A mais bela, a mais pura e a mais duradoura glória literária de prosa da blogosfera

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Fatias Douradas

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O leitor terá decerto reparado nalguma coisa de estanha neste blog, nos últimos dias. Com efeito, bastou a ausência da nossa supervisão para o delírio socialista se instalar e refastelar neste Opinador.
Pois o à vontade foi tal que, no mesmo dia em que o primeiro-ministro lança ataques ao PSD acusando-o de querer destruir o Estado Social, o nosso Dr. Carlos defende a aposta naquele modelo…
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Sim senhor!
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Ora juntamente com o leitor vamos lá analisar uma dessas ilusões socialistas que são as golden share’s – ou em português: fatias douradas (como as rabanadas, hmmmm).
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Nunca, em toda a história da Humanidade, tantas pessoas viveram tão bem como nos nossos dias. Tal situação deve-se, não a fatias douradas, mas a um sistema económico que, tendo a base no interesse individual, permitiu um desenvolvimento colectivo sem precedentes. A abundância material faz a prova do que dizemos. E todos os sistemas políticos que procuraram limitar aquela “ganância individual” acabaram mal…

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Por cá, final dos anos 80, já longe do PREC, aquela visão colectivista do Estado medrou na cena política até quase desaparecer. Desde então veio-se consolidando uma economia de mercado similar às dos outros países europeus.

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Similar? Mais ou menos pois neste nosso sítio, talvez por preconceitos ideológicos de um PS que se ainda se afirma (tem dias claro) de inspiração marxista, um Estado bem gordo mantém a sua pata oleosa nos negócios. E aquela pata é bem visível nas fatias douradas mas também é uma pata invisível (tem dias), como no caso TVI. O que é certo é que ela existe. Há uma grande promiscuidade entre os negócios e o gordo, obeso, inchado Estado português!

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O amigo leitor confia no Estado para velar pelos seus negócios? Confia numa entidade tão permeável às pressões, cheia de arrivistas e ineficaz? Acha que o Estado compreende melhor qual a estratégia óptima para uma empresa? Não será isso mais facilmente compreendido pelos donos dessa empresa – os accionistas?

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Se nos parece desadequado o uso das fatias douradas no plano teórico, importará reflectir no seguinte: se o leitor fosse um investidor estrangeiro, já habituado às notícias sobre a “piolheira” sentir-se-ia mais tentado a investir vendo esta deriva socialista e controladora do Estado sobre a economia, sobre a orientação estratégica de uma empresa privada? É claro que não. Eu pelo menos gosto de manter o meu capital longe de países que comecem por “República Popular” ou “República Democrática”… Não costuma dar bom resultado. E aqui, mutatis mutandis (uau, quanta erudição), a coisa é a mesma.

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Um Estado centralizador que põe intervêm tão activamente na Economia, dizendo às empresas privadas o que podem ou não vender, afasta o investimento estrangeiro.
Mas neste caso há ainda um outro problema: a atitude do governo em usar a fatia dourada certamente fará surgir acções judiciais como cogumelos que muito provavelmente obrigarão a uma indemnização por parte de Portugal e levarão a um novo ralhete de Bruxelas.
Ah, e não estamos livres de uma OPA sobre toda a PT… Aí lá se ia a “posição estratégica”. É que com o encaixe financeiro da venda da Vivo, para além de poder apostar em novos mercados a PT ficaria imune a um cenário destes… Assim vamos a ver!

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Façamos um exercício prático: se todos os Estados procurassem impedir a ingerência de capitais estrangeiros nas empresas nacionais, alguma vez a PT teria comprado a Vivo?
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O uso das fatias douradas já teve o seu tempo na História da Europa – principalmente no pós 2.ª Guerra Mundial, como é bom exemplo a Renault. Vemos assim, que é verdade que o nosso país continua com um atraso de 40 anos do mundo civilizado… Em actos e pensamento.
O amigo leitor poderá dizer que o Estado tem quadros competentes para desempenhar tal tarefa. Ora essa entidade multiforme, sempre permeável a influências e manipulações não será o exemplo de isenção que se pretende.
Reafirmo mais uma vez – sou um patriota. Mas também sou um democrata que aprecia as liberdades individuais. O que eu faço com os meus bens apenas a mim me diz respeito – ou assim deveria ser, exceptuando as situações do artigo 334.º do Código Civil. Não vejo razão nenhuma para o Estado manter 500 acções numa empresa que se quer privada. A liberdade também passa pelo fim de paternalismos!

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Se não dermos espaço àquela liberdade arriscamo-nos a ter uma economia incapaz de atrair o investimento estrangeiro… E para o leitor ver o que isto seria – pelo menos na banca – deixamos aqui um conhecido sketch:



Por fim, terminamos dizendo: a PT não é nós! A PT pertence aos accionistas que lá investiram o seu dinheiro. Se o Estado queria mandar na PT não a tivesse privatizado. Agora arrecadar o dinheiro com a venda e continuar a ser dono é má-fé!
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É verdade, é de mim ou aquele pessoal do PS anda assustado com a subida do PSD? É que já começa a histeria colectiva… O Dr. Assis já clama, avisando o povo, que o PSD é “a direita mais radical dos últimos tempos, contra o Estado Social”.
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Bem, bom final de semana! O post é maior do que o costume mas também é o único desta semana...

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