A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

À Grande e à Açoriana


“Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros
George Orwell, Animal Farm





Neste nosso país, há uns tempos, um primeiro-ministro, de semblante carregado dirigiu-se à Nação anunciando as terríveis medidas que teria de tomar para conseguir adiar o enterro do cadáver do Estado Social, cada vez mais insuportável.


Entre essas terríveis medidas constava a redução dos salários na função pública para todos aqueles que auferissem mais de €1.550,00. Mas neste país da brincadeira logo começaram a surgir a excepções: sim a lei é para todos, mas há alguns que não são iguais a todos…


Logo de princípio, ficaram excluídos muitos trabalhadores de empresas municipais – não são função pública apesar de o seu salário ser proveniente da coisa pública (mas, como o objectivo da coisa era mais para credor ver do que para ter resultados, lá passou). Depois, os homens do dinheiro, de mão na bolsa vieram dizer: “cuidado… Se na Caixa ou no BdP se corta, os técnicos aí vão!”. E toca a excepcionar! Continuávamos todos iguais mas cada vez eram mais os que apesar de iguais eram mais iguais que os outros!

E eis-nos chegados aos Açores! O Sr. Carlos César (PS), presidente do governo regional, imbuído do espírito proteccionista dos seus funcionários, verborreia qual matrona romana:


ou aqui

(pedimos desculpa pela publicidade… coisas da RTP)


O presidente daquela região considera afectar os recursos do Estado não em proveito do bem comum, mas antes para remunerar alguns funcionários…


E de onde vêm esses fundos? Aqui a doutrina diverge… Pois o Sr. Carlos César numa declaração populista e demagógica (disponível no vídeo ali em cima) diz que andou a reunir os trocos e vai deixar de fazer umas obras que estavam previstas lá num estádio (e já com orçamento €4.000.000,00) para pagar aos funcionários. Mas isto diz ele! E nós não acreditamos… Porquê? Ora porque o dinheiro vem de uma rubrica denominada dotação provisional que serve para fazer face a despesas imprevistas… E coloca-se a questão de saber como V. Exa. conseguiu prever umas obras, por definição imprevisíveis (para estarem naquela rubrica)? V. Exa. consegue ainda surpreender mais: para além de prever já tinha um orçamento para essas obras imprevistas! Fantástico. V. Exa. terá decerto contactos directos com o Divino!
A não ser que as obras não tenham que ver com isto…


E das duas, uma ou V. Exa. é como um Professor Bambo mas dos Açores, ou então V. Exa. mentiu! E a minha mãe sempre me ensinou que quem mente é mentiroso… Não sou eu quem o diz, é ela!


Para além de uma atitude moralmente condenável e democraticamente incompreensível, junta-se a esta novela a mentira! A Mentira - que antigamente distinguia os homens honrados, dos homens vis… Se V. Exa. me quiser processar esteja à vontade, mas lembre-se da exceptio veritas… E isso pode ser uma chatice!


Oh Sr. Carlos César vá… (e agora o leitor introduza aqui o que pretender).


Mas uma coisa fique em mente, apesar de tudo – o Estado não faz dinheiro: quem gera riqueza são os privados. E para se dar mais rendimentos aos funcionários públicos o dinheiro, pode vir do continente, pode vir dos Açores, pode vir da Europa, mas o que não admite discussão é que o dinheiro vem dos impostos que os privados pagam! Quem paga tudo isto é quem desconta, quem paga a preparação patética de reeleição do Sr. Carlos César sou eu… E se sou, eu não quero! Sr. Carlos César, espero que perca!


O Sr. Carlos César vai ficar na história por ajudar, nesta nossa quinta, ao triunfo dos Porcos! Bravo!

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