A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cadê as Manifs?

Antes de mais dirigimos, em jeito de penitência, uma mea culpa ao leitor pela nossa prolongadíssima ausência destas lides blogosféricas mas África, o Alentejo e a ausência de modem provocaram um blackout na ala direita d’ Opinador. Nas augustas mãos do excelso leitor depositamos, pois, a nossa súplica por clemência.

Quando o governo de José Sócrates não conseguiu manipular mais a realidade porque o dinheiro já se tinha evaporado da tesouraria, Portugal pediu, como todos sabemos, ajuda externa (pela 3.ª vez nesta nossa 3.ª República). Nessa altura, a esquerda mais castiça (para não lhe chamar outra coisa) proclamou solenemente que não seriam colaboracionistas com o agressor estrangeiro, tendo-se recusado sequer a ouvir a troika e a prometer a agitação popular contra os desígnios do grande capital, movido pelas forças da reacção.

Mas os eleitores portugueses, cientes que um Estado que não pague a funcionários, nem a fornecedores, constituiu um grave problema, tomaram tal birra como irresponsável e deram uma banhada eleitoral, principalmente ao BE. (O PS colheu também uma agradável derrota, tendo menos votos que os conquistados por Santana Lopes, convém lembrar).

Das últimas legislativas resultou pois que os partidos do arco da governação que assinaram o memorando de entendimento (José Sócrates assinou dois, mas ele não conta) recolheram cerca de 80% dos votos apurados o que, a nosso modesto ver, significa que se o povo não está com a troika, pelo menos está ciente da necessidade imediata de fundos que, não vindo do mercado, têm de vir das instituições que bem sabemos. Apesar disto, e porque a luta sempre continua, a CGTP (que é o mesmo que dizer o PCP) convocou para o passado dia 1 de Outubro uma grande manif contra as medidas que estão a ser tomadas… E aqui é que e torna caricato. Os manifestantes que dizem representar o povo, não tomam em linha de conta que muitas das medidas que vêm sendo anunciadas resultaram da vontade popular expressa por ele próprio, há cerca de 100 dias.

Posto isto, o raciocínio complica-se… Apesar de ter podido expressar livremente a sua vontade soberana aquele povo clama já contra as medidas que, ele próprio, aprovou. Sob pena de considerarmos o povo português inimputável somos forçados a considerar que aqueles manifestantes não representam de facto o povo português, o mainstream para não chamar a maioria silenciosa, mas antes franjas marginais da opinião política, conotados com partidos anti-democráticos e que cheiram a mofo.
Meus amigos, 100 dias depois de uma eleição, com o governo a cumprir, na generalidade, o seu programa de governo que é decalcado dos objectivos de um memorando que recolhe cerca de 80% de apoio em urnas, fazer uma manif contra as políticas de direita é, convenhamos um pouco absurdo – é certo que estais no vosso direito, mas ó meus amigos, não havia necessidade…

O que o país necessita antes de mais é de estabilidade para conseguir por a economia a crescer – e depois precisa de uma reflexão séria sobre o modelo de Estado que pretendemos para as próximas décadas, pois o que até aqui trazíamos era, como se viu, insustentável.

Quis a Providência que voltássemos a postar apenas no dia a seguir ao da comemoração do infame golpe que derrubou a plurissecular dinastia de Bragança do trono português – portanto avisamos já o leitor que no dia 6 haverá por estes lados propaganda monárquica.

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