A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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domingo, 12 de junho de 2011

A Moedinha

Esta semana terminou mais cedo dada a existência do nosso muy importante dia de Portugal, dia 10 de Junho, feriado nacional. Os festejos continuam do outro lado do blog, por razões atinentes à vida de Marquesa e, por isso, presenteio-vos hoje com um post invulgar.

Reservei-vos umas linhas neste domingo soalheiro para vos contar um caricato episódio que me aconteceu esta semana que passou. Já estou a ouvir alguns Leitores mais atentos a lembrar-me que os Humores de Sexta não são obviamente ao Domingo, mas como estamos todos a precisar de dar umas valentes gargalhadas, continuemos.

Ora estava eu sozinha no escritório, embrenhada nos processos, quando batem à porta. Lá vou eu abri-la, dando de caras com um senhor de cinquentas e alguns anos, meio coxo e com um aspecto, digamos, estranho. Cordialmente, mando-o entrar e sentar-se.

Ele começa então a falar da filha que “lhe levou o dinheiro todo” e que nunca mais viu, das contas que chegam e que não tem como pagar. Diz ainda que a mulher anda fugida, com outro homem. Bem, penso eu, deve ter vindo aqui ao escritório para tratar do divórcio, ou então para tentarmos um acordo de pagamento dos débitos… Hum… se calhar já tem execuções pendentes. Ou será que pretende apresentar queixa contra a filha? Coloco algumas questões, mas ele continua.

Conta-me que esteve na Venezuela e que, com o dinheiro que conseguiu juntar, comprou um terreno na santa terrinha, mas que já se chateou com um vizinho por causa do referido terreno e que esteve mesmo para o matar “à machadada” (bem, ponderei eu, e eu aqui sozinha no escritório com este serial killer!). Volto a perguntar-me acerca do motivo que o terá trazido até ao escritório. Terá pendente algum processo-crime por causa do vizinho? Quererá registar o terreno? Pretenderá resolver aquele tal problema que tem com o terreno ou serão questões fiscais que o trazem por aqui? Lá volto eu a fazer-lhe mais algumas perguntas.

Como eu via que o senhor já recomeçava a contar mais pormenores da sua vida, resolvi finalmente ser directa e perguntei-lhe:

- Mas afinal, diga-me, por favor, o que é que o levou a vir cá? O que é que pretende que eu faça?

Ao que ele me respondeu, pura e simplesmente:

- Ó doutora, eu só vim aqui para ver se me dava uma moedinha!

A vida está má, está! Até para os marqueses!

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