A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Véspera do 1.º de Dezembro

Mais uma vez, somos forçados, por motivos de agenda a deixar que alguém fale por nós visto não termos tempo para realizar essa tarefa cabalmente...

Assim sendo, e visto que estamos na véspera do Primeiro de Dezembro, dia em que em 1640 Portugal recuperou a sua independência de facto de Espanha, que mais para além de propaganda monárquica poderíamos cá deixar?

É pois com o nacionalismo inchado que deixamos à atenção de V. Exa. o seguinte vídeo:



(Video furtado, a companheiros de causa, via facebook)

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O pequeno grande problema da falta de originalidade

Como sempre, atenta ao que de mais ruidoso vai acontecendo no nosso país, deparo-me com uma greve geral. A semana passada foi marcada pelo exercício desse direito que chega a todos que é o de, simplesmente, encostar o trabalho para canto e deixar de produzir. Tão fácil quanto isto. Normalmente, associada a este genuíno "agora ficas aí que amanhã já te pego", vem sempre uma organizada manifestação, já que ninguém faz greve só por fazer (ou pelo menos, supostamente). Então, a grande maioria dos grevistas, sob pretexto de estarem empenhados em fazer barulho na rua, não fazem greve no local de trabalho, nem na rua, mas sim em casa, ou aproveitando um dia para actividades de lazer, como se de um dia de férias se tratasse. A outra, a pequena maioria, anda por aí a, literalmente, colar cartazes e protestar contra as medidas desagradáveis mas, ao que parece, necessárias, que o nosso Governo decide ir tomando.
Este modelo de protesto, dá-me a entender até à data, não ter feito grande diferença para o alcance desse objectivo do proletariado que é alterar, de facto, o rumo das coisas. Na Assembleia não se recua com as políticas por causa do mais ou menos barulho que os grevistas fazem, nem pelas constantes dificuldades logísticas que, a sua paragem no trabalho, implica para o decurso natural da vida quotidiana. É um dia em que, outros milhares de portugueses que já se aperceberam, a esta altura, que se torna mais rentável não empatarem o dinheiro que ganham num dia de trabalho numa greve que, no fim, não traz beneficio nenhum, são obrigados a fazer exercícios de gincana complicadíssimos para chegar a horas ou, sequer, chegar ao trabalho porque, outros tantos profissionais dos transportes públicos decidiram nem sequer asseguras os serviços mínimos. E é isto a greve geral em Portugal: um dia de barulho, cartazes e palavras de ordem no caos das grandes cidades.
Aos Srs. manifestantes e dirigentes destas minimamente relevantes lutas sindicais: em vez de prometerem a toda a hora novas formas de luta, lutem mesmo de forma diferente. Ao que parece isto com berros e a fazer parar o trânsito não vai lá camaradas!... Está na hora de serem criativos e mostrarem que há, realmente, outras formas de luta. Ou isso é só bluff? É que há sempre a greve de fome, a greve de sexo, a greve de banho...e sei lá que mais.
O mundo precisa de criatividade e este problema, o da sua falta, tem sido transversal, afecta a sociedade no geral e o individuo em particular. Já ninguém se preocupa em ser original com as coisas que importam, as pessoas acomodam-se ao pouco que a vida oferece e, nem quando é a olhos vistos insuficiente, se esforçam para atingir os objectivos mínimos a que se propõem.
Mes amis, falo-vos da greve como poderia falar de dezenas de outras coisas em que essa atrofia de ideias está patente. Ainda não foi tudo inventado, garanto, e se há 30 anos era fácil ser original, hoje, provavelmente, é mais exigente...mas possível. Portanto, naquilo que está ao vosso alcance, mostrem que não andamos a dormir nem a agir apenas de acordo com o que nos ensinaram e que podemos, a toda a hora, fazer melhor.

sábado, 27 de novembro de 2010

Presidenciais - As causas da derrota de Manuel Alegre

Numa altura em que faltam pouco menos de dois meses para as presidenciais, julgamos oportuno tratar este tema agora. Até porque à medida que se vai aproximando o dia do escrutínio, o debate tende a pender para a estupidez. Excepção feita aos debates televisivos, normalmente, as acções de campanha são um somatório de nadas.

E que dizer, pois então, destas eleições presidenciais? Há pouco a dizer, de facto, a não ser que tratar-se-ão de um longo e contínuo bocejo sem história, com o vencedor claramente definido à entrada para o combate – Cavaco Silva. Aqui recuamos um pouco no tempo para nos pronunciarmos sobre Manuel Alegre. Julgávamos nós no passado, há uns meses, que esta eleição não era garantida para Cavaco. Com efeito, havia o problema do casamento homossexual e a tensão com a direita mais conservadora, surgindo o espectro de um novo candidato à direita que lhe fosse capaz de retirar os votos da direita mais religiosa. Porém, o putativo candidato Ribeiro e Castro nunca reuniu o apoio do CDS, já reservado ao Prof. Cavaco Silva e evitou comparecer a um combate inútil e, com certeza, humilhante. Este facto aliado à indisponibilidade de Bagão Félix – este sim poderia contar com o apoio do CDS – resolveu o problema da direita mais conservadora. Mas restava ainda o facto de Cavaco ser o presidente em exercício que, nas vésperas de uma recandidatura, reunia a mais baixa taxa de aprovação de todos os Presidentes, algo que seriamente perigava a sua vitória à primeira volta. Lembramos os célebres episódios do Estatuto dos Açores ou das escutas a Belém. Cavaco soube, no entanto, aproveitar a ocasião que lhe era mais propicia para solidificar a sua posição nas sondagens: a crise orçamental e os respectivos diferendos entre PS e PSD. Isto permitiu-lhe recuperar popularidade e credibilidade e usufruir da maior vantagem de que ele dispõe: o correcto exercício das suas funções. A boa gestão da crise orçamental de Cavaco contrapõe-se à desastrosa gestão de Manuel Alegre. Na verdade, havíamos dito no passado que o problema de Alegre seria conquistar o centro do eleitorado e no centro residiria a chave da vitória desta eleição. Manuel Alegre apresentava uma desvantagem neste âmbito para Cavaco: é que o centro, naturalmente, lhe pertencia, uma vez que o actual Presidente é ideologicamente mais identificado com o centro do que Alegre. Ora, sabendo de antemão, isso Alegre teria de aproveitar melhor o período da crise orçamental para convencer os eleitores do centro. E que aconteceu com Alegre? Ora sua excelência foi sonegar os slogans do Sr. Francisco Lopes e atacou especuladores e grandes grupos financeiros. Não pode, V. Ex., não pode!

Uma sucessão de tropeções explica o actual estado definitivo das coisas. A verdade é que Alegre representa mais o sector da extrema-esquerda e um sector antiquado da velha esquerda do PS. Os votos da extrema-esquerda valem-lhe 20% e os da velha guarda do PS os restantes. Mas a grande maioria dos militantes socialistas, posicionando-se no centro-esquerda estão a fugir para Cavaco ou para lado nenhum, refugiando-se no voto em branco ou na abstenção. A união da esquerda – PS, PCP e BE – em torno duma eleição legislativa ou presidencial é inviável devido à clivagem ideológica que separa um PS moderado de um PCP e de um BE sectários. Poderá acontecer numa eleição autárquica, como seria desejável que tivesse acontecido nas últimas eleições para a CM de Lisboa, em que a ideologia não é tão grandemente convocada a desempenhar um papel. Numa eleição presidencial porém, tal não é possível em que o candidato é chamado a pronunciar-se sobre as questões do País, não obstante o poder executivo possuir ao Governo.

Errou, portanto, o PS ao escolher Manuel Alegre? Nisso mantemos a nossa opinião – e dizemos que não. A antecipação de Manuel Alegre ao PS inviabilizou o aparecimento de uma outra candidatura à esquerda pelo que não havia alternativa. O que restará ao PS fazer é limitar as perdas – e isso ele já o vem, discretamente, fazendo. Basta estar atento à inexistente campanha de Alegre que se resume ao seu MIC e ao BE. A intenção é que a derrota nas Presidenciais seja encarada como uma derrota pessoal de Alegre e não uma derrota do PS.

Por fim, apenas um desejo – esperamos que a vitória de Cavaco não seja o prenúncio do inicio de um período de instabilidade governativa, como origem em Belém, totalmente inconciliável com os objectivos de execução orçamental do próximo ano.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Parlamentos

Estimado leitor,

No glorioso dia de hoje depomos aos augustos pés de V. Exas. alguns episódios caricatos daquele que deveria ser o verdadeiro bastião da democracia - o local para onde se elegem os dignos representantes do Povo e que exercerão o poder em seu nome. Pois então é isto que significa o poder? Ora, queira o benévolo leitor visualizar:
De Lord Nelson:

Quando pensamos em Parlamento pensamos no Reino Unido - daí que o vídeo venha de lá! Quem dera a Sócrates ter um assistente assim para o ajudar nos momentos mais difíceis.

De Letícia, A Marquesa:

O Parlamento é como a vida: quando não se resolvem as coisas a bem, resolvem-se a mal... Ai como eu gostava de ver embrenhados numa luta semelhante o Portas e o Sócrates... Quem é que venceria? Aceitam-se apostas, Caríssimos!

De Madame Pompadour:

Haverão poucas coisas mais aborrecidas do que as longas discussões parlamentares que, na maioria das vezes, resolvem muito pouco. O que nos conforta o espírito, são os pequenos momentos de descompressão a que, os nossos estimados deputados e governantes, nos votam de vez em quando.



De Carlos Jorge Mendes:

Creio que este vídeo demonstra bem a promiscuidade juvenil e hormonal que vai na cabeça dos nossos deputados, que em vez de discutirem no Parlamento os problemas do País, debatem, por códigos nada subtis, aquilo que se verá.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 de Novembro


Hoje comemora-se uma importante efeméride no nosso país! Talvez tão ou mais importante que o 25 de Abril – pois se em Abril caiu uma ditadura, só em Novembro (de 75) nos livramos do perigo real de entrarmos noutra, de pendor oposto.

Corria o longínquo ano de 1975 e os ventos quentes do PREC quando uma série de tropa, (Otelo Saraiva de Carvalho y sus muchachos) saiu à rua para tentar, por via da força, instalar a ditadura do proletariado (e fuzilar alguns “fascistas” no Campo Pequeno).No entanto o Golpe falha – graças a Costa Gomes e Ramalho Eanes – e o perigo vermelho vai-se afastando. Hoje sim, viva a liberdade!

Se ontem os sindicalistas mais admiradores do regime soviético andavam felizes com os números da greve geral, hoje o Opinador recomenda-lhes bicarbonato de sódio contra a indigestão.

Caso o ilustre leitor não esteja familiarizado com este episódio recente da História portuguesa, recomendamos o visionamento deste vídeo. Se estiver, veja na mesma que é engraçado.



Ironicamente, no dia em que se devia comemorar a liberdade, quis o destino que tivéssemos de informar o leitor que a nossa análise sobre candidaturas em curso se encontra suspensa por motivos regulamentares, já que faltam menos de 60 dias para as presidenciais. A normalidade retomará dentro de momentos!


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Males incuráveis

Qualquer declaração de um responsável político português negando a possibilidade de recurso ao FMI é imediatamente abafada pela estridência destes dados – o défice do Estado aumentou 215 milhões de euros até Outubro. Os nossos responsáveis políticos podem, genuinamente, não querer o FMI por estas bandas, mas lá que se põem a jeito, põem-se. E as desculpas começam a escassear. Se nos começos do Outono, alegava-se a insuficiência do tempo dos dois Programas de Estabilidade e Crescimento para produzirem efeitos, agora as desculpas esgotaram-se. Por um lado, um dos cenários dos dois Programas se confirma e está a produzir efeitos: a receita está a crescer. O problema é que a despesa continua a acompanhar a subida da receita, ainda que à custa da subida dos juros da dívida pública. Pouco importa, o défice está a subir e há quem cada vez mais duvide que o Fundo de Pensões da PT será suficiente para cobrir o buraco. O facto original e único de sermos o único País na Zona Euro cujo défice continua a engordar, vale-nos honras de chamada às páginas do Financial Times. Era bom que, por estas alturas, os nossos investidores lessem, ao invés, o Correio da Manhã e a sua secção de Vidas. Ou então poderíamos alegar em nossa defesa:
- Sim, o nosso défice está a aumentar. Mas, por outro lado, ganhamos um Emmy por uma telenovela.

Claro que com o nosso próprio Presidente da República a malhar na execução orçamental de 2010 também não ajuda. Sim, V. Ex.ª, com efeito: a execução orçamental de 2010 é aquilo a que podemos designar por excremento. Mas sabe que mais, Sr. Presidente? Cale-se! Não era V. Ex.ª que há dias dizia que havia demasiado palavreado na vida pública portuguesa e que V. Ex.ª, altivamente, não iria contribuir para o achincalhamento da Nação? Pois então, mais que não seja por coerência: cale-se.
Todavia, estas declarações do nosso Presidente não preocupam, verdadeiramente, os mercados. Por outro lado, há outro tipo de declarações que causam alguns problemas. E de quem haveríamos de falar senão the one and only, a Sra. Merkel? O hábito, a cada dia que se desenrola, faz diminuir o nosso espanto perante as declarações desta senhora. Enquanto todos os responsáveis europeus procuram amenizar a pressão dos mercados sobre os países mais débeis, desde o Sr. Comissário Rehn ao Sr. Presidente do Eurogrupo, o Sr. Juncker, eis que surge uma declaração espalhafatosa da Sra. Merkel e todos os esforços são vãos. E custa-nos sinceramente perceber o objectivo – mesmo algum objectivo oculto – destas declarações. Não falo já da situação portuguesa que para a Zona Euro não é a mais preocupante – mas da espanhola. Os espanhóis são uma das economias mais fortes da Europa e que estão a atravessar um período de forte pressão dos mercados, mesmo apesar das medidas de austeridade anunciadas e a sua respectiva execução. Se os espanhóis forem obrigados pelos mercados a recorrer ao FMI, a zona euro e, por extensão, o projecto europeu estão seriamente comprometidos. Aí sim, creio que poderemos falar de um verdadeiro efeito dominó que se poderá desenrolar. Enquanto os problemas forem com a Grécia, a Irlanda e Portugal, a crise permanece na periferia da zona euro. Pelo contrário, se a crise penetrar em Espanha, também o âmago da zona euro estará, irreversivelmente, comprometido. Além do mais, os bancos alemães detêm 147 biliões de euros da dívida pública espanhola – ainda mais do que o montante referente à divida pública irlandesa e bem mais do que divida pública portuguesa. Por tudo isto, temos dificuldade em compreender a Sra. Merkel. Menos dificuldade temos, porém, em entender os jornais alemães que, em catadupa, recentemente, têm levantando ondas de criticas em direcção à Irlanda. É que a Irlanda, sendo ajudada por todos os países da zona euro e, sobretudo pela Alemanha, pretende manter o imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas, o IRC, a 12,5%, metade daquilo que se pratica na generalidade dos países europeus. Temos alguma dificuldade em compreender como é que um País com 32% de défice pretende manter uma clara vantagem fiscal sobre os outros países que vêm em seu auxílio, escudados no dinheiro dos seus contribuintes.

Entretanto, e regressando ao nosso País, continuam a decorrer as alterações ao Orçamento para 2011 na especialidade. Ontem, foi rejeitada uma proposta do CDS para suspender as grandes obras públicas, com os votos contra de toda a esquerda e a abstenção do PSD! Supostamente, creio eu, o PSD exigiu como condição para a viabilização do Orçamento de Estado, a suspensão de todas as Parcerias Público-Privadas, exigência essa a que o PSD anuiu. Mas, sorrateiramente, eis que o PSD abandona a sua própria ideia, a sua própria exigência com a complacência do PS.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Coreias




Na Segunda Guerra Mundial forjaram-se, para derrotar o III Reich, alianças improváveis. Uma delas, talvez a mais conhecida, juntou as democracias ocidentais com o império soviético.

Já no final da Guerra, em Ialta, percebeu-se que seria muito difícil a convivência pacífica entre as duas maiores potências pelo que se definiram “áreas de influência” para cada bloco, estando à vista a morte do regime Nazi – nada mais foi que Tordesilhas revisitado. Dividia-se a Alemanha e traía-se a Polónia (que foi quem a Inglaterra e França procuraram defender ao declarar guerra em 1939 – coisas da realpolitik).

À distância de um mundo, no Pacífico, o Japão ainda aguentava, mas depois de duas bombas atómicas rendeu-se. O Oriente conheceu então dois novos senhores – URSS e EUA. Estes, fizeram a mesma coisa que se tinha assistido na Europa: delimitaram zonas de influência.
Ora foi neste processo que a Península da Coreia, que tinha estado há várias décadas sob dominação japonesa, foi dividida – o Sul democrático; o Norte marxista.
Porém, como se tratava de um país lá longe que os Ocidentais podiam não se interessar o norte marxista, com o auxílio soviético e chinês lançou uma ofensiva sobre a Coreia do Sul logo em 1950. A Guerra começou mal (para o Sul), mas acabou até bem, mantendo-se o status quo ante bello. O paralelo 38 voltou a servir de fronteira entre os dois regimes e não houve nenhuma escalada internacional que precipitasse a terceira guerra mundial.

A bem dizer nunca acabou porque o que desde 1953 existe é um cessar-fogo. Oficialmente os dois países continuam com a guerra declarada. E eis que chegamos a 2010 e uma coisa curiosa acontece (aconteceu hoje mesmo) – a Coreia do Norte atacou a Coreia do Sul.

Mas a conjuntura internacional é distinta – enquanto no Sul temos uma nação rica e democrática, apoiada pela generalidade da comunidade internacional, no Norte temos um regime dominado pela ideologia Juche, uma mutação marxista, e propriedade privada do amado líder Kim Jong Il, ao que parece gravemente doente e quase a vagar o lugar para o seu filho.

Na semana passada foram notícia purgas nas cúpulas do regime já para assegurar a sucessão ao filho do amado líder e neto de um também amado líder. Hoje assistimos a um bombardeamento norte-coreano da ilha de Yeonpyeong, na Coreia do Sul, que causou dois mortos e 18 feridos.
A Coreia do Norte de 2010 já não constitui o problema que era em 1950 – agora não tem o apoio Soviético e a República Popular da China (o único país que tem uma missão diplomática daquele Estado) dificilmente se envolverá num conflito em defesa dos interesses norte-coreanos – a China para crescer depende do Ocidente e tem já problemas seus como o Tibete e Taiwan.
Isolada na comunidade internacional a Coreia do Norte não deverá avançar para um conflito bélico quase suicida – e esta pode ser uma oportunidade de ouro para forçar o regime a abrir: ocupado na sucessão, com purgas internas, sem apoios… Pena é que a Casa Branca não tenha sido mais enérgica na condenação dos ataques.
Esperamos também a reacção doméstica, daquela esquerda sempre disposta a malhar nos terroistas americanos.

Vamos a ver o que dá… E em Janeiro Portugal vai estar no Conselho de Segurança da ONU!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A vida dos outros

Hoje, segunda-feira dia 22 de Novembro, inicia-se uma nova semana. Provavelmente uma menos atormentada por preocupações internacionais de relevo, como a manutenção da segurança de uma cimeira da NATO repleta de líderes mundiais, ou a bajulação a esses mesmos representantes que visitam o nosso país por umas míseras horas, ou a detenção de manifestantes que praticam actos pacíficos de expressão grupal ou, até, a concentração de mirones em todos os sítios de Lisboa onde se possa respirar um pouco de movimentação pré, pós ou durante cimeira. Vamos todos ter saudades dos espaços noticiosos dedicados às ruas cortadas da capital e respectiva reacção dos transeuntes, aos amantes de aviões que não arredaram pé das imediações do aeroporto enquanto não captaram imagens do Air Force One, aos desocupados que quiseram ver de perto/longe o Obama... Ahhh, jornalismo do bom...!
O que nos vale a todos, é que, uma das coisas que vai continuar a fazer parte do nosso dia-a-dia, pelo menos até data a definir, é a notícia que, a meu ver, foi a mais interessante e importante que qualquer cimeira da NATO que se pudesse realizar neste país e, à custa dela, quase passou despercebida. Leitores, pessoas em geral, preparem-se, porque o mundo vai parar uma vez mais: casamento real na Primavera!
O que será melhor para adormecer os espíritos atormentados pelas notícias tenebrosas sobre a crise e aquilo que vai sair dos bolsos dos cidadãos até sabe-se lá quando, do que um casamento aparentemente ideal e feliz?! Ainda por cima, um casamento real! Melhor do que isto eu digo-vos o que seria...um casamento real no Mosteiro dos Jerónimos, mas como a nossa realeza, ou espécie disso está já resolvida quanto a esse assunto (para mais esclarecimentos entrar em contacto com Lord Nelson, o nosso especialista nos assuntos da classe alta) e, daquilo que me apercebo, não temos príncipes jovens, bem sucedidos, charmosos e com idade para casar como o venerado Príncipe William, teremos de partilhar e acompanhar o entusiasmo do casamento real britânico.
Enquanto isso, por terras de Sua Majestade, o reboliço típico deste tipo de eventos começou a notar-se de imediato. Os londrinos já andam loucos atrás de pratos decorativos com a imagem do feliz casal impressa no fundo e as meninas, oh meus amigos, as meninas andam histéricas! Acabam de ver desfeitos os seus sonhos de, um dia, poderem cruzar olhares cobiçosos com o elemento mais sensual da família real, mas não faz mal, porque, para além de ainda haver mais um príncipe casadoiro disponível, decidiram render-se ao amor...agora, todas querem um anel igual ao da princesa, já que não podem esperar muito mais do que isso.
Eu, como amante das histórias felizes e idealista quanto à possibilidade de manutenção de um casamento bem sucedido nos nossos dias, pensei já em preparar o meu melhor modelito, comprar umas sandes e reservar, mal seja conhecida a data da boda, o voo para Londres, para celebrar e acompanhar de perto este marcante momento da história mundial.
Ao menos, por agora, teremos garantidos uns minutos dos jornais televisivos reservados a uma bonita história onde os protagonistas não são um casal de desempregados entre os 40 e os 50 anos cuja vida passou pela dedicação exclusiva a uma qualquer fábrica do norte no país que abriu falência no último mês e que, à custa disso, não auguram nada de positivo para os próximos tempos já que não podem contar com os apoios sociais em que, o nosso Primeiro, entretanto cortou prevendo apenas uma ida regular às instituições de solidariedade social que ainda têm condições para distribuir sopa pelos pobres.


domingo, 21 de novembro de 2010

A Cimeira da Nato, os tristes e a Shakira

A Cimeira da Nato em Portugal já deu as últimas de si. Foram longas horas de reuniões, de conversações, de jantares e de trocas de palavras entre os Chefes de Estado de mais de sessenta países pertencentes a esta organização.

Lisboa parou. Não obviamente para ver passar Obama e o seu cão-de-água com uma costela portuguesa, mas porque foi concedida tolerância de ponto na passada sexta-feira, dia 19. Com receio de que a segurança e até a vida dos alfacinhas corressem perigo, todos puderam ficar em casa, em jeito de fim-de-semana prolongado. Mas nem todos puderam gozar desta benesse. Os funcionários da Câmara Municipal de Lisboa, por ordem do Sr. Presidente António Costa, lá tiveram que se apresentar ao serviço, porquanto a CML tem sempre muito que fazer e os índices de produtividade não podem diminuir, sobretudo numa época como a actual em que se impõem sacrifícios como o de pôr em risco a vidinha em prol do serviço público (não contem nada a ninguém mas, a meu ver, houve um arrufo de melhores amigos e o António Costa quis mostrar ao Sócrates que quem manda no seu palácio, leia-se, Câmara, é o Costa!).

Mas não pensemos que foram apenas os afincados trabalhadores da CML que não puderam regozijar-se com a tão bem-vinda ponte. Todos os portugueses que não os lisboetas também ficaram tristes com a Cimeira, questionando-se acerca da verdadeira importância do evento. Ora o facto da Cimeira da Nato se realizar pela primeira vez em Portugal não deveria conduzir ao decretamento de tolerância de ponto em todo o território nacional? Então por que motivo é que apenas foi concedida tolerância na capital? Pessoalmente, fiquei bastante triste, porque, caso me fosse permitida a ponte, eu juro pelos meus cabelos ruivos que teria ficado em casa, com uma mantinha que este frio não se aguenta, a seguir pela tv cada palavrinha proferida pela Angela Merkel ou pelo Sarkozy.

Os fãs dos Arcade Fire, conhecida banda canadense, também soluçaram muito quando souberam que o concerto agendado para a passada sexta-feira, que tanto ansiavam há mais de um ano, foi adiado sine dia. E tudo por causa da Cimeira!

Outros tristes da Cimeira foram os milhares de portugueses que, habituados, graças ao Acordo de Schengen, a poderem circular livremente entre Portugal e o resto da União Europeia, se depararam com filas intermináveis nos últimos dias junto às fronteiras, de modo a que as forças policiais e de segurança pudessem fiscalizar todos quantos as quisessem transpor.

No entanto, o mais triste da Cimeira foi Sua Excelência o Sr. Presidente da República, Cavaco Silva. E perguntais vós porquê, Caríssimos Leitores. E perguntais bem. Em reuniões faustosas como esta, é habitual os Chefes de Estado trocarem entre si presentes. E a Cimeira da Nato não constituiu excepção. Nós, portugueses, como sempre querendo mostrar aos demais que somos óptimos anfitriões e pretendendo mostrar o que de melhor tem a nossa santa terrinha, vai de oferecer ao mui nobre Presidente dos EUA, Barack Obama, mil e uma coisas, como sejam uma garrafa de vinho do Porto Vintage "Quinta do Noval" de 2008, ano em que Obama foi eleito, um decantador em cristal desenhado por Siza Vieira, uma escultura em bronze representado o cão de água, entre outras prendas. Pois bem, a cavalo dado não se olha o dente, mas o que é que os EUA nos ofereceram, Caríssimos? Nada mais, nada menos que uma cópia (atentai bem, uma cópia!) do primeiro tratado outorgado entre Portugal e os EUA, o Tratado de Comércio e de Navegação, celebrado em 1840. Qual vai ser o destino desta fotocópia? Pois eu não sei. Mas se a destinatária do presente fosse a minha pessoa, eu bem sabia qual o rumo que lhe iria dar...

Pelo menos, a Shakira, cantora que actua hoje à noite no Pavilhão Atlântico, lá conseguiu manter o seu milionésimo concerto em Portugal, mesmo quando já prenunciavam que este evento também conheceria adiamento por causa da Cimeira. Não sei como será possível encher tal pavilhão quando já estamos fartinhos de a ter por cá. Falta de originalidade? Falta de melhor oferta? Em tempos de crise, vale tudo. Como diria o outro, é uma tristeza!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sábado, 20 de novembro de 2010

Coligações Governamentais

Na semana passada, em entrevista ao Jornal “Expresso”, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, defendeu a necessidade de se formar uma coligação governamental. José Sócrates logo lembrou que no inicio da legislatura deste Governo, ele havia convidado os partidos nesse sentido. O PSD imediatamente a descartou, ao recordar-se desse pensamento altruísta de partilha do poder, classificando-a de inoportuna. O CDS recordou as declarações passadas de Paulo Portas para um governo de salvação nacional PS-PSD-CDS – mas sem este Primeiro-ministro. PCP E BE defenderam que coligação já ela existe: basta olhar para o Orçamento para 2011.

Mas e os interesses partidários – conjugam-se eles no sentido de uma coligação? Para o PS ela é desejável: conferiria estabilidade governativa, traria definitivamente o PSD à associação com as medidas de austeridade, adiando possibilidade de eleições antecipadas, dando tempo para uma maior recuperação nas sondagens – cuja vantagem do PSD, de qualquer modo, ainda não me parece irrecuperável. Para o PSD: ora o PSD foge de uma coligação como o diabo da cruz. Restam poucas dúvidas que o PSD pretende eleições antecipadas para meados de 2011 e a formação de uma coligação mataria esse desejo. O CDS está desejoso de uma coligação pelo ego do seu líder que quer, desesperadamente, ser membro de um Governo por uma última vez. O único entrave continua a ser o Primeiro-ministro que não nos parece que vá sair pelo seu pé só para satisfazer os desejos do Sr. Portas. E o Sr. Portas não poderia fazer parte de um Governo com o Sr. Sócrates tendo em conta todo aquele que vem sendo o seu discurso.
Logo à partida, portanto, a coligação está morta porque os interesses partidários assim o ditam. Os interesses particulares e estratégicos de PSD e CDS são opostos à formação de uma coligação, o que a torna inverosímil. Mas inverosímil não significa indesejável, isto é, - seria ou não uma coligação governamental benéfica para o País?

Diríamos que ela é não só benéfica como necessária, como dizia Luís Amado. A exequibilidade do Orçamento no próximo ano é fundamental para o nosso futuro enquanto Nação; sabemos que as medidas nele impostas são duríssimas, embora necessárias, e que irão estar sujeitas a forte contestação social; e temos grandes dúvidas de que o Orçamento possa ser escrupulosamente cumprido neste cenário de maioria relativa. O apoio das forças políticas à execução orçamental é necessário para a criar a estabilidade política, mas também a estabilidade económica e social sobre a qual a consolidação orçamental possa assentar. Sabemos que os entendimentos parlamentares são, por natureza, frágeis e muito dependentes daquilo que se passa na rua e, por isso, sujeitos a oportunismos de momento. E não é apenas a conjectura interna que assim o dita: são também as circunstâncias externas – com a Irlanda prestes a aderir ao Fundo de Emergência Europeu, o próximo alvo está já assinalado. E para que Portugal evite seguir um caminho semelhante, nenhum erro, nenhum desvio ao objectivo inicialmente estabelecido possa ser feito. E vários obstáculos serão enfrentados no próximo ano: seja pelos dados de execução orçamental ou pela avaliação semestral que tem de ser realizada à União Europeia. Esta seria, pois, uma boa altura para se iniciar a discussão – os olhares do mercados estão concentrados sobre a situação na Irlanda e Portugal pode agir preventivamente e caminhar no sentido da estabilização e da crispação, demonstrando que está efectivamente empenhado em cumprir com os seus compromissos. Até porque perante um calendário tão exigente de consolidação orçamental é bom que nenhum pense em jogos palacianos para eleições antecipadas em 2011.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O melhor de Portugal

Caríssimos,

Numa altura em que todos nós tratamos da pior forma possível o país que nos viu nascer, apontando-lhe todos os males que ele possui e mais alguns, convido-vos a colocar em pausa por meros instantes a vontade que possuís em mandar Portugal para trás, porquanto veio defeituoso.

Assim sendo, apreciem abaixo o melhor de Portugal. Porque o melhor deste cantinho à beira-mar plantado ainda existe e, mais que não seja, diz respeito ao óptimo sentido de humor que, mesmo numa conjuntura terrível, pauta alguns portugueses.


Por M. Pompadour,

Ai Portugal, Portugal... Ora bem, o que há de melhor no nosso país?... Não, não é o Cristiano Ronaldo que, curiosamente, foi apanhado na foto. Também não é a sua fisionomia saudável (mas bem poderia ser). Uma das riquezas deste nosso país à beira mar plantado é este sentimento de fraternidade, esta cumplicidade para com o próximo, a arte de bem receber, o dom da solidariedade e altruísmo quando calha a ajudar o próximo. É o calor do povo português que, para quem quer que nos visite, é digno de nota e recordado com enorme carinho.
Mas sim, uma das outras coisas são os exemplares masculinos, que nem sempre são barrigudos e de bigode.




Por Lord Nelson,

O melhor de Portugal? Muito haverá decerto a apontar... Nós, por agora, escolhemos essa grande instituição nacional que luta há anos em defesa do bigode e da bejeca - a GNR. Haverá algo mais português que um GNR, dos antigos, bem patuscos, sempre pronto a chatear o cidadão que prevarica com o seu sotaque bem vincado e os seus erros ortográficos?
Sim há! Um GNR como o da imagem, que é o primeiro a prevaricar...






Por Carlos Jorge Mendes,

Para que todos os portugueses se possam besuntar de um pouco de conhecimento aqui fica uma amostrazinha do talento do que há de melhor em Portugal.




Lição número 1: Olhar a mulher como se ela se tratasse de um pedaço de carne que vamos adquirir ao talho, ao preço de 2 euros o quilo;

Lição número 2: Tratar por você a mulher, independentemente da sua idade;

Lição número 3: Quando o creme estiver bem espalhado e a mulher expressar a sua satisfação, faça-a descer à terra e diga brutalmente, quando espalhar o resto do creme nas pernas: "Foi só para tirar o resto". Ela saberá quem manda.



Por Letícia, a Marquesa,

Portugal é o país dos Descobrimentos, daqueles que se lançaram à conquista do Mundo e que foram bem sucedidos.





Portugal é o país que viu nascer personalidades de incontornável nobreza e importância como






ou até mesmo



Portugal é um país de

, de belas

,de boa

, das festas populares e romarias


,de alegria e de hospitalidade das pessoas que nele habitam.




Portugal é o lugar a que chamamos casa. Assim sendo, mesmo que muitos estejam actualmente a tentar vender Portugal, portugueses, não os deixem vender a nossa casa!



quinta-feira, 18 de novembro de 2010

NATO em Lisboa


Agora sim, o post prometido:






Com o final da Guerra Fria em 1991 poderia parecer que a NATO teria os dias contados – sem um inimigo vermelho (o Pacto de Varsóvia) perderia a sua raison d’être. Mas cedo se provaria que não seria esse o caso, sendo a intervenção na Ex-Jugoslávia o afastamento do toque de finados. A Aliança sonhou mesmo em ser, nos anos 90, o braço armado da única super-potência mundial, chamando a si a função de polícia do mundo.

E eis que a NATO chega ao Século XXI, ao ano de 2010 e à cidade de Lisboa. Nesta cimeira certamente o dossier Irão está em cima da mesa. Mas a NATO também é Turquia, o único país com maioria muçulmana da aliança… E na Turquia o executivo de Erdogan é claramente pró-islâmico e mantém boas relações com o Irão. Ora qualquer tentativa de defesa terá necessariamente de envolver a Turquia (note-se que há o projecto de instalar radares em território turco para monitorar o que anda a preparar Teerão) e qualquer condenação do regime iraniano terá de ser assinada por todos, também pela Turquia. Coloca-se pois a questão de saber como irá Ancara gerir todas estas sensibilidades.

Haverá compreensão com a Turquia – a nossa ponte para o mundo islâmico? Ou Obama insistirá numa posição inflexível de condenação do Irão para tentar obviar os efeitos do Tea Party no seu país?


Menos vitalidade tem a ideia da NATO unipolar como polícia do mundo. A Rússia, apesar dos inúmeros problemas que tem, não aceita ser um small player na cena internacional – de facto, Medvedev afirmou (e com a guerra da Geórgia de 2008 com muita força) o direito ao controlo sobre o “estrangeiro próximo”, expressão politicamente correcta para definir o neo-imperialismo russo.


Medvedev já conseguiu aproximar-se da NATO em pé de igualdade – começou com a cooperação no Afeganistão e vem agora a Lisboa cimentar as relações cordiais (com menos de 1 ano) com a Aliança e tentar uma reformulação na instalação do escudo anti-mísseis no Leste Europeu – causa de atrito nas relações com aquele Estado.


Talvez fruto da doutrina Bush, o poderio militar da aliança está disperso em duas frentes de combate – e cada vez mais fragilizado junto das opiniões públicas e publicadas. Isto, juntamente com a crise que atingiu em cheio o Ocidente, polarizaram os centros de decisão, numa miríade que já não se via desde antes da Guerra Fria. A NATO já não é polícia – volta à função de pacto de protecção mútua, plasmada no artigo 5.º do seu Tratado fundador.

Antes de terminar – quão parolo é marcar uma tolerância de ponto para desobstruir o Parque das Nações? Sinceramente…

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A Crise da Zona Euro

Mais uma vez no dia de hoje a notícia que absorve a atenção dos jornais é a crise da zona euro. Uma crise que ainda se vive porque na sequência da reunião dos Ministros da Finanças da zona euro de ontem – ainda não foi desta que a Irlanda anunciou o recurso ao Fundo de Emergência Europeu. Foi anunciada, isso sim, a constituição de uma equipa que se deverá dirigir a Dublin para discutir a melhor forma de auxiliar a banca irlandesa – meras conversações técnicas ou o prenúncio do recurso inevitável ao Fundo? Nesta questão temos, uma vez mais, em confronto o interesse próprio de um membro da zona euro e o interesse da zona euro no seu conjunto. Por um lado, a Irlanda não tem necessidade de recorrer ao financiamento do mercado até 2011. Assim, os responsáveis irlandeses esperam que a poeira até lá assente, para que quando volte a chegar o momento de se financiar o consiga fazer a taxas de juro suportáveis. Por outro lado, o interesse da zona euro é que a Irlanda recorra já ao Fundo para estancar o perigo de contágio, acalmando os mercados e descendo as taxas de juro de Portugal, mas sobretudo de Espanha e Itália que são economias de grande peso na UE. Qual é o problema disto? A Irlanda receia o estigma de recorrer ao Fundo: não é apenas a perda de soberania, o fim do sistema fiscal atractivo que impulsionou o milagre económico: é também o momento em que a Irlanda por si, novamente, se financie nos mercados. Na minha opinião – a Irlanda devia recorrer já ao Fundo. E não apenas em nome da estabilidade da zona euro, mas também no seu próprio interesse. Esta sentença pareceu-me inevitável logo no momento em que a Irlanda anunciou que devido aos problemas no seu sistema bancário o seu défice subira para 32%. É um rombo demasiado grande para ser reduzido num curto espaço de tempo, nesta conjectura, sem ajuda exterior. Este problema está já a fazer-se sentir sobre os países da zona euro, pelo que deixou de ser um problema exclusivamente irlandês, para passar a ser um problema europeu. E se a Irlanda persistir nesta situação, ela não se alterará até Junho de 2011: é um problema que não pode ser desprezado só porque a Irlanda tem assegurado o seu financiamento até lá.
Entretanto, a Alemanha, o líder tácito da União Europeia, comporta-se deploravelmente durante todo este processo. Relembramos a medida alemã para que os investidores privados suportem parte dos custos de futuros bailouts. O objectivo é fazer com que os investidores pensem duas vezes antes de emprestar dinheiro a determinados países, certo? Certo. Porque segundo a Sra. Merkel a culpa da crise, e já desta crise da zona euro de dívida soberana, é dos excessos de mercado. Aqui uma curiosidade: o mercado alemão – além do inglês – concentra grande parta da dívida irlandesa: 288 biliões de dólares. Não é tão bonito quando um líder político europeu dá tiros nos seus próprios pés, mais propriamente no seu próprio sistema bancário? Então a Sra. Merkel está a atribuir directamente as culpas da crise ao seu próprio País? Isto não é patriotismo saloio vingativo: é retórica aplicada à azelhice política. Como criticar os excessos de mercado se é o seu próprio País que os incentiva e os pratica uma vez que detém grande parte da dívida pública da Irlanda? Claro que é oportuno criticar agora os excessos do mercado quando há receio de que a crise da dívida pública irlandesa rebente nas mãos dos bancos alemães; mas enquanto o problema não se sentiu, e enquanto os irlandeses pediam fiado e os lucros dos bancos alemães engordavam não havia problema algum. Isto, a nós, não nos parece criticável, caso contrário a economia mundial pára: é preciso é que se empreste responsavelmente. E aqui surge outra questão: com que objectivo terá a Sra. Merkel escolhido o timing para anunciar a alteração das regras do mecanismo de crise? Estará a Sra. Merkel verdadeiramente empenhada em resolver a crise de estabilidade da zona euro ou antes com a estabilidade dos seus bancos, procurando assim forçar e pressionar a Irlanda a recorrer Fundo, reduzindo os seus riscos de incumprimento e, por extensão, aliviando o seu próprio sistema bancário?
Mas mais do que tudo isto, o que esta actual crise volta a colocar a nu é a ausência de um verdadeiro líder que se imponha naturalmente na Europa; mas um líder que se imponha pelo seu carácter e pelas suas ideias, o que claramente não tem sido o caso com a Sra. Merkel.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Por falta de tempo...

Caríssimo leitor,

Por motivos de agenda foi-nos impossível elaborar um post com princípio meio e fim, acerca do tema a que nos propunhamos -a Turquia e a NATO.
Vemo-nos obrigados a adiar para 5a feira essa nossa pretensão. Até lá deixa-mo-lo com algo que nada tem que ver com aquilo !

Just for fun:

Ora digam-me lá se esta senhora Bubbles Devere tem ou não muitas semelhanças com o Estado Português - ambos falidos, sem pagarem a quem devem - mas mantendo o seu nível de vida, nem que para isso... E ambos gostam de andar de tanga!






Vede os vídeos e deverti-vos... Mais uma vez, a gerência apresenta as suas desculpas...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

FMI


Num dos muitos momentos de reflexão aos quais os comuns mortais dedicam o seu tempo e, atendendo às questões prementes da nossa sociedade, dei por mim a questionar-me: o FMI é mau? Sim, é. Mas não gostaríamos todos nós de, a dada altura da nossa vida, ter um FMI que irrompesse de nenhures e resolvesse por nós os problemas que, depois das nossas tentativas infrutíferas e ausência de sucesso, brindasse a nossa pacata vida do brilho e alívio do retorno à normalidade?
No contexto em que o conhecemos, o FMI é como um Sócrates versão 2.1, com upgrade de malvadez e desconsideração pelos pobres e classe média/baixa melhorada, é a mão económica de Satã, implacável e medonha capaz de, num hábil gesto, arrasar com a sensatez e atenção pelo povo e fazer surgir debaixo da capa negra todas as medidas financeiras que ninguém tem coragem de tomar sob pena de ser chacinado em praça pública.
Pois bem, eu gostava de ter um FMI só para mim. Um que, em vez de ser monetário internacional, fosse moderado de intervenção e estivesse sempre disponível para, quando eu não tivesse coragem para tomar certas medidas ou sequer tivesse solução reconhecida para o meu drama pessoal, pairar sobre a minha vida e salpicá-la com pós mágicos de apaziguamento. Um que chegasse, cheio de graça, sem chifres ou falsas simpatias e tivesse a leveza e experiência para saber agir com a prudência que, tantas vezes, nos falha.
Ao invés, teremos sempre o espaço suficiente para meter os pés pelas mãos e, supostamente, aprender com os erros que, sabe-se lá porquê, insistimos cometer. Vamos repetindo-os pelo caminho por não termos nunca a maturidade suficiente para avaliarmos ajuizadamente as situações, por sermos reconhecidamente ingénuos quando a complexidade dos problemas aumenta e deixamos de sentir o pulso às questões. Quem negará a utilidade de um FMI pessoal?
Pois bem, para este Natal, querido menino Jesus e Sr. Pai Natal, já que ambos parecem estar de serviço, gostaria que me deixassem no sapatinho um Fundo Moderado de Intervenção, de preferência em tons de dourado, para combinar com as cores dos cortinados do meu quarto, e aromatizado de coco.

domingo, 14 de novembro de 2010

Estagiário, estagiário, quem és tu? Ninguém.

Ou Alguém. Alguém que concluiu o seu curso (no caso dos advogados estagiários) de Direito, que estudou dias e noites a fio manuais com páginas infinitas. Alguém que realizou um sem número de exames escritos e orais. Alguém que teve de procurar um patrono assim que concluiu a sua licenciatura para poder inscrever-se na Ordem dos Advogados como advogado estagiário. Alguém que, nos dias de hoje, teve ainda de concluir o Mestrado em Direito ou então de se submeter à aprovação num exame nacional de acesso ao estágio para poder efectuar tal inscrição. Alguém que teve de passar por um período de seis meses de formação semanal nos Conselhos Distritais da OA. Alguém que teve de realizar 3 exames no final desse período de seis meses e ficar aprovado em todos eles, sob pena de ter de começar o estágio do início. Alguém que teve de continuar o seu estágio por mais 2 anos e, no fim deste tempo, ficar aprovado num exame final escrito de agregação e num outro exame final mas de índole oral. Estagiário de advocacia. Nós sabemos do que falamos.

No entanto, Caríssimos Leitores, se eu vos disser que durante esta incursão de 2 anos e meio de estágio com tantos formalismos e exames condicionantes do prosseguimento do estágio não somos, via de regra, remunerados? É verdade que só escolhemos este rumo profissional por opção própria e já sabíamos para o que é que íamos, como bem diz a sábia gíria popular. Mas, mesmo assim, após uma licenciatura de 4 anos ou ainda de mais 2 anos de Mestrado (não Integrado!), termos de viver, na maioria dos casos (volto a frisar, porque há sempre as devidas excepções), sem qualquer tipo de remuneração ou ajudas de custo com a alimentação ou os transportes, é de uma tremenda irrazoabilidade.

Perante isto, qual não foi o meu espanto ao deparar-me esta semana com um comentário de um candidato a Bastonário da OA, comentário esse a dar conta do consagrado no art.º 141.º da Proposta de Lei do Orçamento de Estado. Este artigo torna obrigatória a existência de um contrato de estágio de advocacia escrito, bem como a sua correspondente remuneração com um subsídio mensal, subsídio de alimentação e seguro de acidentes pessoais. Prevê ainda que caso o estagiário permaneça no escritório após o período de estágio, será obrigatoriamente considerado um trabalhador por conta de outrem. Atente-se que este artigo não se dirige exclusivamente aos estagiários de advocacia, mas também e sobretudo visa estes estagiários. Senão, vejamos o que prescreve a alínea d) do n.º 3 deste artigo, quando esclarece o que se deve entender por entidade promotora: "pessoa singular ou colectiva que concede o estágio, incluindo a pessoa singular que na qualidade de patrono e ao abrigo das disposições legais e regulamentares que regulam a realização de estágios profissionais obrigatórios para o acesso ao exercício de determinada profissão, orienta o respectivo estágio", sendo que o patrono é, por excelência, o advogado que orienta o estagiário de advocacia.

Considero justo procurarem consagrar legalmente a obrigatoriedade de remuneração aos advogados estagiários, já que durante 2 anos e meio muitas são as horas de trabalho levadas a cabo por nós e muito contribuimos (ou, pelo menos, tentamos) para o bom desempenho profissional do escritório. No entanto, discordo totalmente de certos absurdos contidos nesta previsão da proposta orçamental, como seja a necessidade do advogado estagiário outorgar um contrato de estágio escrito que se poderá transmutar num contrato de trabalho por conta de outrem no terminus do estágio. A advocacia é, por natureza, uma profissão liberal e se isto até pode, ainda que com muito esforço, fazer sentido no respeitante às sociedades de advogados que admitem estagiários que se tornarão certamente futuros colaboradores, já não se encaixará na realidade dos advogados em prática individual. Repare-se que se reduz mesmo os advogados estagiários a assalariados (é impressão minha ou, mais uma vez, temos uma tentativa de intromissão do poder político no domínio auto-regulatório da advocacia?). Ademais, se esta proposta for avante e se tornar lei, julgo que o próprio estágio vai tornar-se (ainda) mais difícil, porquanto os advogados não vão aceitar como seu estagiário alguém que sabem de antemão que terão de remunerar obrigatoriamente.

Caríssimos, se passar a ser obrigatório para aceitar um estagiário remunerá-lo, atribuir-lhe um seguro de acidentes pessoais e ainda subsídio de alimentação, quem, e refiro-me sobretudo aos advogados em prática individual, é que aceitará estagiários? Actualmente raros são os estágios que são remunerados e o advogado estagiário só consegue muitas vezes fazê-lo, porque até dá jeito ao seu patrono ter alguém que o ajude a adiantar serviço e de modo gratuito. Ora se o advogado tiver que pagar ao estagiário, já não vai querer nem precisar dele. Em conclusão, será o fim do estágio e do acesso à profissão.

Em tempos difíceis para a justiça, para os advogados e com um recurso à via jurisdicional cada vez mais raro dadas as elevadas taxas de justiça para aos tribunais aceder, os advogados estagiários têm tudo contra si: não são, via de regra, remunerados; a terem de ser, não lhes vai ser dado estágio, comprometendo assim o seu percurso profissional; para além da inexperiência que possuem. Por isso é que, quando conhecidos meus me procuram para os aconselhar se Direito é uma boa saída profissional, lhes digo como boa católica: Meu querido, benze-te duas vezes para ver se ganhas mas é juízo!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

sábado, 13 de novembro de 2010

A redução dos juros da dívida e a prestação da economia no 3.º trimestre

No dia de ontem, Nossa Sra. de Fátima revelou-se patrioticamente portuguesa.
Os juros da dívida pública portuguesa recuaram abruptamente e fartamente – após na quinta-feira terem atingido máximos históricos de 7,5%. No dia de ontem, segundo noticia o Jornal de Negócios, o juro da dívida pública portuguesa a 10 anos estava fixado nos 6,7%. É uma descida muito significava num espaço de tempo tão reduzido. Esta descida é muito importante – permite alargar um pouco mais o colarinho do pescoço, retirando alguma pressão sobre o Governo Português no sentido de recorrer ao Fundo de Emergência Europeu. Além do mais, estabelece-se uma ruptura com o movimento consistente de subida dos juros desde há duas semanas que os catapultara de 5,8& para 7,5% e que pareceria que apenas iria terminar com o recurso ao FMI. Se a descida é, de facto, positiva, ela não afasta ainda por completo o FMI da rota portuguesa – é uma descida importante para afastar as nuvens cinzentas que vinham carregando a paisagem portuguesa, mas o Sol está ainda longe de coar a sua luz por entre a escuridão. Em primeiro lugar, porque será necessário esperar por segunda-feira para verificar se o cenário de descida dos juros não se reverte. Em segundo lugar, e não obstante a descida, uma taxa de financiamento continua a ser insuportável no médio/longo prazo: tudo o que ela permite é financiar-se no curto prazo para que dias melhores cheguem.
E pensar que para tudo isso bastou uma declaração singela e conjunta dos Ministros das Finanças da Zona Euro, à margem da Cimeira do G-20. Mais uma vez a trapalhada, a hesitação e a tardia reacção europeia ficou cara em termos de financiamento: e se Portugal parece ter aliviado momentaneamente a pressão, já a Irlanda continua a ver os rumores sobre um possível pedido de ajuda se intensificarem. Como não gostamos de nos repetir – e de enfastiar o leitor -, diremos apenas que a medida proposta pela Sra. Merkel é positiva e inevitável, mas os seus contornos vagos e indefinidos, associados à conjectura revelaram-se desastrosos.
Por outro lado, a outra notícia radiante que marcou o dia de ontem foi o crescimento homólogo no 3.º trimestre da economia portuguesa de 1,5%. Não há como negar – é um crescimento surpreendente, mas muito positivo. Até mesmo para o PSD – o PCP, no entanto, discorda e acha que é um crescimento limitado e aponta como exemplo a sua querida China que cresce 10% ao ano. Para este crescimento contribuíram decisivamente as exportações. Ora, este Governo pode ser acusado de muita coisa – mas no incentivo que tem dado às exportações portugueses há que dizer que o trabalho de internacionalização e diversificação de mercados tem sido exemplar: o estreitamento de relações com outros países é fundamental. E o Governo tem dado passos nesse sentido. Só recentemente visitaram o nosso País o Presidente chinês, o Presidente venezuelano, ou o Presidente argelino; neste momento, José Sócrates está de visita a Macau e irá também encontrar-se com o seu homólogo chinês. Lord Nelson teve já oportunidade de ironizar sobre a recente visita do Presidente Chávez. Minudências à parte, os acordos comerciais concretizados com todos estes países possibilitam às empresas portuguesas oportunidades de investimento únicas. Concretamente com a Venezuela, o acordo com os Estaleiros de Viana do Castelo, com o grupo de construções Lena, com a JP-Sá Couto. Apesar da não concretização de alguns negócios, todos os restantes não podem ser ignorados, nem tão-pouco a estratégia deliberada que tem sido seguida neste campo. E não há apenas um esforço de internacionalização: a diversificação é tão importante quanto a internacionalização. Portugal não pode ficar refém de um único mercado e às suas contingências. Nesse sentido, neste trimestre, houve já uma recuperação das exportações para a zona euro, em particular, para a Alemanha e a Espanha, mas Portugal alarga os seus interesses estratégicos para outros mercados com elevado potencial e taxas de crescimento: América do Sul, África e agora Oriente. Numa altura em que tanto a Europa como os Estados Unidos enfrentam dificuldades, há que concentrar atenções sobre outros países que possibilitem um crescimento imediato.
É um crescimento importante sublinhamos, mas com um reparo – é que Portugal partiu em vantagem em relação aos seus parceiros europeus. É que enquanto a Europa está a passar por um Inverno de austeridade, Portugal tomou férias e foi a banhos: houve descontrolo da despesa pública e fraca consolidação orçamental, apenas maquilhada com o pó de arroz do fundo de pensões da PT. Logo, o potencial de crescimento é maior e toda a análise de fundo está inquinada à partida.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Natal

Ahhhh... Estamos naquela altura do ano em que todos, sem excepção, se deixam aconchegar pelo manto de paz, harmonia e felicidade chamado Natal e, esse espírito de alegria geral, não sei porque será, ainda não começa a notar-se com a força com que, noutros anos, se notou. À parte dos anúncios cada vez mais criativo-deprimentes das grandes superfícies comerciais estarem já a passar com a regularidade a que, tão atenciosamente, nos habituaram, ainda não me cheira a Natal!
Na procura ansiosa de sentir um pouco o espírito natalício que tanto aprecio neste mês e no seguinte, perguntei aos colaboradores deste magnífico blog: como é do Natal, mostrai-me esse Natal que vos corre nas veias!

Então saiu isto:


Lord Nelson

Nada faz lembrar mais o Natal que as músicas...de Natal! Pois claro!
Então aqui ficam uns clássicos...


Leticia, a Marquesa

A crise mundial está a dar a volta à cabeça do Pai Natal... Cuidado, Você pode ser o próximo a ficar assim!


Carlos Jorge Mendes

No Natal comemoramos o nascimento de Jesus - e respondendo aos cépticos ateus que duvidam da existência de Jesus, propomos então que vejam este vídeo onde se pode ver, claramente ver Jesus em todo o seu esplendor: a realizar um milagre - este milagre em particular situa-se algures na zona do milagre da multiplicação.


M. Pompadour

E no fim de tudo isto, depois de ter percebido que o Natal está mais que conspurcado e ninguém o vê com os mesmos olhos que eu, procurei nos desenhos a escapatória...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

FMI à vista?

Incontornavelmente, o espaço mediático português continua dominado pela incerteza – mas esse FMI vem ou não? O sim parece voltar a ganhar vantagem na medida em que os juros da dívida pública portuguesa a 10 anos atingiram hoje máximos históricos, rondando os 7%. A novidade de toda esta situação é que esta subida já não é provocada internamente – isto é, a verdadeira originalidade é que não é Portugal a fazer borrada e a cavar a sua sepultura. Por isso, caros portugueses, rejubilemos – o monopólio da estupidez não é nosso! Por essa Europa fora há mais estúpidos!
Mais uma vez – ignoremos as nossas responsabilidades pela presente situação que foram já alongadamente esmiuçadas. Qual é o factor que vem causando a progressiva subida dos juros da dívida pública portuguesa – já para não falar da Irlanda, da Espanha e da Itália? Nada mais, nada menos do que a Europa. Tendências masoquistas à parte, discutamos o cerne das questões: a Alemanha, por intermédio da Sra. Merkel, em período ainda de dificuldades de estabilidade na zona euro, pretende rever as regras sobre o mecanismo de actuação de crise em caso de países incumpridores recorrerem ao Fundo de Estabilização Europeu. De uma forma simples, a Alemanha, em conluio com a França, pretende que, no futuro, os investidores que emprestam dinheiro a estes países assumam o risco dos seus empréstimos: caso haja incumprimento, os investidores arriscam perder parte do dinheiro. O objectivo é que haja uma maior responsabilização dos investidores, dos credores destes países, e menor responsabilização subsidiária dos países europeus – como a Alemanha – em caso de incumprimento. Consequência desta medida? O desastre a que estamos a assistir. A ideia, em si mesma, não é má, e diríamos que será inevitável – tem em vista uma maior responsabilização dos investidores que emprestam dinheiro a Estados fortemente endividados. A Alemanha consegue bloquear o recurso a níveis perigosamente elevados de endividamento dos países periféricos por outra via que não a aplicação de sanções – nomeadamente, a suspensão do direito de voto – em caso de violação do Pacto de Estabilidade e Crescimento: para isso atacou o mal pela origem: em vez de restringir a acção dos Estados, restringe a acção dos próprios financiadores. E nada pior para um investidor quando este sente os dedos de uma mão alheia a roçarem na sua algibeira. Mas, como dizíamos, a ideia, apesar de não ser má, não pode ser dissociada da conjectura. Há ideias cujo mérito não necessita da conjectura para serem avaliadas e aplaudidas; mas este não é o caso: a aplicação desta medida, nesta conjectura, é trágica. A aplicação desta medida, nesta conjectura, afecta toda a estabilidade da zona euro, ainda debilmente assente – não são só Portugal e Irlanda em causa: ou melhor poderá ser assim no imediato, mas no futuro, Espanha e Itália podem ser tragadas pelo receio dos mercados. Ora, a afectação da estabilidade da zona euro é uma preocupação alemã – como o afirma o próprio Ministro das Finanças alemão, o Sr. Schauble, em entrevista à Der Spiegel.
Assim sendo, torna-se difícil compreender qual o efectivo mérito de uma medida que abala violentamente a estabilidade da zona euro, estabilidade essa que a Alemanha pretende defender e que assume como sendo vital para os seus próprios interesses. Mas mais do que isso, esta medida volta a pôr em evidência os velhos conflitos e diferenças europeias: como obter a solução ideal para a zona euro no seu conjunto, se os seus membros continuam, individualmente, egoisticamente, narcisistamente, a pensar apenas no seu umbigo? Julgávamos que a Alemanha tinha aprendido há uns meses atrás a sua lição com a situação grega. Certamente que não será justo que a probidade e o rigor alemão suportem o esbanjamento português – mas repare o atento leitor: nós não aduzimos argumentos em defesa da Pátria, mas sim em defesa da estabilidade do projecto europeu.

Por fim, umas palavras para o nosso Lord. Pois é assim que se sente alguém quando coloca uma bola vermelha sobre o nariz, pinta as faces, berra umas quantas chalaças para divertimento da turba, para que esta lhe aponte o dedo jocoso, chasqueando? Conhecemos finalmente essa sensação – e que terrível sensação! Eis-nos com a bola vermelha sobre o nariz, com as faces pintadas, berrando chalaças para o divertimento de Lord Nelson! E logo corre ele a apontar-nos o dedo jocoso, chasqueando! De facto, o Oráculo de Delfos não foi honesto connosco. Esse vate salafrário – nem ele próprio foi capaz de prever as alterações que o jornal «A Bola» certeiramente, na segunda-feira, designava com o bel epíteto de «O Mestre da Invenção». E eis-nos então afectados na nossa virilidade. Sim! Porque isto de levar 5-0 do Porto é como a nossa namorada, acercar-se de nós e dizer:
- És corno!
E eis-nos, portanto, ainda hoje, coçando a testa! Por outro lado, notamos, com um certo esgar de felicidade, que enquanto chorávamos sozinhos no nosso canto – Lord Nelson tomo a iniciativa de vir ter connosco. Tudo isto seria natural – não se tratasse a instituição Lord Nelson de uma instituição…salgueirista! Faltando a V. Ex.ª o orgulho de reclamar vitória na argumentação política, económica, filosófica ou social – aí vem V. Ex.ª, veloz e cheio de veia, com o cachecol do Porto ao pescoço, reclamar vitória no campo futebolístico. Piedosamente, consentir-lhe-ei, essa sua consolação

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Visita Papal a Espanha - Considerações






Sua Santidade o Papa Bento XVI visitou a Espanha nos últimos dias. Visitou um país com uma maioria católica e agora, laico e democrático. O Estado será laico e respeitador das sensibilidades individuais, mas alguns cidadãos arruaceiros não saberão decerto o que é viver em liberdade – imbuídos de um nihilismo pós-moderno imbecil e com espírito de cruzada, investem contra um Chefe de Estado estrangeiro, líder espiritual de mil milhões de seres humanos. E tudo isto apenas por respeito à sua própria mundividência – que para se afirmar parece necessitar de desrespeitar a dos outros.

Teceu considerações acerca do casamento homossexual e logo um coro de protestos… Mas porquê? Acaso a Espanha é uma teocracia? Acaso o Vaticano impõe ultimati àquele país? Não faz parte do jogo democrático aceitar todas as opiniões, mesmo que discordemos frontalmente?
Ser católico nos dias de hoje é uma escolha – não uma imposição. E a Igreja está relegada ao foro privado da vida dos cidadãos: assim, se um grupo de pessoas decide reunir-se para prestar culto a um Deus e durante essas cerimónias se pronunciam, em termos perfeitamente lícitos, acerca de um tema qualquer porque hão-de os defensores do politicamente correcto insurgir-se? E insurgiram-se em termos que apenas serviram para provocar e chocar os primeiros, conforme se pode verificar por tristes iniciativas como esta, ou esta, que em nada contribuem para um debate civilizado – mas apenas para um extremar de posições.

A posição da Igreja Católica Apostólica Romana em qualquer dossier é a que quiser, ter de acordo com os seus dogmas e apenas diz respeito à comunidade de crentes (rectius, à Igreja). Qualquer protesto para mudança de posição é moralmente inadmissível – e comparável com uma qualquer pressão exercida sobre um anónimo particular. Já não terão os católicos liberdade para celebrarem a sua fé nos termos que mais lhe aprouverem sem serem perseguidos e vaiados?

Numa segunda parte deste post queremos notar o seguinte:

A virgindade futebolística d’ Opinador foi violada pelo Dr. Carlos. Tenho dito!
Este blog respirava erudição, elevando-se como um lírio entre o lodaçal português. Nunca tinha por aqui havido um comentário dedicado à bola, esse ópio nacional que desvia as atenções dos problemas que nos afligem e permite a perpetuação de um discurso vazio e oco, acerca de jogadores ou de tácticas.
Mas, no dia 6 de Novembro do ano da Graça de 2010, o Dr. Carlos imbuído de um espírito colérico, espezinhou aquele delicado lírio, postando um texto apenas dedicado ao futebol… E não ao futebol enquanto desporto, mas dedicado à antevisão de um jogo! E que antevisão, senhores leitores! Profética antevisão! Uma antevisão verdadeiramente onírica!

Começou aquele doutor com considerações acerca de uns jogadores lá do sul, embrenhou-se em análises de outros jogos do seu SLB (contra o Lyon) e terminou com uma tirada poética - citemos o mestre, data venia:

Mas o Benfica tem evoluído consistentemente: vem de uma vitória moralizadora para a Champions contra o Lyon, cujos últimos vinte minutos de jogo não ofuscam os restantes setenta minutos brilhantes que o Benfica realizou. Estamos, portanto, confiantes para o jogo de amanhã, apesar de reconhecermos que o Porto tem feito um excelente começo de época – os seus resultados são apenas a concretização das suas boas exibições. Creio, no entanto, que o Benfica deve apenas preocupar-se consigo e em voltar aos patamares da temporada passada. Nesse aspecto, o Benfica está cada vez melhor como se viu na terça-feira – basta agora que mantenha essa consistência de uma forma mais regular.

Estava Confiante! O Dr. Carlos respirava confiança! Fantástico… Mas a sua confiança desde cedo se esfumou… Lendo aquela prosa três dias depois podemos constatar que o mestre estava incorrecto… O mestre enganou-se… O mestre bateu tão de rijo como o Titanic no iceberg e afundou-se ainda mais depressa… O mestre, arrisco a dizer, afinal não percebe nada de futebol (e talvez seja por isso que é adepto do SLB).

Estava assim desfeita a pureza virginal deste blog... E para quê? Para uma glorificação do glorioso que veio à Antiga, Mui Nobre, Sempre Leal e Invicta Cidade do Porto levar uma goleada de 5, sim 5, a zero… Mais valia não terem comparecido que assim eram só 3.
Oh Dr. Carlos, tenha dó e leve lá a sua propaganda lampiona e a sua militância benfiquista para as terras do sul porque decerto não conhecerá grande simpatia no nosso ilustre auditório, apesar de o nosso painel de comentadores está infestado de adoradores do benfas.

Deixamos, por fim, aqui um vídeo para V. Exa. recordar – porque recordar é viver…



Deixe lá! Pró ano é que vai ser...

domingo, 7 de novembro de 2010

Boas notícias, Mundo!

Foi publicado o Relatório sobre o Desenvolvimento Humano 2010 no âmbito do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). E, a contrariar as tendências dos últimos tempos, este Relatório traz boas notícias.

Este Relatório conclui que o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que combina a esperança média de vida com os progressos no domínio da instrução e com os níveis de rendimento das populações, aumentou 41% face a 1970, 18% em relação a 1990.

Analisemos então faseadamente. No tocante à esperança média de vida, nos Estados Árabes, esta aumentou 18 anos nos últimos 40 anos e 8 anos nos países da África Subsariana. Em termos mundiais, este indicador aumentou dos 59 para os 70 anos.

Em termos mundiais, muitas pessoas conseguiram também melhoramentos profundos em áreas importantes das suas vidas, sendo actualmente mais saudáveis, mais instruídas e possuindo um maior poder para eleger e fazer responsabilizar os seus governantes comparativamente ao que ocorria há 40 anos atrás, sustentam os responsáveis pela elaboração deste Relatório.

O PIB duplicou e as pessoas com a escolaridade mínima obrigatória passaram a representar 70% da população, contrariamente ao que sucedia em 1970, em que representavam apenas 55% da população.

As maiores diferenças no que ao IDH diz respeito foram registadas na China, Indonésia e Coreia do Sul, países com milagres de crescimento económico, o que aponta para a importância que o progresso nos domínios da saúde e da educação têm para o desenvolvimento humano, como já sabemos ainda que teimemos, sobretudo no tocante à educação, em relegá-la para segundo lugar no plano dos investimentos, dado que os resultados só são visíveis a longo prazo.

Relativamente ao índice da (des)igualdade de géneros, dá-se conta que esta ainda continua a constituir um dos grandes entraves ao IDH. Se é certo que o género feminino conseguiu uma forte afirnação nas últimas décadas, também se constata que as mulheres ainda não conseguiram alcançar a total equidade. Elas sofrem atitudes mais discriminatórias na saúde, na educação e no mercado laboral, sendo que nos países com uma forte desigualdade de género, mormente no Iémen, país que encabela esta lista, o desenvolvimento humano está desigualmente distribuído.

No nosso cantinho à beira-mar plantado, as notícias são boas e são más. Comecemos pelas boas, porque de más está o Inferno, desculpem, Portugal, cheio. Desde 1980 que o desenvolvimento humano no nosso país tem conhecido um crescendo. Portugal está mesmo entre os países onde melhor se vive, atento o agradável clima, a boa comida e as belas paisagens. Mas parecem ser apenas os estrangeiros a percepcionarem tudo isto, uma vez que os portugueses situam-se em antepenúltimo lugar no concernente aos níveis de felicidade (apenas os eslovacos e os estónios conseguem ser mais infelizes). Os indicadores da felicidade e bem-estar dos portugueses são baixos, mas isto parece dever-se ao seu estilo de vida. O nível de insatisfação deve-se ao elevado custo da habitação em Portugal, ao facto de termos a percentagem mais elevada no tocante ao número de crimes perpetrados e ainda ao défice patente não só nas contas públicas, mas também na formação dos portugueses. É que só 27,5% dos portugueses possuem o ensino secundário concluído. No que diz respeito à saúde, este sector, em Portugal, já apresenta bons resultados, porquanto existem 34 médicos e 35 camas por cada 100 mil doentes.

Apesar da Boa Nova trazida por este Relatório ao Mundo, este documento faz ainda um pequeno reparo quanto às alterações climáticas que começam a pautar o nosso Mundo, sendo que estas constituem o factor que mais perturbação traz ao futuro, podendo mesmo travar o progresso do desenvolvimento humano. Note-se que até em Portugal, país de clima temperado, os incêndios de 2003, 2005 e até mesmo do presente ano, a contrastar com os avolumados prejuízos das cheias dos últimos Invernos, já não são novidade e, segundo este Relatório sobre o IDH, 1560 portugueses por cada milhão de habitantes estão ou virão a estar sujeitos a intempéries.

A vida está má, está! Até para os marqueses!

Uma pequena nota só para dar conta de mais uma boa notícia para o Mundo: a melhor banda do Mundo e arredores vem a Portugal encerrar a Guimarães Capital da Cultura 2012. Para quem ainda não descortinou a que banda é que me estou a referir, clique no vídeo infra e delicie-se aveludadamente.


sábado, 6 de novembro de 2010

Antevisão Porto v. Benfica

No dia de hoje iremos dedicar a nossa atenção ao clássico de amanhã: ao Porto v. Benfica. Primeiramente, a declaração de interesses: somos orgulhosamente benfiquistas. Assim, iremos efectuar uma antevisão ao jogo de amanhã tendo em conta os nossos interesses: o Benfica.
Ora bem, desde o início da época tivemos já a ocasião de verificar que este Benfica não é o Benfica do ano passado – não só em termos de resultados, como também de qualidade exibicional. A verdade é que as saídas de Ramires e Dí Maria provocaram maiores estragos do que se pensava, sobretudo porque essas saídas não foram devidamente acauteladas para que os impactos não se sintam no curto prazo. Para o lugar de Dí Maria chegou Gaitán, já contratado com a época passada a caminhar para p seu término. Aqui poderia dizer-se que se tratou de uma contratação atempada tendo em vista uma futura transferência de Dí Maria, mas os efeitos deste planeamento prévio não se estão a fazer sentir no imediato. Gaitán é, com efeito, um jogador diferente de Dí Maria – é um jogador mais interior e não tanto de flanco. Isto faz toda a diferença: na época passada, o jogo em profundidade pelas alas do Benfica era carreado pelo lado esquerdo. Sem Dí Maria, apenas resta Fábio Coentrão e não é fruto do acaso a sua influência no futebol do Benfica, mesmo tendo em conta que se trata de um lateral esquerdo. Gaitán parece-me, de facto, um óptimo jogador mas que necessita de tempo para se adaptar ao futebol europeu e, principalmente, à nova posição táctica que lhe é pedida no futebol do Benfica.
Mas se a saída de Dí Maria foi acautelada atempadamente, a saída de Ramires certamente não o foi. É verdade que chegou Salvio, mas chegou tardiamente e já perto do período final de inscrições. Na minha opinião, é no lado direito do meio-campo que o Benfica tem sentido maiores problemas. Ramires é um jogador único – tem técnica, tem drible, tem velocidade, o que fazem dele um jogador de grande relevância no plano ofensivo. Mas Ramires era também um auxílio fundamental de Javi Garcia pelo seu pulmão inesgotável. A opção inicial de Jorge Jesus foi deslocar Carlos Martins para essa posição – mas o Benfica perde com isso. Na verdade, Carlos Martins tem uma tremenda qualidade de passe, mas não tem velocidade nem dá profundidade ao flanco. É um jogador talhado para o centro do terreno e não para as alas. Por isso, considero que Salvio poderá ser muito importante ao Benfica porque é um verdadeiro ala que poderá dar profundidade ao flanco direito e dinamizar o jogo ofensivo do Benfica – até porque Salvio é muito mais extremo do que Gaitán que, teimosamente, procura sempre o jogo pelas zonas interiores. Vimos isso no jogo de terça com o Lyon em que Salvio foi um dos grandes responsáveis pela excelente exibição do Benfica e um dos poucos jogos em que o lado direito e o lado esquerdo do ataque foram equilibradamente dinâmicos no aspecto ofensivo. Aliás, à quebra física de Salvio esteve também associada a quebra exibicional do Benfica. Mas isto levanta um problema: Salvio é um jogador marcadamente ofensivo e, naturalmente, apresenta maiores problemas no defensivo – ou seja, a inclusão de Salvio no lado direito e de Gaitán no flanco esquerdo pode colocar problemas de equilíbrios defensivos. Para que haja maior equilíbrio defensivo, o número 10, seja ele Carlos Martins ou Aimar, terá de compensar mais defensivamente.
Estas duas saídas de Ramires e Dí Maria cujo impacto não foi ainda totalmente absorvido, justificam, em grande parte, o começo titubeante do Benfica. Se a isto adicionarmos o inferior rendimento de Saviola, Javi Garcia, David Luiz e Maxi Pereira em relação à época passada – teremos juntos todos os aspectos que explicam o arranque de época menos bem sucedido do Benfica.
Mas o Benfica tem evoluído consistentemente: vem de uma vitória moralizadora para a Champions contra o Lyon, cujos últimos vinte minutos de jogo não ofuscam os restantes setenta minutos brilhantes que o Benfica realizou. Estamos, portanto, confiantes para o jogo de amanhã, apesar de reconhecermos que o Porto tem feito um excelente começo de época – os seus resultados são apenas a concretização das suas boas exibições. Creio, no entanto, que o Benfica deve apenas preocupar-se consigo e em voltar aos patamares da temporada passada. Nesse aspecto, o Benfica está cada vez melhor como se viu na terça-feira – basta agora que mantenha essa consistência de uma forma mais regular.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Pobres

O país anda mal e nós andamos pior... Cada vez estamos mais endividados e já não há muito dinhiro em caixa. Estamos... Pobres!
E para nos habituarmos a ideia, cá ficam os contributos habituais das sextas-feiras:


Por Carlos Jorge Mendes:

Para o leitor aferir do estado das desigualdades sociais em portugal, quem melhor do que a floribela para o explicar - nem francisco louçã ou jerónimo de sousa o fariam melhor. Aliás porque não foi difundida esta música no avante?



Por Letícia, a Marquesa:

"Perante os dados publicados infra, eu não acredito em pobres, mas que os há, os há!...

- Fernando Pinto: TAP, 420 000,00 € 2.806 CONTOS / dia
- Faria de Oliveira: CGD, 371 000,00 € 2.479 CONTOS / dia
- Henrique Granadeiro: PT, 365 000,00 € 2439 CONTOS / dia
- Vítor Constâncio: Banco Portugal, 249 448,00 € 1666 CONTOS / dia
- Guilherme Costa: RTP, 250 040,00 € 1670 CONTOS / dia
- Fernando Nogueira: ISP, Instituto dos Seguros de Portugal, 247 938,00 € 1656 CONTOS / dia
- Carlos Tavares: CMVM, 245 552,00 € 1640 CONTOS / dia
- Vítor Santos: ERSE, 233 857,00 € 1562 CONTOS / dia
- Amado da Silva (ex-chefe de gabinete de Sócrates): Anacom, Aut. Reg. da Com. Social, 224 000,00 € 1496 CONTOS / dia
- Mata da Costa: presidente CTT, 200 200,00 € 1337 CONTOS / dia
- José Plácido Reis: Parpública, 134 197,00 € 896 CONTOS / dia
- Guilhermino Rodrigues: ANA, 133 000,00 € 888 CONTOS / dia
- Pedro Serra: AdP, 126 686,00 € 846 CONTOS / dia
- António Oliveira Fonseca: Metro do Porto, 96 507,00 € 644 CONTOS / dia
- Afonso Camões: Lusa, 89 299,00 € 596 CONTOS / dia
- Luís Pardal: Refer, 66 536,00 € 444 CONTOS / dia
- Joaquim Reis: Metro de Lisboa, 66 536,00 € 444 CONTOS / dia
- José Manuel Rodrigues: Carris, 58 865,00 € 393 CONTOS / dia
- Fernanda Meneses: STCP, 58 859,00 € 393 CONTOS / dia
- Cardoso dos Reis: CP, 69 110,00 € 461 CONTOS / dia

Por Lord Nelson:

Porque há mais em ser pobre do que pode parecer, fica aqui uma interessante dissertação sobre o modus viviendi dos pobres:



Bom fim de semana!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ornitorrincos Políticos





Sabemos que o título deste post pode induzir em erro. Acaso iremos falar do PSD como se fossemos o Pacheco Pereira? Não.


O que nos intriga desde há muito tempo é a forma como certas criaturas políticas evoluem. Quais invertebrados no seu charco primordial vivem na imundice, vegetando e parasitando ate que encontram a luz e, metamorfoseando-se, transformam-se em bonitas borboletas! A nível ideológico tornam-se em bichos estranhos (como o ornitorrinco – um mamífero com bico de pato e membranas interdigitais) que adoptam posturas radicalmente diferentes, consoante a situação… Normalmente vêm da extrema-esquerda e, com ajuda de algum Clerasil, ficam com uma imagem clean e elegível… Elegível por causa de uma série de políticas assistenciais que lhes garantem uma base de apoio nas classes mais desfavorecidas – políticas essas inaptas a erradicar a pobreza: que, concedendo auxílios pontuais sem um acompanhamento nem um plano orientado para a auto-suficiência, apenas perpetuam a mediocridade.


Um destes ornitorrincos políticos é Dilma Rousseff – da guerrilha ao governo muita coisa houve pelo meio. Mas, perguntará o leitor, quem somos nós para falar desta recém-eleita Chefe de Estado? Pois ninguém…
Deixemos então a palavra a alguns dos seus concidadãos, que nos poderão dar a conhecer a tal Dilma, antes do Clerasil:









Esperamos ter ajudado o leitor a conceber uma imagem mais completa dos líderes desta nova esquerda que parece estar a invadir alguns países da América do Sul: Chávez (Venezuela), Morales (Bolívia), Mujica (Uruguai) e agora Dilma (Brasil)…


Cuidado com eles, eles andam aí! Já o Lula é capaz de andar por acolá, mas nas próximas eleições poderá estar de volta…