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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Nobre à (Outra) Presidência

Correndo o risco de ser arrolhado, até porque faltam menos de 60 dias para um acto eleitoral, tenho de me pronunciar sobre este tema. Não há machado (ou estatuto) que corte a raiz ao pensamento e, como sou, antes de tudo o resto um democrata, tenho uma necessidade intrínseca em exercer a minha liberdade de expressão.

Como já deve ser do conhecimento geral, Fernando Nobre é cabeça de lista do PSD por Lisboa e putativo presidente da Assembleia da República. Soubemos desta notícia no Alfa, por SMS e, muito honestamente, na primeira leitura, não percebi de quem se tratava, não por andar alheado da política nacional, mas por tão estapafúrdia circunstância. Analisemos pois a evolução do candidato:


“Sou contra o sufoco partidário na vida pública. Não acredito num saco de gatos onde todos cabem”, 19/02/2010;


“Desde já vos garanto: não aceitarei nenhum cargo ou mandato político-partidário e não fundarei nenhum partido político” 31/12/2010


“Partidos políticos? Nem pensar, nunca. Não peço nada, nunca pedi. Eu não aceitarei nenhum cargo partidário nem governativo” 01/03/2011


E podíamos continuar com as citações, que qualquer um pode googlar, mas não queremos maçar o leitor. Melhor do que esta revolução coperniciana de Nobre na sua vida política é o motivo que causou tal mudança: sua excelência, o senhor doutor, quer reformar o regime!


Eu não sou médico e, como tal, quando me dói alguma coisa, em vez de me por a inventar, pergunto a quem saiba. Seria bom ver que o dr. Nobre também o fizesse… E como jurista lhe digo, desde já: caso seja eleito presidente da AR muito pouco (um tão pouco que é um quase nada) poderá fazer para reformar o regime, motivo que o move. Mas diz o ilustre candidato “[estou] a preparar um programa que submeterei aos futuros líderes parlamentares para gerar mais consensos, para reforçar o regime e a Democracia”. Mas que programa é este? Acaso desconhece V. Exa. que as funções que almeja não servem para isso? A AR é a casa dos partidos… Não é a casa dos independentes – e é assim, não só porque esse foi o seu sentido originário, mas porque está plasmado na lei (os independentes só se podem candidatar pelas listas de um partido concorrente). O PSD teve uma atitude compreensível (a de querer captar votos) e até certo ponto (até, refira-se) positiva pois lançou a atenção da forma como se processam as eleições legislativas em Portugal, contribuindo para a nossa cultura cívica. Já a atitude de Nobre teve pouca nobreza… Deu o dito por não dito, mostrou que não sabe ao que vai, e ainda (soube-se hoje) se não for para presidente, não quer ir para deputado o que é uma posição muito triste para quem lidera a lista pelo maior círculo eleitoral.


Termino com uma questão: por Nobre ser candidato vão vir charters de independentes para o PSD?

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