVA, quando ele quer fazer o mesmo mas sem propor coisa alguma em troca? E os responsáveis do PSD nada dizem sobre isto? Numa coisa a campanha do PSD tem tido mérito: o PSD tem as suas ideias e vem-nas apresentando: aqui e além com erros, como foi o caso com a TSU. É assim que deve ser uma campanha – discutida com base nas ideias. Isso, no entanto, não impede o PSD de demonstrar que o PS não tem ideias; ou demonstrar a incoerência das mesmas. A elevação das ideias não se faz apenas pela afirmação das nossas: faz-se também demonstrando a incoerência das propostas do nosso opositor.

Dito isto, o resultado final das eleições de 5 de Junho é imprevisível. Apesar da recente subida do PS, essa tem sido feita sobretudo à custa dos partidos mais à esquerda – e não resta grande margem para continuar a roubar votos nesse espectro político. O PSD, por seu lado, pode ainda recentrar o seu discurso e emendar os erros que vem cometendo na campanha eleitoral e não só estancar a subida do CDS, como recuperar-lhe alguns votos. De qualquer a decisão das eleições, como sempre, faz-se ao centro: e nesse aspecto, o debate ainda a realizar entre o Sr. Sócrates e o Sr. Passos Coelho será muito importante, até para conferir um ímpeto final para a última fase da campanha.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Taxa Social Única



Nestes dias, temos assistido a um papaguear dos responsáveis do PS acerca da proposta do PSD acerca da taxa social única. Tal se deve, talvez ao facto de o programa eleitoral do PS ser um documento muito mal redigido, sem qualquer tipo de medida concreto.

Ora analisemos pois a matéria:


“O PSD admite, a título excepcional e face à situação de emergência em que se encontram as finanças públicas portuguesas, (…): Reforço da competitividade da economia portuguesa, designadamente por via de uma redução dos encargos sociais sobre o factor trabalho em sede de Taxa Social Única (TSU), compensando, em simultâneo, a Segurança Social;”
Tal é o que consta no programa do PSD, mais concretamente, na página 30.


Após terem visto isto, os responsáveis do PS começaram a algar que o que o PSD ia subir os impostos, necessariamente o IVA. Citando Helena André, cabeça de lista pelo distrito de Aveiro, a proposta do PSD era uma “trapalhada”. Dizem que a TSU não é para mexer porque não mexerão nos impostos (já sabemos o que vale esta promessa do Sr. Sócrates) ou quando muito mexem, 0,25%.


Mas, para grande tristeza de todos os socialistas convém referir a entrevista de Poul Thomson, responsável do FMI, onde garante que o Governo de Sócrates estuda uma redução da Taxa Social Única entre 8 e 12 pontos percentuais – entendimento que encontra reflexo no memorando da troika. Citemos o estrangeiro:


"Sublinho que o Governo [português] está agora a considerar o que seria uma mudança drástica do jogo de forma a que fosse aplicada uma profunda redução nas contribuições para a segurança social na ordem dos 3%-4% do PIB (juntamente com outros ajustamentos em taxas e gastos públicos). Isto reduziria os custos de trabalho de forma significativa e tornaria os bens produzidos em Portugal mais competitivos no estrangeiro”


Aqui chegados, somos forçados a concluir que o PS ou mente aos portugueses ou ao FMI, como bem notou o Dr. Nogueira Leite.


Então uma baixa de 4% da taxa é catastrófica e uma de 12% é o quê? Ou mentirá o Sr. Poul Thomson? Convenhamos que a credibilidade deste economista é superior à de Sócrates.
Senhor eleitor, consegue votar em quem critica medidas, não apresenta as suas, mas compromete-se a ir mais além das que critica à porta fechada?
Desculpe, mas se ponderava não votar PSD por causa da TSU, ou da forma como seria financiada, não pode, mas é que não pode mesmo, votar PS, porque apesar de não serem honestos, querem ir mais além!



Temos gostado de ver o Sr. Sócrates nos debates. O homem não respeita nada nem ninguém, interrompe constantemente, promete não interromper, e interrompe na mesma. Vergonha Sr. Sócrates… Já está a ficar aflito? É uma vergonha ir a eleições com um programa daqueles e ir para os debates, não apresentar ideias, mas fazer piadas com pastas vazias!

Fontes do que aqui foi dito: esta, esta, esta, esta e esta!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O PSD e a trapalhada com a descida da Taxa Social Única

Por estes dias a desordem reina entre as hostes sociais-democratas – tudo por causa da descida da Taxa Social Única (TSU). Antes de mais considerações, uma nota: a descida da Taxa Social Única é, de facto, uma bela ideia para adquirir competitividade, reduzindo os custos do factor trabalho face à inexistência da possibilidade de desvalorização da moeda. Até aqui tudo correcto, conforme o Sr. Passos Coelho explicou. A partir daqui tudo é um denso nevoeiro.

Primeiro: como quer o PSD contrabalançar a diminuição de 1500 milhões de euros de receita que provém da TSU? Responde o Sr. Passos Coelho: reestruturação do IVA, sublinha ele dizendo que isso não significa aumento de impostos. Isto é já errado: a reestruturação do IVA, deslocando um produto que, suponha o leitor, pague 13% de IVA para 21% é um aumento de impostos: porque 21 é maior que 13; e porque é precisamente através do aumento desta receita que se pretende fazer face à diminuição da receita do TSU. Logo, dizer que não haverá aumento de impostos é ridículo: haverá reestruturação do IVA e em consequência dessa reestruturação um aumento de impostos.

Mas aqui não reside a falha do Sr. Passos Coelho: o problema é que o Sr. Passos Coelho pretende recolher receita adicional de uma medida que consta já do memorando de entendimento com a troika, receita essa que se encontra destinada à redução do défice público. Assim, com a descida da TSU se colocaria em causa a redução do défice que foi acordada com a troika. O PSD continua, portanto, sem esclarecer verdadeiramente como irá compensar esta medida que, apesar de positiva, é dificilmente alcançável sem o aumento da taxa máxima de IVA. Mas mais do que isto foi a maneira como o PSD reagiu às críticas que foram dirigidas pelo Sr. José Sócrates aos planos de reestruturação do IVA, acusando o PSD de pretender eliminar a taxa de 13%. O Sr. Passos Coelho veio prontamente negá-lo; o Sr. Eduardo Catroga, coordenador do programa do PSD afirmou-o entre dentes. Ou seja: o redactor do Programa do PSD e o beneficiário directo do mesmo não se entendem quanto ao conteúdo do mesmo.
A questão é melindrosa porque ao eliminar a taxa intermédia de IVA toca-se em dois sectores muito importantes da economia: no turismo e na restauração. Se por um lado, o PSD pretende diminuir os custos do trabalho para as empresas, não pode, por outro lado, aumentar os custos para outros, ameaçando a sua competitividade e a sua sustentabilidade. É isto que o PSD precisa de esclarecer. E já nos parece censurável que apenas o faça depois de conhecido o seu Programa.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Mensagem da Gerência

Por motivos académicos (mas de uma boa Academia), ser-me-á impossível discorrer acerca dos temas da actualidade... Fiquemos pois só com o soundbite. A normalidade regressará, se tudo correr bem, para a semana.


Assim,


Leitores haveis visto o debate do senhor Sócrates com o dr Portas? Foi giro ein?


O Sócrates foi dar o seu ar de Calimero. Mas como (a grande maioria dos portugueses, ou seja, os 70% que não vão votar PS) já não têm pachorra para a música desse sujeito, deixamos aqui a de um outro, a quem já tudo aconteceu, mas que foi sempre dando a volta à vida!







Só uma nota: Sr. "Eng.", vai haver TGV? - pergunta a jornalista... "Sim claro! Entre o Poceirão e Caia" responde o PM. "E há dinheiro?" inquire a primeira já a abusar. "Isso é barato!"


Porreiro pá!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Síndrome do cepticismo


Entre as imensas virtudes e feitos do nosso povo português, algumas tão bem retratadas naquele vídeo delicioso que o presidente da Câmara Municipal de Cascais trouxe ao mundo para convencer a Finlândia a deixar de ser uma chata do pior, o Zé Povinho tem outro dom que sempre que o traz à luz do dia, me põe os nervos em franja enquanto, simultaneamente, me intriga muitíssimo.
Esta semana que passou, a novidade que brotou do seio quentinho americano foi a de, tropas lideradas por esse portento da política, Mr. Barack Obama terem arruinado a existência do até então líder da Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica responsável pelos atentados de 11 de Setembro de 2001, entre outros, Osama Bin Laden. Ora, este foi um momento de regozijo para todos os americanos e para os que sempre condenaram severamente a forma de intervenção da Al-Qaeda que, sinistramente, saíram às ruas para festejar a morte de uma pessoa, pessoa essa assumidamente culpada pela morte de milhares de americanos no atentado supra referido. Na hora a que a notícia começou a ser divulgada por todo o globo, circulava em anexo uma foto que mostrava a cara estropiada do senhor morto, imagem que, passadas algumas horas, se revelou ser uma montagem (e das fracas) ficando todo o amável espectador desiludido por ter sido enganado e não ter provas que alimentassem a sua curiosidade mórbida.
Então o que acontece perante tal notícia, especialmente depois dos valentes americanos darem conhecimento ao mundo que o corpo de Bin Laden teria sido atirado ao Oceano? Teorias. Porque o povo gosta é disto, de teorias, de pôr em causa, de duvidar, de ser céptico até ao último resquício de prova em contrário. E esta é daquelas coisas que eu, pessoa assumidamente demasiado crente não entendo.
O exemplo é este como pode ser qualquer outro. Salta uma estupenda notícia, ou uma só assim-assim e, logo de imediato são consideradas as hipóteses mais criativas para contar uma versão da história completamente oposta à apresentada.

América: Osama Bin Laden está morto. Os registos fotográficos são demasiado chocantes para serem revelados sem ferir susceptibilidades, portanto, atendendo a isso, não serão tratados publicamente. Mas têm aqui uns vídeos caseiros que encontrámos no local da execução.

Povo: Huuummmmm...isto cheira-me a esturro. Então o homem andou 10 anos escondido lá nos montes e agora deixa-se assim apanhar em casa e, ainda por cima, atiram-no ao rio depois de morto?! E nem uma imagem do homem todo derreado com um tiro no meio da testa mostram?! Naaa, isto é mentira, eu não acredito. Aposto que ele ainda anda para aí a fazer diabruras.

Portugal: Desapareceu uma menina inglesa muito linda no Algarve. Chama-se Madeleine Mccann e estes são os seus pais, em choque a apelarem a todo o mundo para uma busca incessante pela sua filha que muito amam.

Povo: Coitados...olha que virem de férias e raptarem-lhes a filha, é obra ãh!... Oh, isto é tudo uma palhaçada, cá para mim foram eles que a mataram e agora vêm para a televisão fazer-se de santos. Olha para ela! Nem chora!!...na, isto é mentira, foram mas foi eles.

América: Morreu o rei da pop, Michael Jackson, vítima de um ataque cardíaco.

Povo: O Michael??? Não pode! Ele não pode morrer assim. Olha aqui este vídeo em que se vê uma sombra de costas a sair de uma carrinha suspeita em nenhures: é ele!! É ele pois! Aquele cotovelo ligeiramente flectido é mesmo típico dele.

A sério...é mesmo necessário?

domingo, 8 de maio de 2011

Como será a sua vida daqui a um punhado de dias

Esta semana o Governo demissionário e a tão ultimamente falada Troika chegaram a acordo no tocante às contrapartidas a que os portugueses terão que se submeter para Portugal poder receber 78 mil milhões de euros a título de ajuda externa.

É de notar que o mau tom, mais uma vez, usado pelo Governo ao ter chegado justamente a acordo logo quando o PSD e o CDS-PP não se encontravam representados. Enfim, mais do mesmo a que já nos habituou.

Todavia, se lá fora parece ser apanágio deste acordo o célebre dito “muita parra e pouca uva”, internamente o acordo foi bem recebido pelas forças da direita, comprometendo-se o PSD a cumpri-lo, caso seja o partido eleito nas próximas eleições.

Vejamos, pois, algumas das medidas acordadas e a colocar em prática já nos tempos imediatos:

- Obras públicas: serão suspensas as parecerias público-privadas tão aclamadas pelo Governo demissionário, em geral, e por Sócrates, em particular, mormente o novo aeroporto de Lisboa e o TGV. Além disso, as 20 maiores PPP também serão reavaliadas de modo a concluir-se pela sua manutenção ou não;

- Banca: os bancos portugueses receberão 12 mil milhões de euros, de forma a que a sua gestão continue a ser controlada por accionistas privados e, mais tarde, seja recomprada a posição estadual. Quanto à CGD, embora se tenha falado tanto da sua privatização, esta não vai acontecer, pelo menos para já;

- Impostos: dado que o sobreendividamento do português se deve sobretudo ao recurso ao crédito para habitação, como forma de se desincentivar a compra de habitação própria e permanente, irá ser aumentado o Imposto Municipal sobre Imóveis e irá ser reduzido o período de isenção de pagamento deste imposto, actualmente fixado, via de regra, 8 anos. O IVA irá decerto aumentar, mormente no que à energia eléctrica e gás diz respeito. Irão também ser adoptadas mais medidas para combater a fraude e a evasão fiscais;

- Emprego: os trabalhadores independentes vão passar a poder receber subsídio de desemprego. Todavia, a duração deste irá ser encurtada para os 18 meses e o seu limiar máximo também será reduzido. As indemnizações/compensações por despedimento vão igualmente ser diminuídas. Além disso, a Administração Pública conhecerá uma redução do seu pessoal em 1%, recorrendo-se à regra de uma contratação por cada duas saídas;

- Educação: racionalizar-se-á o currículo escolar e serão centralizadas as diversas escolas;

- Saúde: irão ser aumentadas as taxas moderadoras e eliminadas as isenções. Irão ser igualmente encurtados os custos com o transporte de doentes e com as horas extraordinárias pagas aos médicos;

- Justiça: irão ser reestruturados os tribunais, entrando em vigor já em 2012 o novo mapa judiciário e os processos pendentes executivos e insolvenciais irão conhecer acelerações;

- Privatizações
: o Estado vai sair do capital da EDP e da REN até ao fim do ano e, à partida, também da TAP.

O cinto vai manter-se bem apertado. Veremos a eficácia destas medidas que decerto serão muito mais adequadas ao contexto actual que as consagradas no PEC IV. Finalmente, e nas palavras do Ilustre Eduardo Catroga, “parece termos um verdadeiro Pacto de Estabilidade e Crescimento”. Vai ser imposta a ordem neste país ora tão desordenado e imerso na confusão causada por uma governação tão longa e tão infeliz do PS. Mas o futuro só Deus o dirá!

A vida está má, está! Até para os marqueses!


*** Apenas uma pequena nota exclusivamente dirigida ao nosso Caríssimo Carlos Jorge Mendes: hoje foi conhecido o programa de Governo do PSD. Ora diga lá se o meu Caro Colega e, acima de tudo, Amigo, não passou o seu domingo mais contentezinho? Até aposto que cantou: "hoje o céu está mais azul, eu sinto!...".

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Operetas e Coitos Pitas na Assembleia da Madeira

O Sr. António Fontes, deputado do PND na Assembleia Legislativa da Madeira, subiu ao púlpito para criticar a ausência de comemoração do 25 de Abril naquela instituição. Vai daí, sua excelência, decidiu ele mesmo trazer ali os sopros da liberdade, sob a forma que se segue:





Os outros deputados galhofavam com o Sr. António Fontes, rindo; e no fim ovacionaram o deputado. Então, mais graves, retirada a bolinha vermelha do nariz, limpada a face da maquilhagem, despida a cabeleira de cor extravagante e os sapatos espalhafatosos, quem é o deputado encarregado de comentar aquela cena? Quem é o paladino da Dignidade que promete lavar a honra maculada da Assembleia? Nada mais, nada menos do que Sr. Coito Pita. E veio o Sr. Coito Pita criticar o Sr. António Fontes, falando do alto da sua tribuna, largando as suas palavras com majestade, apoiado na «necessidade de credibilizar o Parlamento». Logo ele, cujo nome é precisamente um atentado à pudicícia e à Moral dos Madeirenses! Logo ele vem falar de credibilidade quando nem sequer pode pronunciar o seu nome a alguém sem que essa pessoa core num embaraço terrível ou desate a rir convulsivamente. Imagine V. Ex.ª, Sr. Coito Pita, que está tendo uma elevada discussão filosófica com um seu amigo; então ele, traçando a perna, cofiando a barba, abanando a cabeça, diz:
- Discordo, meu caro Pita.
Ou então:
- Discordo, meu caro Coito.
Não soa bem, pois não, V. Ex.ª? Arrasa com a elevação de qualquer discussão. Mas V. Ex.ª não se atemoriza. V. Ex.ª, Coito Pita, batendo no peito, pode orgulhar-se que o povo que o Sr. representa diz:
- Ai! Quem me representa é o Coito Pita! E representa-me muito bem! Tenho muito orgulho nele! Se todos os deputados fossem assim…Coito Pita, hem? Aquilo é que é um deputado!
Perguntamos, pois, a V. Ex.ª, o que considera mais gravoso: um deputado subir ao púlpito, trauteando a «Grândola, Vila Morena», a espaços balindo, é certo, ou o funcionário do registo civil aceitar a inscrição do nome Coito Pita a um ingénuo bebezinho cor-de-rosa? Mas isso nem é o pior Sr. Coito Pita. E aqui deixaremos de chasquear com o seu nome, do qual V. Ex.ª não tem culpa. V. Ex.ª está eternamente amarrado a esse nome como Prometeu estava a uma rocha e tal como na lenda da mitologia, ciclicamente, vem uma águia (sendo que a águia sou eu) picar-lhe de quando a quando. Passemos, pois, às suas ideias. Vejamos: V. Ex.ª critica o Sr. António Fontes por este, numa manifestação exacerbada da sua liberdade e indigna duma Câmara Parlamentar vir trautear uma música que, no entanto, é um símbolo da liberdade e da democracia em Portugal. Pois bem: que palavras terá então V. Ex.ª para o Sr. Alberto João Jardim? Um homem que se recusa a responder perante essa Câmara? Que tão-pouco se digna a aparecer perante os legítimos representantes do povo madeirense? Ou somente cantarolar músicas de Zeca Afonso é indigno da Assembleia da República?



terça-feira, 3 de maio de 2011

Porque matámos Bin Laden?



Na noite de dia 1 para dia 2 de Maio, o presidente norte-americano anunciou ao mundo que o líder da Al-Qaeda tinha sido abatido a tiro por uma equipa de militares na casa onde se encontrava (cerca a 90km da capital do Paquistão).
Alguns regozijaram com a notícia, alegrando-se pela morte do “ogre”. Eu não, e por dois motivos:


Primeiramente, é de muito mau gosto celebrar a morte de alguém, mesmo que esse alguém tenha sido responsável pela morte de inúmeras pessoas. A superioridade axiológica que caracteriza o Ocidente reside no facto que, toda a vida, toda mesmo, é preciosa. Este é o entendimento que nos foi legado depois da aventura do III Reich.


Em segundo lugar, note-se que Bin Laden foi assassinado e não capturado.
O julgamento do chefe daquela organização terrorista seria uma tarefa bem complexa, com atentados, pressões e chantagens e, provavelmente, custaria a vida a inocentes. Porém, mesmo com isso tudo presente é inadmissível para uma democracia ocidental ordenar o assassínio de quem seja.
O mandato que o povo confere aos líderes políticos no nosso espaço civilizacional é um mandato limitado. Conhece limitações, desde logo, nos direitos fundamentais de todos: nacionais, estrangeiros e apátridas. O poder executivo não pode ordenar assassinatos: isso passava-se na política italiana da idade média e do renascimento, mas não se pode passar agora.
A morte de Bin Laden, desta forma, é uma grande entorse aos princípios estruturantes do nosso sistema politico.

A vingança virá aí. Os que agora cantam, depois chorarão. Mas pior que tudo é o facto de as pessoas que se preocupam com a necessidade de um julgamento para todos serem em tão pouco número.
Bin Laden foi assassinado. E foi, por uma democracia que diz respeitar o Estado de Direito. Se Bin Laden morreu assim, levou com ele uma parte da nossa liberdade. Se Bin Laden morreu assim, desculpem-me por não celebrar a sua morte.


Pena é a atitude de Cavaco Silva em que, dirigindo-se ao presidente Obama, numa atitude subserviente, vem afirmar que comunga do sentimento norte-americano. Tal comportamento, para além de obviamente inútil (Obama nem deve saber que é esse tipo chamado Cavaco) é bastante infeliz: por um lado, nada ganhamos em colarmo-nos a este ataque norte-americano (se é que os nossos interesses em países islâmicos não poderão ser postos em causa), por outro lado revela a profundidade de pensamento que vai nas cabeças dos nossos líderes: nem uma palavra quanto à inviolabilidade da vida humana, nem uma palavra quanto ao Direito.


Sobre o porquê que a morte de Bin Laden foi ilegal, recomenda-se a leitura deste artigo da New Yorker.


Antes de terminar, uma pergunta para os socialistas da nossa praça: pois que vós, os arautos da saúde pública estais tão empenhados em atacar o perigo liberal, sabeis o que estais a defender? Tendes noção?
Eu vos digo – um sistema obsoleto, gordo, ineficaz e incapaz de socorrer todos. É isto que andais a defender. Não defendeis os pobres, não defendeis quem precisa. O silêncio que fazeis sobre isto é imenso:



Falai agora. Clamai pela saúde pública e com que lata atacai os tais liberais! Que vergonha…

domingo, 1 de maio de 2011

1 de Maio

Hoje é Dia do Trabalhador e curiosamente coincidiu com um domingo, para tristeza de todos nós, porque um feriado ao fim-de-semana e, ademais, sendo um dia comemorativo para todos os trabalhadores, deixa-nos profundamente desgostosos.

Este feriado foi uma conquista dos trabalhadores, claro está. Em 1886, realizou-se uma grandiosa manifestação da classe laboral nos EUA, com o objectivo primordial de ser reduzida a carga horária para as oito horas diárias.

Muitas manifestações mais tarde, em Abril de 1919, o Senado francês ratificou as oito horas diárias e proclamou o dia 1 de Maio como sendo feriado nesse ano.

Em 1920, a Rússia adoptou o 1.º de Maio como feriado nacional e o mesmo foi adoptado por outros Estados.

No nosso país, só a partir de Maio de 1974 é que passou a ser feriado o dia 1 de Maio. Nesse ano, só em Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas, o que foi igualmente demonstrativo da adesão da população portuguesa ao 25 de Abril, que uma semana antes tinha restituído a Portugal a democracia.

Neste dia são habituais as manifestações e comícios da classe laboral e sobretudo em épocas conjunturais como a que actualmente vivemos, maiores serão naturalmente as manifestações e os protestos... ou talvez não... É que o português pode ter muitas qualidades, mas é senhor de um grande defeito: o português é morninho!