A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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domingo, 5 de setembro de 2010

Big Brother is watching you...

Conselho: antes de começar a ler este texto, páre e olhe à sua volta. Verifique se não está a ser observado. Agora que retomou a leitura, páre e olhe novamente. Se tiver a absoluta certeza de que ninguém o observa, continue a ler.


Actualmente, grande parte de nós aliena totalmente o seu direito à reserva sobre a intimidade da vida privada, ao publicar nas mais variadas redes sociais fotos suas e dos seus familiares e amigos, ao actualizar constantemente o seu estado, manifestando o que faz ou deixa de fazer ou até mesmo indicando onde é que se encontra minuto a minuto. Todavia, como esta exposição é mais do que consentida pelo próprio, ninguém vê problema algum nisto nem se apercebe sequer que toda a sua vida se encontra disponível para consulta à distância de um mero clique. Até ver a sua casa assaltada enquanto foi de férias (como é que eles sabiam que não estava ninguém em casa se até pedi à minha mãe que viesse sempre deixar uma luz acesa à noite para que pensassem que a casa estava ocupada?). Até ver os seus filhos raptados à porta da própria escola por pedófilos que adoravam as fotos dos meninos que eram frequentemente disponibilizadas no site pessoal da sua mãe. Até serem burlados por indivíduos que "até o meu nome completo e para quem eu trabalho sabiam!".

Ademais, vivemos num Mundo onde é possível fácil e rapidamente descobrir onde nos encontramos a cada segundo que passa. Já existem à venda no mercado dispositivos de localização celular que, através da simples inscrição de um qualquer número de telemóvel, permitem, em escassos segundos, descobrir onde é que aquele telemóvel está e, obviamente e em consequência, o seu portador. O mesmo sucede relativamente aos automóveis que, com chips de identificação electrónica aparentemente insignificantes e que parecem somente visar fins de cobrança, podem facilmente denunciar o percurso que trilhamos ao volante.

A 1 de Agosto do presente ano, entrou em vigor uma nova lei que confere a obrigatoriedade de os agregados familiares portugueses beneficiários de prestações familiares, de subsídios de desemprego ou de rendimentos sociais de inserção, para poderem ver estes apoios renovados, fazerem prova dos seus rendimentos, tendo de declarar não só ou prédios ou veículos de que são proprietários, mas também as próprias contas bancárias e seus respectivos valores. Sob a capa de "não dar apoios a quem deles não precisa" ou então de "acelerar a cobrança e evitar escapatórias", esconde-se o fim último desta lei:a constituição de uma base de dados pessoais de todos os cidadãos o mais detalhada e completa possível. Assim, torna-se muito mais fácil controlar tudo e todos. Para quem julga que o tempo das liberdades se efectivou após o 25 de Abril, desengane-se! Esse tempo nunca terminou. Nunca fomos tão controlados como actualmente! Onde está a tão afamada liberdade do ser humano? Onde está a privacidade que tanto deveria ser por nós prezada?

Nos últimos anos, cientistas japoneses e norte-americanos têm-se dedicado à construção de uma máquina que permite a leitura dos pensamentos através de um equipamento de ressonância magnética. A pessoa deita-se sob essa máquina e os investigadores pedem para que a pessoa pense naquilo que quiser. Logo de seguida surgem no monitor dos cientistas as palavras: "adorar, amar, sonhar, odiar...", consoante o pensamento da pessoa. Se a invenção for aperfeiçoada a ponto de qualquer pensamento poder, num futuro próximo, ser traduzido por esta máquina, até a única coisa que actualmente nos parece ser privada vai passar a ser susceptível do conhecimento do mais comum dos mortais.

Para onde caminhamos nós? Para o mundo que George Orwell descreveu na sua obra "1984". O Mundo está a tornar-se num Big Brother global e, cuidado, porque afinal, neste preciso momento, enquanto lê tranquilamente este texto, alguém algures no Mundo está precisamente a dedicar-se... a observá-lo!

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