A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O Regresso ao Jardim do Éden

1. Maria de Lurdes Rodrigues, ex-Ministra da Educação, foi directamente nomeada por sua excelência, o Primeiro-Ministro, José Sócrates para a presidência da Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD). A anterior Ministra vai substituir Rui Machete, por sinal, um social-democrata. O mesmo veio já a público elogiar a escolha. Citando, segundo Machete, Lurdes Rodrigues “tem todas capacidades” para exercer a função.
Em primeiro lugar, deveremos dizer que Lurdes Rodrigues teve, de facto, uma ideia honrosa no seu trabalho como Ministra da Educação: a avaliação dos professores. Na verdade, nunca até agora ninguém tivera a coragem de afrontar os interesses estabelecidos naquela classe. A devida vénia seja feita a Lurdes Rodrigues. E logo a vénia fica por aí. Mais longe não iremos pois tudo o que a partir desse momento se sucedeu demonstra a inaptidão da dita senhora. Após as eleições legislativas foi, delicadamente, afastada do Ministério da Educação e eis que, alguns meses depois, se torna Presidente da FLAD por nomeação do Eng. José Sócrates.
Esta pequena história (em conjunto com outras, como por exemplo, a tomada de posse de vários governadores civis após a derrota nas eleições autárquicas) reflecte e justifica grande parte da decadência em que Portugal se encontra. E qual é o ensinamento que desta história pretendemos retirar? Ora, nada de mais simples. A nação tomada no seu conjunto não é mais do que o espelho das nomeações feitas para os seus cargos públicos em que a preferência dos nossos governantes recai sobre os cidadãos mais incapazes.
Em todos os países existem um conjunto de indivíduos que pelos seus princípios, pelas suas ideias, pelo seu carácter, pela sua natureza infundem sobre os outros indivíduos uma simples coisa chamada admiração. Pela força do seu génio estes estão destinados a exercerem a força do exemplo sobre os restantes indivíduos que atraídos por essa faísca de ânimo são estimulados nas suas capacidades.
Em Portugal, todavia, os indivíduos chamados ao Estado e, por consequência, chamados a exercer a influência sobre os seus cidadãos são, precisamente, aqueles que menos aptos são para despertar nos outros indivíduos essas características. Contudo, essas mesmas pessoas possuem uma característica fundamental: são provenientes das ancas parideiras do aparelho partidário. Na realidade, relembre-se o que sucedeu há alguns tempos ao Professor Jorge Miranda e a sua candidatura ao cargo de Provedor de Justiça. O distinto professor de Direito, cujo nome havia sido apontado pelo PS, não era do agrado do PSD porque este partido se achava no direito de indicar um nome da sua responsabilidade. No seu brilhante entendimento o PSD acha que a competência individual de cada sujeito pouca importa para o desempenho público de uma função. O que aos olhos do PSD importa é que esse indivíduo seja nomeado pelo seu partido numa lógica de distribuição de cargos equitativa entre os dois grandes partidos.
E, assim, no Estado vemos florescer primaverilmente, os indivíduos mais ociosos, mais inertes, mais estéreis, mais nulos e mais inúteis. Os efeitos destas escolhas influenciam os processos que, depois, se soltam, fecundos, na sociedade portuguesa. E a consequência é lógica e simples: o abastardamento da inteligência. Com efeito, os indivíduos mais capazes, mais fortes, mais pujantes, mais enérgicos, a esses trastes, o Estado dispensam-nos. E aos sujeitos mais débeis, mais frouxos, mais moles, mas que reúnem a única característica imprescindível de serem membros de um Partido, a esses o Estado coloca-os na mão um ceptro portentoso e majestático e na pobre e vazia cabeça uma coroa dourada e reluzente. Eis como a sociedade portuguesa e, mais particularmente o Estado se encontra organizado de forma a dar o exemplo à sociedade civil. Eis como o Estado pretende actuar como exemplo sobre os seus cidadãos, vergastando e açoitando sobre os indivíduos mais capazes e, por arrastamento, sobre o Progresso. Pelo contrário, o Estado actua sobre os seus cidadãos promovendo o definhamento do seu valor intelectual. Lentamente mas irreversivelmente, os princípios, as ideias, a natureza do carácter dos indivíduos disciplinados desaparecem, em conjunto as sábias qualidades do homem e assim caminha Portugal rumo ao primitivo Jardim do Éden.

2. Ao nosso amigo aristocrata e as suas palavras sobre uma convergência entre uma nova vaga socialista e o fascismo, modestamente, diremos: o fascismo apregoa valores nacionalistas, valores esses que não são propriamente publicitados pela esquerda. Para além disso o fascismo é também caracterizado por uma vertente anticomunista, comunismo esse que, segundo sabemos, é uma força de esquerda. Assim, apesar de haver uma confluência de doutrina económica em certos aspectos, parece-me, manifestamente, abusiva a comparação entre socialismo e fascismo.

Sem comentários: