A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Parvoíces 2.0




“Não entendo porque não se fala em sanções para quem tem excedentes e não os coloca ao serviço da economia. Não percebo porque é que na União Europeia, os países não ajudam as exportações de economias em situação mais difícil”. Interrogado se um país da União Europeia tem ou não o direito de poupar e de acumular excedentes, o líder socialista contrapôs que as economias "são mais dinâmicas se viverem em equilíbrio"

Quem disse tal coisa foi o secretário-geral do PS, António José Seguro, numa iniciativa promovida pelo Diário Económico, coisa essa que, a nosso ver, pode ser classificada como uma bestialidade, por três grandes linhas de razão:

Primeiro e a nível jurídico – nada nos tratados europeus possibilita sequer uma defesa de tal argumento; nunca se previu e, exceptuando num cenário de ficção científica, será possível reunir o consenso necessário para introduzir tal alteração (porque, como é bom de ver, os povos avisados e cumpridores não gostam muito de pagar as PPP’s dos calaceiros);

Segundo e a nível político – que o senhor tenha um fetiche económico, tudo bem. Deve passar-se da cabeça sempre que vê o Estado a estimular a economia, fomentando-a. Que bom para ele… Agora querer impor a sua visão keynesiana (já nem digo aos portugueses) a todos os Estados-Membros da União Europeia, sancionando qualquer deriva à cartilha com o confisco das poupanças, é coisa para arreliar os de boas contas…

Terceiro e a nível moral – parecerá inteiramente acertado a qualquer contribuinte europeu esta visão: um Estado bom, descomprometido com os interesses económicos (quais PPP’S, qual Mota Engil, qual Grupo Mello) sabe sempre a melhor forma de promover a mais eficiente alocução de recursos (até porque tem dirigentes do calibre de Seguro)! Assim, não o fazer, guardando como um avaro, é o supremo crime! Uma traição a todos os povos da Europa!

Pois bem, o que propõe o Sr. Seguro (depois do flop da almofada orçamental desmentida categoricamente pela troika) e que os países que têm uma classe política minimamente controlada, que tem dificuldade em dissipar os recursos, seja castigada, servindo o seu pecúlio para entregar a países onde babuínos de fato, se servem da coisa pública a seu bel-prazer, investindo em obras muito duvidosas, em programas de formação inconsequentes, em PPP’S ruinosas…

Como é por demais evidente, tal medida para além de anti-democrática (pois impõe, sob ameaça de sanção uma teoria económica a ser seguida em todo um continente), para além de iníqua (pois impossibilitaria qualquer reforma em Portugal, promovendo situações de gestão ruinosa da coisa pública, fruto da promiscuidade que existe entre alguns privados e alguns políticos) é completamente absurda, porque afirma que a melhor forma de resolver o problema da dívida é atacar quem tem finanças equilibradas.

Ah, e uma coisa muito importante que o secretário-geral do PS se esqueceu: there is no such thing as public money!



Ouça e aprenda Sr. Seguro… E comece a fazer uma oposição credível pois nem o PS merece tamanha mediocridade!


Defendamos um Estado menos presente, para esta malta estar mais ausente!


Por último, e para que nunca nos esqueçamos, fica aqui a informação divulgada no recente ataque informático sobre a sociedade offshore alegadamente ligada a José Sócrates.


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