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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

As Políticas do Ministério da Educação

No Opinador já havíamos dito – a Educação tem por fim a perfeita adaptação do Homem às realidades da Vida. Havemos dito isto em Março de 2010. Por essa altura, corriam rumores acerca da reforma curricular do ensino português e da extinção do Estudo Acompanhado, da Formação Cívica, do Estudo Acompanhado e da Área Projecto e, num sentido inverso, do reforço do Português, da Matemática e das Ciências. Um ano e seis meses depois, com dois Governos a mediar tal espaço de tempo, o Ministério da Educação, depois de destruir todos os seus neurónios num esforço hercúleo, concluiu esta evidência – que realmente é preciso reformar o currículo do ensino português e reforçar as horas de ensino da Matemática, do Português e das Ciências. Deveríamos antes dizer: o Governo sacudiu o pó duma intenção de reforma que entretanto fora atirada para o obscuro duma gaveta, e polindo-a, anunciou novamente a sua firme intenção de reformar como se de uma novidade estrondosa se tratasse.
Durante esse período, o Governo português olhava de soslaio para os seus parceiros europeus, com altivo desprezo, pensando:
- Olha para aqueles idiotas a perder tempo a ensinar os seus alunos a Matemática que lhes dão a base da Economia e da Gestão; a ensinar a sua língua materna que lhes dão a mais perfeita capacidade de compreensão e de expressão; a ensinar uma língua estrangeira que permite que esses mesmos alunos interajam com gente de outras Nações, enriquecendo-os pelo contacto com outras culturas; a ensinar as Ciências que lhes dão o mais perfeito conhecimento dos fenómenos do Mundo que os rodeia.
Assim pensava o Governo português. E depois, olhando para si, com orgulho, dando palmadas na barriga gorda, sentenciava:
- Que bestas! E aqui os nossos alunos a aprender a cidadania através da Formação Cívica, a aprender o modo pelo qual devem correctamente estudar através do Estudo Acompanhado (sem sequer terem aprendido nada) e a aprenderem os valores civilizacionais da autonomia e da independência através da Área Projecto (quando nem sequer eles têm as bases que lhes permitem pensar pela sua própria cabeça).
Porque, com todo o respeito, o que é o homem sendo um bruto incivilizado (porque é isso que ele é sem a Formação Cívica), sem ter método de estudo (porque será assim se ele não tiver Estudo Acompanhado) e sem ser autónomo (porque sem Área Projecto jamais o homem poderá considerar-se verdadeiramente livre)? O homem poderá viver de consciência tranquila sem saber quem é Eça de Queiroz, quem é Fernando Pessoa, quem é Florbela Espanca; o homem poderá até orgulhosamente dar erros ortográficos e escrever em calão; o homem poderá, quiçá, viver sem compreender as bases da Matemática.
Mas sem a Formação Cívica, sem o Estudo Acompanhado e sem Área Projecto, o que seria o homem? E perante este cenário aterrador, o Ministério da Educação vela. Ah! Isso não! Isso seria a suprema das imbecilidades! E o Governo português, paternalmente, não pode considerar tal ultraje!
Este é hoje o quadro do ensino português em pleno século XXI. Numa época em que as diferenças entre as nações se fazem pela Educação, pelas qualificações dos seus cidadãos, pelos seus conhecimentos, os portugueses apresentam essa tremenda qualidade perante a qual todas as empresas e investidores se curvam assombradas e espantadas: somos cívicos, sabemos como estudar e somos independentes. Enquanto isso, as outras Nações nutrem os seus alunos com a Matemática, com o ensino das Línguas e das Ciências.

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