A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Um Ano Depois

Estimado leitor,
Na passada quarta-feira, dia 20 de Janeiro, Barack Obama completou um ano à frente dos destinos da Casa Branca. É do meu agrado registar que o nosso fino e aristocrata amigo se tenha esquecido do simbolismo da data, desdenhando dum acontecimento tão marcante da nossa semana e, por sua vez, se tenha desfeito em elogios ao regresso ao poder da direita no Chile e à adulação a um porco com genética aracnídea. Por certo que as palavras breves e dolorosas, embora justas que dirigiu Michelle Bachelet, constituíram já um árduo e sôfrego trabalho para Sua Excelência, pelo que escrever umas quantas linhas ao Presidente Americano que alguns, comicamente, apelidam de comunista, seria uma tarefa herculeana e dolorosa para o nosso bom amigo pois seria forçado a escrever mais algumas palavras elogiosas.
Nós, egoisticamente, porém, achamos que não devemos deixar passar o acontecimento sem que o nosso espírito se digne a algumas palavras que, por mais belas que se apresentem, não serão a devida e justa homenagem a um líder como Obama. Assim, desde já, nos declaramos curvados face à magnanimidade da empresa que seria descrever na nossa linha com toda a luz aquele que tem sido o mandato de Obama neste seu primeiro ano como Presidente dos EUA.
Obama não é só a entusiástica e ardente Retórica. Aquela Retórica que nos deixa totalmente prostrados na impossível tarefa de contra-argumentar, não restando outra solução que não a aceitação humilhante e submissa do silêncio. As relíquias proferidas por ele na aceitação do Prémio Nobel da Paz em Oslo, o discurso do Cairo, o discurso em West Point, o discurso em Berlim em plena corrida à Casa Branca constituem verdadeiros nichos de ouro que, imediatamente, fulgem os actos de que essas palavras se pretendem revestir. Obama não se limita ao Dom da Palavra. Obama é também Acção. Veja-se o papel de comprometimento ao nível do clima, da economia, da saúde, na paz, na diplomacia. Alguns analistas, no início da sua Presidência acusaram-no, inclusive, de querer focar o seu olhar atento em demasiados assuntos. A crítica chega ao ponto de vergastar o Presidente por este ser demasiado diligente e laborioso…de se empenhar na resolução dos problemas!
Obama tem também uma visão particularmente altruísta da América no mundo. Ao contrário do seu antecessor ele rompeu definitivamente com o isolacionismo. Isso, contudo, e ao contrário do que afirmam uns cegos patrióticos republicanos, não impede a América de continuar a ser a nação liderante do mundo. Existem outros astros que lhe disputam o cume do Etéreo no alto Espaço, mas agora os EUA são o astro que chefia pelo brilho natural de um líder pujante, enérgico, forte, carismático e não pelo fulgor do metal polido do seu arsenal militar.
Aquando do início da sua Presidência, Obama olhava de frente a agenda mais exigente que um Presidente dos EUA tinha diante de si desde os tempos da Grande Depressão. Ele olhou-a firmemente e não tremeu. Os mais cépticos dirão que o insucesso no Afeganistão continua com o envio de mais 30 000 homens para a frente de batalha. Outros ainda dirão que ele, rotundamente, foi uma das faces do fracasso de Copenhaga. Pois bem, meus caros… Relativamente à guerra no Afeganistão devemos ter em conta que estamos perante um novo conceito de Guerra. Não se trata de uma Guerra em que, como anteriormente, dois inimigos se enfrentam num longo campo aberto, de olhos fixos um no outro, exibindo o poderio das suas armas. Trata-se de um conceito diferente. A nosso ver, é, sobretudo uma Guerra de Missionação de alguns quantos indivíduos que pelo seu fanatismo religioso, cegos de um ódio ávido, não compreendem o conceito de Liberdade e de Democracia, a que outros seus concidadãos aspiram. Truman, por altura da Guerra da Coreia, afirmou que, por vezes, a dádiva da liberdade tem de ser paga com um preço. Colocai agora os vossos olhos na Coreia do Sul e vede como esse povo está grato pela persistência dos seus actos. Obama é, neste momento, o líder tácito do Mundo. Mas tal não lhe permite operar todas as conquistas sem que os outros lhe sigam as pisadas ousadas. Assim se explica o falhanço da Cimeira de Copenhaga.
Uns Republicanos vazios de ideias, vácuos de liderança procuram impor-se apenas pela negação das ideias dos outros e não pela afirmação das suas. Um Dick Cheney, uma Sarah Palin, um Karl Rove ou um Glenn Beck. Nenhum deles consegue apagar o brilho que, neste momento, a estrela Obama tem. Quanto ao Futuro…esse logo se verá…E nós cá estaremos para fazer a apologia desses tempos vindouros.

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