A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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sábado, 30 de julho de 2011

As Hesitações europeias e americanas

Os mercados estão novamente em pânico, as agências de rating sereníssimas, mas os mercados em pânico. Nos Estados Unidos, as bolsas sofrem avultadas perdas há várias sessões consecutivas; as taxas de juro com que os EUA se financiam no mercado sobem progressivamente, tal como o risco do país entrar em bancarrota, ainda que seja um risco marginal. Por outro lado, nada disto é suficiente para que as agências de rating desçam o rating dos EUA, mesmo que o país esteja a um par de dias de entrar em incumprimento. E enquanto a instabilidade política é um elemento relevante para as agências de rating descerem os ratings dos países periféricos, que dizer dos Estados Unidos? Que o diga desde logo a Espanha, que se vê novamente ameaçada por uma descida no seu rating. Mas chega de bater nas agências de rating, até porque a descida do rating dos EUA teria consequências muito negativas para a economia mundial.

Coisa curiosa no meio de tudo isto é vir agora a Europa de mãos nas ancas, indignada, vociferar contra os EUA e a irresponsabilidade política de Washington. Não é, de facto, uma atitude nada hipócrita de um bloco regional que anda há mais de um ano às avessas, emperrando a recuperação económica mundial e cuja solução para a sua própria crise não é capaz de encontrar. Por isso, a Europa sente-se investida na sua auctoritas para reclamar dos outros. Então: dum lado temos os EUA praguejando contra a Europa porque os riscos de contágio da crise grega continuam a alastrar e a arrastar a Europa para uma dolorosa estagnação; do outro, temos a Europa igualmente praguejando contra os EUA porque estes não são capazes de se entenderem politicamente, espalhando o pânico nos mercados. Daqui resulta o seguinte: então Europa? Então EUA? Não éramos antes todos amigos?

Façamos uma retrospectiva: 2008, colapso do Bear Stearns e do Lehman Brothers e desabar do sistema financeiro mundial. Os líderes das nações mais ricas do mundo, temendo uma crise com as dimensões da Grande Depressão dos anos 30, reunidos em Londres, agindo concertadamente, detiveram os efeitos da crise. Aos primeiros sinais de recuperação, a acção conjunta ruiu e cada um seguiu o seu caminho. Os países periféricos europeus, afectados por elevados défices e endividamentos públicos, pressionados pelo centro europeu que lhes acorria financeiramente, aprovaram duros programas de reajustamento financeiro. Os EUA, optaram pelo caminho oposto, e continuaram com uma política de estímulos à economia. O problema é que a política de estímulos do Presidente Obama concentrou-se na extensão dos benefícios fiscais da era Bush aos mais ricos; os efeitos não foram sentidos na economia real e o desemprego nos EUA mantém-se, por isso, elevado. É por esta razão que a política mais keynesiana dos EUA não colheu frutos. A Europa seguiu na via da austeridade, esmagando o crescimento, adicionado a uma recessão uma nova recessão. Ora, sendo o problema europeu assente na sustentabilidade da dívida, ele não poderá ser resolvido à custa do crescimento. Certamente que também não poderá ser feito sem um forte disciplina orçamental, mas numa economia em recessão criar emprego é uma missão do Governo (ou dos privados: falamos aqui do Governo porque a sua acção é sempre indispensável para que os privados reúnam as condições indispensáveis, nomeadamente ao nível da fiscalidade, da desobstrução da justiça, do pagamento mais rápido aos credores do Estado). Os países emergentes por sua vez, sentiram timidamente a crise mundial. Os seus elevados níveis de crescimento caíram ligeiramente, mas já recuperaram os números pujantes anteriores à crise mundial.

O que pretendemos dizer com isto é que a Europa e os EUA precisam um do outro para enfrentarem os desafios que lhes são colocados pelas economias emergentes e ambos lucrariam muito em procurarem juntos e concertadamente políticas para os seus problemas. Uma acção concertada e concomitante dos dois lados do Atlântico restauraria a confiança dos mercados, a solidez na economia e, por conseguinte, a hegemonia que parece cada vez mais ameaçada.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

A Fome em África

O Corno de África é vítima de um sol impiedoso: nas duas últimas épocas de chuva, quase não houve precipitação. A próxima época de chuvas apenas será para Outubro. Até lá, a região está condenada à seca – e à fome. E mesmo que a chuva caia em Outubro será necessário que as plantações cresçam, que os frutos frutifiquem, que o gado se alimente. Demorará semanas para que as populações possam recolher os benefícios da agricultura.

Esta não é uma crise imprevisível e certamente não será a última. Não será a última porque a abordagem à resolução do problema da fome em África tem sido feita da forma errada: em vez de conferir meios aos pequenos proprietários para que estes se tornem auto-suficientes, as explorações agrícolas são entregues aos grandes proprietários que exportam as suas produções. Os bens agrícolas não são para matar a fome de quem verdadeiramente necessita. Exemplo: a Somália é o país mais afectado por esta crise e, no entanto, a Somália é um importante exportador de bens alimentares, nomeadamente de arroz e açúcar. Outro exemplo: a Etiópia. A China compra terras, as quais servem os propósitos de pequenas elites que depois as usam para exportar os bens aí produzidos, nada deixando para os mercados locais. O que os países mais ricos têm como política para África é actuar em caso de emergência, pressionados pela opinião pública, como estão a fazer agora, e tarde, deixando milhares de pessoas a morrer.


Reunidos no dia 25 de Julho em Roma, os Ministros da Agricultura dos 20 países mais ricos do Mundo rapidamente acordaram na ajuda de emergência ao Corno de África. Chega tarde a ajuda; e chegará novamente tarde dentro de meses se os problemas de fundo não forem debatidos. Daqui a um par de meses haverá nova reunião dos 20 países mais ricos do mundo, mas enganem-se os mais ingénuos: com a grave crise económica mundial que se vive, o debate será centrado nos problemas que Europa e Estados Unidos atravessam e o problema de África será novamente ignorado.


Estas crises são sistemáticas: as alterações climáticas, o aumento da população mundial, a subida do preço dos bens alimentares e logo temos nova crise de fome. A única forma de a combater verdadeiramente é actuar preventivamente, alterando a política de concessão de terras, atribuindo-a aos pequenos proprietários, dirigindo a produção para os mercados, tornando a população auto-suficiente. Depois, é preciso recorrer à técnica e à ciência: são necessárias melhores infra-estruturas de transportes, sistemas de irrigação mais adequados, culturas mais resistentes para fazer face às alterações climáticas, armazéns apropriados para o acondicionamento dos bens. Eis a maneira como resolver estas crises: dotar a população a população dos meios necessários para a combater. Ao actuar apenas em caso de emergência, a actuação dos países mais ricos lembra o bombeiro que chega para apagar o incêndio quando a casa está já consumida pelas chamas.


O tema da fome em África mereceu honras de capa no Le Monde de terça-feira. O editorial do conceituado Frankfurter Allgemeine Zeitung dava-lhe atenção. Em Portugal, enquanto passava os olhos no Jornal de Notícias de terça-feira, tudo o que vi foi mais uma imagem de uma criança com os olhos profundamente sulcados, largamente abertos, os ossos das costelas nitidamente visíveis, aconchegada no ventre materno, acompanhada de uma pequena legenda. E foi toda a atenção que a imprensa julgou que o assunto devia merecer. Uma notícia nas últimas páginas do jornal, a um canto, limitada a uma foto com uma legenda. As edições online do Público e do Expresso nada dizem sobre o assunto.


Todos sabemos da importância da imprensa e do jornalismo na qualidade das democracias: é a intervenção permanente do país na sua própria vida política, moral, religiosa, literária e industrial. Em Portugal, exceptuando um ou outro caso, a imprensa é fraca. Em nada esclarece os cidadãos, nada discute, nada debate, nada informa, em nada eleva as consciências: o seu jornalismo é intriguista e mesquinho, gira em torno das pequenas fofocas e não para as grandes causas. Os portugueses não se interessam pela vida pública, pelo sentimento moral, pelas causas elevadas. Na imprensa temos um dos motivos para esse abatimento: em nada a imprensa eleva as consciências, apenas as rebaixa e as avilta.

sábado, 23 de julho de 2011

Os Resultados da Cimeira Europeia

A cimeira europeia desta quinta-feira representa, talvez, o primeiro sério reconhecimento por parte das suas instituições da dimensão e da gravidade da crise europeia. É verdade que muito se evoluiu desde Maio de 2010 em termos de integração europeia. Passos até então nunca pensados foram tomados, desde com o próprio resgate à Grécia, a criação de um Fundo Europeu de Estabilização Financeira, a criação do semestre europeu, a progressiva governação económica. Vários passos foram tomados, mas nunca nenhum deles se mostrou capaz de assentar definitivamente a poeira porque a resposta europeia sempre foi hesitante e frouxa e nunca correspondeu às exigências do mercado. Talvez por isso mesmo esta cimeira foi diferente. Porque precisamente antes dela se iniciar, já a Sra. Merkel avisava os mercados: «Não pensem que daqui vá sair grande coisa». Talvez porque os mercados já estavam habituados às respostas lassas das instituições europeias e porque a Sra. Merkel disso os avisara, ninguém esperava nada de extraordinário desta cimeira, apesar da sua indiscutível importância. Os resultados foram acolhidos com entusiasmo: as bolsas subiram, os juros das dívidas soberanas desceram, os mercados serenaram, a imprensa rejubilava. De facto, o resultado da Cimeira é positivo: nela foram tomadas decisões muito importantes, algumas impensáveis e sempre veemente negadas até agora: a descida das taxas de juro para a Grécia, Irlanda e Portugal e o alargamento das suas maturidades; a flexibilização do FEEF, o qual pode agora intervir nos mercados secundários de dívida socorrendo os Membros da Zona Euro mais pressionados. Pena é que isto seja feito apenas agora e pelos receios de contágio a Espanha e Itália; enganem-se os mais ingénuos: a verdade é que senão fosse isso, os líderes europeus puniriam com prazer a Grécia (e Irlanda e Portugal), condenando-a à falência.

De qualquer forma, este é o reconhecimento claro do fracasso da via com que as instituições europeias decidiram enfrentar a crise em Maio de 2010 – que uma política de austeridade, reabilitando a saúde das contas públicas, sacrificando por completo o crescimento económico, traria a confiança dos mercados. Essa visão não só não trouxe a confiança dos mercados, como conduziu ao aniquilamento do povo. Com esta Cimeira, segue-se agora a política contrária, a política que devia ter sido seguida desde o início: é indiscutível que há um problema de sustentabilidade das contas públicas que necessita de ser controlado e enfrentado, mas nunca separadamente e abdicando do crescimento económico. Sem alcançar crescimento, a sustentabilidade das dívidas não é alcançável. Por isso, algo foi já feito nesta Cimeira neste caminho: o alívio do elevado encargo com juros confere uma nova margem de folga para que se pense mais seriamente na recuperação da competitividade dos Estados.

No entanto, e apesar dos importantes passos desta Cimeira, ainda não foi feito o suficiente. Mais uma vez esta medida trará calma aos mercados, talvez por maior período de tempo, mas não chega: enquanto não houver uma agência de dívida pública europeia criada, o problema nunca estará definitivamente resolvido. O que esperamos é que esta medida dê o tempo necessário ao Sr. Olli Rehn para preparar devidamente o seu relatório e as respectivas propostas legislativas quanto à criação desta agência que o Sr. Comissário disse querer apresentar até ao final do ano.

De qualquer forma, e ainda relativamente à Cimeira de quinta-feira, confesso estar algo apreensivo e receoso dos efeitos da participação voluntária dos credores no resgate à Grécia e que sempre foi uma exigência da Alemanha, e que é avaliada em 50 mil milhões de euros. Certamente que não devem apenas os contribuintes a suportar os custos deste resgate, mas a participação dos credores na actual conjuntura, como vem alertando o BCE, é arriscada e pode ter efeitos imprevisíveis, mesmo depois de garantida a cooperação das agências de rating.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sai da frente Guedes!

Como as 6as são dias de humores, apresentamos ao leitor aquele que é o vídeo português mais visto de sempre na Internet.

Aqui podemos ver um skater das Caldas da Rainha... O resto fala por si!

Enjoy:




quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Cimeira Europeia de Amanhã

Amanhã é dia de cimeira europeia. Desta vez, e para os mercados não se desiludirem a posteriori, a Sra. Merkel logo avisou: “Ainda não é desta que a Europa vai fazer alguma coisa”. Eis o estado a que chegou a política europeia e as suas comunicações: antes mesmo das suas reuniões já os líderes europeus anunciam com estrondo a sua própria incapacidade e a sua inércia. Segundo a Sra. Merkel, não é de um avanço espectacular que a Europa necessita; desenganem-se os mais ingénuos e os mais crédulos. Para a Sra. Merkel, o que a Europa verdadeiramente necessita é de um “processo controlado”, quiçá à imagem do que tem sucedido até aqui.

Entretanto, as palavras da Sra. Merkel foram rapidamente escutadas pelo mercado: novo tombo do euro face ao dólar, o que muito terá agradado ao nosso Presidente da República, o Sr. Cavaco Silva, e ao nosso Primeiro-Ministro, o Sr. Passos Coelho, que vêm com bons olhos a desvalorização do euro face ao dólar. Simplisticamente dito, isso é verdade. Analisando o assunto com maior profundidade facilmente vemos bem que não: é que a desvalorização do euro face ao dólar acontece à custa da crise da zona euro: quanto mais ela se agrava, mais se desvaloriza o euro. Ora, agravando a crise da zona euro, certamente se desvaloriza o euro; por outro lado, se a crise se continuar agravando, não teremos euro, voltaríamos ao velho escudo, a dívida pública nacional duplicaria – mas poderíamos obter o efeito da desvalorização pretendido pelo Sr. Presidente da República e o Sr. Primeiro-Ministro. Mas esqueçamos estas coisas que assumem pouca importância quando comparadas com a importância das decisões que terão amanhã de ser tomadas. E dizemos isto claramente: ao contrário do que diz a Sra. Merkel, uma decisão sobre a Grécia e, por conseguinte, sobre a crise da zona euro tem de ser tomada. Porque o futuro da Itália e da Espanha não pode ser pensado independentemente do futuro da Grécia (é o que acontece naquilo que habitualmente se designa por União, vocábulo que pretende exprimir uma certa relação de solidariedade): enquanto a crise grega permanecer aí por solucionar, a crise alastrar-se-á aos restantes países. Espanha e Itália estão já no centro da turbulência e a cada dia que passa sem que a União Europeia resolva definitivamente os seus problemas, o custo sobe. Por esta altura, todos os europeus compreenderam que a crise será dispendiosa. O que os alemães necessitam de compreender é que o desmembramento da zona euro e talvez, por arrasto, do projecto europeu, sair-lhes-á bem mais caro do que uma pequena subida nas suas taxas de juro com a criação de uma agência de dívida europeia.

E para que o leitor se aperceba que a solução eurobonds é mesmo a solução para a crise europeia recomendamos a leitura de duas colunas de opinião de hoje do Financial Times. Primeiro, diz o Sr. Mario Monti:


"A more effective strategy would be to surprise the markets with a genuinely common policy. For such response to be agreed on, the government of the leading eurozone country, Germany, has to provide leadership among the member states and at home. This means convincing Germans that they are benefiting from the European Union, its single market and the euro; that the German “culture of stability” is permeating the rest of the union; and that Germany would be the biggest loser – in terms of stability, competitiveness and the financial cost – if the eurozone were to break up.
A German government that promotes common policies focused on the long term would be better able to protect German taxpayers’ interests than one which, in focusing on their shorter-term interests, convinces neither the markets nor its citizens. It is this lack of credibility that would generate, further down the road, a disruptive ‘transfer union’ that would likely lead to acrimony domestically and across borders."

E depois o Sr. Stigltiz:

"The problem facing Europe is not so much economic as political. It is easy to see what should be done. If Europe issues eurobonds – supported by the collective commitment of all the governments – and passes on the low interest to those in need – debts are manageable. Even a 150 per cent debt to GDP ratio can be handled if interest rates are low enough, but if rates are high they cannot be. At 6 per cent it takes a primary surplus of 9 per cent just to service the debt. Europe can access capital at low interest rates; after all, its collective debt to GDP ratio is actually better than that of the US.
Those who, putting aside any sense of European solidarity, worry about creating a “transfer union” should be comforted: at such low interest rates the likelihood of a need for real subsidies is limited. But even if there were some subsidy, Europe could afford it. With a $16,000bn dollar economy, even if Europe had to bear costs commensurate with the size of Greece’s debt, these are minuscule compared to what will be lost if Europe does not come to the assistance of the countries facing trouble.
The current strategy has reached not only its economic, but also its political, limits."

Ao Governo Português representado pelo Sr. Passos Coelho o que se pede é que se bata intransigentemente por esta solução.

domingo, 17 de julho de 2011

Desmascarar o que a Ordem anda a fazer...

Nesta semana que amanhã se inicia, centenas de advogados-estagiários vão ter de fazer 6 (sim, seis!) exames, um de manhã e outro à tarde, em 3 dias!

Estes exames são as provas a que todos os estagiários se têm se submeter para poderem passar para a 2.ª fase de estágio, com a duração de mais ano e meio (a 1.ª fase dura meio ano).

O Bastonário anunciou ainda que quem não ficasse aprovado em TODOS os exames (quem tivesse 20 a 5 dos exames, por exemplo, e 9 a um deles, já reprovaria!), não teria uma segunda oportunidade, porquanto a época de recurso não existiria e só poderia voltar a requerer a sua inscrição como advogado-estagiário, voltando ao início, 3 anos depois.

Após muitos esforços levados a cabo pelos estagiários juntos dos órgãos da Ordem dos Advogados, providências cautelares administrativas e muitas petições subscritas, os estagiários conseguiram que lhes fosse concedida a época de recurso. Mas se nada fizessem e se dependessem única e exclusivamente do Bastonário, não haveria qualquer 2.ª possibilidade.

Para poderem fazer os tais 6 exames, os estagiários tiveram ainda de pagar € 1050! (€ 350 para a sua inscrição na OA + € 700 para a sua inscrição nos referidos exames). Para quem tem um estágio não remunerado de dois anos, ter de pagar tais exorbitantes quantias, é um completo abuso, senhor Bastonário! Ademais, os estagiários, quando se foram inscrever, foram informados que apenas teriam que pagar € 350 pela inscrição. No entanto, a meio do estágio, foi-lhes dito que teriam que pagar mais a módica quantia de € 700, porque sim, porque os cálculos que foram feitos a posteriori fizeram concluir que o dinheiro não chegava. Na faculdade, chamamos-lhe “venire contra factum proprium” e trata-se do exercício de um direito abusivo por parte da Ordem!

Para além desta pressão financeira e de terem 6 (exames) em 3 (dias), o Bastonário também não se eximiu de vir para a imprensa nacional todos os santos últimos dias com o único fim de enxovalhar os estagiários, apelidando-os de medíocres e informando que apenas 10% dos estagiários irão passar nestes exames da próxima semana (terá dons premonitórios? Já agora, diga-me os números do Euromilhões, fáxabor!)

O Bastonário está a ultimar todos os formalismos legais tendo em vista a obrigatoriedade de um exame nacional de acesso ao estágio. Lembre-se que tal exame já havia sido declarado inconstitucional. Contudo, a teimosia do Senhor não o faz arredar.

Muitos são os advogados que desconhecem a dura realidade que os seus colegas mais novos se encontram a enfrentar e, ainda ontem, numa diligência que fui realizar num Tribunal, enquanto contava a outros advogados toda esta situação, todos eles abriam a boca de espanto, não se coibindo de tecer críticas merecidas ao Bastonário.

Se querem filtrar o acesso à advocacia, comecem por diminuir o número de vagas existentes nas Faculdades de Direito do país. Agora submeter a uma tortura física, psicológica, financeira e noticiosa, isso é mais do que inconstitucional!

Caríssimos, apesar de já não ser uma das estagiárias que se encontra na situação que vos dou conta, também assumo as dores dos meus colegas, porque tenho imensos amigos que se encontram a estudar desde há muitas semanas para cá e que estão a esforçar-se imenso para que tudo corra bem, mesmo mergulhados neste mar de incerteza quanto aos exames e quanto ao seu futuro. Tudo por vontade de um Bastonário que demorou 10 anos a concluir a sua licenciatura e que a terminou com a ridícula média de 11 valores.

Boa sorte, E., S., J.T., R., D., B. e A.F.!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sábado, 16 de julho de 2011

Responsabilidades

O episódio dos ratings será, na nossa História plurissecular apenas uma nota de rodapé, existente apenas nos compendios mais completos.


Mas esperamos duas coisas: primeiro que não se esqueça a responsabilidade dos governantes que, em breves anos, duplicaram o montante da dívida, continuando a (des)governar numa vertigem que emepnhou o nosso futuro e o das duas gerações seguintes. E, caro eleitor, quando Sócrates voltar da sua travessia do deserto (sim, que ele há-de voltar), lembre-se disto.

Em segundo lugar, junto àquela nota de rodapé, poderia haver lugar a um link para esta música, tal como na questão do ultimatum inglês há para "A Portuguesa".







Depois,


Lembra-se da história do Prof. Fernando Charrua? Aquele professor que foi demitido em 2007 por ter dito, a um colega que: "vivemos num país de bananas, governados por um filha da puta"?, tecendo considerações até sobre o percurso "académico" de Sócrates?


Pois bem, o Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto considerou ilícita a demissão do professor (que também era militante do PSD) por carecer de qualquer fundamento, condenando o Estado, ou seja, todos nós no pagamento da respectiva indemnização.


Se o Direito não foi apto a fazer responder Sócrates, Maria de Lurdes Rodrigues (ministra da Educação), Valter Lemos (secretário de Estado) e João Baptista (secretário geral da ministra) pelo prejuízo que as suas acções vão causar ao património de todos nós, o juízo da comunidade deve ser feito - esta corja que gravitou demasiado tempo nos corredores do poder não deve ser esquecida, pois só dessa forma se garante que não voltam lá para fuçar no que é de todos nós.


Uma vergonha para todos eles... Uma despesa para todos nós!

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Saldos

De Letícia, a Marquesa

Os saldos são uma maravilha, porque se compra "bom e barato" e porque sempre se dá umas valentes risadas...








De Madame Pompadour







De Carlos Jorge Mendes



Pior do que ir com uma mulher às compras, é ir com uma mulher às compras em época de saldos. Para aqueles que procuram uma explicam simples, aqui fica um desenho das diferenças entre homens e mulheres no que toca ao animal feroz consumidor que é a mulher.








De Lord Nelson





E viva o mercado livre e concorrencial!!!!


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Do Desvio Colossal nas Contas Públicas

A Comissão da troika está desde ontem em Lisboa com o fim de acompanhar de perto a implementação do programa de ajuda externa com o Governo. Entretanto, o que se discute na Assembleia da República? Que relevante assunto de política interna ou externa se discute na Assembleia da República? Nada mais, nada menos do que a veracidade das contas portuguesas. Isto porque o Sr. Primeiro-Ministro, o Sr. Pedro Passos Coelho, numa reunião do Conselho do PSD, revelou aos presentes a existência de um desvio nas contas públicas portuguesas face às metas acordadas com a troika. Atenção: não falamos aqui de um qualquer desvio: segundo o Sr. Passos Coelho está em causa um desvio colossal. Tudo isto dito por um senhor que há uma semana atrás, quando a Moody’s baixava o rating da República para lixo, acusou a dita agência por intermédio do IGCP de “ignorância”. De uma reunião privada do Conselho Nacional do PSD logo o desvio colossal resvalou para a publicidade das redacções da imprensa, o que diz muito do carácter da doninha que escarrapachou esta notícia para a imprensa. É a marca secular da política portuguesa: a da intriguice, do rumor, da fofoca. E pior: esta intriga aparece sob outro signo indelével da política portuguesa: a da vacuidade uma vez que ninguém sabe concretizar a dimensão do desvio nem a sua origem. O Sr. Passos Coelho falou apenas num desvio colossal; o Sr. Miguel Frasquilho acrescentou depois que o desvio das contas públicas se refere aos dados já divulgados pela INE. Repetimos: a dimensão e a origem do desvio desconhecem-se. E assim se lança uma névoa de suspeição sobre a veracidade das contas públicas portuguesas e, igualmente, coloca-se em causa a seriedade e a honorabilidade de todas as entidades que auditam as contas portuguesas como o INE e o BdP – e já agora a troika, que, por sinal, até anda por cá. Ora, pior do que afirmar convictamente de que as contas públicas não são fiáveis, é afirmar injustificadamente que elas não são fiáveis: dá uma leve impressão de que os nossos técnicos foram recrutados na mercearia da esquina. Não pretendemos dizer que o estado das contas públicas deve ser tema do domínio das musas: lançar, porém, suspeitas sobre elas sem fazer acompanhar essa suspeita das provas que a atestam e que a certificam é difamar, é caluniar.

É desta forma que se vai entretendo o parlamento português: na falta de assuntos de relevância pública sobre os quais debater, os srs. Deputados criam artificialmente assuntos sobre os quais perorar, livrando-se da maçada de discutir os problemas reais e substanciais, como se Portugal nada precisasse de pensar e nada precisasse de reformar. Portugal e a União Europeia vivem um dos momentos mais decisivos da sua história. Tremendas e profundas mudanças adivinham-se e ninguém conhece qual é a posição do Parlamento português sobre esse processo de mudança e em que sentido ele deve caminhar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Crise da Zona Euro - Episódio XXXIII

A crise da zona euro parece entrar numa nova fase. Aparentemente restrita aos seus três parentes pobres, ela ataca agora em força os grandes tubarões: os olhares estão agora virados para Itália cujas taxas de juro das obrigações vêm galopando desde sexta-feira passada. Isto foi o suficiente para assustar a cúpula da União Europeia que se reuniu de emergência na segunda-feira. Obviamente que dessa reunião resultou aquilo que seria expectável dos altos responsáveis da UE – nada. Assim são os responsáveis da UE – rápidos a reunir, frouxos a decidir. E isto levanta-me sérias preocupações. Que a UE não se ralava com Grécia, Irlanda e Portugal já todos sabíamos; mas todos pensavam que quando a crise alastrasse a Espanha ou Itália, a resposta da UE seria mais firme. E até agora não tem sido. Se a UE se pode dar ao luxo ainda de ser mole nas decisões com a Grécia, com a Irlanda e com Portugal, o mesmo não se passa com a Espanha e menos ainda com a Itália. Se todos duvidavam da existência da disponibilidade de fundos para um resgate à Espanha, para a Itália não há dúvidas: não há dinheiro. E só perante o desalento desta resposta, eu posso compreender a atitude da UE: torcer o nariz e coçar a cabeça. Ou melhor...Não posso compreender: senão há dinheiro para um resgate da Itália, para quê esperar que essa ameaça se torne assustadoramente real?

A Itália surge agora no centro da tormenta graças ao énnui do Sr. Berlusconi. O Sr. Berlusconi pensa: - Não posso agora promover relaxadamente as minhas festas bunga bunga; não posso fazer sexo com prostitutas menores sem que a imprensa me aborreça; não posso ter um escândalozito de fraude fiscal sem que os italianos logo peçam a minha demissão: que hei-de eu então fazer para fugir deste tédio de vida? Vai daí, o Sr. Berlusconi concede uma entrevista em que desautoriza o Sr. Ministro das Finanças, o Sr. Tremonti, na adopção de medidas de controlo e restrição orçamental. Óptima ideia tendo em conta a conjuntura que se vive e o fetiche da UE com o sadomasoquismo da austeridade. E assim se explica como a Itália se vê agora nesta situação aflitiva.

Aqui um pequeno aparte. O Sr. Berlusconi concede uma entrevista em que compromete a aplicação de um rigoroso programa de contenção orçamental e os mercados castigam-no. Por outro lado, os EUA, sempre prosseguiram numa política expansionista, com a Administração americana a jorrar dinheiro sobre a economia sem grandes resultados práticos, com um elevado défice e endividamento público, um elevado endividamento externo, com uma forte crispação política entre Democratas e Republicanos que faz com que os EUA possam estar a um mês da bancarrota porque não há entendimento quanto ao aumento do limite do endividamento público e, no entanto, os mercados estão sereníssimos, bem como as agências de notação.

Sim, é verdade que a Itália tem o segundo endividamento público mais elevado da Zona Euro, logo atrás da Grécia, com 120% do PIB; também é verdade que o crescimento económico da Itália registado no primeiro trimestre foi modesto. Mas a Itália faz parte do G7, do grupo das sete nações mais industrializadas do mundo; nas suas fronteiras, residem várias empresas dinâmicas, empreendedoras e criadoras de riqueza; a sua economia é diversificada; a sua taxa de poupança é elevada e o seu endividamento externo é baixo quando comparado com os restantes membros da Zona Euro (55% das obrigações italianas são detidas internamente). Fará, pois, sentido este novo ataque especulativo? Não faz. O que a UE não pode fazer, porém, é seguir protelando a decisão final em torno da resolução desta crise: é preciso enviar um sinal inequívoco e claro da solidariedade europeia: e esse sinal chama-se eurobonds. Enquanto não chegarmos lá, os ataques especulativos vão continuar, e continuar, e continuar, até à desmantelamento da Zona Euro ou até que se alcance essa solução.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O Rating e o CDS

O olhar desconfiado das agências de rating



Como o leitor bem saberá, várias economias da zona euro (Grécia, Portugal, Irlanda e mais recentemente a Itália) estão a ser atacadas pelas agências de rating e, a nosso ver, a culpa (inicial) reside nos CDS – dos credit default swaps.


Os CDS constituem, resumidamente, um tipo de contrato de seguro, orientado para proteger o mutuante do risco de incumprimento do devedor, sendo muito utilizados nos mercados financeiros. Tais figuras contratuais permitem aos investidores especular e aumentar os seus lucros: aumentando as dúvidas acerca do risco de incumprimento de uma determinada obrigação, o spread do respectivo CDS será mais elevado, permitindo assim um maior lucro com a celebração do negócio.


Assim entendida a figura, muito genericamente, e tendo em consideração que o sistema financeiro norte-americano ainda está a tentar retomar os valores anteriores à crise do sub-prime, podemos perceber a (lógica da) estratégia seguida pelos investidores: baixam-se as notas, aumentam-se os juros, emprestando-se o mesmo capital.

E para tal as agências de rating que tanto ouvimos falar, têm um papel fundamental, estando ao serviço dos interesses norte-americanos, pois é aí que se encontram a maioria dos seus clientes, accionistas e interesses. Assim, baseadas em sabe-se lá o quê, descem as notas dos países da zona euro para permitirem aos investidores um maior retorno financeiro.


Mas há mais – se nada for feito, em Agosto os Estados Unidos da América entram em bancarrota: e isso geraria o caos nos mercados, numa escala que nem se consegue ainda prever. E a sua moeda, que nos últimos tempos tinha vindo a perder terreno face ao euro, podia ser afastada da divisa de referência da comunidade internacional (e também por causa da enorme emissão de moeda dos últimos tempos) – a melhor forma de evitar isto, para os norte-americanos, seria obviamente destruir o euro.


Aqui chegados importa pois saber o que podem os Estados europeus fazer – e podem fazer (e já) duas coisas: por um lado, o BCE devia deixar de usar a avaliação que essas agências fazem para classificar os títulos que aceita como garantias colaterais e os Estados membros deviam não só romper os contratos com essas agências mas também promover a criação de uma agência europeia de rating. Por outro lado, acabar com as emissões de dívida nacional e criar as eurobonds, ou sejam, dividas soberanas pelas quais todos os países da zona euro respondem solidariamente, o que faria subir os juros para os bons alunos, mas (e principalmente) descer os juros para os países que estão sob este ataque especulativo - o que também permite perceber as reticências da Alemanha.


Com o ataque à Itália a situação ganha uma nova gravidade e urgência pois este país (que é uma das dez maiores economias do mundo), caso entre em situação de default não é salvável, pela sua dimensão.


Claro que a melhor e mais prática solução passava, no nosso caso, por uma auditoria às contas do Estado e pela sua total transparência, isto contando que não há contabilidade martelada e há dinheiro em caixa… caso contrário, é favor ignorar a sugestão.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vacaciones parte II

Se não tem ou está de férias pare aqui, é provável que o texto que se segue lhe provoque ardor no tubo digestivo. Seria uma infeliz se viesse para aqui aborrecer-vos com considerações cheias de eloquência sobre a actualidade politica e financeira (sem desprimor para os meus colegas que aqui escrevem também e o fazem), quando, apesar de temperamental, estamos no pino do Verão e tudo aquilo que paira na maioria do imaginário da população são biquínis e praia e concertos e cenas dessas.

Não querendo eu deixar passar incólumes estes raios solares que para aqui andam a atingir o planeta passarei a deixar as tecnologias do mundo moderno de parte durante uns dias e vou atestar-lhes a qualidade e encher-me de vitamina D.

A todos os que continuam a dar-se ao trabalho de ler os devaneios que me vão surgindo quero desejar um Verão cheio de biquínis e cenas dessas, deixar um até já e uma musiquinha para animar.



domingo, 10 de julho de 2011

Look at the stars, look how they shine for you!

Na quarta-feira passada, dia 6, de um belo dia de sol, lá fui eu até Oeiras, mais concretamente até ao Passeio Marítimo de Algés, para o primeiro de 4 dias do Festival de Música do Optimus Alive.

Não era a minha estreia num Festival de Verão, mas era a minha primeira vez num concerto dos COLDPLAY, uma banda que significa muito para mim em termos pessoais e que faz com que a vulga calmaria que me caracteriza não consiga imperar quando eu me refiro a este grupo.

Chegada ao recinto, deparo-me com uma vista magnífica, junto à baía de Cascais, com uma área muito extensa, pronta a receber todas as 52.000 pessoas que naquela noite iriam povoar o recinto com os seus gritos tresloucados, com o seu choro emotivo e com os seus sorrisos maravilhados com tamanha qualidade de música que por ali reinou.

Eu, histérica, queria ir logo para a frente do palco principal, porque, apesar de saber que outros grandes nomes da música iriam actuar (como os Blondie que, embora não sejam propriamente novos, foram fantásticos!), o que eu realmente queria era ouvir, cantar (berrar?) e dançar ao som dos meus COLDPLAY.

Mas não, Caríssimos. Tive ainda de ir satisfazer um capricho da minha miúda que é a mais gira das redondezas ou não fosse ela a minha querida irmã e lá foi a Marquesa subir literalmente aos céus, para apreciar a bela da paisagem que rodeia o recinto (“- A menina tem medo de lá ir acima? Onde é que já se viu uma menina tão bonita com medo?” – dizia-me o senhor da grua. ME-DO!). Sim, tive muito medo e se a minha maninha decidir alguma vez colocar o vídeo da ascensão aos céus no Youtube, eu juro que não me responsabilizo pelos meus actos e não quero saber se me expulsarem da Ordem.

Logo depois, lá fui esbaforida até junto ao palco onde esperei e sem qualquer remorso 6 horas pela actuação memorável, extraordinária, fantástica e para a vida (e todos os epítetos que lhe queiram atribuir). Conseguimos ficar logo à frente, mesmo junto ao palco, de tal modo que eu disse à minha irmãzita: “Se isto fosse em lugares sentados, nós estávamos na 3.ª fila. Olha só para o mar de gente que está atrás de nós!”, ao que ela me retorquia: “Cala-te, pá! Está tudo a olhar para nós!”.

O espectáculo começou com fogo de artifício, colocando aqueles milhares de pessoas ao rubro desde o início. De seguida, começou uma das músicas mais bonitas de todos os tempos: “Yellow”. Ao som do refrão: “Your skin… Your skin and bones… Turning into something beautiful… Do you know… You know I love you so…”, montes de confettis de todas as cores polvilharam o público, enquanto as lágrimas caíam sobre o meu rosto e o de todos os que estavam ao meu lado.

Muitos êxitos foram tocados e cantados e Chris Martin provocou calafrios quando as luzes baixaram e foi a vez de “The Scientist” ecoar naquela noite estrelada. Logo de seguida, em “Lost”, muitos balões gigantes foram colocados no público que rapidamente os atirou para o ar, provocando uma atmosfera de grande cor, juntamente com as luzes multicolores que saíam do palco. O concerto terminou com “Every teardrop”, a nova música do álbum que sairá no final deste ano e que já inunda todas as estações de rádio do Mundo.

Mesmo quando tratamos as palavras por tu, digo-vos, é muito difícil descrever todas as sensações por que passámos durante aquela hora e meia de espectáculo. Qualidade e maravilha são algumas das que mais me ocorrem quando recordo cada segundo do concerto que será decerto o melhor concerto ao vivo da vida de todos aqueles que a ele assistiram.

Como se fosse uma miúda pequena, chorei quando o concerto acabou. Porque queria mais, muito mais. Não me importava que aquele concerto durasse a vida inteira.

Agora conto os dias que faltam até ao regresso dos COLDPLAY ao nosso país, já no próximo ano, ao berço de Portugal, Capital Europeia da Cultura 2012. Enquanto espero, vou olhando o céu, nestas belas noites de Verão, enquanto uma voz canta assim baixinho, dentro de mim: “Look at the stars, look how they shine for you…”.


sábado, 9 de julho de 2011

Da criação de uma agência de rating europeia

Depois do violento ataque da Moody’s ao rating da República Portuguesa, qual é a reacção da Europa? Arreganha os dentes e diz que responde em Outubro. Uma reacção que certamente terá provocado arrepios nas agências de rating. Ora, certamente que a resolução da questão do oligopólio das agências de rating exige estudo para que seja devidamente solucionado, mas é apenas agora que a União Europeia se digna a estudar o problema? Depois de um ano de ataques especulativos? Há quanto tempo não são estas agências um cerne da crise económica que vivemos? Há muito que se sabe, já pelo menos desde a falência do Lehman Brothers, que estas agências se encontram completamente descredibilizadas, influenciadas por uma forte teia de interesses que gravita em seu torno e que as condiciona nos seus juízos e nas suas avaliações, favorecendo o interesse dos especuladores que delas são accionistas, não reunindo as menores e as mais elementares condições para serem independentes. Se tudo isto se sabe há três anos, ainda necessita a Europa de tempo para agir? Para estudar mais aprofundadamente o assunto? E que acontecerá no tempo que medeia até que a Europa se instrua devidamente? Continuam estas agências desreguladas?


A verdade é que a reacção da Europa à crise económica mundial foi deficiente. É certo que há Basileia III, que há novas regras para os bancos, reforçando a sua solvabilidade; é certo que passaram a ser promovidos os stress tests destinados a provar da solidez do sistema bancário europeu. Mas o instabilidade do sistema bancário era sobretudo um problema da falta de regulação americana cujos reflexos se sentiram, sobretudo, na Irlanda, cuja banca se encontrava fortemente exposta aos produtos tóxicos dos bancos americanos. Também na Islândia se passou o mesmo – mas a Islândia não faz parte sequer da zona euro. Na Espanha houve também um problema em menor grau com o sistema bancário, mas ligado sobretudo ao sector imobiliário. Certamente que isso não impedirá que a Europa reforme o seu sistema bancário; o que a Europa não pode fazer é cruzar os braços e ficar-se por aí. O que foi feito em torno das agências de rating? Absolutamente nada.


Criar uma agência de rating europeia não resolverá o problema: antes é necessário regular as três grandes agências americanas que oligopolizam os mercados: é necessário moralizá-las. Só então se poderá pensar numa agência de rating europeia credível, competindo directamente com as restantes, entretanto devidamente regulados e funcionando de acordo com as regulares leis do mercado. Se isto não for feito, a criação de uma agência de rating europeia será vista e encarada como uma reacção virulenta da Europa aos ataques de que vem sendo alvo, mas uma agência cativa dos interesses do Estados preocupados com as suas dívidas soberanas, e não como uma verdadeira agência independente, capaz de reflectir a realidade dos mercados. Uma tal agência não terá a credibilidade dos mercados e será, portanto, inútil. O que importa, pois, primeiro é que haja uma acção concertada de todos os Estados, dos blocos regionais, no sentido de regular as agências já existentes, apertando os seus mecanismos de funcionamento para impedir os desvios de mercado.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Humores à 6a: mariquices

O tema dos nossos humores, esta semana, é: mariquices. E como tal não carece de qualquer explicação, passemos já aos contributos do nosso painel:


Por Carlos Jorge Mendes:

Venho pelo presente desconstruir um dos maiores mitos da actualidade: a virilidade do Sr. Cristiano Ronaldo assente na quantidade de miúdas que este senhor vai devorando. Aqui ficam algumas imagens que demonstram bem a irrefutabilidade do meu ponto de vista. Chamamos em particular a atenção do leitor para o momento inicial do vídeo, para aquele em que CR7 deita as mãos à cabeça perante o Sr. Rooney e aquele em que o mesmo enfaixa calorosamente o Sr. Guti. Na minha opinião, quem enfaixa assim não engana.



Por Letícia, a Marquesa:

O Opinador é internacional e até conseguiu descobrir o primo angolano do Zé Castelo Branco, o Zé Castelo Preto. Tirando uma ou outra coisa, até que são parecidos, não acham?







Por Lord Nelson:




Esta é a prova que não havia necessidade para uma lei do casamento homossexual... No anterior regime, dois homossexuais podiam bem estar casados! Ora vede:






Por Madame de Pompadour:

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A "moody's" que somos lixo....






A agência Moody’s cortou ontem o rating de Portugal para uma classificação equivalente a "lixo", dizendo (mas não explicando cabalmente) que há o risco de necessitarmos de recorrer a um segundo empréstimo: e o curioso disto tudo é que, mesmo que essa previsão não tivesse base factual, como a opinião da Moody’s influencia o mercado, os juros sobem e a previsão começa a concretizar-se. E porque é que os investidores confiam na Moody’s? Porque ela, paga por eles, consegue produzir declarações que permitem a subida dos juros dos empréstimos que estes fazem… Genial! Ou nas palavras de um dos responsáveis pela situação actual: é a vida!


Era justificada a descida de quatro níveis, mesmo com os problemas na Grécia? Julgamos que não, até pela acção do Governo relativamente ao subsídio de natal e ao esforço que este executivo prometeu fazer e que recebeu muito boa recepção nos fóruns europeus. Mas, manda quem pode, obedece quem deve.


Atendendo a esta realidade, podemos ter uma de duas atitudes: ou nos insurgimos contra isto, ou aprendemos as regras e procuramo-nos proteger.
A primeira vertente é preferida na esquerda: clama-se contra a “injustiça” do sistema capitalista e acusam-se os “predadores” do nosso país. Pois bem, se queremos ir por aí temos de considerar o seguinte: primeiro, ninguém nos emprestou o dinheiro contra a nossa vontade; segundo, continuamos, ainda hoje, a viver acima das possibilidades: é certo que podemos deixar de pagar, mas aí também deixam de nos emprestar mais dinheiro… E sem dinheiro, nem economia a crescer – carestia. Todo o outro tipo de declarações ou intenções bacocas de nada servem.


Por este caminho podemos estar certos de uma coisa: de nada valerão os sacrifícios que façamos para mostrar aos “mercados” o nosso compromisso no pagamento aos nossos credores - só há, mesmo, uma forma de recuperarmos a nossa (permitam-me o termo) soberania: equilibrar as contas e viver de acordo com as nossas possibilidades, não pedindo emprestado. E este constitui o segundo caminho, e a nosso ver o mais apto – tem que se dar espaço à economia para crescer e reduzir drasticamente os gastos do Estado: damos três sugestões – revisão (séria, muito séria) de todas as PPP’s e uma auditoria profunda ao sector empresarial do Estado (incluindo as inúmeras empresas municipais), baixar o imposto sobre os produtos petrolíferos (ou então voltar a tabelar os preços, porque monopólios em economia de mercado não funcionam) e vender o que resta das nossas reservas de ouro.


Depois, frugalidade no Estado e deixar, ó por favor deixar, de pagar a ociosos, seja através do nosso modelo de protecção do desemprego, seja através da chusma de gente que recebe apoios oriundos de tributos da comunidade e nada contribui para essa comunidade (chamam-lhe agora o tributo social).


Salazar, apesar de anti-liberal, sabia muito de Finanças Públicas e resumia magistralmente a estratégia a seguir para endireitar as contas públicas: produzir e poupar. Nada mais, nada menos – deixem-se agora de soluções keynesianas, se faz favor, que o dinheiro já acabou.


Ah, e já agora, um recado ao senhor ministro dos negócios estrangeiros: Excelência, se quer ficar com uma página dourada na História Pátria, toca a lutar, dia e noite, com todos os diplomatas (até com a malta do croquete) pelas eurobonds… Enquanto pagamos o que devemos e tentamos não morrer à fome, é isso o que nos pode salvar!



E porque convém não esquecer que é que não cumpria pontualmente as obrigações (porque até já aí andam a falar, com alta moralidade, o Seguro e o Assis – que compactuaram com esta política porca):

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Da Limpeza de Quartéis pelos Militares da GNR

Segundo noticia o Público, os militares da Guarda Nacional Republicana (GNR) adquiriam por determinação superior uma nova função – a limpeza dos quartéis. A denúncia foi feita pela Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG) que criticou veementemente a nova tarefa da GNR, usando expressões tais como “afronta à dignidade”, “missão humilhante” e vexatória”. Analisemos.


Compreendemos a posição da Associação. Com efeito, todos sabemos que a autoridade de um militar da GNR se baseia na sua imagem viril e máscula: pensamos num militar da GNR e logo associamos a essa figura um perfil imponente, corpulento, intimidante, sério e grave. Agora, com as novas funções que são atribuídas aos militares da GNR, mesmo que se mantenham em parte aquelas características, é inevitável que não lhe associemos uma certa mariquice. Por exemplo: queira o leitor considerar esta imagem:




O leitor diria que temos aqui um homem robusto: nota-se que os seus músculos se encontram plenamente desenvolvidos, adivinha-se uma postura forte, implacável e austera. Por outro lado, este senhor está limpando, está esfregando o chão e o que não será de todo alheio aos factos agora descritos – com o rabo empinado. Tudo coisas claramente incompatíveis com o exercício da autoridade e da força porque é de senso comum: estas coisas afrouxam o homem, tornam-no manso, ao ponto de ameaçar toda a sua imagem viril e máscula. O mesmo sucede com os militares da GNR exercendo as funções de fascineira nos quartéis. O digno militar logo antevê o rol de piadas que o meliante lhe lançará aos pés. Diz o militar ao meliante: - Pare em nome da lei ou eu disparo! Ao que réplica o meliante: - Com o quê? Com essa espanadeira que trazes no coldre? E logo o militar se apercebe que justamente antes de sair para ir patrulhar as ruas se esquecera de trocar a espanadeira com que limpara as persianas pela sua pistola. E prossegue ainda o meliante: - E vais ferir-me com o quê? Com ácaros? E logo o militar da GNR é alvo de chacota geral, comprometendo a sua imagem viril, cuidadosamente criada ao longo de anos.

Seriamente falando, esta notícia é preocupante não porque como afirma a ASPIG se tratarem de funções humilhantes ou vexatórias, porque não temos das senhoras da limpeza a ideia de que desempenhem funções humilhantes ou vexatórias – elas cumprem apenas com o que lhes é solicitado, tal como o fazem os militares da GNR. É aqui que reside o problema porque ficaríamos preocupados se fosse pedido aos militares da GNR para limparem os quartéis e às senhoras da limpeza para patrulharem as ruas: porque a cada profissão corresponde o exercício de uma determinadas tarefa: e aos militares da GNR, o que lhes é pedido, em nome da segurança pública, é que patrulhem as ruas e não que espanem os quartéis; mas não porque isso é vexatório ou humilhante: simplesmente porque essa não é a sua função. Ou acaso a ASPIG associa a limpeza a uma coisa humilhante e vexatória? Acaso os dignos representantes vivem numa pocilga?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Otto von Habsburg



Morreu ontem, aos 98 anos, Otto de Habsburgo que para quem não sabe era o filho mais velho do último imperador da Áustria-Hungria.


Otto provavelmente viveu o século XX como ninguém pois esteve sempre nos sítios onde acontecia a História, assistindo de um lugar particularmente privilegiado – como herdeiro e chefe da antiga casa de Habsburgo: durante a Primeira Grande Guerra foi jurado herdeiro do trono imperial; após a derrota austríaca foi forçado ao exílio (tendo passado pela Madeira), para logo, ainda no período entre guerras ser jurado Rei da Hungria, apesar de nunca ter propriamente reinado.


Com a invasão da Áustria, na Segunda Guerra Mundial, foi condenado à morte por Hitler, pelo que teve de fugir à perseguição nazi: inicialmente para Paris. Mas como também à cidade das luzes chegaram as águias nazis, Otto fugiu para Portugal, tendo para tal contribuído o nosso conhecido Aristides de Sousa Mendes, mais ilustre diplomata, que foi quem lhe passou o visto que lhe permitiu chegar à segurança que então o nosso país simbolizava.


Mas foi talvez após a guerra que o seu contributo mais se fez sentir: europeísta convicto, foi um dos impulsionadores do sonho europeu, chegando deputado europeu pela CDU alemã, tribuna que usou para defender, energicamente, a adesão da Hungria, Croácia e Eslovénia.


Hoje a Europa fica mais pobre com a morte de um dos seus impulsionadores – este brilhante liberal, um pouco desconhecido da maioria dos europeus, mas não certamente na Áustria.
Uma curiosidade: apesar de herdeiro do trono imperial, Otto era republicano… E, porque o era, não quis ser Rei, se bem que o podia ter sido: em 1961, Francisco Franco ofereceu-lhe o trono de Espanha, que ele recusou.


Quem recusa um trono, por uma ideia (ainda que dela discordemos), merece sempre homenagem.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Considerações de nobreza

Hoje não pretendo alongar-me mais do que o necessário apenas querendo fazer valer o meu desabafo quanto à questão Fernando Nobre.
Ora, segundo se consta o Dr. Nobre, quiçá descontente com a ladainha aborrecida e pachorrenta da Assembleia da República, decidiu deixar-se das lides parlamentares. Para quem a memória falha, este Dr. antes de ser deputado pela AR foi: candidato a habitar o ninho fofo e quentinho de Belém e, mais tarde, através do PSD, candidato à presidência da AR. Contudo, tendo perdido a corrida aos dois lugares, acabou por se declarar derrotado e contentar-se com um posto pouco colorido na AR de deputado pelo PSD (importará mencionar que outrora Nobre se considerara independente, mas como sabemos também, o PSD gosta é de independentes).
Este vai e vem do Sr. Doutor começa a deixar o povo baralhado. Tenho, para mim, que o que está em causa é apenas um gosto fora do comum por ser candidato, seja lá do que for, porque estar parado a ver a banda tocar não tem muito de interessante quando, até recentemente, nem se parecia assim tão motivado pela governação do país.
Portanto Fernando Nobre abandona hoje as lides políticas, provavelmente para se dedicar àquela que é a sua arte e da qual muitos já nem devem ter conhecimento: a medicina.
Toda esta situação apenas me faz lembrar qualquer coisa tipo...isto:

domingo, 3 de julho de 2011

Vai trabalhar, malandro e os Coldplay...

Esta semana o Governo do nosso Ilustre Passos Coelho anunciou que irá proceder a mudanças no que toca aos feriados, de modo a que o português trabalhe mais e, consequentemente, a sua produtividade aumente.

A nossa economia precisa de crescer e só com descanso, férias e festas e sem trabalho não há retoma económico-financeira que resista e nem os fundos comunitários nem as tranches do FMI nos valem.

Ora vejamos alguns cálculos aritméticos simples: um português, descontados que sejam os seus dias de férias, os fins-de-semana e os feriados de calendário mais o feriado municipal, trabalha cerca de 215 dias por ano. Isto partindo do pressuposto de que não há nenhuma falta ao seu trabalho o que, via de regra, é quase impossível. Por seu turno, o português recebe 425 dias de salário (os 12 meses de retribuição mensal acrescida do subsídio de férias e do subsídio de Natal). Posto isto, concluímos então que, por cada dia do ano, mesmo estando de férias, sendo feriado ou até mesmo enquanto goza o seu fim-de-semana, o português recebe quase 2 dias de salário.

Realidades desfasadas? Pois é, Caríssimos, e então quando um feriado calha a uma quinta ou a uma terça, ainda mais maravilhoso é, porque para pontezinhas, cá estamos nós.

E é justamente isto que Passos Coelho se propõe a alterar. Deste modo, os feriados que calharem a um determinado dia de semana poderão ser observados e gozados apenas na 2.ª feira de semana subsequente. Tal possibilidade já vem prevista no nosso Código do Trabalho, portanto, vozes contrárias, o nosso Primeiro-Ministro está simplesmente a colocar em prática uma disposição legal laboral: “Mediante legislação específica, determinados feriados obrigatórios podem ser observados na 2.ª feira da semana subsequente”.

Assim sendo, serão evitadas as famosas “pontes”. Posto isto, pretende-se incentivar e aumentar a produtividade das empresas e dos portugueses. Uma óptima medida atendendo à conjuntura económico-financeira que atravessamos.

E uma última nota apenas para dar conta que é já 4.ª feira que vamos ter aqui bem pertinho de nós o melhor concerto do Mundo. Os COLDPLAY vêm ao Festival Optimus Alive! E a Marquesa vai lá estar!!!!

Vai ser uma bela noite de Verão… E quando todos entoarmos: “Look at the stars, look how they shine for you…”… Hum… Que friozinho na barriga tão maravilhoso!



sábado, 2 de julho de 2011

A Tributação Extraordinária do Subsídio de Natal

No debate de quinta-feira na Assembleia da República sobre o programa de Governo, o Sr. Primeiro-Ministro anunciou a tributação extraordinária equivalente a 50% do valor do subsídio de Natal que acresce ao salário mínimo. Embora o modo pelo qual se irá processar a tributação não seja ainda perfeitamente claro, o que se pensa é que a tributação de 50% incidirá na diferença do salário base do trabalhador para o salário mínimo. Sobre o impacto desta tributação extraordinária, queira o leitor ver esta simulação – aqui.

Dito isto – que comentários nos merece esta decisão? Que era, de facto, imprescindível parece-nos claro uma vez conhecidos os números do défice do primeiro trimestre de 7,7% divulgados esta semana pelo INE. Recordamos que do memorando de entendimento com a troika, consta que o défice público português de 2011 terá de ser de 5,9%. Pelo que, e ao contrário do que disse o Sr. Emanuel dos Santos antes de sair do Governo, a execução orçamental não está a correr lindamente: na verdade, a execução orçamental, tal como em 2010, está um desastre. E pior que a execução orçamental estar um desastre, é o governo cessante ter, uma vez mais, mentido ao seu País, dizendo que ela estava bem bonita, que suas excelências estavam a cuidar bem dela. O PS tem fortes responsabilidades nesta questão e, por isso, não podem os dois candidatos a secretário-geral do PS vir brandamente a público afirmarem-se contra esta medida. Com efeito, suas excelências, o Sr. Francisco Assis e o Sr. António J. Seguro, não podem ser ao mesmo tempo contra uma medida que permite que o país cumpra o acordado com a troika e simultaneamente a favor desse mesmo programa. Se são contra esta medida em particular, para não caírem na demagogia, têm de sugerir uma outra medida que permita cumprir com o memorando de entendimento. 
É imprescindível que Portugal cumpra as metas do seu programa de ajuda para que não perca a sua credibilidade e a sua honra. Um dos factores que agravou o recente episódio da crise grega foi o incumprimento pelo Governo grego de algumas metas do seu programa, que elevaram o défice para níveis superiores ao previsto no Programa acordado com as instituições europeias e internacionais. Portugal não pode arriscar-se a perder a pouca credibilidade que lhe resta. Uma vez que restam cinco meses até ao final do ano, não haviam alternativas credíveis e válidas a esta decisão do Governo: a tributação extraordinária do subsídio de Natal era a única forma de cobrir rapidamente o buraco das contas públicas. E julgamos preferível esta medida a uma subida da taxa máxima do IVA que teria efeitos bem mais duradouros. Mas isso não elimina o problema – que o sacrifício incida apenas sobre determinados cidadãos, excluindo outros, isto é, a repartição justa dos sacrifícios sem a qual não se poderá manter um mínimo de equidade e de coesão social. Então e os profissionais liberais? Não têm capacidade contributiva para participarem no sacrifício?
E outra nota não menos importante: significa isto que apenas se deve seguir pela via da austeridade? Óbvio que não e, por isso, voltamos a insistir: se se pode compreender esta medida pela escassez de tempo que medeia até ao final do ano e a necessidade de cobrir rápida e eficazmente o défice, continuamos à espera que o Governo tome medidas de carácter estrutural que promovam o crescimento económico. Não há por aí mais empresas, institutos e fundações públicas para extinguir ou fundir? O mesmo para as empresas municipais? E para quando uma reforma administrativa do País? Ou o Governo pretende apenas privatizar as empresas rentáveis ou aquelas que dando prejuízos, se tratam de monopólios?

Por fim uma última nota: o leitor lembra-se do Sr. Sócrates? Pois…O Sr. Passos Coelho já descobriu o truque

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Grécia

Nesta semana não se falou noutra coisa - era a decisão no Parlamento Grego quanto à votação de um novo Programa de Austeridade como condição sine qua non para a libertação de uma nova tranche de apoio da União Europeia e do FMI à Grécia. Depois de muita especulação, os deputados do PASOK lá aprovaram o Programa, com os votos contra de toda a oposição. Mas fique descansado, caro leitor, em breve terá oportunidade de ouvir falar da Grécia novamente e de como a Europa está outra vez com a corda na garganta. Pelo que é preciso olhar para esta disposição com uma boa dose de sense of humour. Assim, aqui ficam aos cuidados do leitor algumas coisas bonitas e engraçadas sobre a situação grega:

De Carlos Jorge Mendes





De Madame Pompadour

Pois parece que as coisas na Grécia estão mal e por quê? Pergunta toda a gente...Como é que se chegou ao que se chegou? Então, os deuses gregos dão a resposta.



De Letícia, a Marquesa

Com tamanha crise...Eles até se vêem gregos para limpar os cacos! A vida está má, está! Até para os gregos!




De Lord Nelson

Sugerimos ao Parlamento Europeu que resolva a questão grega através de uma partida de futebol, como esta: