A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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sábado, 30 de abril de 2011

A Irresponsabilidade do PS e do PSD

O compromisso político em torno de um torno de um determinado objectivo é essencial para a estabilidade interna do País, mas também para a visão que o exterior tem de Portugal. E, neste momento, Portugal está inteiramente dependente da visão que o exterior tem da estabilidade política em Portugal. Desde logo das agências de rating. Vimos o que se passou recentemente nos Estados Unidos em que a tensão entre o Partido Democrata e o Partido Republicano e o impasse político colocou já em causa a estabilidade do rating, agora sob vigilância negativa das agências.


Sabemos que a quebra do compromisso do PSD com o PEC para 2012 foi o principal motivo a descida sucessiva do rating da República nos dias seguintes. O nosso rating, no entanto, para já, não deverá descer. Mas também as instituições europeias e internacionais não são alheias ao bate-boca que por cá se vai mantendo; a constante troca de acusações entre PS e PSD aos olhos da opinião pública não é desconsiderada pelas instituições europeias e internacionais que, em breve, nos irão salvar da bancarrota. E o que hão-de pensar estas instituições que nos irão abrir a torneira do dinheiro, dos responsáveis de um País que se encontra numa crise da qual não consegue sair, por si mesmo, há mais de uma década e que depois de solicitar ajuda externa permanecem indiferentes às consequências inerentes a esse acto?


E, no entanto, sabendo tudo isto PS e PSD entretém-se a jogar xadrez político pelo lado mais mesquinho: as acusações pessoais. O PSD continua sem apresentar o seu programa de Governo a cerca de um mês das eleições. O PS apresentou-o esta semana: e a primeira parte do somatório de ideias produzido por um conjunto de cabeças rangendo, a teoria que delas foi espremida para as primeiras páginas – é precisamente dedicada ao PSD e a relembrar aos portugueses a responsabilidade política do PSD nesta crise. Como se o programa de Governo do PS se destinasse a atazanar a vida do PSD. Um programa de Governo formulado por um partido é destinado aos Portugueses – não ao PSD. Um partido que se queira afirmar na cena política fá-lo pelos seus valores, pelas suas ideias, pelas suas inspirações, pelos seus sistemas, pelas suas teorias: e fá-lo afirmando-se positivamente em relação aos outros: porque as suas ideias são melhores que as ideias dos outros e, por isso, mais positivas e benéficas para o País. Poderá decerto criticar-se as ideias de um outro Partido, mas sem nunca deixar de afirmar as suas, sem nunca deixar de as colocar em contraponto com as nossas próprias convicções. É o processo natural pelo qual se afirma a superioridade das Ideias: o seu debate e a sua discussão, após o qual se procede à sua selecção. O exercício da Política faz-se pela elevação das Ideias, não pela afirmação da mediocridade.

5 comentários:

Nelson disse...

Atendendo às circunstânicas, só me parece lógico que o PSD aguarde o que a Troika vai dizer, antes de apresentar o programa... Não percebo como isto não´é uma evidencia.
E permite-me: "Sabemos que a quebra do compromisso do PSD com o PEC para 2012 foi o principal motivo a descida sucessiva do rating da República nos dias seguintes."
Sabemos? Foi? É assim tão líquido? Olhe que não, sotor, olhe que não... Um pode ter sido ou um contribuiu, concordo agora assim tão taxativo?

Leticia, a Marquesa disse...

Mas é claro que o PSD apenas está a aguardar pelo momento mais oportuno para apresentar o seu programa de Governo! Contrariamente a certo e determinado tipo de pessoas e entidades, o PSD não é inadequado, hipócrita nem navegador ao sabor do vento e dos circunstancialismos.

Posto isto, verifico um erro crasso no título do seu post, Caro Colega: a irresponsabilidade sobre a qual discorre é peremptória e exclusivamente do PS.

Carlos Jorge Mendes disse...

Caros compinchas, lisonjeia-me o facto de ver V. Exas. unidas neste belo desígnio de contrariar a minha pessoa. Devo confessar, com alguma altivez, que me tem alegrado o ego. O que eu não compreendo são as vossas preocupações. Primeiro, uma preocupação comum a vocês os dois: o programa do PSD. Essa coisa anda a ser laboriosamente forjada há anos desde que o Sr. Passos Coelhos tomou o poder do partido; dele, no entanto, nada se conhece; um projecto de revisão constitucional aqui, uma possível subida além, com uma recusa inflexível de descer a reforma dos pobres que recebem a módica de quantia de mais de €1500. Ao que eu sei, o PSD tem participado nas reuniões com a troika. Decerto, saberá os planos da troika para o País. E os planos do PSD? Quais são? Sabem os portugueses? A Marquesa dirá: - Ah! o PSD já apresentou as suas linhas de orientação! Eu até já fiz um post sobre isso! Não viu o Dr. Carlos. Pois claro que vi cara Marquesa. Sucede, porém, que chamar aquilo programa de Governo é uma exageração da realidade - aquilo a que literariamente se designa de hipérbole. Irá, pois, o PSD apresentar o seu Programa nas vésperas das eleições? Depois delas? Se o Sr. Eduardo Catroga já o tem pronto porque espera?

Segundo ponto e este exclusivo à Marquesa: com certeza que a Marquesa não está atenta à realidade; viu o Expresso? As chalaçinhas do Sr. Eduardo Catroga ao Governo? O que acha a Marquesa de um redactor do programa do PSD atacar o Governo gratuitamente quando se negoceia um pedido de ajuda externa e os partidos devem esquecer as suas lutas partidárias em nome do interesse nacional? Até o seu putatvo colega de Governo, o Sr. Paulo Portas, o acha, e ele é parcial. E mais: repare que eu acho que o PS está também a ir pelo caminho errado. A Marquesa, vendo mal para a sua esquerda, só consegue, no entanto, ver à direita - mesmo que isso contrarie os interesses directos do País, mas não os correligionários sociais democratas.

Leticia, a Marquesa disse...

Caríssimo CJM,

Verifico que o seu ódio de estimação pelo muy nobre PSD se mantém vigoroso, o que também me lisonjeia profundamente, uma vez que, como já não nos vemos há algum tempo, nos permite esta troca calorosa de palavras.

Quanto ao programa de Governo do PSD, asseguro-lhe que esteja descansado, pois quando tal programa conhecer a luz do dia será, como sempre, pleno de ponderação, rigor e, claro está, eficácia (o mesmo não se poderá dizer de certos programas que já por aí pululam).

Portanto, respire bem fundo e, já agora, aguarde os resultados das próximas eleições. Estes irão mostrar a si e aos demais que "os socialistas falam e a bela caravana passa e passa bem" (se bem que palavrinhas proferidas na altura certa dão sempre um toque ainda mais requintado aos sociais democratas, como se tem verificado).

E é por isso que eu só consigo ver à direita, para bem de todos nós e para gáudio da minha tranquila consciência!

Nelson disse...

O Dr. Carlos confunde ideologia (coisa que por estes dias não há no PS) com programa de governo, nhenhenhenhenhenha
(para ser lido com entoação muito infantil).

Mas agora a sério - tanta coisa por causa do programa do PSD e nem uma palavra pra anedota que é o programa do PS? 70 páginas com capas, indices e pontos de situação?
O que acha disto ilustre doutor? Diga lá, vá...