A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Loucos e Impreparados

.
Amigo leitor, permita-me antes de mais tecer um elogio ao último post do Dr. Carlos. Foi com agrado que este vosso amigo constatou que o bom senso prevalece ainda em muitas cabeças – que faltaram àquelas tristes comemorações – e existe em abundância no nosso bom Doutor. Ele ainda é daqueles que não deturpa os factos para encaixar nos seus propósitos. Um bem-haja!
-
Acerca dos discursos do 31 de Janeiro recomenda-se esta leitura:
http://marsalgado.blogspot.com/2010/01/ordem-na-republica-os-republicanos.html
-
-

Ж
-
Agora quanto ao post em si mesmo: Vossa Excelência tem conhecimento da mais recente polémica no mundo jornalístico português? É verdade, ao que parece, o jornalista Mário Crespo viu a sua crónica no JN censurada…
-
Alegadamente e não por mim, esta censura veio na sequência de uma almoçarada com o nosso Primeiro (José Sócrates), o Segundo dele (Pedro Silva Pereira), um parlamentar Jorge Lacão e um executivo que o Opinador ainda não conseguiu apurar. Também ficou por apurar se o almoço incluiu prato de peixe, designadamente robalos.

-
Segundo o Expresso, neste encontro os comensais apelidaram o Sr. Mário Crespo de “louco” e profissionalmente impreparado”.

-
E aqui é que eu me admirei! Olhai que para o nosso Primeiro chamar profissionalmente impreparado é porque a coisa está mesmo preta! Com a sua licenciatura e os seus projectos lá na província… É preciso ser-se mesmo "impreparado".
Quanto a isto, duas notas:

  1. Lembramos que o Sr. Dr. Mário Crespo leccionou na Universidade Independente onde o Eng. Sócrates se licenciou… E esta hein?
  2. Se o amigo leitor já não se lembra ou preferiu esquecer as casinhas assinadas pelo nosso Eng. carregue neste link, por gentileza. Caso ainda se lembre carregue na mesma que vale muito a pena.

..
Ora como nós não somos de todo apoiantes da actual maioria (relativa), e como gostamos do exercício do contraditório, transcrevemos em seguida o texto que se queria censurado e que tem por título “O Fim da Linha”. Assim, em vez da tradicional imagem associada aos posts deste vosso humilde servo, temos hoje um excerto, retirado do Instituto Francisco Sá Carneiro.
.
O Fim da Linha
.
Por Mário Crespo
.

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.
.


Terminamos assim, aconselhando o visado pelos comentários a ponderar um processo por difamação e desejando boa-sorte ao nosso executivo para futuras censuras já que esta não correu muito bem!

.
Não estiveram preparados, não foi? Estiveram pois impreparados… E esta mania da perseguição não é de pessoas saudáveis… É mais de pessoas… falta-me o termo…

Sem comentários: