Este ano as minhas férias foram férias “à Troika”, como uma Ilustre Colega de profissão costuma dizer quando lhe perguntamos pelas suas férias. Passei apenas um fim-de-semana um pouco mais prolongado do que o normal no nosso país, porque temos é de investir cá dentro e ajudar os de cá, nacionalismos à parte.
Na melhor das companhias, enquanto sentia o sol a morenar a minha pele, fiz jus à máxima “ir para fora cá dentro!”.
Foi nesta curta incursão por Portugal que conheci uma pessoa que me arrebatou por completo. Não de paixão, porque o meu coração está mais do que bem entregue, mas de admiração e respeito.
Conheci uma mulher perto dos 40 anos, com dois pequenos adoráveis que me contou, em poucos mas maravilhosos instantes, daqueles momentos em que as conversas surgem espontaneamente entre pessoas que gozam férias no mesmo sítio, pormenores da sua vida que fariam espantar decerto alguns portugueses.
Logo que acabou o secundário, começou imediatamente a trabalhar e por cada 100 que ganhava, 80 entravam directamente para a sua conta poupança. Sempre fez contas à vida e sempre teve três ou quatro empregos em simultâneo. Nunca baixou os braços e até aos fins-de-semana e feriados trabalhava. Entretanto conheceu o actual marido e com as poupanças que ambos tinham feito, deu a entrada para uma casa. Continuam, desta feita, a poupar e a trabalhar muito, muito, muito e neste momento têm a casa quase paga. Só gozam um fim-de-semana por ano de férias e ainda conseguem ajudar os pais de ambos a fazer face às despesas médico-medicamentosas.
Mas ela sempre sonhara tirar o curso de Direito e este ano vai frequentá-lo pela primeira vez. Imbuída de uma força de vontade e motivação tais, disse-me que já comprou o Código Civil para começar a ler no autocarro, durante as viagens que faz entre o emprego da tarde e o da noite. Os meninos vão ficar entregues com a sua mãe de forma a que ela consiga assistir às aulas e estudar para os exames, já tem tudo programado. As horas de sono são e vão continuar a ser poucas, mas ninguém lhe rouba o brilho dos olhos quando lhe pergunto sobre as suas crianças.
Em plena época de uma crise que está a ser muito difícil de travar, ver uma pessoa como a M., com tamanha motivação, que nunca baixa os braços e que é uma autêntica lutadora, desde tenra idade, fez-me pensar que Portugal está mesmo a precisar de muitas M. para poder voltar a sorrir. Mas só com muito trabalho e sacrifício lá chegaremos!
E porque eu sei que a M. vai ler este post, quero agradecer-lhe pelas fantásticas horas de conversa com que me presenteou naquele magnífico fim-de-semana com toda a sua maturidade e sabedoria. Votos de felicidades e continue a brilhar!
1 comentário:
com tanto trabalho só agora consegui vir até aqui. obrigada, leticia. maravilhosa és tu. foi bom conhecer uma mulher ainda nova mas tão inteligente e bonita como tu. bonita por fora e por dentro. mas por favor não me trates por você para eu não me sentir velha. felecidades para o teu futuro que sei que vai ser fantastico. vai comunicando. gostei muito de te conhecer. os meninos mandam beijinhos. boa noite.
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