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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Discurso Laudatório

O Opinador de Veludo não desejando ser acusado de não avivar as forças vivas do País vem chamar a atenção para dois bons – excelentes, na verdade – exemplos de um caminho bem trilhado pelo nosso Governo.

O primeiro deles é noticiado pelo Jornal “Expresso”, na sua edição do passado Sábado. Titulando “portugueses criam duas invenções por dia”, sublinha-se o facto do número de patentes registadas em Portugal para protecção de inventos estar a crescer 40% ao ano. Ora, este é um facto de enorme importância atendendo ao actual paradigma de modelo económico em que vivemos – centrado sobretudo na necessidade de inovação. E qual é a forma de proteger essas mesmas inovações? Precisamente os pedidos de patentes. O número elevado de pedidos de patente constitui um indicador revelador da progressiva modernização da economia. Portugal atravessa um período económico complicado, marcado sobretudo, por uma metamorfose da sua actividade económica – de uma economia ainda muito ligada aos sectores tradicionais da indústria para uma economia cada vez mais empreendedora e inovadora. Esta transição foi devidamente promovida pelo Governo – neste plano, destaca-se o papel do Plano Tecnológico. A aposta em eixos como o conhecimento, a tecnologia (a banda larga e as tecnologias de informação e comunicação), a inovação (apoiando e incentivando a modernização do tecido empresarial português), a simplificação da Administração Pública (através do programa SIMPLEX), a constituição de parcerias com universidades de prestígio, como o MIT – todos estes esforços começam a produzir resultados.
O Inquérito ao Potencial Cientifico e Tecnológico de 2008 demonstra o comprovado sucesso desta aposta do Governo:

• A despesa do PIB em I&D no início da década era de, aproximadamente, 0,8%; no final da década, a despesa fixou-se nos 1,51% do PIB;
• O número de investigadores no início da década era de, aproximadamente, 18 000; no final da década, mais do que duplicou, fixando-se em mais de 40 000;
• O número de doutoramentos no início da década era de 859; em 2008, eram 1496.


A verdade é que as empresas portuguesas têm uma necessidade vital de aposta na qualidade dos seus produtos para a sua sobrevivência. A globalização a liberalização do comércio, introduzindo a China e a Índia como actores dominantes no mercado global na componente dos custos – com os quais nenhum País Europeu pode competir – obriga a que a aposta das empresas portugueses se centre na qualidade – em criar valor para os clientes através da valorização dos produtos. Como se cria valor para o cliente? Inovando. Como se protege a inovação? Através de patentes. Neste sentido, o crescimento do número de patentes é um óptimo sinal para a economia portuguesa. E esta mesma imperiosidade é reconhecida já pelas empresas portuguesas – em 2009, pela primeira vez, o investimento privado em inovação superou o investimento público. Basta atentar nas palavras de pensadores económicos americanos para nos apercebermos da importância da inovação – sejam eles Drucker, Hamel, Porter ou Christensen.
Estes sinais positivos são reforçados por António Cruz Serra, presidente do Instituto Superior Técnico (IST), ao “Expresso” – “É quase demasiado bom para ser verdade, mas o certo é que, no que diz respeito à inovação e ao desenvolvimento tecnológico, Portugal está a crescer a um ritmo muito superior à média da União Europeia. Ao nível da ciência, já temos um desempenho comparável ao dos países mais desenvolvidos da Europa e até do Mundo.”
Esta estratégia do Governo Português é, de resto, consonante com a política económica da União Europeia, designadamente, a que resultou do Conselho de Lisboa: tornar a Europa a economia mais competitiva do mundo, sendo que para tal suceder deverá ser realizado um investimento na adopção e difusão de novas tecnologias, um aumento do investimento no conhecimento, capacidades e infra-estruturas ou o incentivo à inovação. Neste aspecto, Portugal tem feito o seu trabalho de casa e é um exemplo entre os Países Europeus.

A segunda boa notícia e que mereceu inclusive honras de menção internacional – o New York Times – relaciona-se com a política energética nacional – as energias renováveis. Portugal é mesmo apontado como um exemplo a seguir pelos EUA. O diário nova-iorquino chama a atenção para que quase 45% da electricidade produzida em Portugal provir de energias renováveis, aproveitando o potencial hídrico e eólico do País; que Portugal espera ser, em 2011, o primeiro País a inaugurar uma rede nacional de estações de recarregamento de carros eléctricos; cita um relatório da Agência Internacional de Energia que classifica o processo de transição português para energias renováveis como “um sucesso extraordinário”.
A aposta do Governo é a correcta – permite reduzir a dependência de Portugal do petróleo, que apesar de distante dos picos de preços verificados no passado, é uma forma de energia dispendiosa e finita. Portugal reduz assim a sua dependência e a sua exposição a eventuais crises no preço do petróleo que, certamente, no futuro voltarão a suceder, resguardando o impacto que essas oscilações possam ter no défice público.
Não se tratando de uma epístola laudatória, há que referir o bom trabalho que por cá, ainda, se faz – e que, neste caso, resultou duma política e duma estratégia deliberada e concertada do Governo. A Sua Excelência os nossos parabéns – momentâneos. Esperamos, novamente e irreversivelmente, más notícias suas para divulgar brevemente.

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