A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Febre Eleitoral





Depois dos imperialismos clássicos pré segunda guerra mundial, o continente africano conheceu uma nova forma de dominação que passava pelo apoio mais ou menos explícito dado a ditadores mais ou menos avariados que as super-potências (leia-se E.U.A. e U.R.S.S.) davam. Golpes orquestrados, corrupção generalizada, parlamentos fantoches, guerras civis, tudo se encontrava em África.
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Passaram as guerras frias e quentes, uma das super-potências deixou de ser super e a outra passou a olhar mais para oriente no mapa. E África continuou com os seus problemas estruturais, tentando por vezes chegar à democracia, quase sempre com inúmeros atropelos.
Eis que chegamos ao ano da Graça de 2010, no qual, pasme-se o leitor, haverão 48 actos eleitorais pelo continente! Uma verdadeira febre eleitoral percorre o continente. É notório que uma eleição em África não é, grosso modo, igual a uma eleição europeia… Desde o recenseamento mal feitos, às promessas de retaliação, às tentativas de silenciar a oposição, tudo vale para manter o poder.
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Tal já foi o caso no Burundi (onde o candidato no pode ganhou com 92% dos votos!) ou na Etiópia (onde dos 547 parlamentares eleitos apenas 2 são da oposição). Mas casos mais graves há como no Quénia – onde o presidente Mwai Kibaki, apesar de ter perdido as eleições, se recusou a sair do cargo, ou dos sobejamente conhecidos Zimbabué ou Guiné-Conacri.
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Eleições em África são sempre momentos de tensão, onde alguma faísca pode despoletar a mais bárbara violência. E há lugar a receios – o Sudão vai a eleições (e o executivo actual não quer mesmo perder, pois teria de enfrentar acusações de genocídio) e a Nigéria também – onde os conflitos étnicos estão na ordem do dia.
Mas um ponto aparece desde já como positivo – a necessidade de os líderes africanos procurarem uma legitimidade de título (ainda que por meios bastante duvidosos) marca uma evolução nas mentalidades: os povos de África começam a exigir um aperfeiçoamento dos sistemas políticos e o regresso dos militares aos quartéis.
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Uma nota final para um bom exemplo – a Somalilândia. Este Estado separatista do falhado estado somali conseguiu realizar eleições democráticas (com padrões aceitáveis) e houve alternância de poder entre dois civis, sem qualquer problema nem ameaça. Se não fosse a paisagem poderia dar a impressão de que estaríamos no número 10 de Downing Street.




Findo o assunto que nos ocupa, vamos agora informar o leitor de uma nova dinâmica no nosso Opinador. Às sextas passaremos a ter um novo formato. À volta de um tema sugerido, o nosso painel opinativo procurará fazer chegar ao leitor vídeos, imagens ou textos, relacionados com a temática mas com humor. Será o nosso espaço de humor às sextas, para o nosso querido leitor ir para o fim-de-semana com um sorriso rasgado.
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Começa já amanhã!

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