Esta semana, as últimas tropas de combate norte-americanas abandonaram o Iraque. Um sinal óbvio do final do conflito militar, mas não o fim da missão dos EUA no Iraque. Bem longe disso, na verdade. Se o objectivo dos EUA se revelar apenas a destruição da base de operações da Al-Qaeda, ou como afirmava George W. Bush, evitar que o regime iraquiano prosseguisse os seus esforços de se tornar um país nuclear, então a presença dos EUA no Iraque foi inútil. Se a esta missão não for dada a continuação de uma batalha de implementação de uma democracia sólida, estável, pluralista e segura, toda a missão terá sido em vão. Ainda mesmo com as tropas americanas actualmente presentes no terreno – cerca de 50.000 homens – os ataques terroristas sucedem-se e há, por todo o lado, um clima de quase guerra civil. Após o conflito militar, os EUA necessitam de prosseguir a sua missão de fazer do Iraque uma democracia – e uma democracia não apenas na forma, mas igualmente na substância. É verdade que o Iraque tem um Governo – ainda que indefinido em função do impasse gerado pelas últimas eleições e que a impossibilidade de um acordo entre os dois maiores partidos tem alimentado um impasse que dura já há cinco meses. Mas para além desta democracia formal, continuam os sinais de uma democracia pouco ou nada substancial – a corrupção prospera, a insegurança alastra, a escassez de serviços básicos é gritante.
A importância geoestratégica da implantação de uma democracia sólida e estável no Médio Oriente – para além de Israel – é enorme. E esta é uma das batalhas pela qual a Al-Qaeda se bate: obstaculizar a esse objectivo. A Al-Qaeda sabe que uma democracia próspera, onde a qualidade de vida da sua população melhore representaria um duro golpe às suas práticas de recrutamento e instigação de ódio contra o Ocidente. Vence-los na sua própria ideologia é o fundamental. A ideologia ocidental é claramente superior para os ocidentais, mas não para aqueles que a Al-Qaeda a todo o tempo recruta. São essas pessoas que o Ocidente necessita de persuadir. E que melhor estratégia seria do que aquela de implementar bem no coração do Médio Oriente uma democracia que assegurasse qualidade de vida a todos os iraquianos?
Pelo contrário, um Iraque regressando às suas raízes autocráticas, espelhando todo o falhanço do Ocidente na sua missão, seria um revés enorme para a estratégia de pacificação do Médio Oriente. Seria fortalecer todos os países que circundam o Iraque e, em particular, o Irão. O Irão é, aliás, o principal interessado no falhanço da missão dos Aliados. A implementação de uma democracia pluralista no Iraque representaria um alimentar da oposição interna no Irão que se fez sentir no ano passado e que colocou em sério risco a República Islâmica e que apenas foi diminuída pela brutalidade do regime de Ahmadinejad. A Revolução Verde de Mir-Hossein Mousavi teria novamente espaço para crescer entre o povo e adquiriria uma poderosa arma de propaganda, dificilmente controlável pelo regime actual.
É, por isso, que a missão dos Aliados no Iraque está muito longe de terminar e só agora irá entrar na sua fase decisiva. A dificuldade desta missão não residia no sucesso militar, mas sim no sucesso doutrinal – o de demonstrar ao Médio Oriente que é possível estabelecer uma democracia no seu seio. E essa missão doutrinal está ainda longe de ser ganha, embora necessite de diversos anos para ser conseguida. Só assim se poderá pacificar o Médio Oriente, só assim os EUA poderão assegurar a sua própria segurança e neutralizar a Al-Qaeda.
É ainda cedo para dizer que a missão no Iraque ou no Afeganistão resultou numa vitória ou numa derrota. As guerras não se fazem como no passado – os vencedores não exibem os despojos de guerra como sinal da sua vitória. E, sobretudo, porque neste caso não se trate de um conflito militar, mas num novo conceito de guerra, marcadamente ideológico – trata-se de fazer prevalecer em regiões fundamentalistas islâmicas os ideias que há muito foram proclamados no Ocidente e que se iniciaram com a Revolução Americana e a Revolução Francesa há dois séculos atrás: Igualdade, Fraternidade e Liberdade.
A importância geoestratégica da implantação de uma democracia sólida e estável no Médio Oriente – para além de Israel – é enorme. E esta é uma das batalhas pela qual a Al-Qaeda se bate: obstaculizar a esse objectivo. A Al-Qaeda sabe que uma democracia próspera, onde a qualidade de vida da sua população melhore representaria um duro golpe às suas práticas de recrutamento e instigação de ódio contra o Ocidente. Vence-los na sua própria ideologia é o fundamental. A ideologia ocidental é claramente superior para os ocidentais, mas não para aqueles que a Al-Qaeda a todo o tempo recruta. São essas pessoas que o Ocidente necessita de persuadir. E que melhor estratégia seria do que aquela de implementar bem no coração do Médio Oriente uma democracia que assegurasse qualidade de vida a todos os iraquianos?
Pelo contrário, um Iraque regressando às suas raízes autocráticas, espelhando todo o falhanço do Ocidente na sua missão, seria um revés enorme para a estratégia de pacificação do Médio Oriente. Seria fortalecer todos os países que circundam o Iraque e, em particular, o Irão. O Irão é, aliás, o principal interessado no falhanço da missão dos Aliados. A implementação de uma democracia pluralista no Iraque representaria um alimentar da oposição interna no Irão que se fez sentir no ano passado e que colocou em sério risco a República Islâmica e que apenas foi diminuída pela brutalidade do regime de Ahmadinejad. A Revolução Verde de Mir-Hossein Mousavi teria novamente espaço para crescer entre o povo e adquiriria uma poderosa arma de propaganda, dificilmente controlável pelo regime actual.
É, por isso, que a missão dos Aliados no Iraque está muito longe de terminar e só agora irá entrar na sua fase decisiva. A dificuldade desta missão não residia no sucesso militar, mas sim no sucesso doutrinal – o de demonstrar ao Médio Oriente que é possível estabelecer uma democracia no seu seio. E essa missão doutrinal está ainda longe de ser ganha, embora necessite de diversos anos para ser conseguida. Só assim se poderá pacificar o Médio Oriente, só assim os EUA poderão assegurar a sua própria segurança e neutralizar a Al-Qaeda.
É ainda cedo para dizer que a missão no Iraque ou no Afeganistão resultou numa vitória ou numa derrota. As guerras não se fazem como no passado – os vencedores não exibem os despojos de guerra como sinal da sua vitória. E, sobretudo, porque neste caso não se trate de um conflito militar, mas num novo conceito de guerra, marcadamente ideológico – trata-se de fazer prevalecer em regiões fundamentalistas islâmicas os ideias que há muito foram proclamados no Ocidente e que se iniciaram com a Revolução Americana e a Revolução Francesa há dois séculos atrás: Igualdade, Fraternidade e Liberdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário