No Portugal da nossa cabeça, que é como quem diz ideal, o ensino básico e secundário seria assegurado por privados, funcionando a ajuda estatal às famílias mais desfavorecidas com o sistema do cheque ensino. Também haveria lugar à escola pública, mas apenas naqueles locais que, por falta de população ou por qualquer outro motivo, o ensino não pudesse ser assegurado por privados em situação de concorrência efectiva.
Defendemos esta posição pois estamos convencidos que os privados são mais eficientes na gestão dos recursos que possuem pois actuam no mercado orientados por interesses egoísticos, oferecendo mais e melhor, a menores custos, tentando desta forma eliminar os seus concorrentes. Já o sector público é tendencialmente mais relaxado nessa gestão, sacrificando a eficiência, satisfazendo menos necessidades mas gastando os mesmos ou mais recursos (o que se prova pelos €3.500 que cada aluno do básico custa por ano, segundo diz a actual ministra da educação).
Mas há mais – a co-existência destes dois regimes (público e privado) no mesmo espaço – serve para diferenciar as crianças, perpetuando as tais diferenças de classe, permitindo àquelas com mais rendimentos uma formação de elite, e relegando as outras, para as escolas públicas – olhe o leitor para os rankings anuais e percebe bem o que estamos a dizer.
No entanto, o legislador quer, e lá temos que vergar, a existência de ambos os regimes. Pelos motivos expostos, consideramos tal como má política. Mas a política actual não é má… é péssima: pois o Estado não só tem escolas públicas como financia as escolas privadas, onde existem alternativas públicas (e por vezes de qualidade, como é o caso da cidade de Coimbra): isto é, desperdiça recursos duplamente.
Os pais e alunos dos colégios privados que se andam a manifestar por deixarem de poder por a sua boca na tetinha do subsídio (se bem que não vai haver um corte, mas antes uma diminuição do subsídio) deviam pensar no que reivindicam, pois o que resulta desta política é um duplo ónus sobre as finanças públicas, pago pelos impostos de todos nós, os deles inclusive.
Note-se bem que falamos em ensino básico e secundário. A universidade pública nunca, mas nunca, pode estar em causa – isto não é a América!
Vamos antes exigir a adopção do cheque ensino para as famílias, pois este é o sistema que efectivamente permite mobilidade social, com base no mérito. A situação actual só serve para prolongar desigualdades. E permite também uma maior liberdade na escolha das escolas e, pela dinamização da procura, uma gestão eficiente dos recursos do lado da oferta.
E para não dizerem que sou má pessoa, aqui fica este vídeo para o leitor mais às esquerdas ver... Veja isto antes do deitar, e dê três lambidelas ao seu busto de Marx - verá que dorme uma noite descansada!
3 comentários:
Não concordo!
Considero que, o Sistema Publico de Ensino deve estar presente em todo o território!
E está no seu direito!
Mas não se esqueça que, sendo o público mais ineficiente, tal opção vai implicar um maior custo... Com o mesmo número de bens vão ser satisfeitas menos necessidades.
Honestamente, nunca compreendi o
argumento da "escola pública porque sim".
Obrigado por comentar!
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