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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A ação do Novo Acordo Ortográfico

O Novo Acordo Ortográfico, aprovado pela nossa Assembleia da República em 2008, já entrou em vigor no mês de janeiro do corrente ano. Todavia, foi definido um periodo transitorio de seis anos para a sua adoção e aplicação progressivas.

Este Acordo Ortográfico será adotado por oito estados da comunidade dos paises da lingua portuguesa, visando, nas palavras do Governo, contribuir para a expansão e afirmação da lingua portuguesa, pela consolidação do seu papel como meio de difusão e comunicação do conhecimento, como suporte do discurso cientifico e expressão dos mais diversos niveis culturais e, acima de tudo, para estreitar laços entre os paises de lingua oficial portuguesa.

Na semana passada, o Ministro da Presidência anunciou que o Novo Acordo Ortográfico vai ser aplicado em todos os estabelecimentos de ensino publico já no próximo ano lectivo de 2011/2012 e, a partir de 01/01/2012, será também para ser posto em pratica por todas as entidades governamentais. Esta medida já tinha sido acordada entre as editoras e a Comissão do Livro Escolar da APEC, reafirmando-se, no entanto, que com aquele calendario se pretende diminuir o impacto que a aplicação do Novo Acordo Ortográfico poderá ter nas famílias, editoras ou livrarias, facilitando o racionamento dos stocks existentes de livros escolares. Assim, coexistirão durante algum tempo a antiga e a nova grafias. Ressalte-se ainda o lançamento do "Lince" como ferramenta de conversão ortografica de texto para a nova grafia, disponivel online no Portal da Lingua Portuguesa e que alegadamente auxiliará a dissipar dúvidas residuais.

Ora, os cidadãos portugueses estão, na minha modesta opinião de Marquesa, bem mais preocupados com assuntos de maior relevo do que uma simples mudança na grafia das palavras que usam para comunicar entre si. Por conseguinte, duvido que as inumeras campanhas, que o Governo prometeu realizar com o objetivo de sensibilizar e informar a população acerca das alterações que este Acordo acarretará, surtam o desejado efeito. Mas como este Governo só (sobre)vive de "pão e circo", deixai andar quem anda!

Contudo, apelemos à nossa índole mais pratica e vejamos algumas das modificações que irão ser introduzidas entre nós. No alfabeto português, as letras "k", "w" e "y" vão passar a ter relevância como parte integrante do nosso abecedário. A par disso, todos os dias da semana, meses e pontos cardeais e colaterais vão passar a ser sempre minusculados. Ademais, se até agora tínhamos total liberdade para usarmos maiúsuclas para designarmos o titulo de uma obra, disciplina ou monumento, agora isso deixa de ser relevante, podendo nós usar maiúsculas ou minúsculas para tanto. As diferenças mais assinalaveis, a meu ver, respeitam ao desaparecimento de consoantes mudas como "cc", "cç". "pç", "pc", "pt", passando-se, por exemplo, a escrever "colecionador", "ação", "ato", "excecional" ou "batismo". Algumas palavras também vão deixar de ser acentuadas como "heroico", "leem" ou "veem". Finalmente, desaparecerá o hífen, passando a escrever-se "hei de" ou "antirreligioso".

Caríssimos, eu só acho inacreditavel estarmos a modificar a grafia das palavras e a impor uma nova quando muitos portugueses nem a antiga grafia conhecem. Ainda há dias lia uns textos de um blog de um colega meu, também ele licenciado (mas não em Direito) em que palavras como "encrível", "esitar" ou "coajir" me colocaram em brados de dor. Afirma-se que o impacto que o Novo Acordo poderá ter na avaliação dos alunos vai ser praticamente nulo, dado que, durante o periodo de transição, as duas grafias vão ser aceites na avaliação dos alunos. Mas para quê e porquê? Já agora porque é que também não se admitem como correctamente escritas palavras/expressões como "k keres?", "konta kmg" ou "dd kd?". Assim, meus queridos tudo ficaria muito mais descomplicado. A alguns governantes só tenho a dizer: "mudasti!".

A vida está má, está! Até para os "markeses".

(texto - quase - redigido de acordo com as regras do Novo Acordo Ortográfico)

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