No dia de ontem, o PM português desdobrou-se em entrevistas à imprensa internacional – particularmente à americana -, anunciando que vai haver anunciar reformas. Tudo isto no intuito de serenar os investidores. Naturalmente que os investidores ficam plenamente saciados com a vacuidade deste anúncio do anúncio que se vai fazer alguma coisa. O que me leva a perguntar: que raio de estratégia comunicacional é esta?
Numa entrevista telefónica ao New York Times, o Sr. Sócrates anuncia “medidas para suportar o crescimento e a competitividade”. Mas quais medidas, V. Ex.ª? E como melhoram a competitividade? E quais os seus efeitos? Hein? V. Ex.ª acredita mesmo que o mercado serena só porque, escutando a sua voz de náiade, V. Ex.ª anuncia, vagamente, indefinidamente, que numa oportunidade próxima, vai anunciar qualquer coisa para promover o crescimento e a competitividade? Um desastre, V. Ex.ª!
Numa entrevista telefónica ao New York Times, o Sr. Sócrates anuncia “medidas para suportar o crescimento e a competitividade”. Mas quais medidas, V. Ex.ª? E como melhoram a competitividade? E quais os seus efeitos? Hein? V. Ex.ª acredita mesmo que o mercado serena só porque, escutando a sua voz de náiade, V. Ex.ª anuncia, vagamente, indefinidamente, que numa oportunidade próxima, vai anunciar qualquer coisa para promover o crescimento e a competitividade? Um desastre, V. Ex.ª!
E o mesmo aconteceu ao Financial Times onde V. Ex.ª indica que Portugal está a preparar reformas em duas das áreas mais importantes. Quais são essas áreas? Pois: não sabemos. E aqui será incúria do jornal que omite essas áreas ou negligência sua que oculta essas áreas. Sabemos sim que o Financial Times faz apenas referência positiva à reforma da segurança social, elogiada num documento do FMI, mas feita há três anos! Ou seja, V. Ex.ª diz que estão a ser feitas e preparadas reformas que foram realizadas há três anos atrás! Isto para combater a nossa falta de competitividade estrutural que ainda hoje se mantém! E precisamente numa área sobre a qual não incidem as preocupações do Eurogrupo! Um desastre, V. Ex.ª!
Por tudo isto, nós questionamos: porque não fala V. Ex.ª à imprensa internacional depois da conferência de líderes do Eurogrupo onde V. Ex.ª terá de levar, debaixo do braço, o trabalho de casa que lhe foi encomendado? Aí sim: sua excelência poderá explicar, minuciosamente, o conteúdo das reformas, os efeitos que, uma vez coordenados, poderão ajudar a competitividade da economia e o seu respectivo crescimento de forma a que Portugal honre os seus compromissos perante os seus credores sem necessidade de recorrer à ajuda externa.
Entretanto, o Público noticia que o FMI anda por estas bandas. Decerto não andará por cá ao acaso e os sinais destas visitas preliminares são preocupantes quando se fala cada vez mais na inevitabilidade e necessidade de Portugal recorrer ao FEEF. Neste momento, a ajuda não é imediatamente necessária: os juros da dívida desceram nas últimas semanas impulsionadas pela compra de dívida por parte do BCE e porque Portugal tem quase assegurada as suas necessidades de financiamento para o próximo par de meses, o que lhe confere tempo para esperar que essa queda se revela ainda mais consistente. Mas a situação não se joga já olhando aos interesses portugueses, mas sim aos espanhóis. E se Portugal pode esperar pela acção positiva do decorrer do tempo, os espanhóis não o podem uma vez que os juros da sua dívida pública continuam a subir, especialmente depois do aviso da Moody’s de que o rating da dívida pública espanhola poderá ser revisto em baixa. Assim, a opinião geral na Europa agora, aprendidas as lições com a Grécia e a Irlanda, é que é necessário agir preventivamente, evitando que Portugal contagie a Espanha. Face à cada vez menor probabilidade de que o trunfo das E-bonds seja colocado sobre a mesa, o futuro de Portugal é complicado. Um pequeno desvio para mostrar o meu desacordo com a posição alemã: as E-bonds seriam definitivamente, a forma de acabar com a especulação em torno da crise da dívida pública europeia. E os receios da Alemanha de ver subir os custos da sua dívida pública não colhem uma vez que, certamente, o rating das E-bonds receberia um triplo A. Mas regressando, ao futuro de Portugal, e face à indisponibilidade da Alemanha para esta solução, aliado ao problema espanhol, Portugal poderá ser sacrificado preventivamente, de modo a salvaguardar a posição espanhola.
2 comentários:
ainda não foi passado o atestado de óbito mas os abutres internacionais ja aí pairam hehe
já do nosso querido PM já não se pode dizer o mesmo. está morto e bem morto. a única questão que ainda se levanta é quando e onde se vai enterrar o cadáver. enquanto isso não acontecer, essas inócuas reestruturações e estratégias vão continuar a ser publicitadas aos 4 ventos.
Isso é o que tu pensas. Citando o nosso filósofo: «eu estou aqui e nunca virei a cara à luta». No parlamento espanhol é que já disseram ao nuestro hermano Zapatero que ele era «um cadáver político». Por cá até Maio/Junho, pelo menos, ainda há Sócrates. O resto depende do PSD.
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