A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Mamadeira - A Saga

Estimado leitor,
A Opinião Pública tem sido negligente. E nós, O Opinador de Veludo, elevando-se por entre essa massa, procurando os brilhos do Céu e querendo sentir-se dos deuses um filho privilegiado, busca a construção do seu juízo com autonomia e propriedade. Assim sendo, deixando as carnes do Primeiro-Ministro aos abutres da Comunicação Social, O Opinador vai à procura de novas presas. E não precisamos de percorrer um longo caminho. Ainda em função das reminiscências do caso TVI encontramos o nosso alvo: Rui Pedro Soares. E nenhuma providência cautelar nos impedirá de tal. Por isso, caro leitor, para fins puramente provocatórios, iremos usar o nome de Rui Pedro Soares em abundância.
Caro leitor, há uns tempos chamamos a atenção de sua excelência para algo que se vem passando no seio farto do Estado. Na crónica “O Regresso ao Jardim do Éden” chamamos a atenção do leitor para um fenómeno muito comum em Portugal: a imbecilidade de certas pessoas que ocupam cargos no Estado ou atribuídos pelo mesmo.
Rui Pedro Soares ascendeu à comissão executiva da PT com 34 anos, cargo singelo que lhe confere um rendimento igualmente singelo entre 1,2 e 2,8 milhões de euros. Na comissão executiva da PT, dos sete administradores que a compõem, dois são nomeados pelo Estado. Estes dois representantes do Estado são, precisamente, Rui Pedro Soares e Soares Carneiro. Por esta altura, o leitor interrogar-se-á dos feitos extraordinários que Rui Pedro Soares terá feito ao longo da sua vida desde que saiu do ventre da sua mãe e foi, acto contínuo, abençoado com uma auréola de suprema sabedoria que lhe permitiu chegar com esta breve idade a um cargo de tamanha imponência? Sua sapiente excelência Rui Pedro Soares é licenciada em Gestão de Marketing no Instituto Português de Administração de Marketing. Após a sua licenciatura Rui Pedro Soares, brilhantemente, diga-se de passagem, realizou alguns estudos de mercado e passou (o verbo tem uma conotação interessante pois indica uma coisa fugaz), repita-se, passou pela direcção de marketing do Banco Cetelem. Desde Abril de 2001, iniciou funções nos quadros da PT como assessor da PT Multimédia e em 2006 tornou-se um dos homens fortes da PT. E eis tudo. Agora, caro leitor, una-se a nós em assombro e em uníssono e questione-se como diabos é que Rui Pedro Soares conseguiu tornar-se um dos homens chave da PT com este brilhante currículo? Estimado leitor, não fomos sinceros consigo. Por isso, pedimos as nossas desculpas. Rui Pedro Soares conta também no currículo com outras actividades relevantes, entre as quais um papel na vitória de José Sócrates na corrida à liderança do PS ou um cargo de vereador sem pelouro na Câmara de Lisboa ou, ainda, uma derrota numa candidatura à liderança da JS. Nestes factos residem as principais virtudes do currículo de Soares. Mas tal não significa que seja, de todo, inteligente. Senão vejamos: Rui Pedro Soares conseguiu fazer do jornal “Sol” da semana passada um dos maiores sucessos de venda de sempre. Segundo lemos na Imprensa foram vendidos 260 000 exemplares. Para o leitor ter uma pequena ideia, o Correio da Manhã, apesar de ser um jornal diário e não um semanário, líder da Imprensa Generalista tem uma quota de mercado a rondar os 110 000 exemplares por dia. Rui Pedro Soares não só não conseguiu impedir a edição do jornal como lhe deu as honras de publicidade que a Direcção do Sol nem do próprio Redentor poderia esperar, como notificações por Oficiais de Justiça em pleno noticiário ou assistir à simples impressão do jornal.
Ainda a propósito de Rui Pedro Soares questionamos como ele ainda não teve a dignidade de se demitir ou já que, esta também lhe é escassa, como o Estado não teve o pejo de o demitir das funções que exerce na PT? Como nos diz Ramalho Ortigão, suas excelências estão contemplando ou, simplesmente, dormindo?

Caro leitor, alguns analistas argumentam que estas situações são fomentadas pelo Estado que oferece um seio voluptuoso do qual muitos se gostam de alimentar, ou, se preferir, mamar. Neste sentido, preparamos, cuidadosamente, uma metáfora que julgamos adequada: enquanto o Estado desempenha o papel de vaca oferecendo, docilmente, a sua tetinha, vislumbramos, por este País, muitos vitelos a mamar nela, indevidamente. A nosso ver, o problema não está tanto na extensão do seio farto do Estado mas na forma como o Estado o oferece. Esta metade d’O Opinador de Veludo não é particular adepta do Estado mínimo, apesar de defensor de um Estado eficiente. E um Estado eficiente nomeia as pessoas com a devida capacidade e a devida competência para um determinado lugar e não os compadres ou as comadres que melhor lhe convêm de forma a ter alguém próximo com um olhar atento, mas submisso e servil, a zelar pelo bem público.

Sem comentários: