A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Aniversário do Opinador

Faz hoje um ano que iniciamos eu e sua excelência Lord Nelson a bravata de escrever um blog. Nessa altura – e creio que posso falar pelos dois -, movidos pelo despertar da consciência que, com o progressivo amadurecimento, se sente interessar pelas causas maiores e mais elevadas, decidimos iniciar a odisseia d’O Opinador. Pretendíamos então dedicar a nossa pena não aos assuntos mesquinhos, mas às grandes causas, às grandes lutas, abandonar o nosso estatuto de mancebos, acabados de sair dos anfiteatros da Faculdade e respirar o vasto e largo ar do Pensamento Livre. Desde essa altura, outros opinadores juntaram a sua voz à nossa e hoje o Opinador pertence-lhes tanto quanto pertence aos seus fundadores. Mas esta relação não ficaria completa sem a presença do amável leitor que frequentemente nos honra com a sua visita. E se lançar a nossa voz pelas várzeas, contribuindo para o progresso do Pensamento é já uma missão que serena a alma, saber que essa voz é escutada de alguma forma confere-lhe outro valor à nossa missão. Por isso, ao leitor, o nosso – meu e de todos os opinadores – muito obrigado.

Ocorrem-me, pois, neste momento, as palavras de um senhor que viveu no século XIX, maior vulto da Literatura Portuguesa que, na altura, em Évora, fundando um jornal, «O Distrito de Évora», assim escrevia no seu primeiro número:

«Enquanto pela triste força dos factos, pela insuficiência da tradição, pela obediência inerte dos espíritos, pelo adormecimento das consciências, pelo amedrontamento das almas, pelas predominâncias estéreis, pela força dos interesses pequenos, pelo afrouxamento dos sentimentos livres, pelo abaixamento moral, pela fraqueza, pela indolência, por tudo isto, os interesses deste território forem desprezados, os desenvolvimentos impedidos, as livres consciências esmagadas, a acção abafada, as administrações descuradas, todos os elementos fecundos sufocados, um jornal, que procure representar o direito, a justiça, a razão, o princípio, a consciência moral, não será por certo inútil.»

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