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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Presidenciais

Estimado leitor, Manuel Alegre será candidato presidencial em 2011. O Opinador de Veludo não se encontra em condições de o revelar oficialmente em primeira mão, mas já ninguém duvida que tal acontecerá, apesar do PS ainda não ter designado nenhum candidato oficial e de José Sócrates ter afirmado no sábado que "era cedo para se falar da recandidatura de Alegre". Já o poeta é mais lesto na sua movimentação para a corrida e inteligentemente, diga-se: ao não esperar pelo PS, impõe-se de forma muda, pois ainda não anunciou a sua candidatura, invocando a ponderação (coisa mais em voga para os lados da direita, contudo), mas, impõe-se também ruidosamente, em função dos apoios que vem recolhendo, e que não podem ser ignorados pelo partido, caso ele não pretenda ver repetido o cenário de 2006. Exemplo disso são os jantares com apoiantes em Braga e no Entroncamento e, mais recentemente, Alegre concedeu uma entrevista ao Jornal Expresso.
O meu bom amigo aristocrata e conservador Lord terá com certeza razões para se preocupar: Cavaco terá missão dificil para derrotar Alegre. E acrescentemos as nossas razões para tal. Alegre foi hábil na sua estratégia. É certo que o namoro ao Bloco em tempos passados pode ter custado a Alegre algum espaço de manobra dentro do PS, mas essa estratégia era fundamental para se aproximar do espaço mais à esquerda dos socialistas e do eleitorado descontente de Sócrates, estancando o voto de protesto. E pensámos nós que tal manobra resultou mais de uma estratégia deliberada de Alegre para cativar Louçã e anular uma eventual candidatura autónoma do Bloco do que propriamente pelos encantos sedutores daquele último. Assim, Manuel Alegre junta o provável apoio do aparelho partidário do PS, ao apoio implícito ou explícito das franjas mais à esquerda. Neste momento, ele é a única figura no seio da esquerda portuguesa capaz de a harmonizar e traduzir a tendência de voto dos portugueses na esquerda. Este factor é essencial. Não obstante, os eleitores terem expresso nas últimas eleições legislativas uma tendência de voto na esquerda, esta, em Portugal, apresenta-se fragmentada pelo carácter belicoso e marcial dos líderes que presidem a cada uma dessas forças políticas, incapazes de dialogar entre si e aproveitar esse capital de apoio que parece poder ser deduzido também do resultado das últimas autárquicas em Lisboa. Alegre aparece assim como a única personalidade capaz de agregar essa tendência. E caso consiga, pois veremos se terá ainda o apoio do PCP, ele será o grande favorito à Presidência, mesmo que Cavaco opte por se recandidatar e tendo em conta que um Presidente em exercício de funções que escolha a via da recandidatura nunca tenha sido derrotado.

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