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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Acordo para o Aumento do limite do Endividamento nos States

Está definida a política da Europa e dos Estados Unidos: chamar-lhe-emos a política do caranguejo. E porquê? Simplesmente porque é uma política de arrecuas. Depois de assistir à queda da Europa num abismo, eis que os EUA seguem pelo mesmo precipício. No domingo, o Presidente dos EUA, o Sr. Barack Obama, anunciou haver um entendimento entre Democratas e Republicanos para o aumento do limite do endividamento do país e, inerentemente, o programa de reajustamento financeiro que lhe subjaz. Sejamos claros: a única coisa positiva alcançada com este acordo é que, de facto, os EUA evitam o incumprimento. Tudo o mais são más notícias para os americanos e para a economia mundial.



Antes de mais, eis os detalhes do acordo que são ainda vagos todavia: na próxima década, a administração americana irá reduzir os seus gastos públicos em um trilião de dólares; uma poupança adicional de 1,5 triliões de dólares será deliberada por uma Comissão que indicará o conteúdo da mesma até finais de Novembro. Ora, esta Comissão será composta por doze membros, igualmente divididos por Democratas e Republicanos. Na prática, isto equivale a dizer que a poupança adicional proposta por esta Comissão advirá de novos cortes na despesa: se os republicanos se mostraram antes intransigentes no aumento de impostos quando a economia americana estava à beira do colapso, não será agora que irão mudar de ideias. Mas atenção: os cortes na despesa não são cuidadosamente elaborados e pensados: os cortes atingirão o programa Medicare e programas de auxílio social à classe média e os mais pobres. Trocado por miúdos: G.O.P., 1, Barack Obama, 0.



Agora, que dizer deste programa? A era da austeridade chegou a Washington e há uma significativa inversão na política seguida por Washington que até agora sempre optara por uma política de estímulos à economia de forma a reavivar uma economia estagnante que neste momento cresce uns decepcionantes 1,3%. E é aqui, de facto, que se notam os efeitos nocivos deste programa na economia. Certamente que os EUA têm seguido uma política expansionista: mas essa política foi sobretudo centrada no alargamento da extensão dos benefícios e isenções fiscais da era Bush aos mais ricos; as empresas que começam a aumentar progressivamente os seus resultados não contratam pelo que o desemprego se mantém elevado; os programas de apoio às famílias, como o das hipotecas, foram escassamente usados. Em suma, os efeitos da política de estímulos não se têm sentido na economia real porque não chegam a essa mesma economia, o que explica as dificuldades da recuperação da grave crise que vivemos hoje e que foi iniciado com o colapso do Lehman Brothers, e como se comprova pelo Gráfico que se segue:






O que isso não significa nem pode significar é um desincentivo ou um abandono de uma política que aposte no crescimento como via para recuperar uma economia estagnada. O leitor quer um exemplo concreto? Então aqui vai: o banco britânico HSBC vai despedir 30.000 postos de trabalho a nível mundial, incluindo o encerramento de vários balcões...nos Estados Unidos. Por outro lado, outros 15.000 postos de trabalho serão criados nos países emergentes. Esclarecido?

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