Adorado leitor,
Na noite de domingo, enquanto passeávamos o nosso olhar pela televisão a nossa atenção foi despertada por algo deveras especial. Essa preciosidade é, enfim, a mais recente aposta criativa, por assim dizer, da SIC, a novela Lua Vermelha.
Para o leitor menos familiarizado com o nosso espírito e, perdoe-nos a indiscrição, devemos confessar-nos como um romântico lamechas e baboso, um desses que gostam de histórias de damas solitárias e sofredoras sempre com um cavalheiro heróico e destemido sempre pronto para a salvar, lágrimas, beijos, soluços, cavalos brancos de crina fina e macia, juramentos, unicórnios…E não coramos perante tal confissão, caro leitor!
Todo o reconhecimento das nossas nostalgias tem, porém, um fim que concerne, precisamente, com a nova novela da SIC.
Lua Vermelha, para o leitor mais distraído, é a importação rasca da saga Twilight da autora Stephenie Meyer. Na verdade, o espírito criativo do comum português resume-se à importação banal de qualquer peça que obtenha sucesso no estrangeiro. O vampiro está na moda, pois importe-se o vampiro! Neste caso, Lua Vermelha será a adaptação original para novela da saga Twilight que, por sua vez, já fora transcrita de livro para o cinema.
Enquanto anunciava o início próximo de Lua Vermelha, a estação televisiva de Carnaxide agraciou-nos com a passagem de um excerto de uma cena da dita novela. Nessa pequena mas relevante cena os mais incuráveis românticos ficaram prostrados nos seus joelhos frágeis de emoção, o olho de lágrima fácil, o beiço trémulo de sentimento. O leitor estará por certo ciente da simbologia que o olhar adquire na linguagem romântica. Pois bem… A transcrição da cena que vislumbrámos rompe com todos os todos os paradigmas até agora estabelecidos para esse simbolismo.
Dirigindo-nos agora às nossas leitoras femininas e aquelas mais ávidas de Robert Pattinson – shame on you! Ponham os vossos olhos no galã português de Lua Vermelha! Robert Pattinson ficará humilhado, acabrunhado, rebaixado, vexado, envergonhado ao ver tal desempenho tão pungente.
O Opinador de Veludo mesmo avisado de que invocar o nome de Deus em vão é pecado, a Ele suplica: roga-Lhe para que o Altíssimo, o Todo-Poderoso, o Redentor, o Omnipotente lhe inspire com a Sua luz para que nós possamos descrever com a nossa linha o relevo, a forma, a visão, a cor de tão maravilhosa cena. Ámen!
Eis então os factos.
O galã de Lua Vermelha (cujo nome desconhecemos) é abordado pela sua amada (cujo nome também desconhecemos) que lhe toma as mãos quentes e apaixonadas, incerta e hesitante quanto à tonalidade do seu olhar. O galã, bondoso e altruísta, desprende as mãos da amada para que ela não se preocupe com o seu globo ocular e atira, romanticamente, apaixonadamente, desvairadamente, com esta máxima que desfaz toda e qualquer preocupação no seio dos enamorados:
- Sofro de hipersensibilidade! – disse ele.
Textual!
Oh, meu bom galã! Tomáramos nós (tão febris nestas questões) sermos tomados por toda essa grandeza de espírito, por toda essa elevação de emoção para que quando a nossa amada, preocupada com a cor da nossa íris, possamos responder com essa veia poética às suas dúvidas! Nem A Beatriz de Dante foi cantada com tamanha eminência! Nem a Laura de Petrarca se pôde honrar com tão alta glória!
Caro leitor, para sua felicidade, os nossos relatos não terminam por aqui. O galã vendo que a dúvida ainda se apoderava do espírito incerto da sua amada continuou a sua elegia de olhar:
- Deve ter sido da luz! – disse ele zeloso pela sua amada.
Igualmente textual!
Ora nada mais desastroso quando o português, guiado apenas pela luz da imitação, tenta seguir a tendência de uma obra que tivera o seu sucesso no estrangeiro. É que quando é altura de tentar estabelecer uma quanta originalidade a fim de evitar o total e absoluto plágio estes são os resultados funestos que se conhecem. Portanto, às Artes Portuguesas O Opinador de Veludo deixa um apelo sentido: que procurem a novidade, o inexplorado, a originalidade e evitem a imitação barata, postiça e fingida.
Na noite de domingo, enquanto passeávamos o nosso olhar pela televisão a nossa atenção foi despertada por algo deveras especial. Essa preciosidade é, enfim, a mais recente aposta criativa, por assim dizer, da SIC, a novela Lua Vermelha.
Para o leitor menos familiarizado com o nosso espírito e, perdoe-nos a indiscrição, devemos confessar-nos como um romântico lamechas e baboso, um desses que gostam de histórias de damas solitárias e sofredoras sempre com um cavalheiro heróico e destemido sempre pronto para a salvar, lágrimas, beijos, soluços, cavalos brancos de crina fina e macia, juramentos, unicórnios…E não coramos perante tal confissão, caro leitor!
Todo o reconhecimento das nossas nostalgias tem, porém, um fim que concerne, precisamente, com a nova novela da SIC.
Lua Vermelha, para o leitor mais distraído, é a importação rasca da saga Twilight da autora Stephenie Meyer. Na verdade, o espírito criativo do comum português resume-se à importação banal de qualquer peça que obtenha sucesso no estrangeiro. O vampiro está na moda, pois importe-se o vampiro! Neste caso, Lua Vermelha será a adaptação original para novela da saga Twilight que, por sua vez, já fora transcrita de livro para o cinema.
Enquanto anunciava o início próximo de Lua Vermelha, a estação televisiva de Carnaxide agraciou-nos com a passagem de um excerto de uma cena da dita novela. Nessa pequena mas relevante cena os mais incuráveis românticos ficaram prostrados nos seus joelhos frágeis de emoção, o olho de lágrima fácil, o beiço trémulo de sentimento. O leitor estará por certo ciente da simbologia que o olhar adquire na linguagem romântica. Pois bem… A transcrição da cena que vislumbrámos rompe com todos os todos os paradigmas até agora estabelecidos para esse simbolismo.
Dirigindo-nos agora às nossas leitoras femininas e aquelas mais ávidas de Robert Pattinson – shame on you! Ponham os vossos olhos no galã português de Lua Vermelha! Robert Pattinson ficará humilhado, acabrunhado, rebaixado, vexado, envergonhado ao ver tal desempenho tão pungente.
O Opinador de Veludo mesmo avisado de que invocar o nome de Deus em vão é pecado, a Ele suplica: roga-Lhe para que o Altíssimo, o Todo-Poderoso, o Redentor, o Omnipotente lhe inspire com a Sua luz para que nós possamos descrever com a nossa linha o relevo, a forma, a visão, a cor de tão maravilhosa cena. Ámen!
Eis então os factos.
O galã de Lua Vermelha (cujo nome desconhecemos) é abordado pela sua amada (cujo nome também desconhecemos) que lhe toma as mãos quentes e apaixonadas, incerta e hesitante quanto à tonalidade do seu olhar. O galã, bondoso e altruísta, desprende as mãos da amada para que ela não se preocupe com o seu globo ocular e atira, romanticamente, apaixonadamente, desvairadamente, com esta máxima que desfaz toda e qualquer preocupação no seio dos enamorados:
- Sofro de hipersensibilidade! – disse ele.
Textual!
Oh, meu bom galã! Tomáramos nós (tão febris nestas questões) sermos tomados por toda essa grandeza de espírito, por toda essa elevação de emoção para que quando a nossa amada, preocupada com a cor da nossa íris, possamos responder com essa veia poética às suas dúvidas! Nem A Beatriz de Dante foi cantada com tamanha eminência! Nem a Laura de Petrarca se pôde honrar com tão alta glória!
Caro leitor, para sua felicidade, os nossos relatos não terminam por aqui. O galã vendo que a dúvida ainda se apoderava do espírito incerto da sua amada continuou a sua elegia de olhar:
- Deve ter sido da luz! – disse ele zeloso pela sua amada.
Igualmente textual!
Ora nada mais desastroso quando o português, guiado apenas pela luz da imitação, tenta seguir a tendência de uma obra que tivera o seu sucesso no estrangeiro. É que quando é altura de tentar estabelecer uma quanta originalidade a fim de evitar o total e absoluto plágio estes são os resultados funestos que se conhecem. Portanto, às Artes Portuguesas O Opinador de Veludo deixa um apelo sentido: que procurem a novidade, o inexplorado, a originalidade e evitem a imitação barata, postiça e fingida.
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