No domingo passado, os Democratas Cristãos da Sra. Angela Merkel sofreram uma pesada derrota na eleição regional de Hamburgo. O Sr. Olaf Scholz, candidato do SPD, venceu essa eleição com 48% dos votos; a CDU conseguiu apenas 22%.
A análise do resultado destas eleições é importante, desde logo, por um motivo: para saber se elas se tratam efectivamente apenas disso – uma mera eleição regional, ou se do resultado desta eleição poderão ser retiradas consequências políticas nacionais para a CDU da Sra. Merkel.
Dificilmente de uma eleição regional se podem retirar outro tipo de consequências, senão consequências locais. Cada eleição tem a sua especificidade e a eleição regional de Hamburgo não foge à regra. Esta ideia revela-se especialmente mais verdadeira quando analisamos os factores locais que originaram o resultado da CDU: a demissão abrupta em 2010 do Sr. Ole von Beust (da CDU) e a sucessão desastrosa do Sr. Christoph Ahlhaus (também ele da CDU), cuja credibilidade política foi arruinada por gaffes.
Estes dois factos, estritamente locais, explicam em grande parte o resultado da CDU. Não devem, portanto, ser extraídas consequências nacionais desta eleição regional.
Sucede, porém, que em 2011 a CDU enfrentará mais seis eleições regionais. A este facto devemos adicionar a renascimento do SPD, partido de centro-esquerda. O SPD teve nas legislativas de 2009 o pior resultado eleitoral desde a II Guerra Mundial: 23%. A ampla vitória conquistada na eleição de Hamburgo poderá conferir-lhe um ímpeto político importante que de regional poderá passar a nacional. E é neste ponto que poderão ser retiradas consequências na vida politica nacional da Alemanha. Conhecemos o intenso debate que por lá ocorre em torno da resposta à crise da zona euro e como os alemães são cépticos perante uma resposta preventiva e abrangente, o que faz com que os políticos estejam, também eles, cépticos. Ora, esta eleição regional de Hamburgo poderá ser mais um caso que a Sra. Merkel tenha em conta na hora de tomar decisões para a resolução da crise da zona euro – e sabemos como se aproximam Conselhos Europeus decisivos nessa matéria, especialmente para Portugal.
E por aqui se vê a situação miserável a que Portugal chegou: não os dados da execução orçamental avançados pelo Governo, a acção da Assembleia da República, ou as mensagens do Presidente da República: nenhum órgão de soberania de Portugal tem, neste momento, qualquer influência sobre o nosso futuro: é uma eleição regional de Hamburgo. Os juros da dívida pública espanhola estabilizaram; os portugueses continuam a subir para níveis históricos. Um juro superior a 7% para que um investidor empreste dinheiro a Portugal já não é só exigido no prazo de 10 anos. A margem de financiamento de Portugal encolhe. Aos olhos dos alemães, o efeito de contágio de Portugal a Espanha esfuma-se e assim se diminui a necessidade de uma resposta veemente da Zona Euro, nomeadamente na flexibilização do FEEF para que com ele seja possível comprar directamente dívida pública soberana dos países periféricos. E assim se eliminam as possibilidades de Portugal não recorrer ao FEEF: é que todas essas hipóteses se resumem a uma forte resposta europeia que tranquilize e acalme os mercados. E essa resposta não só tarda, como parece cada vez mais improvável.
A análise do resultado destas eleições é importante, desde logo, por um motivo: para saber se elas se tratam efectivamente apenas disso – uma mera eleição regional, ou se do resultado desta eleição poderão ser retiradas consequências políticas nacionais para a CDU da Sra. Merkel.
Dificilmente de uma eleição regional se podem retirar outro tipo de consequências, senão consequências locais. Cada eleição tem a sua especificidade e a eleição regional de Hamburgo não foge à regra. Esta ideia revela-se especialmente mais verdadeira quando analisamos os factores locais que originaram o resultado da CDU: a demissão abrupta em 2010 do Sr. Ole von Beust (da CDU) e a sucessão desastrosa do Sr. Christoph Ahlhaus (também ele da CDU), cuja credibilidade política foi arruinada por gaffes.
Estes dois factos, estritamente locais, explicam em grande parte o resultado da CDU. Não devem, portanto, ser extraídas consequências nacionais desta eleição regional.
Sucede, porém, que em 2011 a CDU enfrentará mais seis eleições regionais. A este facto devemos adicionar a renascimento do SPD, partido de centro-esquerda. O SPD teve nas legislativas de 2009 o pior resultado eleitoral desde a II Guerra Mundial: 23%. A ampla vitória conquistada na eleição de Hamburgo poderá conferir-lhe um ímpeto político importante que de regional poderá passar a nacional. E é neste ponto que poderão ser retiradas consequências na vida politica nacional da Alemanha. Conhecemos o intenso debate que por lá ocorre em torno da resposta à crise da zona euro e como os alemães são cépticos perante uma resposta preventiva e abrangente, o que faz com que os políticos estejam, também eles, cépticos. Ora, esta eleição regional de Hamburgo poderá ser mais um caso que a Sra. Merkel tenha em conta na hora de tomar decisões para a resolução da crise da zona euro – e sabemos como se aproximam Conselhos Europeus decisivos nessa matéria, especialmente para Portugal.
E por aqui se vê a situação miserável a que Portugal chegou: não os dados da execução orçamental avançados pelo Governo, a acção da Assembleia da República, ou as mensagens do Presidente da República: nenhum órgão de soberania de Portugal tem, neste momento, qualquer influência sobre o nosso futuro: é uma eleição regional de Hamburgo. Os juros da dívida pública espanhola estabilizaram; os portugueses continuam a subir para níveis históricos. Um juro superior a 7% para que um investidor empreste dinheiro a Portugal já não é só exigido no prazo de 10 anos. A margem de financiamento de Portugal encolhe. Aos olhos dos alemães, o efeito de contágio de Portugal a Espanha esfuma-se e assim se diminui a necessidade de uma resposta veemente da Zona Euro, nomeadamente na flexibilização do FEEF para que com ele seja possível comprar directamente dívida pública soberana dos países periféricos. E assim se eliminam as possibilidades de Portugal não recorrer ao FEEF: é que todas essas hipóteses se resumem a uma forte resposta europeia que tranquilize e acalme os mercados. E essa resposta não só tarda, como parece cada vez mais improvável.
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