A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Ano do Coelho


O leitor menos atento às questões orientais talvez não saiba mas o calendário chinês entrou esta semana no ano do Coelho.

Segundo os chineses, o ano do Coelho será “auspicioso, cheio de felicidade e riqueza”. Deste signo diz-se ser o mais sortudo, já que simboliza a longevidade, graciosidade, boas maneiras, bondade, sensibilidade e beleza. Só coisas boas.
Em Portugal, pelo menos o ano não promete ser de riqueza… Mas esperamos que o ano seja cá também do Coelho! Mas para a coisa voltar ao caminho da riqueza vai ser preciso mutio mais que graciosidade, boas maneiras, bondade, sensibilidade. Será necessário que o Coelho que por cá andar comece urgentemente a cortar as gorduras que existem na nossa toca.

Permitimo-nos relembrar que no último Prós e Contras a Sra. Ministra da Educação referiu que um aluno do ensino básico e secundário custa ao erário público cerca de € 3.500 anuais. Ora tal gasto (e a qualidade do output resultante só demonstra como a escola pública é um autêntico sorvedouro de dinheiro, sendo igualmente responsável (no básico e secundário, reafirmamos) por desigualdade social: as famílias mais abonadas enviam os seus rebentos para colégios privados, alguns deles mesmo escolas de elite, restando às outras enviar os seus filhos para a pública porque não há dinheiro para mais (talvez também devido ao confisco (já não são impostos) existente por parte do Estado.

Convenhamos que podendo bem os privados desempenhar essa função, ter o Estado presente apenas serve para gastar dinheiro a rodos e continuar desigualdades. Porque não adoptar o sistema do cheque ensino? O PREC já lá vai, entramos no ano do Coelho, é hora… Não se esqueçam que o socialismo só dura enquanto durar o dinheiro dos outros!
Para não nos acusarem de sectarismo ideológico, fica aqui a comunicação dos Homens da Luta, dirigida aos leitores mais às esquerdas!

Uma última palavra para o que se passa no Egipto: ao contrário do que já foi afirmado neste espaço, (“o pensamento do povo árabe não se dirige ao radicalismo religioso, à corrupção, dirige-se sim à aspiração da liberdade, da dignidade do homem, da democracia”) as democracias europeias fazem muito bem em olhar com desconfiança o que se passa no mundo islâmico. Se olharmos para a história recente, a última autocracia que caiu por uma revolução popular foi no Irão, onde um Xã pró-Ocidental foi substituído por uma teocracia islâmica nada meiga.
No Egipto ainda não se sabe quem anda a orquestrar as manifestações. Sabe-se sim (até pelos recentes atentados contra igrejas coptas) que os movimentos mais radicais estão a ganhar força. Convém também não esquecer que a Tunísia foi na década de 80 do século passado destino de eleição para refugiados do Hamas, e que, no vácuo político que por lá se vive, podem eles (e os seus correligionários) assumir uma posição chave.

Cautelas e caldos de galinha… Não é líquido que estas revoluções sejam pela liberdade, pelo menos a liberdade entendida à Ocidente.

1 comentário:

Carlos Jorge Mendes disse...

O meu caro Lord deve andar distraído - ou então selecciona os factos de acordo com as suas conveniências.

É que por essas crónicas de que v. ex.ª fala, foi igualmente mencionada a Revolução Verde que ocorreu no Irão e que apenas não triunfou pela violência que foi exercida sobre ela.

Com certeza que os iranianos, sentindo o tédio da vida pesar-lhes, revoltaram-se contra o regime para obter ainda mais radicalismo religioso e não porque pretendiam a liberdade.

Ainda sobre o mesmo tema, foi dito que as Revoluções no Mundo Árabe comportam os seus riscos: que não negávamos a existência de movimentos radicais: o Hamas, o Hezbollah, por exemplo. Tomar, porém, a parte pelo todo - eis o erro que o Lord comete. Se o faz negligentemente ou dolosamente, isso já o Lord o saberá...