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terça-feira, 12 de julho de 2011

O Rating e o CDS

O olhar desconfiado das agências de rating



Como o leitor bem saberá, várias economias da zona euro (Grécia, Portugal, Irlanda e mais recentemente a Itália) estão a ser atacadas pelas agências de rating e, a nosso ver, a culpa (inicial) reside nos CDS – dos credit default swaps.


Os CDS constituem, resumidamente, um tipo de contrato de seguro, orientado para proteger o mutuante do risco de incumprimento do devedor, sendo muito utilizados nos mercados financeiros. Tais figuras contratuais permitem aos investidores especular e aumentar os seus lucros: aumentando as dúvidas acerca do risco de incumprimento de uma determinada obrigação, o spread do respectivo CDS será mais elevado, permitindo assim um maior lucro com a celebração do negócio.


Assim entendida a figura, muito genericamente, e tendo em consideração que o sistema financeiro norte-americano ainda está a tentar retomar os valores anteriores à crise do sub-prime, podemos perceber a (lógica da) estratégia seguida pelos investidores: baixam-se as notas, aumentam-se os juros, emprestando-se o mesmo capital.

E para tal as agências de rating que tanto ouvimos falar, têm um papel fundamental, estando ao serviço dos interesses norte-americanos, pois é aí que se encontram a maioria dos seus clientes, accionistas e interesses. Assim, baseadas em sabe-se lá o quê, descem as notas dos países da zona euro para permitirem aos investidores um maior retorno financeiro.


Mas há mais – se nada for feito, em Agosto os Estados Unidos da América entram em bancarrota: e isso geraria o caos nos mercados, numa escala que nem se consegue ainda prever. E a sua moeda, que nos últimos tempos tinha vindo a perder terreno face ao euro, podia ser afastada da divisa de referência da comunidade internacional (e também por causa da enorme emissão de moeda dos últimos tempos) – a melhor forma de evitar isto, para os norte-americanos, seria obviamente destruir o euro.


Aqui chegados importa pois saber o que podem os Estados europeus fazer – e podem fazer (e já) duas coisas: por um lado, o BCE devia deixar de usar a avaliação que essas agências fazem para classificar os títulos que aceita como garantias colaterais e os Estados membros deviam não só romper os contratos com essas agências mas também promover a criação de uma agência europeia de rating. Por outro lado, acabar com as emissões de dívida nacional e criar as eurobonds, ou sejam, dividas soberanas pelas quais todos os países da zona euro respondem solidariamente, o que faria subir os juros para os bons alunos, mas (e principalmente) descer os juros para os países que estão sob este ataque especulativo - o que também permite perceber as reticências da Alemanha.


Com o ataque à Itália a situação ganha uma nova gravidade e urgência pois este país (que é uma das dez maiores economias do mundo), caso entre em situação de default não é salvável, pela sua dimensão.


Claro que a melhor e mais prática solução passava, no nosso caso, por uma auditoria às contas do Estado e pela sua total transparência, isto contando que não há contabilidade martelada e há dinheiro em caixa… caso contrário, é favor ignorar a sugestão.

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