A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Pescarias

A história passa-se numa pequena povoação algures. Uma família tinha uma casa de campo nos arredores da cidade onde vivia e sempre que podia ia para lá passar o fim-de-semana.

O pai e o filho de 10 anos gostavam muito de ir à pesca, num lago próximo da casa. Certo dia, 24 horas antes de abrir a época da pesca, muito cedo, foram para a margem do lago.

O pequeno, mal chegou, preparou a cana e o isco e lançou à água o anzol. Poucos minutos depois sentiu um esticão e, radiante, disse ao pai:

- Deve ser um grande peixe!

Assim aconteceu e o próprio pai confessava nunca ter visto, naquele lago, um peixe tão grande e tão bonito.

- Temos de o devolver à água, porque estamos a fazer uma pescaria ilegal. A época só abre às 0 horas da manhã.

- Mas pai – disse o pequeno – nunca mais na vida vou apanhar um peixe assim…

- Talvez seja verdade, mas temos de o devolver ao lago.

- Mas, pai, não está aqui ninguém para ver…

Então o pai disse-lhe:

- Filho, pelo facto de ninguém ver, uma acção ilícita não deixa de o ser. A Ética é uma questão de CERTO ou ERRADO. Ficar com o peixe é errado, mesmo que ninguém veja; o certo é fazer o que está certo, mesmo que também ninguém veja. A Ética não é uma questão de espectáculo.

O pequeno resignado deitou o peixe à água e este, abanando com força as barbatanas, afastou-se rapidamente.

Passaram-se anos. O pequeno cresceu e fez-se homem. Continuou a gostar de pescar, mas, de facto, nunca mais apanhou um peixe semelhante àquele a que tinha acabado por renunciar.

A lição, essa, ficou e serviu-lhe de guia para as decisões na vida – o que conta é a Ética das decisões, mesmo sem espectadores. Porque há sempre algo que fica em paz: a consciência.


Porque existe por aí muito “boa” gente que bem precisa de ler esta história!...

A vida está má, está! Até para os marqueses!

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