A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Vamos a la playa

Caro leitor,
Eis o que é necessário para se ser Ministro das Obras Públicas no nosso País: proferir declarações ridentes e cómicas.
Sua Excelência António Mendonça questionado pelos jornalistas sobre a importância da construção da linha de TGV entre Lisboa e Madrid, reflectiu, ponderou, meditou, considerou, passou a mão pensativa pelo queixo e atirou a seguinte afirmação aos jornalistas com gravidade e sapiência:
- Quando estivermos ligados a Madrid, Lisboa e toda a zona em redor será, provavelmente a praia de Madrid.
Para sua excelência António Mendonça a entrada em funcionamento da alta velocidade vai colocar Portugal num patamar superior de competitividade. E o Sr. Ministro das Obras Públicas ousa alto no seu sonho. Para o respeitável e venerável senhor esse patamar, o Céu da Competitividade, o Olimpo do Progresso, o Paraíso da Evolução é nada mais, nada menos do que Portugal tornar-se a praia de Espanha.
Caro leitor, estudando a perspectiva do Sr. António Mendonça afigura-se-nos claro que o vendedor de bolas de Berlim na praia, a indústria dos sorvetes, a indústria dos refrigerantes sairão claramente beneficiados. Aqui está o pensamento estratégico e a visão que o dito Ministro tem da ligação de alta velocidade que nos custará 1359 milhões de euros. E que pretende o Sr. Ministro dela? Facilitar, tornar mais dócil, afofar a pigmentação dos Espanhóis.
Por altura do Verão de 2009, o Sr. António Mendonça assinara um Manifesto que defendia a aposta nas grandes obras públicas. Nessa pueril altura, apontavam-se motivos mais requintadamente económicos para esse investimento:
1. a estratégia pública mais eficaz assenta numa política orçamental que assuma o papel positivo da despesa e sobretudo do investimento, única forma de garantir que a procura é dinamizada e que os impactos sociais desfavoráveis da crise são minimizados
2. Os recursos públicos devem ser prioritariamente canalizados para projectos com impactos favoráveis no emprego, no ambiente e no reforço da coesão territorial e social: reabilitação do parque habitacional, expansão da utilização de energias renováveis, modernização da rede eléctrica, projectos de investimento em infra-estruturas de transporte úteis, com destaque para a rede ferroviária, investimentos na protecção social que combatam a pobreza e que promovam a melhoria dos serviços públicos essenciais como saúde, justiça e educação.
3. melhores infra-estruturas e capacidades humanas, um território mais coeso e competitivo, capaz de suportar iniciativas inovadoras na área da produção de bens transaccionáveis.
… Entre outros motivos. Não pretendemos, porém, enfastiar o leitor com tal.
Entretanto, António Mendonça, agora feito Ministro das Obras Públicas decide abastardar os ideais keynesianos pelos ideais tropicais.
Parabéns a sua excelência!
O Opinador de Veludo, por seu lado, patrioticamente, propõe a nomeação da Padeira de Aljubarrota para o cargo do Ministério das Obras Públicas.

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