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sábado, 6 de agosto de 2011

A Revolução na Síria

Como o leitor decerto saberá, desde Março, a Síria no seguimento do movimento de democratização do Mundo Árabe conhecido como «A Primavera Árabe» vem sendo insuflada por um movimento popular que visa obter maior liberdade para o povo dos déspotas que os governam. Desde então, 1600 sírios foram assassinados às mãos do regime do Sr. Assad.

Recentemente, na sequência das manifestações populares democráticas na cidade de Hama, o Sr. Assad, considerando esse mesmo movimento como uma séria ameaça à sobrevivência do seu regime, enviou o seu exército, apoiado por tanques para a cidade com o fim de esmagar os protestos do seu próprio povo. Desde então, e desde a ocupação da cidade de Hama pelo exército e que se prolonga há uma semana, mais de 200 pessoas foram mortas, segundo activistas dos direitos humanos na Síria.

E foi só depois de meses de inércia e complacência que esta semana o Conselho de Segurança da ONU se dignou a emitir uma declaração de condenação da violenta repressão do regime de Damasco sobre o seu próprio povo. Contudo, esta singela Declaração do Conselho de Segurança não é mais do que isso – uma declaração: provocou uma ligeira comichão no Sr. Assad e nada mais. Sanções ou sinais delas, nem vê-las. De resto, e como demonstra do apreço que o Sr. Assad tem pela declaração do Conselho de Segurança e como sinal do seu respeito pelas instituições internacionais e o quanto estas o molestam, o Sr. Assad bocejou, voltou a coçar-se e continuou o cerco à cidade de Hama e continua a massacrar o seu povo. É verdade que entretanto o Sr. Assad promulgou um decreto autorizando o multipartidarismo na Síria; mas este sinal não é, claro está, um sincero desejo de democratizar o País e conceder mais liberdade e mais direitos ao povo: é o modo pelo qual, aparentando democratizar as instituições sírias, o Sr. Assad pretende aliviar a pressão internacional o suficiente para esmagar o movimento revolucionário e perpetuar-se no poder.

Desde Março, altura em que eclodiram os primeiros protestos nas ruas de Damasco, no seguimento dos triunfos do povo tunisino, do povo egípcio e do povo líbio, que a comunidade internacional tem assistido impávida a uma violação brutal dos direitos humanos na Síria. A realpolitik impede uma intervenção de larga escala na Síria: a NATO está já envolvida numa operação na Líbia, os orçamentos dos aliados para a Defesa são progressivamente restringidos por constrangimentos orçamentais; e a crise económica nos EUA e na Europa monopoliza as atenções dos governantes. O que isso não impede é a tomada de sanções e de sanções severas. Tal como sucedeu ao Sr. Kadaffi, é necessário restringir a capacidade de movimentação do Sr. Assad e do seu regime, desde logo a sua capacidade financeira, congelando contas bancárias no exterior. Da mesma forma, é necessário isolar o regime: a Síria é um país exportador de petróleo; Alemanha, Itália, França e Holanda são importantes importadores do petróleo sírio. Apesar da Síria não ser um relevante exportador de petróleo no mercado mundial, internamente o mercado do petróleo é muito importante para a sustentabilidade económica do regime pelo que uma perturbação nas exportações do petróleo daquele país não afectaria a procura mundial e poderia abalar gravemente a capacidade do regime, forçando-o a respeitar as instituições internacionais.

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