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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

BRIC – Capítulo III – Índia

Neste terceiro capítulo de análise às economias emergentes vamos debruçar-nos sobre a terra dos marajás. E como está bom de ver, o próximo será sobre o gigante amarelo pintado de vermelho – a China.





A Índia deve ter a maior média de crescimento entre os BRIC: segundo os analistas, em 2050 poderá estar no 2.º ou 3.º lugar no ranking das economias mundiais, atrás apenas de China (em 1.º) e dos EUA (em 2.º). Além de potência militar, o país tem investido em tecnologia e qualificação da mão-de- obra. É também o segundo país mais populoso do mundo (a seguir à China) e a democracia mais populosa, como decerto saberá o leitor. O PIB anual situa-se em 1.256.000.000.000 dólares.

As suas instituições políticas estáveis bem como o clima de paz social são responsáveis por atraírem muitas conhecidas empresas para aquelas paragens em fenómenos de deslocalização, muitas vezes eufemísticamente apelidados de outsourcing; e aqui podíamos falar do caso da IBM ou da JP Morgan. Podíamos, mas não o vamos fazer.

E no outsourcing a Índia leva a dianteira de todos os BRIC com 11.400.000.000 dólares de lucro anuais e tal deve-se não só à herança britânica (que se manifesta na língua e no sistema jurídico) mas também à sua força de trabalho, bastante educada, mesmo segundo critérios ocidentais – de referir que anualmente, na Índia, cerca de um milhão de jovens termina um curso superior; e estão dispostos a trabalhar por uma fracção de um salário americano ou europeu.


Apesar das inúmeras oportunidades para se tornar a 2.ª ou 3.ª economia mundial em 2050 (logo a seguir aos E.U.A. e eventualmente à China) existem riscos:


Um dos maiores perigos para o crescimento indiano vem do norte, mais precisamente de Caxemira, região há décadas em disputa com o vizinho Paquistão – potência nuclear. Este é um dossier que faz a Índia gastar um bom bocado do seu PIB em armamento e é sempre um barril de pólvora pronto a explodir a qualquer momento. Sim, até porque o Paquistão não é propriamente um país neutral e pacifista pouco permeável a influências externas. A sua política externa também deixa muito a desejar… Apesar de ser um gigante económico não tem grande influência na cena política internacional.


Mas tudo somado, a Índia é no contexto dos BRIC aquele que ac
tualmente parece ser a melhor aposta – e no próximo capítulo explicaremos porque discordamos da maioria dos analistas que apontam a China como a potência líder em 2050.


Fora do tema há agora lugar ao nosso direito de reposta ao Dr. Carlos (não que ele mereça, mas sempre ouvimos dizer que quem não se sente não é filho de boa gente). Assim:


Fome zero – das duas uma: ou o programa não era para acabar com a fome (e aí temos publicidade enganosa); ou então era para acabar (e não acabou, já lá vão sete anos o que talvez seja muito tempo para esperar de barriga vazia). E nunca nós defendemos o fim de todo o tipo de ajuda social – discutimos o grau, não o princípio…

E tendo respondido desta forma, aproveitámos para lançar uma farpa no lombo daquela excelência:

Sua Excelência ficou incomodada com os cronistas do Expresso e as suas atitudes pouco socráticas. Ora, para defender o seu mundo cor-de-rosa, Sua Excelência desata a vergastar à esquerda e à direita: à esquerda acena com o bicho papão dos mercados internacionais para justificar o contínuo despesismo e rapina do Estado (oh doutor Carlos nós queremos um Orçamento equilibrado. Mas pelo lado da despesa não pela rapina na receita!); à direita vergasta contra mudanças na Constituição! Não se mexa nem se fale! Mas esqueceu-se de um pormenor: para um Governo existir não é necessário um consenso tão alargado como para uma alteração constitucional – quer isto dizer que a Constituição (pelo número de apoios que necessita) deve ser o repositório mínimo onde se encontram as regras essenciais em que a generalidade da sociedade deve acordar. E não é isto que se passa: desde os planos quinquenais, ao redimensionamento do latifúndio, há lá muita coisa que devia sair. Não querer discutir isto apenas porque não, acenando com papões neo-liberais, é terrorismo ideológico.

Pois é Dr. Carlos… Está a ficar sozinho. E com o agravamento da insustentabilidade financeira do Estado Social arrisca-se a ficar desse lado da barricada apenas com o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa e o Dr. Manuel Alegre… Se quer um conselho, tentem converter mais uma pessoa e já podem jogar à sueca!


By the way, o senhor Sócrates quer novo aumento de imposto, não é? Aconselhamos desde já o visionamento da nossa contribuição de sexta-feira que terá muito de apropriado…

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