A imprensa nacional, cerceada da sua criatividade, pegou numa canção dos Deolinda e altivamente etiquetou os jovens deste País de «Geração à Rasca». A imprensa nacional, do alto do seu trono lança os seus perdigotos sobre os seres que considera inferiores. A música «Que parva que sou» que inicialmente servira como espelho da situação de milhares de jovens portugueses é ensebada pela imprensa.
E para que esta grave situação social seja discutida seriamente a nível nacional é necessário que um grupo de jovens músicos alinhe uns versos e uns acordes. Isto porque a imprensa portuguesa que, supostamente, deveria velar pela bem da coisa pública, informar os cidadãos do atrofiamento da vida nacional, foi incapaz de, por si, constatar que o elevado desemprego entre as camadas mais jovens da população é um grave drama social com consequências devastadoras para o futuro do País. Enquanto o tecido industrial, comercial e de serviços de Portugal não se modernizar e não se modernizar com o conhecimento doutoral das faculdades, o País jamais acompanhará o progresso das outras Nações. Portugal será o mesmo Portugal bafiento do Estado Novo enquanto as outras nações se preparam para as grandes lutas do século XXI.
E ao invés de discutir seriamente este problema, de investigar os seus efeitos sobre o desenvolvimento do País, a imprensa nacional lança o rótulo de «Geração à Rasca» com que abafa todo o ruído de uma discussão séria com o estrépito de uma capa espalhafatosa.
Não ouvimos, porém, os jornais, a imprensa com o mesmo ardor veemente etiquetar o restante País que range os joelhos por estas terras. Gosta a imprensa de etiquetas? O Opinador sugere, pois, uma. Conhece o jornal a ténia? A bicha-solitária? O parasita? Aquela coisa que vive à custa de outrem? Considere o jornal que o País é todo ele uma ténia: que os cidadãos são a dita ténia e que o Estado é o intestino delgado. Não será um epíteto merecedor de honras de capa? Porquê nos limitarmos à Geração à Rasca? Ousadia, imprensa!
Esta mesma Geração à Rasca, como é apelidada pela Imprensa, é composta por algumas pessoas que vão para outros Países, enriquece-los com o seu trabalho, já que neste não lhe concedem oportunidade para isso. E tudo isto devido a uma corja de políticos que sucessivamente desde o século XVI em que Portugal vem atravessando sucessivas crises, desdenham os males da pátria, diminuindo-os, repousando sobre os feitos imortais dos navegadores. Portugal é a única nação que desde o século XV tomou lugar num fofo cadeirão e ficou para a assistir ao Progresso da Civilização. Porque Portugal foi no século XV o maior expoente da Civilização, pode, desde então, descansadamente, tomar ares. E se uma crise entretanto se nos depara: - Portugueses, nada receiem! Portugal desenrasca-se de crises desde o século XVI! Se nos desenrascamos no passado porque não nos haveríamos de nos desenrascar no presente? E para além disso, fomos grandes no século XV! Na Índia, há quem ainda se dobre numa adoração sincera por Vasco da Gama! Em África, há gente que ainda sente uma comoção no peito quando se ouve falar dos «Lusíadas»! Repousem portugueses, repousem!
E para que esta grave situação social seja discutida seriamente a nível nacional é necessário que um grupo de jovens músicos alinhe uns versos e uns acordes. Isto porque a imprensa portuguesa que, supostamente, deveria velar pela bem da coisa pública, informar os cidadãos do atrofiamento da vida nacional, foi incapaz de, por si, constatar que o elevado desemprego entre as camadas mais jovens da população é um grave drama social com consequências devastadoras para o futuro do País. Enquanto o tecido industrial, comercial e de serviços de Portugal não se modernizar e não se modernizar com o conhecimento doutoral das faculdades, o País jamais acompanhará o progresso das outras Nações. Portugal será o mesmo Portugal bafiento do Estado Novo enquanto as outras nações se preparam para as grandes lutas do século XXI.
E ao invés de discutir seriamente este problema, de investigar os seus efeitos sobre o desenvolvimento do País, a imprensa nacional lança o rótulo de «Geração à Rasca» com que abafa todo o ruído de uma discussão séria com o estrépito de uma capa espalhafatosa.
Não ouvimos, porém, os jornais, a imprensa com o mesmo ardor veemente etiquetar o restante País que range os joelhos por estas terras. Gosta a imprensa de etiquetas? O Opinador sugere, pois, uma. Conhece o jornal a ténia? A bicha-solitária? O parasita? Aquela coisa que vive à custa de outrem? Considere o jornal que o País é todo ele uma ténia: que os cidadãos são a dita ténia e que o Estado é o intestino delgado. Não será um epíteto merecedor de honras de capa? Porquê nos limitarmos à Geração à Rasca? Ousadia, imprensa!
Esta mesma Geração à Rasca, como é apelidada pela Imprensa, é composta por algumas pessoas que vão para outros Países, enriquece-los com o seu trabalho, já que neste não lhe concedem oportunidade para isso. E tudo isto devido a uma corja de políticos que sucessivamente desde o século XVI em que Portugal vem atravessando sucessivas crises, desdenham os males da pátria, diminuindo-os, repousando sobre os feitos imortais dos navegadores. Portugal é a única nação que desde o século XV tomou lugar num fofo cadeirão e ficou para a assistir ao Progresso da Civilização. Porque Portugal foi no século XV o maior expoente da Civilização, pode, desde então, descansadamente, tomar ares. E se uma crise entretanto se nos depara: - Portugueses, nada receiem! Portugal desenrasca-se de crises desde o século XVI! Se nos desenrascamos no passado porque não nos haveríamos de nos desenrascar no presente? E para além disso, fomos grandes no século XV! Na Índia, há quem ainda se dobre numa adoração sincera por Vasco da Gama! Em África, há gente que ainda sente uma comoção no peito quando se ouve falar dos «Lusíadas»! Repousem portugueses, repousem!
É pois este o País que quatro séculos de incúria deixaram à geração que agora nasce para o trabalho e vem o jornal, em toda a sua altivez, chamar essa Geração de «Geração à Rasca». Porque esses a quem ainda nem sequer foi concedida uma oportunidade de elevarem a competitividade do País são um dos grandes males da sociedade portuguesa.
Porque esses que estudaram, que melhoraram as suas competências, que se cultivaram (com o esforço e o suor de seus pais que isso lhes permitiram) com o fim de servirem o seu País e de o enobrecer com o seu conhecimento não têm sequer oportunidade porque quatro séculos de repouso sentenciaram a economia à estagnação. E porque assim se sentenciou a economia à estagnação, não há criação de emprego para os licenciados que anualmente findam a faculdade.
Assim, se vê a «Geração à Rasca» que o jornal aponta com o dedo, rindo: a geração mais bem preparada de sempre, os seus filhos mais fortes e mais inteligentes, porque os desprezam, partem. Outros países – como a Alemanha, países mais submissos, mais servis, recebem orgulhosamente a mão-de-obra qualificada que a faz enriquecer, que a engrandece, que a industrializa.
E enquanto esses partem, os outros permanecem aqui, empobrecendo como empobrece o País, bocejando como boceja o País, entediando-se como se entedia o País.
É este o País que esta Geração herda, que não lhe oferece trabalho, que não lhe concede possibilidade de o enriquecer pelo seu esforço, pelo seu mérito, pelo seu valor, pelo seu estudo – e que herda ainda este título jocoso dos jornais.
Esta Geração não pretende nada exigir do Estado, excepto uma coisa: que o Estado seja sério: que nada nos ofereça, mas que nada nos retire. É isso que o Estado hoje faz: oferece a Educação e retira tudo o resto porque a sua acção, durante quatro séculos, foi nefasta porque não atendeu aos interesses da Pátria, mas aos interesses egoísticos de quem por lá se revezava. O que esta Geração pede ao Estado é que se reforme: que seriamente se reforme de modo a elevar-se às expectativas que esta Geração tem dele -que se reforme politicamente, administrativamente, socialmente, economicamente, financeiramente, moralmente. Ex nihilo nihil fit. Do nada, nada pode vir. E deste terreno árido em que se tornou Portugal nada floresce.
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