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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Lições do Banco Inglaterra para o BCE

A Inglaterra tem uma economia estagnante, elevado endividamento privado, elevada inflação e um défice público inchado. E, no entanto, apesar de tudo isto, a taxa de juro das suas obrigações a 10 anos nunca esteve tão reduzida – 2,2%. Porquê?

Os problemas orçamentais da Inglaterra são graves: o seu défice público é da ordem dos 10%; só a Grécia e a Irlanda na zona euro a superam. É verdade que o Governo inglês colocou em prática um exigente plano de consolidação orçamental, nem o poderia ser de outra forma. Mas a Inglaterra não se esqueceu de uma coisa fundamental – o crescimento. A política de crescimento da Inglaterra não está sobretudo na responsabilidade do Governo, mas no seu Banco Central. Ciente das exigências da grave crise económica, o Banco Central de Inglaterra mantém a taxa de juro em 0,5%, apesar da inflação ser de 4,4%. Por aqui bem se vê o erro nefasto do BCE: a inflação da zona euro é estável, mas o crescimento da sua economia é penoso: no lugar de descer as taxas de juro, o BCE aumenta-as. Ora, um dos problemas actuais da economia é o endividamento privado e nomeadamente o sobreendividamento para aquisição de habitação. Sempre que o BCE aumenta a taxa de juro, agrava este problema porque agrava o crédito mal parado.

Outra diferença fundamental entre a política do BCE e a do Banco de Inglaterra é a aquisição de dívida pública. Se o Banco de Inglaterra através da técnica do quantitative easing (criar dinheiro para comprar obrigações do Governo) conseguiu empurrar para baixo as taxas de juro da Inglaterra para baixo, o BCE sempre que o faz com o mesmo desígnio relativamente aos países aflitos da zona euro, é severamente criticado, faz marcha atrás – então os mercados tremem, as bolsas caem, o risco agrava-se, a incerteza adensa-se e a zona euro afunda-se.

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