A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Balofo Deficitário

Caro leitor,
É com grande pesar que hoje escrevemos as nossas linhas. Na realidade, e apesar da Moody’s há já algumas semanas ter ditado o óbito do nosso Portugal, ainda que lento, o OE 2010 é a causa das nossas mágoas. É certo que nada novo de novo nos apresenta esse funesto documento em relação a um passado recente. Caro leitor, neste ponto reside, precisamente, a nossa lamentação. Nada de diferente esses papéis numerados de cenários económicos demonstram em relação aos últimos anos. E que anos foram esses para Portugal? Um lamaçal. E que faz Portugal para sair do lamaçal? Nada. Pelo contrário, simplesmente, se enterra e se afunda ainda mais nele. É no lamaçal que Portugal pretende continuar a chafurdar como um porco o faz alegremente na pocilga.
Que ideia tem Portugal para sair do deficit? Rogar para que os impostos não apresentem a queda que sofreram no ano de 2009. Que ideia tem Portugal para crescer de uma forma sustentada? Rogar para que o soldo auferido com o valor dos impostos continue a aumentar. Com efeito, a estratégia dos nossos governantes resigna-se ao mero imposto. Ora subi-lo, ora desce-lo, conforme as circunstâncias. Acontece, porém, que tal estratégia não tem funcionado. O deficit ora contrai, ora incha com impressionante facilidade. E consoante esta diminuição ou dilatação, o Estado lá recorre ao velho imposto. E, assim, vai indo Portugal há uma década. Ou melhor dizendo, vai-se deixando andar. As velhas debilidades estruturais de Portugal continuam agrilhoadas ao nosso País, tal como nós nos vamos prendendo cada vez mais à cauda da Europa.
Se é certo que Portugal pretende diminuir em 1% o valor do deficit já este ano para 8,3%, os próximos anos serão penosos para cumprir a meta da redução do deficit para 3%, de acordo com o PEC, até 2013. Para o leitor ter uma pequena ideia da tarefa herculeana nos próximos três anos terão de ser feitos cortes na ordem dos 3300 milhões de euros por ano, ou seja, dois pontos percentuais. Esta ligeira tarefa é mais penosa do que aquela que foi empreendida nos anos de 2006 e 2007 por José Sócrates para combater a Hydra deficitária de então. A estratégia de redução do deficit foi alcançada embora maquilhada sob a forma de paliativo. A verdade é que Portugal mantém os vícios que o impedem de sair do lamaçal. Apesar do combate ao deficit ser de grande relevância, O Opinador de Veludo, a título meramente preventivo, sugere que se pensem, igualmente, em formas de evitar que Portugal volte a ostentar o título pomposo de Balofo Deficitário.

2 comentários:

Helena disse...

Estou farta de ouvir falar do défice. Será que não podemos apresentar Portugal à insolvência e pedi um fresh start? x)

Carlos Jorge Mendes disse...

Minha cara amiga Helena,

O Opinador de Veludo quer-se um blog indisciplinado,que não segue os passos de ninguém e que gere a sua própria agenda mediática com altivez e vaidade.

Ainda assim, o Orçamento era um assunto de necessidade imperiosa. E ao falar-se de Orçamento é obrigatório falar da cria que não lhe sai debaixo das saias: o famigerado défice. Não nos agrada, mas era incontornável.

Quanto à insolvência, tenho lido nalguns jornais que os portugueses são um povo inventivo e perfeitamente capazes de tornearem estas situações como um toureiro faz a um touro. Pena é que passado algum tempo o touro, cornudo, venha espetar os ditos novamente no português. Segundo tenho aprendido recentemente, esta capacidade criativa do nosso povo deve-se a um bom desenvolvimento do lado direito de cérebro. Portanto, deixem os portugueses à vontade a fazer uso da massa cinzenta...nem que seja só a do lado direito.