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quarta-feira, 4 de maio de 2011

Operetas e Coitos Pitas na Assembleia da Madeira

O Sr. António Fontes, deputado do PND na Assembleia Legislativa da Madeira, subiu ao púlpito para criticar a ausência de comemoração do 25 de Abril naquela instituição. Vai daí, sua excelência, decidiu ele mesmo trazer ali os sopros da liberdade, sob a forma que se segue:





Os outros deputados galhofavam com o Sr. António Fontes, rindo; e no fim ovacionaram o deputado. Então, mais graves, retirada a bolinha vermelha do nariz, limpada a face da maquilhagem, despida a cabeleira de cor extravagante e os sapatos espalhafatosos, quem é o deputado encarregado de comentar aquela cena? Quem é o paladino da Dignidade que promete lavar a honra maculada da Assembleia? Nada mais, nada menos do que Sr. Coito Pita. E veio o Sr. Coito Pita criticar o Sr. António Fontes, falando do alto da sua tribuna, largando as suas palavras com majestade, apoiado na «necessidade de credibilizar o Parlamento». Logo ele, cujo nome é precisamente um atentado à pudicícia e à Moral dos Madeirenses! Logo ele vem falar de credibilidade quando nem sequer pode pronunciar o seu nome a alguém sem que essa pessoa core num embaraço terrível ou desate a rir convulsivamente. Imagine V. Ex.ª, Sr. Coito Pita, que está tendo uma elevada discussão filosófica com um seu amigo; então ele, traçando a perna, cofiando a barba, abanando a cabeça, diz:
- Discordo, meu caro Pita.
Ou então:
- Discordo, meu caro Coito.
Não soa bem, pois não, V. Ex.ª? Arrasa com a elevação de qualquer discussão. Mas V. Ex.ª não se atemoriza. V. Ex.ª, Coito Pita, batendo no peito, pode orgulhar-se que o povo que o Sr. representa diz:
- Ai! Quem me representa é o Coito Pita! E representa-me muito bem! Tenho muito orgulho nele! Se todos os deputados fossem assim…Coito Pita, hem? Aquilo é que é um deputado!
Perguntamos, pois, a V. Ex.ª, o que considera mais gravoso: um deputado subir ao púlpito, trauteando a «Grândola, Vila Morena», a espaços balindo, é certo, ou o funcionário do registo civil aceitar a inscrição do nome Coito Pita a um ingénuo bebezinho cor-de-rosa? Mas isso nem é o pior Sr. Coito Pita. E aqui deixaremos de chasquear com o seu nome, do qual V. Ex.ª não tem culpa. V. Ex.ª está eternamente amarrado a esse nome como Prometeu estava a uma rocha e tal como na lenda da mitologia, ciclicamente, vem uma águia (sendo que a águia sou eu) picar-lhe de quando a quando. Passemos, pois, às suas ideias. Vejamos: V. Ex.ª critica o Sr. António Fontes por este, numa manifestação exacerbada da sua liberdade e indigna duma Câmara Parlamentar vir trautear uma música que, no entanto, é um símbolo da liberdade e da democracia em Portugal. Pois bem: que palavras terá então V. Ex.ª para o Sr. Alberto João Jardim? Um homem que se recusa a responder perante essa Câmara? Que tão-pouco se digna a aparecer perante os legítimos representantes do povo madeirense? Ou somente cantarolar músicas de Zeca Afonso é indigno da Assembleia da República?



1 comentário:

Nelson disse...

Mas qual é o interesse de comemorar o 25 de Abril? Para já, bandeirinhas, cantoiras e discursitos em nada educam as massas.
Depois convém não esquecer que a deomocracia não nasceu em 25 de Abril. Ela nasceu a 25 de Novembro, porque até aí, muito dificilmente se vinha evitando um desvio totalitarista, como V. Exa. bem sabe...

Deixe lá as comemorações. Isso é circo para o povo!

Bt the way, o deputado do PND é mesmo bronco. Onde é que eles desencantam estes tipos?