A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A perspicácia dos observadores da Liga Árabe

Segundo noticia o jornal Público, os observadores da Liga Árabe enviados à Síria para avaliar imparcialmente as acções do regime do Sr. Assad sobre o seu próprio povo, chegados a Homs, cidade onde se tem manifestado de forma mais veemente e expressiva o movimento revolucionário, os observadores dizíamos nós, pararam, olharam e viram:
Facto n.º 1: Edifícios severamente destruídos;
Facto n.º 2: Veículos blindados patrulhando as ruas.


Apurados estes dois factos objectivos, suas excelências cofiaram a barba, coçaram a cabeça, reflectiram gravemente uns minutos, ponderaram seriamente os factos e concluíram:
Conclusão n.º 1: Há, de facto, edifícios severamente destruídos, mas nada de assustador;
Conclusão n.º 2: Há, de facto, veículos blindados patrulhando as ruas, mas não há tanques;
Conclusão n.º 3: Logo, e porque não há confrontos, e pessoas dizendo expressamente o contrário, a situação é normal.
Esta a conclusão a que chegaram os observadores. A esta conclusão de que nada de assustador se passa em Homs não será, certamente, alheio o facto do chefe da missão, o Sr. Mustafa al-Dabi, ser sudanês e, portanto, estar, infelizmente, habituado a conviver familiarmente com situações assustadoras. Pelo que, qualquer situação perante tais atrocidades não rivalize com as mesmas, mesmo tratando-se de um regime que repele violentamente as singelas aspirações democráticas do seu povo, parece uma delicada candura na sua experimentada escala do horror.
Como se, primeiro, o facto de haverem edifícios severamente destruídos não fosse a representação fiel de que um conjunto de tanques governamentais tivessem efectuado um conjunto de disparos contra esses mesmos edifícios provocando o seu desmoronamento e, segundo, o facto de haverem veículos blindados patrulhando as ruas não fosse o sinal mais transparente e inequívoco de que o governo monitoriza escrupulosamente o exercício do direito de livre manifestação e reunião dos seus cidadãos. Como porém, suas excelências não observaram um tanque disparando, ou uma pessoa protestando, suas excelências só podem concluir uma coisa: que ali não se passa nada.

Além do mais, do que estavam à espera suas excelências? Que o Sr. Assad tivesse a gentileza de empacotar uns tanques, os enlaçasse, os colocasse diante da população, os desenlaçasse quando V. Exas. se dignassem a chegar a Homs, e uma vez aí chegados, ordenasse os disparos sobre a população?



sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Votos de um feliz Natal...

porque com isto do policamente correcto cada vez mais vamos tendo festas felizes...


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Kim Jong-Il

Segundo tem sido noticiado, terá falecido, no passado sábado, o Grande Líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Il.


A maior contribuição que este chefe de Estado terá dado ao seu país, foi com toda a ceterza, a capacidade nuclear que pemite ao regime sobreviver ao completo arrepio da comunidade internaciona, já que, com tal arsenal, dificilmente uma potência regional como a Coreia do Sul arriscará em tentar quaquer medida mais arrojada para forçar uma mudança democrática.



Olhando, agora, para players mais importantes importa notar que os Estados Unidos da América, que têm o seu território fora do alcance dos mísseis norte-coreanos, estão, politica e economicamente, impossibilitados de qualquer medida eficaz para derrubar a ieologia Juche. Por sua vez, a República Popular da China, o único país que, nas actuais condições pode influenciar a política norte-coreana tem-se mostrado amigável para com o regime (que lá mantém a sua única embaixada), afirmando já estar disponível que quer apoiar o filho mais novo de Kim Jong-Il, que lhe vai suceder.

Afastada que está a possibilidade de mudança de regime na Coreia do Norte, por via externa, importa pois equacionar a possibilidade de a mesma ocorrer por via intern, um pouco à semelhança do que se passou na Tunísia ou do que ainda ocorre no Egipto.


Mas aqui, também não parece existir essa possibilidade, por duas ordens de razões: primeiramente, nos últimos dois anos de govenro de Kim Jong-Il, procedeu-se a uma verdadeira pública nos mais altos lugares do Estado e no seio do exército nacional, organização que controla uma grande parte do território daquele país e que gasta cerca de 15% do PIB. Por outro lado, fruto do regime repressivo e fechado, inexiste propriamente um movimento de oposição, cristalizando-se toda a opinião política na ideologia Juche e aglomerando-se em torno da figura do querido líder, numa devoção quase religiosa o que permitirá mesmo a um líder mais tímido e apagado conseguir suceder sem grandes convulsões.

Parece que esta substituição não trará nada de novo à cena internacional... Excepto numa coisa: Kim Jong-Il era um lider que sabia olhar para coisas - e fazem falta políticos com esta capacidade, já que permite excelentes fotografias.


O amigo leitor não deixe de clicar no link que aqui deixamos e maravilhe-se com tal interesse pelo ex-Grande Líder da Coreia do Norte, por coisas, no geral.

http://kimjongillookingatthings.tumblr.com/

A posição da FENPROF na Reforma da Estrutura Curricular

Na semana anterior, o Governo revelou os seus planos para a reforma da estrutura curricular; agora falta saber o que pensa a Federação Nacional dos Professores acerca da proposta de reforma do Governo. Na verdade, saber o que pensam os Sindicatos não constitui um desafio aliciante. A reacção do Bloco de Esquerda e do PCP à proposta do Governo foi a seguinte: é necessário haver um período mais alargado de tempo para que se ouçam os parceiros sociais. Mas ouvi-los para quê? Senão vejamos: qual é a resposta à reforma da estrutura curricular? Sobre os méritos da reforma da estrutura curricular e dos seus benefícios para os alunos, único fim do sistema de educação, a digníssima Federação nada tem a dizer. Por outro lado, e embora não lho perguntem, a Federação diz, que antes de qualquer coisa, a proposta não lhe agrada porque «de uma primeira leitura, resulta uma clara configuração do aumento do desemprego docente». Note-se bem: se a reforma é, em primeira linha, benéfica, vantajosa, meritória para os alunos, a Federação nada diz; mas para os Professores ela é claramente incomportável. E incomportável porquê? Porque irá criar obstáculos ao ensino dos alunos? Porque irá constituir um empecilho na educação física, moral e intelectual dos alunos? Não sabemos porque a digníssima Federação não nos diz. Do seu silêncio, retiramos tacitamente a conclusão de que esta reforma apenas beneficia a educação dos alunos.

Ora, ao demitir-se ela própria de se pronunciar sobre o teor da reforma, cujo único fim deverá ser promover a melhoria do sistema da educação em Portugal, ao promover apenas o seu interesse egoístico e corporativista, a Federação Nacional dos Professores demite-se ela mesma de participar em qualquer tipo de reforma que tenha por fim educar os alunos. Porque na lógica da Federação, o sistema de ensino não existe para ensinar os alunos – existe para promover o emprego dos professores, mesmo que professores de determinadas áreas nada ensinem, e sirvam de jarra decorativa no sistema de ensino português.
A posição da Federação Nacional dos Professores, infelizmente, não é uma posição singular no sindicalismo português. Pulula pela sociedade portuguesa a demagogia dos sindicatos portugueses, que clamando pelo progresso e pela reforma das instituições portugueses, são eles próprios, muitas vezes, o óbice ao Progresso da sociedade portuguesa. Foi a Federação Nacional dos Professores com a sua posição sobre a avaliação dos professores; é agora novamente a Federação Nacional dos Professores com a questão da reforma da estrutura curricular; tem sido assim com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário. A posição deste Sindicato tem sido uma das mais aberrantes casmurrices que a paciência pode tolerar: em nome da defesa de salários inexplicáveis, estes senhores tem promovido greves sucessivas para defender os seus interesses corporativos, prejudicando pessoas que não têm os seus privilégios e que necessitam dos transportes públicos para receberem parte do salário que esses senhores reivindicam. Foi ainda recentemente, não um Sindicato, mas uma Associação – a ANAFRE – que vaiou o Ministro dos Assuntos Parlamentares porque aquele pretende fazer uma indispensável reforma administrativa em Portugal. Como é que sua ministerial excelência se atreve a fazer uma reforma ao arrepio daquelas venerandas instituições e sem o seu beneplácito? Que reforme, mas à custa dos outros.

Os Sindicatos são essenciais à igualdade das sociedades, mas também são essenciais ao seu Progresso – e não pode haver igualdade sem que a sociedade progrida; porque a sociedade fica emperrada no tempo e atrasa-se face às outras nações que avançam na luta da Civilização.
Os Sindicatos portugueses pararam no tempo; são egoístas porque não pensam senão no seu interesse corporativo. Assim também Portugal parou no tempo; e assim também Portugal atende ao interesse de uns, sacrificando o interesse de outros e jamais promovendo o interesse geral e do País, o único pelo qual o Estado deve velar.
No caso particular da reforma da estrutura curricular, observamos como ela é essencial para o País. Reformar o sistema de ensino português é a missão mais vital do Governo. Uma correcta, sistemática, organizada, metódica reforma muito fará pela sociedade portuguesa. Como apenas com esta reforma se eliminarão muitos dos fantasmas que pairam sobre a economia portuguesa. O seu problema de falta de produtividade? Resolve-se com pessoas mais qualificadas e mais competentes. O seu crónico défice comercial? Resolve-se com a maior produtividade. O desemprego? Resolve-se com o prosperar da indústria, do comércio e da agricultura, que não se faz sem que as empresas portuguesas possuam os trabalhadores mais capazes e mais habilitados para competir numa economia global. O seu problema de desigualdades? Um relatório da OCDE divulgado a semana anterior, di-lo de forma clara e cabal: é a educação a defesa mais forte para combater as desigualdades. A pobreza? Que melhor arma do que uma educação superior para adquirir o direito a um salário justo e digno?
A reforma da estrutura curricular poderá condenar centenas ou milhares de professores ao desemprego. Quando o poder absoluto reduz sem justificação plausível, em desrespeito do direito e com sacrifício do interesse geral os direitos e os interesses de uma classe, ela terá todo o direito e toda a razão para a defesa dos seus interesses e a sociedade estará ao seu lado. Não é isso que sucede com este caso: que direito pretende invocar a Federação? O direito ao emprego? Estão setecentos mil portugueses a reclamarem esse direito; mas o Estado não existe para empregar: o Estado existe para servir. Que interesse defende a Federação? Defende o interesse dos seus sindicalistas e não o interesse da escola pública.

domingo, 18 de dezembro de 2011

A auditoria ou a vergonha do Ministério da Justiça

Os advogados portugueses exigem a demissão da actual Ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, em virtude da sua vinda a público apelidar os advogados de burlões e enganadores do Estado.

Ora, os advogados portugueses podem inscrever-se no âmbito do acesso ao Direito, sendo nomeados defensores oficiosos/patronos de quem recorre ao apoio judiciário ou no âmbito das defesas oficiosas (casos em que a parte não tem advogado constituído no processo, embora a sua presença seja obrigatória). Após o trânsito em jugado de uma decisão (via de regra, porque podem ocorrer outras vicissitudes), o advogado assim nomeado requer, através de uma plataforma on-line, o pagamento dos seus honorários, inserindo informações relativas ao processo no qual interveio.

O Estado português não paga à grande maioria dos advogados portugueses estes honorários desde Janeiro, há quase precisamente um ano! Apesar de a Ministra ter vindo à praça pública informar que procedeu ao pagamento de quase cerca de 6 milhões de euros pelas intervenções dos advogados nas oficiosas, o que é certo é que os advogados com quem me relaciono, inclusivé todos os advogados da comarca na qual me insiro, não viram nem um cêntimo ser-lhes depositado nas suas contas.

Como se isto não bastasse, a Ministra resolveu levar a cabo uma auditoria a todos os pedidos de pagamento e alegadamente terá detectado 17.000 irregularidades, entregando inclusivamente à Procuradoria Geral da República alguns destes processos, a fim de ser verificada a possível existência de ilícitos penais. Ademais, veio ainda para a imprensa denegrir a imagem dos advogados, colocando todos no mesmo saco e apelidando todos de modo grotesco de burlões.

Sra. Ministra, há bons e maus profissionais em todo o lado, sim?

Sra. Ministra, se não coloco de parte que tenha havido advogados que, de modo fraudulento, exigiram honorários indevidos, também houve advogados que apenas se limitaram a exigir o meramente devido, sim?

Sra. Ministra, os advogados têm despesas fixas como todos os cidadãos, cumprindo escrupulosamente os seus serviços, pondo dinheiro do seu próprio bolso para custear fotocópias, certidões e deslocações e desde Janeiro que os seus serviços não lhes são pagos!

Sra. Ministra, faça as auditorias que quiser, passe noites e noites a fio a engendrar planos miraculosos de salvação do Ministério da Justiça, mas pague aos advogados que imaculadamente têm os seus honorários pedidos, sim?

Agora sacar de expedientes dilatórios para evitar o pagamento dos honorários devidos... Ai, Sra. Ministra! Qualquer dia ainda vem dizer que os honorários já prescreveram, até aposto... E olhe que a Marquesa não possui dotes adivinhatórios!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As Políticas do Ministério da Educação

No Opinador já havíamos dito – a Educação tem por fim a perfeita adaptação do Homem às realidades da Vida. Havemos dito isto em Março de 2010. Por essa altura, corriam rumores acerca da reforma curricular do ensino português e da extinção do Estudo Acompanhado, da Formação Cívica, do Estudo Acompanhado e da Área Projecto e, num sentido inverso, do reforço do Português, da Matemática e das Ciências. Um ano e seis meses depois, com dois Governos a mediar tal espaço de tempo, o Ministério da Educação, depois de destruir todos os seus neurónios num esforço hercúleo, concluiu esta evidência – que realmente é preciso reformar o currículo do ensino português e reforçar as horas de ensino da Matemática, do Português e das Ciências. Deveríamos antes dizer: o Governo sacudiu o pó duma intenção de reforma que entretanto fora atirada para o obscuro duma gaveta, e polindo-a, anunciou novamente a sua firme intenção de reformar como se de uma novidade estrondosa se tratasse.
Durante esse período, o Governo português olhava de soslaio para os seus parceiros europeus, com altivo desprezo, pensando:
- Olha para aqueles idiotas a perder tempo a ensinar os seus alunos a Matemática que lhes dão a base da Economia e da Gestão; a ensinar a sua língua materna que lhes dão a mais perfeita capacidade de compreensão e de expressão; a ensinar uma língua estrangeira que permite que esses mesmos alunos interajam com gente de outras Nações, enriquecendo-os pelo contacto com outras culturas; a ensinar as Ciências que lhes dão o mais perfeito conhecimento dos fenómenos do Mundo que os rodeia.
Assim pensava o Governo português. E depois, olhando para si, com orgulho, dando palmadas na barriga gorda, sentenciava:
- Que bestas! E aqui os nossos alunos a aprender a cidadania através da Formação Cívica, a aprender o modo pelo qual devem correctamente estudar através do Estudo Acompanhado (sem sequer terem aprendido nada) e a aprenderem os valores civilizacionais da autonomia e da independência através da Área Projecto (quando nem sequer eles têm as bases que lhes permitem pensar pela sua própria cabeça).
Porque, com todo o respeito, o que é o homem sendo um bruto incivilizado (porque é isso que ele é sem a Formação Cívica), sem ter método de estudo (porque será assim se ele não tiver Estudo Acompanhado) e sem ser autónomo (porque sem Área Projecto jamais o homem poderá considerar-se verdadeiramente livre)? O homem poderá viver de consciência tranquila sem saber quem é Eça de Queiroz, quem é Fernando Pessoa, quem é Florbela Espanca; o homem poderá até orgulhosamente dar erros ortográficos e escrever em calão; o homem poderá, quiçá, viver sem compreender as bases da Matemática.
Mas sem a Formação Cívica, sem o Estudo Acompanhado e sem Área Projecto, o que seria o homem? E perante este cenário aterrador, o Ministério da Educação vela. Ah! Isso não! Isso seria a suprema das imbecilidades! E o Governo português, paternalmente, não pode considerar tal ultraje!
Este é hoje o quadro do ensino português em pleno século XXI. Numa época em que as diferenças entre as nações se fazem pela Educação, pelas qualificações dos seus cidadãos, pelos seus conhecimentos, os portugueses apresentam essa tremenda qualidade perante a qual todas as empresas e investidores se curvam assombradas e espantadas: somos cívicos, sabemos como estudar e somos independentes. Enquanto isso, as outras Nações nutrem os seus alunos com a Matemática, com o ensino das Línguas e das Ciências.

domingo, 11 de dezembro de 2011

A 18 de Maio...




... A Marquesa vai estar no Golden Circle para ver bem de perto a melhor banda deste Mundo e do outro!

Uma boa semana para todos.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

A Cimeira Europeia de 8 e 9 de Dezembro

Uma vez mais, a opinião pública considera a Cimeira Europeia a realizar a 8 e 9 de Dezembro como uma cimeira decisiva, uma cimeira do tipo «make or break» em que os líderes europeus jogam o futuro da Europa. No entanto, uma coisa é o plano do dever-ser, outra o plano do ser; e no plano da substância, da matéria concreta, das decisões palpáveis e das acções criadoras, esta Cimeira irá ser uma farsa. E é uma farsa porque entre realizar-se esta Cimeira nos moldes em que ela se irá realizar ou não se realizar simplesmente, conduziria ao mesmo ao resultado – à manutenção das tensões nos mercados financeiros.
O extraordinário avanço e progresso que a Sra. Merkel e o Sr. Sarkozy propõem para esta Cimeira é uma revisão dos Tratados Europeus, ou mais concretamente, uma revisão do Pacto de Estabilidade e Crescimento, com regras mais exigentes em termos de disciplina orçamental e com sanções mais duras e de aplicação automática para os países incumpridores.
A proposta do Sr. Van Rompuy, que é de resto a única que merece a atenção dos mercados, de tornar o BCE o famoso lender of last resort dos países membros da zona euro irá cair no esquecimento e será votada ao ostracismo. É esta única expectativa que vem tendo um efeito positivo nas bolsas nos últimos dias. Com o desvanecimento dessa expectativa, os efeitos nos mercados serão imediatamente sentidos, especialmente junto da taxa de juro das obrigações italianas.
Na prática, a proposta da Sra. Merkel e do Sr. Sarkozy, ou direi, da Sra. Merkel com o dobrar de costas do Sr. Sarkozy, pretende dar maior corpo ao espírito vertido no Pacto Estabilidade e Crescimento que, no passado, se ficara apenas pelo espírito (curiosamente, essa violação do corpo iniciou-se precisamente pelos signatários da proposta). Ironias de parte, não negamos que uma revisão dos Tratados é necessária, e que é imperioso cumprir com o que não foi realizado em Maastricht, mas será esta sequer a componente mais importante para a resolução da crise e permitirá ela proteger os países da zona euro contra a instabilidade dos mercados? A resposta é um rotundo não.
A questão mais imediata, mais premente para a Europa é a seguinte: convencer cabalmente os mercados da firmeza da solidariedade europeia e assegurar o financiamento dos membros da zona euro a taxas de juro sustentáveis. Isso faz-se por uma de duas vias: a actuação em larga escala do BCE ou através da emissão de eurobonds. Nenhuma das duas opções estará em discussão na Cimeira Europeia desta semana.
A proposta da Sra. Merkel e do Sr. Sarkozy representa o triunfo da visão da opinião pública alemã sobre as origens da crise: a incompletude de Maastricht. Mas essa é uma visão estreita: não se trata apenas da violação objectiva de um limite de endividamento e de défice público; é também a ausência de uma verdadeira governação económica, de uma coordenação fiscal, de falta de liderança política, e sobretudo de falta de competitividade cujo remédio, ao contrário do que sugeriu o Sr. Westerwelle num recente artigo de opinião no Público, não passa pela fantochada da Agenda Europa 2020 que não é mais do que a mera enunciação de propósitos, objectivos e aspirações vagas, sem qualquer concomitância e concretização prática.
Se compreendemos a preocupação alemã em torno da necessidade de se reformarem as instituições europeias para que estas se adaptem às exigências de uma progressiva integração europeia e, portanto, de uma maior responsabilização dos Estados nacionais perante as instâncias europeias, evitando-se, assim, cometer os erros do passado, a verdade é que com as hesitações do seu Governo e a obsessão da disciplina orçamental, no momento em que se pretenda dar o passo final em termos de integração europeia, arriscamo-nos a que nos falte um requisito indispensável para tal – a Europa.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Jobs for the boys

Qualquer Governo que contradiga pelos seus actos, a natureza das suas palavras só pode merecer da opinião pública o descrédito. O leitor recorda-se do Sr. Rui Pedro Soares? O leitor julgava esses senhores uma espécie em vias de extinção? Pois desengane-se. Esses senhores continuam a pulular por aí, gravitando em torno do Estado, aproveitando qualquer réstia de sangue ainda não exaurido do Estado Português.



É do domínio público o quanto o actual Governo prometera reformar a decência, a competência, a honestidade, a transparência no funcionalismo público. Estas eram as palavras do Governo, este o seu discurso, cabalmente desmentido na prática pelos actos que em seguida se indicam.


Falamos das nomeações do Governo para os conselhos de administração dos centros hospitalares e para o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).


Eis o que noticia o Público de ontem:

"O que já gerou controvérsia foi o regresso ao Hospital de Viseu (agora Centro Hospitalar Viseu-Tondela) de Ermida Rebelo, que é militante do PSD e tinha dirigido a unidade nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Com ele foi nomeado Rui Melo, dirigente do PSD de Viseu. As escolhas foram de imediato criticadas pelo vice-presidente da bancada parlamentar do CDS, Hélder Amaral, que disse, citado pelo Diário de Notícias, não estar “disponível para pedir sacrifícios aos portugueses e depois patrocinar o amiguismo da pior espécie que julgava ser uma prática do passado”. “É caricato”, lamenta António Serrano. De igual forma a escolha de três dos cinco gestores do novo Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Médio Tejo (Tomar, Abrantes e Torres Novas) motivou acesas críticas. Os novos gestores – Joaquim Esperancinha, António Lérias e João Lourenço – tinham dirigido o centro hospitalar durante o Governo PSD/CDS, regressando depois para uma empresa de tubos de plástico com sede no Cartaxo, de onde tinham saído. O primeiro é licenciado em Engenharia Electrotécnica, o segundo, em Organização e Gestão de Empresas, e o terceiro tem um MBA em Gestão de Empresas. Entretanto, para presidir à administração do Centro Hospitalar da Cova da Beira foi convidado o médico Miguel Castelo Branco (do CDS), que ocupara o cargo entre 2002 e 2006. Vem substituir João Casteleiro, do PS."


Quando se procurar, mais tarde, indagar dos motivos inerentes à desastrosa gestão dos centros hospitalares, dever-se-á considerar esta prática larvar de substituição da competência pelo compadrio uma das causas mais nefastas para os sucessivos défices na área da saúde.


Eis agora a composição da nova direcção do IEFP, cujo presidente será o Sr. Ocávio Oliveira:


"Octávio Oliveira, de 50 anos, economista foi director do centro de formação profissional para a indústria da cerâmica das Caldas da Rainha e dos centros de emprego de Torres Novas (1987/91), Picoas (1998/2002) e vice-presidente do IEFP (2004/05). É igualmente um quadro político do PSD. Foi vereador da câmara de Torres novas. Em 2009, integrou a comissão coordenadora autárquica distrital de Santarém do PSD, presidida então por Miguel Relvas. Em Janeiro de 2010, foi escolhido para vice-presidente da distrital de Santarém e é um dos quatro membros da comissão política permanente distrital, na mesma altura em que Miguel Relvas foi eleito presidente da mesa da assembleia-geral. Dois meses depois, foi director distrital de campanha da candidatura de Pedro Passos Coelho. Em Fevereiro deste ano, tornou-se o responsável da área social da distrital do PSD. Félix Esménio, quadro do IEFP desde 1987, dos Trabalhadores Sociais-Democratas, foi director do centro de emprego de Cascais. Francisco Xavier d’Aguiar, ligado ao CDS, foi membro do gabinete de estudos Gonçalo Begonha da Juventude Popular e foi subdirector da sociedade gestora de fundos de pensões da Caixa Geral de Depósitos."

Mais do que a competência, o que une todos estes senhores é uma característica - é partilharem das cores políticas do actual Governo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Parvoíces 2.0




“Não entendo porque não se fala em sanções para quem tem excedentes e não os coloca ao serviço da economia. Não percebo porque é que na União Europeia, os países não ajudam as exportações de economias em situação mais difícil”. Interrogado se um país da União Europeia tem ou não o direito de poupar e de acumular excedentes, o líder socialista contrapôs que as economias "são mais dinâmicas se viverem em equilíbrio"

Quem disse tal coisa foi o secretário-geral do PS, António José Seguro, numa iniciativa promovida pelo Diário Económico, coisa essa que, a nosso ver, pode ser classificada como uma bestialidade, por três grandes linhas de razão:

Primeiro e a nível jurídico – nada nos tratados europeus possibilita sequer uma defesa de tal argumento; nunca se previu e, exceptuando num cenário de ficção científica, será possível reunir o consenso necessário para introduzir tal alteração (porque, como é bom de ver, os povos avisados e cumpridores não gostam muito de pagar as PPP’s dos calaceiros);

Segundo e a nível político – que o senhor tenha um fetiche económico, tudo bem. Deve passar-se da cabeça sempre que vê o Estado a estimular a economia, fomentando-a. Que bom para ele… Agora querer impor a sua visão keynesiana (já nem digo aos portugueses) a todos os Estados-Membros da União Europeia, sancionando qualquer deriva à cartilha com o confisco das poupanças, é coisa para arreliar os de boas contas…

Terceiro e a nível moral – parecerá inteiramente acertado a qualquer contribuinte europeu esta visão: um Estado bom, descomprometido com os interesses económicos (quais PPP’S, qual Mota Engil, qual Grupo Mello) sabe sempre a melhor forma de promover a mais eficiente alocução de recursos (até porque tem dirigentes do calibre de Seguro)! Assim, não o fazer, guardando como um avaro, é o supremo crime! Uma traição a todos os povos da Europa!

Pois bem, o que propõe o Sr. Seguro (depois do flop da almofada orçamental desmentida categoricamente pela troika) e que os países que têm uma classe política minimamente controlada, que tem dificuldade em dissipar os recursos, seja castigada, servindo o seu pecúlio para entregar a países onde babuínos de fato, se servem da coisa pública a seu bel-prazer, investindo em obras muito duvidosas, em programas de formação inconsequentes, em PPP’S ruinosas…

Como é por demais evidente, tal medida para além de anti-democrática (pois impõe, sob ameaça de sanção uma teoria económica a ser seguida em todo um continente), para além de iníqua (pois impossibilitaria qualquer reforma em Portugal, promovendo situações de gestão ruinosa da coisa pública, fruto da promiscuidade que existe entre alguns privados e alguns políticos) é completamente absurda, porque afirma que a melhor forma de resolver o problema da dívida é atacar quem tem finanças equilibradas.

Ah, e uma coisa muito importante que o secretário-geral do PS se esqueceu: there is no such thing as public money!



Ouça e aprenda Sr. Seguro… E comece a fazer uma oposição credível pois nem o PS merece tamanha mediocridade!


Defendamos um Estado menos presente, para esta malta estar mais ausente!


Por último, e para que nunca nos esqueçamos, fica aqui a informação divulgada no recente ataque informático sobre a sociedade offshore alegadamente ligada a José Sócrates.


domingo, 4 de dezembro de 2011

Pão-de-ló e afins

Há dias ouvi uma notícia que me intrigou. Alegadamente uma mãe teria ajudado o seu filho de 10 anos num teste de Português através de SMS. Tal proeza acabou por ser descoberta pela própria professora que tratou imediatamente de confiscar o telemóvel do menino, após ter desconfiado de manobras estranhas debaixo da mesa, no decurso do teste.

Esta não é a primeira notícia de copianços, pois eles existem em todo o lado, nem é a primeira vez que deles aqui falamos (vide http://opinadordeveludo.blogspot.com/2011/06/copiar.html).

Todavia, esta notícia acaba por ser ainda mais grave que as demais, sobretudo porque terá sido muito provavelmente a própria mãe, ansiando que o seu rebento tivesse a melhor nota da turma (ou a pior, se a mãe de Letras percebesse pouco!), a propor tal façanha ao seu menino lindo.

Ora aqui está, mais uma vez, a demonstração de como só nos limitamos a “copiar” os modelos dos nossos superiores nas atitudes e comportamentos que adoptamos. Neste caso, foi o filho que pôs em prática o comportamento referenciado pela sua mãe. Noutros casos, somos nós, portugueses que também, ao desviarmos uns bons milhares, limitamo-nos a dizer que a única coisa que recebemos foi “uma caixa de robalos e pães-de-ló”, com a devida vénia para essa iguaria da ilustre santa terrinha.

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sábado, 3 de dezembro de 2011

A acção desta semana do BCE, da Reserva Federal Americana, do Banco de Inglaterra, do Banco do Japão, do Banco do Canadá e do Banco da Suíça é um bom exemplo de como as instituições internacionais deveriam lidar com a crise mundial – de forma concertada.
Porque não se pense que a crise, apesar de se fazer sentir de uma forma mais visível na Europa, e mais concretamente na zona euro, não se pense, dizíamos nós, que esta é uma crise europeia. É uma crise mundial e especialmente das economias ocidentais.
Os Estados Unidos continuam com níveis de crescimento anémicos; a Inglaterra, apesar de manter a sua libra, continua com um elevado défice público e uma baixa taxa de crescimento; o Japão, afectado por uma recente catástrofe natural, apenas agora revela os primeiros sinais de crescimento, ainda que um crescimento ténue.
Cada uma destas economias necessita da vitalidade dos seus aliados. A fraqueza de um será igualmente a fraqueza do outro. Porque os Estados Unidos não podem crescer sem que a Europa resolva a sua crise de dívida pública soberana e a Europa não poderá solucionar os seus problemas sem que os Estados Unidos recuperem o seu vigor económico.
Numa economia global, a realidade é esta. E é, por isso, que a acção conjunta das entidades inicialmente referidas é benéfica. A revelação de que os principais bancos centrais do mundo decidiram levar por diante uma intervenção conjunta que injecte liquidez nos mercados causou uma subida de 4% nas bolas nesse mesmo dia, noticiou o Público esta quinta-feira. O PSI-20 fechou a semana a subir mais de 7%, noticiou o Jornal de Negócios. Os juros da dívida pública espanhola e italiana desceram acentuadamente.
O que nos leva à nossa segunda questão: de que mais provas necessita o eixo Berlim-Paris de que a solução particular da crise da zona euro não passa apenas por medidas de austeridade, mas a forma como se coadunam reformas estruturais com políticas de crescimento?
Desenganem-se aqueles que pensam que esta semana animadora nos mercados se deve ao discurso do Sra. Merkel no Bundestag em que prometeu criar uma verdadeira união orçamental para a Europa. O que verdadeiramente animou os mercados são os rumores de que o BCE poderá assumir, em breve, nos mercados de dívida e o modo como se poderá estar a aproximar, a pequenos passos, do que foi proposto pelo Sr. Soros para que a Europa possa resolver a sua crise.
Face à intransigência do Governo alemão em aceitar as eurobonds, o Sr. Soros sugeriu que o BCE actuasse como entidade financiadora da zona euro, dando tempo aos Estados para concluírem as negociações para a reforma dos Tratados Europeus, para a criação de uma verdadeira união orçamental, para o reforço da coordenação económica e, mais tarde, como último passo de todo este caminho, e como exigido pelos alemães, a criação das eurobonds.
Esta solução não me agrada não porque receie uma subida da inflação. O que é a inflação, ainda que algo acentuada, quando comparada com um cenário de desagregação da zona euro, e por arrasto, de desagregação da União Europeia que nos lançaria para uma gravíssima crise de contornos imprevisíveis? Na verdade, esta solução não nos agrada porque remete para o BCE uma responsabilidade que os Estados deveriam assumir. Ainda assim, esta solução será um mal menor.
A euforia dos mercados poderá, no entanto, ser breve. É que na próxima semana haverá Cimeira Europeia o que, normalmente, significa desvanecimento de ilusões e, portanto, nova semana de quebra nas bolsas, de subida das taxas de juro das obrigações dos países em maiores dificuldades e o perpetuar da crise europeia.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Primeiro de Dezembro

Comemora-se hoje uma efeméride fundamental do nosso país: o movimento restaurador que, em 1640, devolveu a independência ao nosso país, aspiração efectivada frente ao monarca espanhol.

Numa altura em que a liberdade dos nossos governantes se encontra fortemente condicionada, é imperioso não olvidar aquele movimento, que nos deve servir de referencial para as nossas acções (ou reacções).

Compreendendo a necessidade de diminuir os custos do trabalho na economia portuguesa, parece aceitável o fim deste feriado (movimento onde se devia incluir também o 5 de Outubro, o 1 de Maio e o 25 de Abril, para além das cedências religiosas). No entanto, mesmo sem feriado é imperioso lembrar os valores da Restauração: colocar a Pátria antes de qualquer cálculo pessoal ou partidário, em respeito por um ideal de Nação independente, já plurissecular.

Como já vem sendo tradição, deixamos n`Opinador, a mensagem de Sua Alteza Real o Duque de Bragança, que convidamos todos a assistir:



Viva Portugal!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Who owes what to whom?

No meio da actual crise financeira, certamente o leitor já se terá perguntado quanto deve o nosso país e a quem.

Ora, num brilhante serviço público, a BBC elaborou uma infografia (acessível aqui) que permite chegar à brilhante conclusão que a dívida grega, irlandesa e portuguesa é minúscula quando comparada com a das nações cumpridoras como a Alemanha ou a França e, talvez mais interessante, que os credores dos europeus são, na sua maioria, europeus.









Por aqui se percebe que a solução pode facilmente passar pela Europa - basta haver disponibilidade para isso por parte do eixo franco-alemão (e que, por nós, passa pelas Eurobonds).

Esta crise era evitável e ainda vamos a tempo de a remediar... E se não for a Sra. Merkel, pode ser que seja o SPD que lhe anda a morder os calcanhares!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

True Story

Quando há muito muito tempo me perguntavam o que eu gostaria de ser quando fosse grande a minha resposta era sempre a mesma, veterinária. Acho que todas as meninas em alguma parte da sua infância querem ser veterinárias por causa da suave ideia de poderem estar todos os dias rodeadas de animais tão peludos e dóceis que a vontade é de os encher de mimos. Animais que, ainda por cima, se encontrarão debilitados e tristes e, portanto, a merecer toda a atenção e conforto do mundo.
Mais tarde, quando a percepção da realidade começa a mudar e o centro da nossa vida passamos a ser nós e não as brincadeiras que esperamos ansiosamente repetir todos os dias no recreio da escola, os voos mudam radicalmente de direcção. Provavelmente quando comecei a ter consciência dos espelhos e da necessidade que todos temos, nem que seja momentaneamente, de nos agradar e agradar aos outros sonhava ser cabeleireira. Assim podia fazer madeixas em mim mesma sem que a minha mãe me bloqueasse a vontade e seria como brincar o dia inteiro com tesouras e secadores.

Durante o Secundário, quando é preciso realmente saber o que fazer a seguir e ter a noção perfeita do passo que se quer dar em prol de um desenvolvimento pessoal e profissional tão essencial, não fazia ideia que caminho seguir. Ser veterinária foi sendo posto de parte ao longo dos anos, quando me apercebi que a queda que tenho para a matemática e as ciências não chegaria para tal e, ser cabeleireira ou qualquer outra coisa dedicada à indústria da beleza, afastada por ter a feliz oportunidade de me formar numa Universidade. Mais do que qualquer outra coisa, a nossa sociedade vive de títulos e, a partir de determinado momento da história, parece que se construiu a ideia de que, quem não tem um diploma carimbado por uma qualquer Faculdade, não deve esperar ter sucesso. Corri então todas as hipóteses que se adequariam de alguma forma ao meu perfil pessoal e acabei por escolher aquele que, pela opinião geral, era considerado um dos cursos mais abrangentes da lista: Direito. Advocacia não era opção, mas tendo do meu lado a prova de que formalismos e leis (coisas tão apreciadas no nosso burocrático país) faziam parte das minhas capacidades achei que não seria complicado contornar a situação e arranjar um emprego.
Parece que tirei o curso tarde demais, porque afinal não é assim uma área tão abrangente. Visto que neste momento corre por aí um vírus que afecta umas mais outras menos, mas, todas as áreas de formação começo a conjecturar... O mundo sempre foi generoso para com os melhores, mas hoje em dia não só é generoso com esses, como exige que todos o sejam! Ora, eu, não para ter sucesso mas sim para ter sustento, tenho de ser a melhor em qualquer coisa, porque se for simplesmente banal ou vir a minha capacidade medida pela regra geral não tenho qualquer hipótese de sobrevivência na minha área.
Pois que seja do capitalismo, da crise ou da evolução natural da sociedade que se vem vestindo de egoísmo e competitividade exacerbada, o que é certo é que agora não há espaço para "mais do mesmo".

E foi nessa expectativa de um dia me poder encaixar em qualquer tarefa rotineira e limpa ou atrás de uma qualquer secretária envolta de papeis que fiz a escolha que fiz e hoje, consciente de que ainda não sou a melhor em nada para me fazer valer nesta arena constato que, se tivesse escolhido ser cabeleireira em vez de me deixar seduzir pela elegância de um diploma talvez hoje não tivesse tempo para escrever este texto, ou se calhar nem teria as capacidades que tenho para o fazer, mas pelo menos teria anúncios de oferta de emprego a que responder.


sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cristiano Ronaldo

Para celebrar a passagem de Portugal ao Campeonato Europeu de futebol a realizar neste Verão na Ucrânia e na Polónia, e até porque amanhã é dia de derby (Força Benfica!!!), hoje vamos falar de futebol. E para homenagear a Selecção, e até porque o rapaz finalmente jogou bem na semana passada e merece, hoje o tema - não é o Carlos Martins, mas é o Cristiano Ronaldo, que até marcou dois golos. E sobretudo porque anda com uma russa que foi capa da Sports Illustrated.

De Letícia, a Marquesa,

Para saber mais sobre o nosso puto maravilha, clique no vídeo infra.



De Carlos Jorge Mendes

O Sr. Cristiano Ronaldo não é apenas conhecido por saber dar uns pontapés na bola, também é notoriamente conhecido por dar uns pontapés na língua




De Madame Pompadour

Se há uma bola, há uma piscina e alguns carros estamos perante o CR7 sem sombra de dúvidas.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Derecha, Volver!


Nos últimos meses, ao abrigo da tal crise global, muitos cidadãos espanhóis concentraram-se nas Portas do Sol, conhecida praça madrilena.

Tais indignados, que em Portugal não conseguiram uma mobilização comparável com a do país vizinho tinha claramente um pendor esquerdista, anti-católica (como se viu pela perturbação das Jornadas da Juventude em Madird) e até anarquista. Muitas das suas reivindicações, que não têm nada de novo, antes propondo modelos já tentados noutras nações e épocas (como na Albânia), vinham na sequência de uma 'constatação': a ausência de legitimidade democrática dos governantes e deputados daquele país que, por sua vez, promoviam o divórcio do povo com a política e justificativam, per si, aquela exigência de democracia directa.

Mas, eis que os dados se alteram. O Reino de Espanha foi a eleições legislativas, livres e democráticas, o povo votou massivamente (a abstenção rondou os 28%!) e o país virou claramente à direira, talvez para pasmo daqueles que, acampados, clamavam pela abstenção.

Pois bem, agora a falta de legitimidade democrática está do lado dos que, nunca foram eleitos para ali estarem acampados e terá ferido, de forma séria, a vitalidade daquele movimento.

A luta não foi lá desta forma - uma maioria silenciosa, que teima em cumprir a lei e que se expressa muito mais democraticamente que aqueles democratas, não o permitiu. E ainda bem!

É actualmente inconcebível uma democracia sem partidos: estes devem reflectir um conjunto de pressupostos ideológicos que vão depois influenciar as propostas concretas e permitir, através de um debate adulto, escolher o caminho a seguir. Sem partidos, ou se termina com a pluralidade ideológica ou se passa a centrar qualquer uma eleição nas pessoas - o que potencia o surgimento de salvadores da Pátria.

Isto não é o Maio de 68: trata-se antes de franjas ideológicas e anti-democráticas que se aproveitaram de uma dificuldade temporária do sistema capitalista para propagar as suas concepções colectivistas, numa clara cavalgada demagógica.

A Espanha, que vai ter de conhecer tempos austeros, até para contrariar a tendência de subida das taxas de juro para as dívida soberana, tem agora uma grande margem de manobra.

Os eleitos estão mais que legitimados... A rua agora precisa de silêncio!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Brasiu!!!!!!

Após uma semana de pausa nos nossos Humores de Sexta, aqui estamos nós de novo (e vocês a regozijar!). E esta semana, pautada pela chuva e frio (onde está o Verão de S. Martinho mesmo?!) e por muitas notícias por terras de Vera Cruz, só nos podia trazer como tema: o Brasil.

Quando for grande, vou para lá viver. Ou então talvez vá já amanhã, quando hoje à noite souber que sou eu a vencedora do Euromilhões.

Bom fim-de-semana!

Por M. Pompadour:

Brasil é conhecido pelas suas soberbas belezas femininas e talentos do futebol. Mas o que há do melhor no Brasil são os portentos políticos.



Por Carlos Jorge Mendes:

Para quem critica as capacidades de condução dos portugueses, aqui fica um exemplo da capacidade dos brasileiros.



Por Leticia, a Marquesa:

Qual Duarte Lima, qual quê! Este sim é o maior "golpista" do Brasil. Nossa, cadê a grana, minha gentxi?

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O início de uma nova crise

A crise de dívida pública europeia, apesar de constituir o mais grave acontecimento financeiro das últimas oito décadas, com a natureza que lhe conhecemos, terá sido suave quando comparada com a natureza que essa mesma crise irá assumir a partir de hoje. As taxas de juro das obrigações italianas nos mercados ultrapassam já a fronteira dos 7%. Os responsáveis políticos da Europa que sempre clamaram contra a emissão conjunta de obrigações europeias, as chamadas eurobonds, devem agora pensar bem nas consequências dos seus actos e no preço da sua cobardia e da sua inépcia. Se esses responsáveis sempre se opuseram à criação de obrigações conjuntas por o preço da resolução da crise de dívida pública europeia ser demasiado cara, veremos agora o que dirão esses responsáveis com o bailout que a Europa terá ou não reservado à Itália e a grave e ainda imprevisível recessão económica profunda em que o Mundo mergulhará por vários anos.

domingo, 6 de novembro de 2011

Porque há momentos em que o Paraíso se faz sentir na Terra!




E porque é sempre bom ouvir música que nos parece ter proveniência celestial quando a vida nos sorri!

Uma boa semana para todos.

sábado, 5 de novembro de 2011

Acerca dos recentes desenvolvimento da crise do Euro

Numa das reviravoltas mais inverosímeis da história, o Sr. Papandreou, depois de haver aplicado sobre os seus conterrâneos sucessivos pacotes de austeridade para assegurar a permanência do seu país na zona euro e o financiamento à sua economia, lembrou-se, um ano e meio depois do pedido de ajuda externa de referendar essa mesma permanência e esse mesmo financiamento. Com esta resolução conseguiu duas coisas extraordinárias – colocar a Europa novamente em ebulição e fragilizar a sua própria posição como Primeiro-Ministro da Grécia. Então não é que Sua Excelência anda consecutivamente há um ano e meio a fazer sofrer o seu povo com severas medidas de austeridade para que não ele não sofra agruras maiores e a meio do processo lembra-se de colocar um ano e meio de sacrifícios em causa? Isto depois de Sua Excelência haver implorado sucessivamente ao Parlamento Grego para aprovar sucessivos programas de reforma em nome da permanência no euro? A Europa caminha com a cabeça e pensa com os pés.

Embora continue a centrar atenções, e seja por si só bastante grave, a situação grega poderá em breve ser secundarizada face ao novo desastre que se avizinha. Falamos, claro está, da Itália. A Itália, a terceiro maior economia da zona euro, representando 17% de todo o produto (Grécia, Irlanda e Portugal valem conjuntamente apenas 6%) parece ter entrado naquela espiral irreversível que termina apenas com um pedido de ajuda externa. As suas taxas de juro não param de subir nos mercados e já entraram no limite fatal dos 6%; o seu programa de reformas já terá a supervisão do FMI. As consequências dum pedido de ajuda externa da Itália e as suas repercussões nos mercados internacionais são imprevisíveis, mas uma coisa é certa: não vai ser uma coisa bonita de se ver.


Os analistas económicos estimam que, em caso de pedido de ajuda externa, um bilião de euros não é suficiente para assegurar as necessidades de financiamento da Itália. Isto significa que as recentes decisões da Cimeira Europeia tomadas na semana passada, entre as quais saliente-se o aumento do FEEF, estão já desactualizadas face aos desenvolvimentos nos mercados internacionais. Pior: ainda nem sequer se sabe como se irá efectuar o aumento do FEEF para um bilião de euros. Demonstrando a sua altruística solidariedade e o seu firme compromisso em resolver a crise europeia, os líderes europeus presentes na recente Cimeira do G20 organizada em Cannes requereram aos países mais desenvolvidos do mundo e aos países emergentes que contribuíssem monetariamente para o FEEF. Estes tentaram demonstrar à Europa uma realidade que parece evidente mas que os europeus têm dificuldade em compreender: o problema é da Zona Euro, logo, deve ser a Zona Euro a primeira a contribuir para a resolução do problema.
Todos estes tristes acontecimentos apenas vêm reforçar as incertezas do mercado e nomeadamente a incerteza sobre um problema fundamental – tem a Europa capacidade para resolver os seus problemas e simultaneamente não se desagregar? O derradeiro teste, no meu entender, poderá já nem passar pela Grécia, mas sim pela Itália. É que havendo um pedido de ajuda externa, estarão os países europeus e nomeadamente a Alemanha e a França, mas também a Holanda, a Finlândia ou a Áustria disponíveis para ajudar a Itália?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Arrumações


Estava frio e chovia copiosamente. Qualquer ideia de uma retirada para o exterior estava fora de questão, por isso teria mesmo de se distrair por ali.
As caixas tão lustrosas e escrupulosamente arrumadas naquele canto empoeirado chamaram-lhe a atenção. Como seria possível estarem tão limpas e brilhantes sendo aquele o canto onde mais pó caía? Tacteando na penumbra tentou alcançá-las, mas a fraca luz fê-lo tropeçar numa qualquer bugiganga perdida pelo chão e a queda sobre as caixas como um peso morto foi inevitável. Levantando uma enorme nuvem de ácaros e provocando o maior alarido por todo o espaço percebeu finalmente que as tinha alcançado e iria perceber o que guardavam para estarem tão virgens.
Curioso remexeu sem saber bem no que tocava e mal percebia o que afinal eram aquelas matérias. A fraca luz não lhe facilitava a tarefa e, durante o tempo que distraído se deixava levar pela bisbilhotice, esquecera-se que o mais certo seria que o estrondo da queda a tivesse acordado. O som dos passos em direcção ao sótão, no entanto, não o impediu de continuar a agitar o conteúdo das caixas no ar, espalhando tudo por todo o lado e criando um caos irreversível.  
Quando finalmente ela ali chegou e se apercebeu da desarrumação que aquela intempestiva curiosidade tinha provocado viu as cores garridas da insuficiência dos seus esforços por manter tudo no lugar. Gritou e protestou porque ele já sabia que ela gostava de ter tudo organizado e, mexerem-lhe indevidamente nas coisas era uma das ofensas que levava mais a peito. Ralhou-lhe e chegou ao ponto de lhe lembrar que aquele excessivo controlo pela ordem das coisas fazia parte da influência do signo sob o qual nascera, portanto nem sequer se punha a hipótese de ser de outra maneira.
Tanto alarido baralhou-o e já não percebia mais se tinha realmente abusado desnecessariamente da confiança ou aquela reacção se prendia no facto de lhe poder descobrir algo que estaria escondido naquelas caixas. Mas também não quis saber. Se estavam arrumadas naquele buraco poeirento é porque as caixas já não guardavam nada de importante.

  

sábado, 29 de outubro de 2011

Da Cimeira Europeia de 26 de Outubro

A aclamada Cimeira Europia desta semana terminou tal como havia começado – com muito ruído de fundo, mas sem efeitos práticos. A cada Cimeira salientam-se os avanços históricos que são firmados pelos Estados-Membros no caminho da progressiva integração. Avanços históricos certamente, mas avanços históricos curtos tendo em conta a exigência do momento da história com que a Europa se depara e ao qual os líderes europeus não têm sabido ou simplesmente não sabem erguer-se.
No dia seguinte ao acordo celebrado na Cimeira Europeia de 26 de Outubro aconteceu exactamente o mesmo que vem acontecendo no dia seguinte de cada Cimeira: as bolsas sobem, as taxas de juro das obrigações soberanas descem. E é tudo o que consegue a acção estreita dos líderes europeus – obter efeitos positivos que se cingem ao dia seguinte da Cimeira. A prova de que a Europa está ainda longe de resolver a crise está no que aconteceu esta sexta-feira: a Itália recorreu aos mercados para se financiar e financiou-se a uma taxa de juro nunca antes vista e, pela primeira vez, entrou na barreira dos 6%. E se a Itália prosseguir neste caminho, e se eventualmente recorre à ajuda externa, a crise europeia será de contornos bem mais graves.


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Com esta Cimeira decidiu-se apenas o imprescindível para que a Europa sobreviva mais umas semanas: decidiu-se a reestruturação da divida grega com um perdão voluntário de 50% dos bancos membros do Instituto das Finanças Internacionais. Um acordo não vinculativo, diga-se, pois o Instituto terá ainda de negociar a participação dos seus bancos membros que não estão obrigados pelo acordo. E ainda assim, a divida pública grega será de 120% do PIB. 120% do PIB de divida pública é a percentagem da Itália – e, caro leitor, deixe-me que lhe diga, a Itália também não anda lá muito bem com esses 120% e não tem a dimensão dos problemas da Grécia. Se a tudo isto adicionarmos os fracassos dos sucessivos pacotes de austeridade que vão sendo teimosamente despejados sobre a Grécia sem coerência, sem lógica, sem razoabilidade, logo nos apercebemos o quanto esta Cimeira resolveu os problemas da Europa.


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Em consequência da reestruturação da divida grega e do haircut voluntário, os bancos europeus terão de ser recapitalizados. 100 mil milhões de euros avança a Europa para a recapitalização dos bancos. Mas note-se a ironia desta situação: há vários países na Europa que com dificuldade crescente se financiam nos mercados. E esses mesmos Estados vão agora recapitalizar os bancos que não lhes concedem financiamento precisamente porque têm sérias dúvidas acerca do seu pagamento certo.


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E por fim, decidiu ainda a Ilustre Cimeira o reforço do FEEF para um bilião de euros. Parece muito dinheiro? Não é. A Itália está sob pressão crescente dos mercados e em risco de recorrer a ajuda externa. Um bilião de euros não chegará para cobrir o resgate da Itália que é a terceira maior economia da zona euro. Portanto, apesar de recentemente aprovado, o aumento do FEEF poderá em breve estar desactualizado.

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Ou seja, em breve poderemos esperar nova Cimeira Europeia, anunciando mais uma vez a salvação da Europa. O problema é que a cada Cimeira, a margem de manobra dos líderes europeus estreita-se e com ela as hipóteses de sobrevivência da Zona Euro. E das duas uma: ou consegue-se a sobrevivência da Zona Euro, mas a um preço cada vez mais elevado ou chegará o dia que, mesmo querendo, os líderes europeus não serão mais capazes de resgatar a Europa da voracidade dos mercados.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

6ª feira Fashion

Hoje é sexta-feira. Neste fim-de-semana comemora-se um pouco por toda a parte, porque isto o que custa é pegar, depois toda a gente gosta, o Halloween, vulgo dia das bruxas. Mas como nós, aqui no Opinador, somos pessoas muito mais tradicionalistas e não vamos na onda das tradições alheias, em vez de hoje pegarmos previsivelmente nessa temática decidimos focar-nos num outro assunto que, por força da passada semana da moda de Paris e dos desfiles realizados em Lisboa e no Porto nesse evento cheio de glamour e pessoas bonitas, o Portugal Fashion nos pareceu bem mais interessante, a moda.
Ora, para mim e para a cara Marquesa é um tema que muito apraz, já quanto aos cavalheiros...não sei, é melhor ver.


Leticia, a Marquesa



Um conselho, minhas beldades, se alguém cair, ao menos que caia com estilo!


Lord Nelson

Nestas alturas de aperto económico é fundamental ter cuidado em todas as compras que se fazem, roupas incluídas. Assim, e para evitar que o Ilustre leitor gaste dinheiro em trapos que lhe fiquem mal, deixamos aqui os conselhos da nossa personal stylist.





M. Pompadour


A moda corrompe a inocência da idade mais bonita de todos nós... E torna crianças alvos apetecíveis de um qualquer objecto que, projectado, faça estragos.





Carlos Jorge Mendes


Porque há assuntos com os quais não devemos brincar, duas palavras apenas: Victoria's Secret. PS: Aconselhada descrição na visualização das imagens.


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Requiem Líbio




Estes tempos que vivemos são bastante tristes para os entusiastas do campismo e caravanismo, já que um dos seus maiores aficionados, foi assassinado. Falamos, como é óbvio do sócio do parque de campismo do Forte de São Julião da Barra, o Coronel Khadafi, a mais recente vítima da primavera árabe.

Antes de mais convem referir que o termo primevera árabe é basfante infeliz: primeiro porque também abrange países que não são árabes, antes berberes, como a Tunísia; mas também porque transmite a ideia de um movimento homogêneo que está a varrer aquela parte do globo - o que não está correcto.

Os factores que têm desencadeado as contestações são maioritariamente endógenos. Se a carestia de vida pode ser um ponto comum (mas próprio visto que as economias não estão inseridas num mercado comum como o europeu) o desenvolvimento dos movimentos depende muito do Chefe de Estado: na Tunísia, Ben Ali, vendo a sua situação política muito comprometida, preferiu optar por um exílio dourado; no Egipto, Mubarak, muito por causa da sua idade, não conseguiu ter mão no exército, o que ditou a fortuna dos manifestantes; em Marrocos, um Rei astuto chutou para canto, acalmando as contestações com promessas de revisão constitucional. Já na Líbia, como todos sabemos, o Coronel optou pelo confronto.

Tê-lo-á feito talvez porque era o ditador menos frágil do Magrebe; convém lembrar que a Guerra só foi ganha por Benghazi com o auxílio da NATO que, talvez precipitadamente, tomou o lado rebelde. Mas, esse lado não constitui, por si, um sinónimo de democracia - dois indícios recentes assim o apontam: por um lado, o antigo ditador deveria ter sido capturado vivo e entregue às instâncias internacionais (o Tribunal Penal Internacional tinha um mandado de captura emitido). Mesmo admitindo que existem dificuldades em controlar multidões armadas e que, por tal, a morte de Khadafi foi inevitável, a confusão que se segiu lança muitas dúvidas sobre o Governo de Benghazi: entre recusas de autópsia e contra-informações, houve de tudo.

Porém, o que mais revela para estas nossas dúvidas foi o recente anúncio da base jurídica para a próxima Constituição: a sharia.Ora uma democracia, o regime que maior estabilidade poderia dar à região, dificilmente se consegue alicercar num ordenamento jurídico não laico. E uma Líbia estável é de todo o interesse para a Europa, visto que a maioria do petróleo e gás natural aqui usados, provém do Magrebe.

A pressa em remover Khadafi pode vir a revelar-se muito nociva para os interesses Ocidentais. Tudo isto sem contar com a tarefa hercúlea que espera o novo Governo: desarmar uma população pouco instruida, que não viveu em democracia e que está organizada tribalmente - e daí a nossa relutância em ver a morte de Khadafi como o fim da Guerra Civil Líbia.

De qualquer das maneiras, esperamos que naquelas paragens uma nova (e melhor) era se inicie.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Toca a animar!!


Todos os santos meses vem a lume uma notícia baseada num qualquer estudo sociológico sobre a (in)felicidade do povo português. Já se perdeu a conta a quantas vezes se disse em pleno horário noticioso que somos todos uma cambada de pessimistas e que, em comparação com outro povos europeus, não somos tão felizes. Pudera…!
Mas enfim, contrariando essa aparente inevitável tendência, até o IKEA já publicita que a felicidade vem de dentro (no caso deles, de dentro de casa, especialmente quando mobilada com tralha da loja) deixando pendente a ideia que acabamos por ser infelizes, não porque não tenhamos outra opção, mas porque não sabemos procurar a verdadeira felicidade.
Quem trabalha não gosta do que faz ou simplesmente sente que o interesse de outrora se perdeu e quem não trabalha deprime e desespera porque os longos meses sem objectivos concretos deitam abaixo o mais optimista dos seres humanos. Uns acreditam que têm motivos mais que suficientes para viver uma vida cinzenta e doentia, outros acreditam que a felicidade se retira das pequenas coisas que compõem o dia e há ainda os que maldizem a felicidade dos outros porque simplesmente ainda não descobriram como se faz para se sentirem igual.
Recentemente li um livro sobre motivação humana. O livro chama-se Drive e considerem sugerido. Nele está provado que, em parte, o interesse e o gosto que inicialmente se tem pela prática de uma actividade profissional se perdem no tempo devido a falhas de gestão e que olhamos para aquilo que move o Homem de uma forma errada, sendo por isso que progressivamente nos vamos tornando em profissionais desanimados e desinteressados pelo que fazemos diariamente.
Para quem se move nas artes a motivação pode ser constante, desde que preservado o espaço adequado para se criar sem entraves, sem pressões, deixando-se apenas que o “dom” flua e surjam as obras mais ou menos primas. E para os outros? Para os que o trabalho não tem tanto que ver com a optimização do funcionamento do lado direito do cérebro e se vêem presos a rotinas enfadonhas e desnecessárias de criatividade? O livro dá algumas ideias, mas eu já pensei em alternativas igualmente viáveis.
Portugal está repleto de propulsores de alegria para quando chega aquela hora do dia em que olhamos de cima para nós mesmos e nos vemos desanimados e tristes. É ela que chega quando a festa está a cair na monotonia pronta a levantar a moral de todos e levar os pés de chumbo a provar a leveza do ser e que, certamente não deixará mal um escritório onde entoam os mais harmoniosos suspiros e bocejos. Como é segunda-feira, dia escolhido por tantos para se praguejar a infelicidade de mais uma semana de trabalho, deixo uma outra sugestão para despertar existências.


domingo, 23 de outubro de 2011

Quanto mais velha...

Pois foi ontem. 24 aninhos. Digo à minha avó que já conta com o triplo da minha idade que estou a ficar velha e ela, com aquele sábio e maravilhoso sorriso, pergunta-me: "Estás a brincar comigo, rapariga, não estás?".

Tenho a certeza que alguém anda a adiantar o relógio, mas como não vislumbro quem seja, não posso andar a imputar responsabilidades a ninguém nem sequer a equacionar indemnizações por danos extrancontratuais. Desde que atingi a maioridade, os dias parecem horas e as semanas sucedem-se a uma velocidade de anos-luz ou parsecs que não consigo conceber. Então já nem sequer falo do tempo que passa (ainda) mais depressa desde que comecei a trabalhar. Enfim...

Tenho este medo (in) explicável de não viver cada minuto da minha vida de forma a aproveitar o melhor possível cada instante que passa. Ontem, em conversa com uma amiga do coração, ela dizia-me: "Sabes, também tenho esse medo, mas sabes o que comecei a fazer? Deixei de pensar nesse medo e passei pura e simplesmente a viver".

Talvez seja mesmo assim, querida C. Entre escritório-casa, casa-escritório, família-ele-amigos, ele-amigos-família, passou-se mais um ano. Um ano de muitas mudanças, um ano em que deixei de fazer rascunhos a lápis para passar a escrever com caneta, como gente grande.

Hoje, que já recomeço a contagem para os 25, foi um daqueles dias memoráveis, um prolongamento do de ontem, com direito a paisagens maravilhosas e a momentos inesquecíveis com quem trago no coração, no corpo e na alma. Porque, como dizia a minha querida C., o que importa mesmo é viver! E eu apenas acrescento, "viver encantadamente".

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Défices e Dívidas Públicas

Não se fala de outra coisa - esta semana foi entregue na Assembleia da República a proposta de Orçamento para 2012, o Orçamento mais austero da história da democracia portuguesa, com avultados cortes nos rendimentos dos portugueses, aumentos de impostos, cortes nos rendimentos dos portugueses, aumentos de impostos, aumentos de impostos e...já dissemos cortes nos rendimentos dos portugueses?Pois...Não existem muitas razões para sorrir...Ainda assim, e para o tema de hoje, e numa perspectiva diferente, propomos ao leitor analisar a conjuntura económica a partir duma perspectiva mais suave para animar o espírito dos portugueses, sendo que o tema é precisamente o défice e o endividamento.

De Letícia, a Marquesa

Descobri a solução para esta dívida que não pára de aumentar! Serei eu a próxima contemplada com o Prémio Nobel da Economia? É que a solução está mesmo à frente dos nossos olhos e nós é que não a vemos, já vistes?



De Lord Nelson



De Madame Pompadour

Ora, já nem se esperam 3%, mas ainda assim, será que no fim podemos dizer que "Valeu a pena!"?




De Carlos Jorge Mendes

Com as devidas honras para o Sr. Luís Afonso...



quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Outras explicações que justificam a situação de Portugal

Explicações simples para justificar a situação de Portugal

Todos o conhecemos - o Sr. Carvalho da Silva é um intrépido e feroz defensor dos direitos dos trabalhadores. O Sr. Carvalho da Silva tem sido uma das vozes mais firmes da oposição da política que vem sendo seguida nas últimos anos pelos governantes portugueses (essa sacana da política de direita...). Ao mesmo tempo, simultaneamente, o Sr. Carvalho da Silva tem-se alimentado das políticas que critica. O leitor tome atenção ao termo que deliberadamente usámos - alimentado. De facto, o Sr. Carvalho da Silva, tem sugado os recursos públicos. Noticia a imprensa de hoje que ao mesmo tempo que o Sr. Carvalho da Silva critica a política do Governo e as opulências orçamentais, ele mesmo beneficia dela, mamando 600€ por semana do erário público, cada vez que Sua Excelência se digna a prestar comentários na estação televisiva pública. É por esta contradição insanável entre aquilo que se diz e aquilo que se faz, que as posições públicas perdem toda a credibilidade e toda a sua solidez. O Sr. Carvalho da Silva é escandalosamente pago com avenças de 600€ por semana em função dos comentários prestados. E ao mesmo tempo que suga esse dinheiro que é transferido para a televisão pública através do Orçamento do Estado e, portanto, através do dinheiro dos contribuintes, Sua Excelência vem chamar a atenção para os problemas dos trabalhadores.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Como em Portugal se importa toda a espécie de coisas

Já dizia o Sr. Eça de Queirós – em Portugal, importa-se tudo: filosofias, ideias, sistemas, teorias ou mulheres. Sua Excelência, o Sr. Ministro da Economia, o Sr. Álvaro Santos Pereira, honra essa velha e secular tradição portuguesa. Se desconhecemos a situação conjugal de sua excelência e, portanto, se o Sr. importou a sua mulher, sabemos porém, que V. Ex.ª decidiu importar uma velha ideia do Sr. Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI – fazer de Portugal o destino de sonho dos reformados. Ouvindo os rumores de uma ideia vinda do outro lado do Atlântico chegando à ocidental praia lusitana, o Sr. Álvaro Santos Pereira assumiu uma postura parental e embalou essa ideia no seu colo e enterneceu-se com ela.
A partir de então, nunca mais V. Ex.ª largou aquela ideia e cismou em fazer de Portugal um destino preferencial para os reformados esbanjarem as suas reformas. A mim sempre me ensinaram: devemos reverenciar e louvar as ideias pelo seu mérito e pelo seu valor, nunca directamente as pessoas que as emitem ou que as produzem. E da ideia do Sr. Blanchard que V. Ex.ª tão reverentemente, tão submissamente adoptou, temos a tecer as seguintes considerações.

Como fonte geradora de riqueza conhecemos um instrumento – o trabalho. É através do trabalho que se aumente e se desenvolve a prosperidade, a produtividade, a competitividade e com elas a civilização e o progresso. V. Ex.ª pelo contrário, desafia esta nossa ideia. Ao pretender fazer de Portugal um destino para reformados, V. Ex.ª está a dizer-nos uma coisa que nós consideramos insultuosa – que a fonte geradora de riqueza da economia portuguesa é a ociosidade. Sim, excelência – a ociosidade. Porque julga V. Ex.ª que os reformados vêm para cá fazer o quê? Trabalhar? Não seja ingénuo e pueril, excelência. Os reformados vêm para cá descansar de uma vida árdua e cheia de trabalhos. O que eles menos desejam é aquilo que fizeram toda a vida – trabalhar. O reformado não vem, pois, produzir – vem descansar.
Ora, nós pessoalmente, temos algumas objecções a colocar a quem pretende fazer do descanso a fonte geradora de riqueza. A nós, excelência, porventura erroneamente, sempre nos ensinaram que é a indústria, o comércio, a cultura que geram riqueza. O instrumento pelo qual se exercem todas essas actividades é o trabalho, não o descanso, excelência. Isto foi o que nos transmitiram, excelência. Lamentavelmente, excelência, fomos educados cá em Portugal e foi isto que nos ensinaram. Por isso, é possível que estejamos enganados. Por algum acaso do destino, é possível que em Toronto, onde V. Ex.ª residia, se produza riqueza a partir do nada.

Enquanto V. Ex.ª range a sua cabeça a tentar fazer de Portugal um destino para reformados e um harém de ócios, mensalmente saem deste País milhares de jovens que vão dar o seu trabalho a outros países (idiotas, obviamente) que fazem do trabalho o motor da sua economia. Esses jovens saem porque V. Ex.ª está demasiado ocupado e compenetrado a espanar o País para receber condignamente os reformados, nada fazendo pela sua economia – não cria trabalhos, não diminui as falências, não aumenta a sua competitividade e não lhe institui o progresso.
Mas mais Excelência: para lhe mostrar que nós até gostamos dos estrangeiros, nós dizemos-lhe: venham de lá esses estrangeiros, mas os estrangeiros com o capital com o qual se medram as indústrias, o comércio e a cultura. Mas nem esses V. Ex.ª os deseja porque V. Ex.ª nada faz para tornar Portugal um destino competitivo atractivo para esses capitalistas – porque V. Ex.ª está com o crânio ocupado em fazer de Portugal um destino para reformados.
E não, excelência: não venha com essas balelas de privatizações e da abertura da economia portuguesa ao estrangeiro. Porque há privatizações e privatizações: há sectores da economia onde o Estado pode perfeitamente deixar de estar presente sem que daí resulte prejuízo para o bem público, outras em que V. Ex.ª sob o pretexto de despedaçar uma economia estatizada, vende o capital das nossas empresas públicas por tuta e meia e a outras empresas…públicas.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

21 Economic Models explained with cows...




Nos últimos dias, muito se tem bradado contra a nossa economia "capitalista", vociferando coisas como democracia directa (na esteira, talvez, de algum modelo albanês) e novos modelos económicos.

Antes de mais, diga-se que esses cidadãos indignados, que têm todo o direito a exprimir a sua opinião, tanto como eu, felizmente constituem uma franja marginal da população, como bem se viu nas últimas legislativas: PS+PSD+CDS (ou os alinhados com o "grande capital") receberam cerca de 80% dos votos. As medidas de austeridade geraram um grande consenso na sociedade portuguesa e, tendo sido sufragadas em eleições livres e democráticas há que, portanto, respeitar (mas, se vos faz feliz, berrem à vontade!). No entanto, eles continuam a clamar contra o capitalismo!

Mas se é para mudar de modelo económico, vamos lá então!

Ora, dizer capitalismo é o mesmo que dizer mercado - trata-se do sistema económico onde se procede à distribuição dos recursos existentes, de forma espontânea, pela interacção das pessoas em concorrência e liberdade; em alternativa a este modelo temos o socialismo, onde, entre muitas outras coisas, algumas bem desagradáveis, substitui-se a liberdade individual pela imposição do Estado. No meio disto, há todo um conjunto imenso de opções... E se o leitor se sente perdido, com esse infindável catálogo para modelos económicos, o Opinador ajuda:

SOCIALISM You have 2 cows.
You give one to your neighbour.


COMMUNISM You have 2 cows. The State takes both and gives you some milk.

FASCISM
You have 2 cows. The State takes both and sells you some milk.

NAZISM
You have 2 cows. The State takes both and shoots you.

BUREAUCRATISM You have 2 cows. The State takes both, shoots one, milks the other, and then throws the milka way…

TRADITIONAL CAPITALISM
You have 2 cows. You sell one and buy a bull. Your herd multiplies, and the economy grows. You sell them and retire on the income.

SURREALISM
You have 2 giraffes. The government requires you to take harmonica lessons

AN AMERICAN CORPORATION
You have 2 cows. You sell one, and force the other to produce the milk of four cows. Later, you hire a consultant to analyse why the cow has dropped dead.

ENRON VENTURE CAPITALISM
You have 2 cows. You sell three of them to your publicly listed company, using letters of credit opened by your brother-in-law at the bank, then execute a debt/equity swap with an associated general offer so that you get all four cows back, with a tax exemption for five cows. The milk rights of the six cows are transferred via an intermediary to a Cayman Island Company secretly owned by the majority shareholder who sells the rights to all seven cows back to your listed company. The annual report says the company owns eight cows, with an option on one more. You sell one cow to buy a new president of the United States , leaving you with nine cows. No balance sheet provided with the release. The public then buys your bull.

A FRENCH CORPORATION
You have 2 cows. You go on strike, organise a riot, and block the roads, because you want 3 cows.

A JAPANESE CORPORATION
You have 2 cows. You redesign them so they are one-tenth the size of an ordinary cow and produce twenty times the milk. You then create a clever cow cartoon image called ‘Cowkimon’ and market it worldwide. You retire as a Millionaire.

A GERMAN CORPORATION
You have 2 cows. You re-engineer them so they live for 100 years, eat once a month, and milk themselves.

AN ITALIAN CORPORATION
You have 2 cows, but you don’t know where they are. You decide to have lunch.

A RUSSIAN CORPORATION You have 2 cows. You count them and learn you have 5 cows. You count them again and learn you have 42 cows. You count them again and learn you have 2 cows. You stop counting cows and open another bottle of vodka.

A SWISS CORPORATION
You have 5000 cows. None of them belong to you. You charge the owners for storing them.

A CHINESE CORPORATION
You have 2 cows.. You have 300 people milking them. You claim that you have full employment, and high bovine productivity. You arrest the newsman who reported the real situation.

AN INDIAN CORPORATION
You have 2 cows. You worship them and continue eating curry rice.

A BRITISH CORPORATION
You have 2 cows. Both are mad.

AN IRAQI CORPORATION
Everyone thinks you have lots of cows. You tell them that you have none. No-one believes you, so they bomb the **** out of you and invade your country.. You still have no cows, but at least now you are part of Democracy….

AN AUSTRALIAN CORPORATION
You have 2 cows. Business seems pretty good. You close the office and go for a few beers to celebrate.

A NEW ZEALAND CORPORATION You have 2 cows. The one on the left looks very attractive.
Direitos de Autor - desconhecidos

E pronto, agora é só escolher o modelo que mais gosta, compre um lençol, escreva lá meia dúzia de palavras de ordem, vá para a praça da sua freguesia e dedique-se a aborrecer o seu semelhante!

Quanto a movimentos de indignados e outros que tais, recomendamos esta leitura. Convém é notar que, ao contrário do que ali se passa, aqui a ala direita deste painel opinativo, não se meteu em manif's, nem então, nem agora, estando pois, que nem virgem impoluta!

Para quem esperava comentários ao OE2012, calma... Ainda temos que analisar o documento! Entretanto, hoje joga o Benfica, vejam a bola e deixem lá o Governo!