O leitor que siga este Opinador já saberá com certeza que para estes lados a república faz pouco ou nenhum sentido. Mas o que não se esperava era ver tal premissa tão evidentemente provada em ano de centenário.
O senhor da fotografia com o número 2 e o fato de treino catita chama-se Defensor Moura e foi para além de deputado, presidente da câmara municipal de Viana do Castelo pelo PS. Esse mesmo senhor decidiu há bem pouco tempo avançar com a sua candidatura a presidente, conforme o veiculado pela imprensa. Diríamos nós que o senhor decidiu correr para Belém.
E porquê? Porquê, se aquele senhor é de esquerda e já existem duas ou três candidaturas na esquerda (Alegre, Nobre e talvez Jerónimo?)? Sendo que uma delas é apoiada pelo seu partido… Apoiada mais ou menos, vá.
A menos que seja uma corrida de estafetas em que se vão revezando parece que com tantos candidatos a esquerda ficará atolada na sua própria diversidade.
O raciocínio seguido pelo candidato aparentemente é este, que se apresenta em forma de silogismo:
1. A esquerda quer eleger um candidato de esquerda;
2. Para o eleger e preciso que tenha mais votos que o candidato de direita;
3. Logo apresentam-se vários candidatos na esquerda para dividirem os votos entre si e não conquistarem nenhuns à direita.
Percebeu? Nem nós… E quem souber que use a caixa de comentários para nos indicar a luz… Pois então o Sr. Dr. Defensor Moura quer derrotar o Prof. Cavaco roubando votos ao eleitorado do Dr. Alegre e do Dr. Nobre…
Ah, mas garante o candidato que com o seu contributo vai haver segunda volta? Como? Também ficamos sem o perceber… Julgará ele que reduzirá a abstenção fazendo votar todo esse povo em si, ou estará convicto que vai captar votantes à direita, sendo ele de esquerda?
Mais uma vez se compreende um dos principais problemas da esquerda tradicional portuguesa: nunca se consegue unir para derrotar o “monstro” da direita. E não o consegue fazer porque o inimigo natural da esquerda é a própria esquerda: quer dizer cada corrente julga-se ortodoxa e as outras hereges – veja-se o caso do marxismo-leninismo e do trotskismo ou do socialismo democrático.
Ao Sr. Dr. Defensor Moura deixamos uma questão: porque acha que tem perfil para presidente? Não é papel do chefe de Estado unir os portugueses? Se sim, porquê separá-los nas eleições? (este argumento, interpretado mais extensivamente também pode ser aplicado à forma electiva da designação do Chefe de Estado… Mas propaganda monárquica ficará para outras núpcias se não o Dr. Carlos aborrece-se).
Antes de terminar – lembra-se o leitor das discussões sobre as fatias douradas e a apologia que alguns – até neste blog – lhe fizeram? Sim? Então leia isto… Bring it on!
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