A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Síndrome do cepticismo


Entre as imensas virtudes e feitos do nosso povo português, algumas tão bem retratadas naquele vídeo delicioso que o presidente da Câmara Municipal de Cascais trouxe ao mundo para convencer a Finlândia a deixar de ser uma chata do pior, o Zé Povinho tem outro dom que sempre que o traz à luz do dia, me põe os nervos em franja enquanto, simultaneamente, me intriga muitíssimo.
Esta semana que passou, a novidade que brotou do seio quentinho americano foi a de, tropas lideradas por esse portento da política, Mr. Barack Obama terem arruinado a existência do até então líder da Al-Qaeda, organização fundamentalista islâmica responsável pelos atentados de 11 de Setembro de 2001, entre outros, Osama Bin Laden. Ora, este foi um momento de regozijo para todos os americanos e para os que sempre condenaram severamente a forma de intervenção da Al-Qaeda que, sinistramente, saíram às ruas para festejar a morte de uma pessoa, pessoa essa assumidamente culpada pela morte de milhares de americanos no atentado supra referido. Na hora a que a notícia começou a ser divulgada por todo o globo, circulava em anexo uma foto que mostrava a cara estropiada do senhor morto, imagem que, passadas algumas horas, se revelou ser uma montagem (e das fracas) ficando todo o amável espectador desiludido por ter sido enganado e não ter provas que alimentassem a sua curiosidade mórbida.
Então o que acontece perante tal notícia, especialmente depois dos valentes americanos darem conhecimento ao mundo que o corpo de Bin Laden teria sido atirado ao Oceano? Teorias. Porque o povo gosta é disto, de teorias, de pôr em causa, de duvidar, de ser céptico até ao último resquício de prova em contrário. E esta é daquelas coisas que eu, pessoa assumidamente demasiado crente não entendo.
O exemplo é este como pode ser qualquer outro. Salta uma estupenda notícia, ou uma só assim-assim e, logo de imediato são consideradas as hipóteses mais criativas para contar uma versão da história completamente oposta à apresentada.

América: Osama Bin Laden está morto. Os registos fotográficos são demasiado chocantes para serem revelados sem ferir susceptibilidades, portanto, atendendo a isso, não serão tratados publicamente. Mas têm aqui uns vídeos caseiros que encontrámos no local da execução.

Povo: Huuummmmm...isto cheira-me a esturro. Então o homem andou 10 anos escondido lá nos montes e agora deixa-se assim apanhar em casa e, ainda por cima, atiram-no ao rio depois de morto?! E nem uma imagem do homem todo derreado com um tiro no meio da testa mostram?! Naaa, isto é mentira, eu não acredito. Aposto que ele ainda anda para aí a fazer diabruras.

Portugal: Desapareceu uma menina inglesa muito linda no Algarve. Chama-se Madeleine Mccann e estes são os seus pais, em choque a apelarem a todo o mundo para uma busca incessante pela sua filha que muito amam.

Povo: Coitados...olha que virem de férias e raptarem-lhes a filha, é obra ãh!... Oh, isto é tudo uma palhaçada, cá para mim foram eles que a mataram e agora vêm para a televisão fazer-se de santos. Olha para ela! Nem chora!!...na, isto é mentira, foram mas foi eles.

América: Morreu o rei da pop, Michael Jackson, vítima de um ataque cardíaco.

Povo: O Michael??? Não pode! Ele não pode morrer assim. Olha aqui este vídeo em que se vê uma sombra de costas a sair de uma carrinha suspeita em nenhures: é ele!! É ele pois! Aquele cotovelo ligeiramente flectido é mesmo típico dele.

A sério...é mesmo necessário?

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