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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ao emigrante

Ahhh...acabaram-se as férias e, como diria uma estimada vizinha minha que não reside no nosso país, é uma "catastrófe" voltar à rotina das 9h às 17h30. Por momentos, ao constatar que no primeiro dia de trabalho a minha cabeça estava a estourar de tanto sono e não me apetecia por nada deste mundo levantar da cama pensei: "Minha amiga, tu estás com stress pós-férias, é melhor deixares-te estar sossegada antes que te aleijes", mas depois de sentir a minha consciência pesar-me ainda mais que o meu sono percebi que a via não era essa, ia levantar-me e sair de casa às 9h e não iria sofrer de ressaca pós-férias com muita pena minha, porque até tenho uma certa curiosidade em saber o que é padecer destas doenças da moda.
Ainda assim, mesmo deprimida por já se ter acabado o meu "bem-bom", sinto-me regozijar por me encontrar numa das zonas do interior do país mais próximas da fronteira e, assim, poder deleitar-me com esse fenómeno da chegada dos emigrantes à terra natal e deixar-me levar pela alegria que essa gente traz ao núcleo esquecido do nosso querido Portugal. Público citadino que não tem a oportunidade de apreciar a grandeza deste êxodo: não sabeis o que andais a perder!
Podem achar ridículo, mas a verdade é que os nossos compatriotas trabalhadores no estrangeiro são capazes de fazer renascer qualquer pacato recanto durante o mês de Agosto. Mal chegam nas suas viaturas quitadas e brilhantes, nos seus Audis, BMWs e Jaguares, instalam o estado de sítio na passividade morna e pachorrenta de uma aldeia e concentram as atenções gerais nos símbolos da Federação Portuguesa de Futebol estampados nos vidros retrovisores e nas fieiras de ouro que pendem dos pescoços revelados pelas camisolas brancas de manga cava. E vêm todos! Os que a Portugal pertencem mais os amigos que mal falam português, trazem os seus IPhones de última geração e uma aparente riqueza no bolso que estranhamente contrasta com o nível de vida que se diz levarem nos países onde se encontram emigrados.
De nada valeriam os bailes de verão, as romarias e festas popularuchas sem o brilhante emigrante a espalhar a sua magia bilingue, o seu charme. Porque emigrante que se preze corteja sempre a menina da terra e deixa o seu coração vazio quando parte ou, numa outra área de acção, deixa sempre o brasão do anel de ouro marcado na face de qualquer velhaco mal intencionado que no seu caminho se atravesse. Emigrante que é emigrante sente no sangue as palavras de António Rocha da Costa:

O meu País aonde um dia eu vim nascer,
Comigo está constante, esse torrão natal;
Assim, o possa Deus p’ra sempre proteger,
E o povo lusitano grato possa ser!
Que viva para sempre o nosso Portugal!...



Amén!

3 comentários:

Street Fighting Man disse...

esses é que a sabem toda. chegam cá cheio de guito, poucos s lembram deles, logo são os reis da festa, e como não têm nada a perder, moçoilas ponde-bos a pau hehehe os azeites fazem parte do pacote? ora, vale sempre a pena quando a alma não é pequena, num é berdade? :P
bijou*

Joana Banana disse...

eu so sei que gostam de triciclos e lhes chama voitures. ainda nao estao tao deslumbrados assim.

la dizia a outra: um irmao meu esta em França

o outro na França está

M. Pompadour disse...

E "aparcam" os carros, que é muito mais chique que estacionar. Eles é que a sabem. "Quando era criança, tinha uma esperança, q'ria ir pra França França..."