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sábado, 14 de maio de 2011

PS passa PSD nas Sondagens

Pois é…Para grande desilusão dos nossos amigos sociais-democratas parece que o PSD lentamente, mas irreversivelmente, vai prosseguindo numa penosa descida nas sondagens. A última, do Público, demonstra que o PSD reúne 34% das intenções de voto; o PS – 37%. Parece-me que a subida de um e a queda de outro se explicam por um motivo: a queda do PSD está associada ao crescimento do CDS – 13,4% das intenções de voto para os centristas; e a subida do PS está associada à queda do BE – 6% dos votos; o PCP mantém sempre a velha estabilidade.

O PSD vem acumulando erros atrás de erros desde que as sondagens no ano passado lhes prometiam a vitória em caso de eleições legislativas antecipadas. Então, confortados por essa fofa almofada de vantagem – o PSD recostou-se e acumulou erros. O mais terrível de todos os erros foi a rejeição do PEC para 2012 na Assembleia da República. Desde então, sucessivamente, o PSD vem rolando por ali abaixo nas sondagens. O chumbo do PEC, na minha opinião, constitui um erro estratégico grave do PSD: forneceu uma base para acusação que o PS não tinha. Vejamos: caso o PSD se abstivesse na votação do PEC, mais uma vez demonstraria a sua responsabilidade governativa perante o País; parece cada vez mais claro que aquele PEC, em concreto, seria curto para as ambições do Governo, tal como as modificações que então se realizaram ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira; Portugal teria, inevitavelmente, de pedir ajuda externa. De quem seria a culpa? Exclusivamente do Governo. Ao votar desfavoravelmente o PEC, o PSD precipitou esse pedido de ajuda externa: o rating da República foi descendo rápida e progressivamente: o PS encontrou ali a sua arma eleitoral: a irresponsabilidade do PSD. Acresce a isto a má gestão que o PSD fez deste período: o Sr. Passos Coelho afirmava publicamente que preferia mil vezes aumentar o IVA para 25% do que descer a reforma dos pobrezinhos que auferem a módica quantia de mais de 1500€ de pensão. Tudo habilmente aproveitado pela máquina de propaganda do PS. Recentemente, foi a confusão em torno da Taxa Social Única. O resultado é, como vemos, aquele que encontra expressão nas sondagens.

O PS, por sua vez, não tem campanha própria: como um abutre, vai-se alimentando da campanha do PSD e dos seus erros. A isso se tem resumido a campanha socialista – começando no seu congresso e terminando no seu programa. Basear uma campanha eleitoral na defesa do Estado Social, de uma saúde pública e do ensino público é curto para um partido com ambições governativas. Com efeito, uma vez chegado ao Governo de que serve isso para pôr o País a crescer de forma a honrar os seus compromissos? Da nossa parte diremos que uma saúde pública e um ensino público são pilares de uma social mais justa e mais igual – mas não chegam. Neste momento, Portugal tem uma saúde e um ensino público mas não é uma sociedade igual; e não é certamente uma sociedade sustentável. Por isso, o PS não se pode limitar a apontar para a obra feita nos últimos anos – especialmente porque nos últimos anos a obra é desastrosa. O PSD tem realçado bem os erros que foram então cometidos – mas tem falhado em aproveitar os erros que o Sr. José Sócrates já cometeu nesta campanha. Não deixa de ser curioso que foi o Sr. Francisco Louçã quem expôs a contradição do Sr. Sócrates quanto à Taxa Social Única; e o PSD pouco uso tem feito disso. Então o homem ataca-os por quererem descer a TSU e em contrapartida quererem reformular as taxas de IVA, quando ele quer fazer o mesmo mas sem propor coisa alguma em troca? E os responsáveis do PSD nada dizem sobre isto? Numa coisa a campanha do PSD tem tido mérito: o PSD tem as suas ideias e vem-nas apresentando: aqui e além com erros, como foi o caso com a TSU. É assim que deve ser uma campanha – discutida com base nas ideias. Isso, no entanto, não impede o PSD de demonstrar que o PS não tem ideias; ou demonstrar a incoerência das mesmas. A elevação das ideias não se faz apenas pela afirmação das nossas: faz-se também demonstrando a incoerência das propostas do nosso opositor.

Dito isto, o resultado final das eleições de 5 de Junho é imprevisível. Apesar da recente subida do PS, essa tem sido feita sobretudo à custa dos partidos mais à esquerda – e não resta grande margem para continuar a roubar votos nesse espectro político. O PSD, por seu lado, pode ainda recentrar o seu discurso e emendar os erros que vem cometendo na campanha eleitoral e não só estancar a subida do CDS, como recuperar-lhe alguns votos. De qualquer a decisão das eleições, como sempre, faz-se ao centro: e nesse aspecto, o debate ainda a realizar entre o Sr. Sócrates e o Sr. Passos Coelho será muito importante, até para conferir um ímpeto final para a última fase da campanha.

1 comentário:

Nelson disse...

O post não deveria começar com "Para grande desilusão dos nossos amigos sociais-democratas"...

Devia começar por "Para grande desilusão dos portugueses". Porque é indefensável um PM que pressiona os media, que leva o país a bancarrota, que apresenta um programa sem medidas concretas, que mente, que diz que não está disponível para governar com o FMI e depois se candidta...

Para grande pena de todos nós, sr dr, para grande pena de todos nós...