A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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domingo, 11 de setembro de 2011

Sem título

Há momentos na vida em que temos de tomar decisões. Por mais que nos custe. Por mais que teimemos em adiar o (in) evitável (vá, ainda não tem de ser hoje, ainda não pode ser, tenho mais uns anos, meses, dias…). Por mais que os múltiplos caminhos que se desdobram à nossa frente nos confundem os passos.

Sabemos de antemão que a insegurança vai ser rainha em nós e o medo, esse mal maior que tudo invade e corrói, vai ser sombra perscrutadora das nossas indecisões. Quando o sinto, os meus dedos compridos procuram imediatamente o meu brinco, aquele que penduro em mim (porque os uso sempre, taras e manias desde menina!), e começo a percorrê-lo em busca daquilo que a razão tenta encontrar e o coração não o permite.

Sou católica, mesmo muito católica. Creio em Deus, creio na Igreja e acredito que Ele nos ajuda nestes mesmos instantes em que buscamos uma resposta, não para o que somos, mas para quem nos queremos tornar. Em todos os silêncios que fazemos, a dúvida instala-se, porque não nos sentimos preparados para deixar para trás aquele caminho e para iniciarmos um novo, desconhecido, sinuoso, temido percurso.

Trocar o conhecido pelo desconhecido valerá a pena? Estaremos à altura de tal desafio? Seremos capazes de aguentar as tempestades nestes corpos frágeis de quem ainda tem tanto por conhecer e saber?

Mas teimamos em olhar para trás e para tudo o que aquele caminho nos trouxe: paz, estabilidade, pessoas, lar. E pegamos em tudo e pomos na balança. No outro prato, lá está a aventura, o risco, o sucesso, a concretização de um sonho de vida, o desconhecido (quantas vezes já te escrevi, palavra?) – escolhe-se o que pesa mais, não é? – Filha, pensa bem! – e fechamos os olhos.

Não queremos escolher, queríamos ficar com os dois. O meu coração é grande: cabem lá tantas pessoas, tantas recordações, tantas histórias, tanto eu, tanto tu. Mas sei que vai chegar aquele dia. O dia em as minhas mãos não soltam os dados, porque não gosto de aleatoriedade. Mas o dia em que vou ter de trocar o certo pelo incerto, pois “A vida é feita de nadas/De grandes serras paradas/À espera de movimento”.

E sigo viagem. Se perguntarem por mim, digam que fui ser quem eu sempre quis ser.

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