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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre a Dívida da Madeira

A semana passada, foi dada a conhecer uma inesperada surpresa – o Governo Regional da Madeira ocultou dívidas na ordem dos 1200 milhões de euros. Estes são os factos e como eles são bem conhecidos do domínio público, dissequemo-los.

Primeiro: responsabilidades. O responsável por esta ilegalidade, por esta falcatrua, por esta arte mágica de varrer dívida para debaixo do tapete, ou de ocultá-la entre duas pregas de gordura da barriga do Sr. Jardim, tem de ser punido. Esta responsabilidade é política – e essa responsabilidade de punição é, antes de mais, do povo da Madeira. O povo da Madeira tem de punir severamente o Sr. Alberto João Jardim nas próximas eleições regionais e essa resposta tem de ser dada de uma forma bastante clara. O desgoverno do Sr. Jardim e dos seus compinchas terá graves repercussões na vida dos madeirenses com a imposição de graves sacrifícios adicionais. Se o povo da Madeira não o punir politicamente, então do povo só se pode dizer uma coisa – que é complacente com o Sr. Jardim. E se as ideias do Sr. Jardim se baseiam na mentira, na ilegalidade, no roubo, na corrupção, no compadrio, na baixeza, na saloiice, na demagogia e na intriga – assim também será a índole do povo porque se reconhece em todas estas ideias e em todo este modo de proceder. Nós temos do povo da Madeira uma boa opinião, excepto dos idiotas bajuladores que ainda comparecem nos comícios do Sr. Jardim. Facilmente os reconhecemos – são aqueles que apresentam uma corcunda nas costas de tanto se dobrarem e nas pregas que têm em volta dos lábios pelos sorrisos falsos e moles que ensaiam para agradar. Mas do povo da Madeira temos uma boa opinião – é um povo honesto, digno, trabalhador, recto, sério. E porque assim o representamos, estamos em crer que o povo se dissociará do Sr. Jardim nas próximas eleições.

Segundo: num outro país com uma cultura política séria e de interesse público, esta situação não aconteceria. Depois, e caso acontecesse, o responsável por essa mesma situação, sentindo o sangue abrasar-lhe a face de vergonha, ter-se-ia demitido e remetido ao canto obscuro mais próximo, longe da censura pública. No entanto, o Sr. Alberto João Jardim não é um indivíduo qualquer: o que lhe sobra em termos de volume corporal, falta-lhe em termos de vergonha na cara. Porque sua excelência é bastante volumoso e bem dotado fisicamente, notando-se esta característica sobretudo pela ausência de pescoço, sua excelência não tem nenhuma vergonha na cara e nenhuma noção de decência. A estes senhores que não têm vergonha na cara ou decência, a lei só pode fazer uma coisa: impingir-lha – antecipar-se à vontade do povo e prescrever consequências políticas imediatas, nomeadamente a remoção deste fungo público sob pena de contágio.

Terceiro: a culpa deste regabofe é do Sr. Alberto João Jardim e não do povo madeirense. Se é indispensável a definição de um programa de reajustamento financeiro da Madeira, esse programa não deve ter tiques vingativos. Se nós o exigimos dos nossos parceiros europeus aquando do nosso pedido de ajuda externa, não o podemos fazer agora ao povo da Madeira.

Quarto e último ponto – finalmente o Sr. Presidente da República apareceu em público, balbuciando e afirmando timidamente que «a situação da Madeira afecta a reputação e credibilidade de Portugal.» E mais não disse. Extraordinário, excelência, extraordinário! É tudo isso que V. Ex.ª investido em todas as suas prerrogativas de soberania, autoridade e inteligência sabe dizer – afirmar uma evidência de la Palice? Extraordinário, excelência! Uma vénia a V. Ex.ª pelo seu génio presidencial inventivo e criativo. Mas note V. Ex.ª uma outra coisa – foi noticiado pelo “Público” que V. Ex.ª já conhecia as dívidas da Madeira há um par de meses. Ora, V. Ex.ª nada disse e segundo o ditado popular «quem cala, consente.» Por isso, daqui lançamos o repto a V. Ex.ª – V. Ex.ª conhecia ou não o montante real da dívida da Madeira?

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